domingo, 26 de março de 2017

A passos largos


Em nível de Estado Democrático de Direito o Brasil deixou de sê-lo, existindo tão somente sob manifestação formal ou conceitual. Assim, como não temos declaradamente uma ditadura edificada nos moldes clássicos, a constância em que se tornam as agressões às instituições de Estado são postas como inerentes à sua existência. Afinal – dirão os típicos êmulos da Democracia – vivemos sob a égide de uma Constituição democraticamente(?) elaborada traduzindo a vontade(?) do povo.

No particular da Constituição cediço que tal não resultou de convocação – em caráter originário – para uma Assembleia Constituinte democraticamente eleita para tal e exclusivo mister. A transformação da representação congressual em Poder Constituinte, no imediato da superação de um período de ditadura, deixou no imaginário a ideia da ‘perfeição’ em torno das conclusões obtidas. Mesmo porque não negou acesso à participação popular em sua elaboração.

No entanto, o conflito de interesses gerou a aberração maior de remeter-se à lei complementar soluções não obtidas consensualmente. Assim, princípios e fundamentos que nortearam a nova ordem ainda hoje padecem de regulamentação ou o foram em contrariedade a mens legis que os inspirara. 

Não fora isso, o avassalador processo de emendas maculou a pretensão da hoje quase balzaquiana.

Os erros se fizeram presentes e mais se expressam. Inclusive decorrentes do fortalecimento de instituições que, por seus órgãos funcionais, tornaram-se um poder paralelo dentro do Estado, ferindo de morte a sua conformação básica, nutrida na tripartição Executivo, Legislativo e Judiciário.

O lamentável é que – ainda que não caiba aqui aprofundar tão complexa avaliação – caminhamos para a consumação da negação do que foi elevado aos píncaros como “Constituição Cidadã”, como empolgado o disse Ulisses Guimarães no ato de sua promulgação.

A avalanche não mais ocorre sobre aspectos da Ordem Econômica, Financeira, Urbana ou da Seguridade Social. Mas sobre direitos e garantias individuais, cláusulas pétreas, insuscetíveis de manipulação reformista por derivação. 

Não que esta ou aquela emenda as atinja diretamente, no fundo de sua redação. Mas tal ocorre através da prática – que se torna corriqueira – de uma interpretação, mais das vezes em sede judicante, sob a omissão – criminosa – do Supremo Tribunal Federal, guardião da execução e correção dos atos a cargo de agentes estatais em desconformidade com a Carta Magna.

A dignidade da pessoa humana como premissa foi lançada às calendas. 

Qualquer menino concurseiro, muitos assomando a função por força de uma liminar judicial para superar o fracasso na avaliação, se “acha” na condição de potestade, de fazer inveja ao Absolutismo Monárquico, e leva de roldão garantias e direitos inalienáveis sob conduto de suas ‘convicções’ como dogma de fé ou axioma.

O último exemplo – mais destacado pela repercussão causada – a condução coercitiva de um blogueiro (no Brasil o Judiciário não mais intima, conduz), buscado na madrugada em sua casa onde nem mesmo a filha com paralisia cerebral foi respeitada, tampouco a esposa, flagrada em roupas íntimas.

Mas, o que dirá o povo? Nada! Porque para ele introjetado, minuto a minuto, o diálogo a ser repercutido sob a égide do monólogo (McLuhan), pelos arautos da verdade encastelados nos meios de comunicação e de (des)informação ao modo e prazer, que fazem a festa como se um país fosse apenas um programa de auditório ou uma novela em que a produção e o texto ditam o roteiro. 

Educado pavlovianamente dispensado está de saber, saber-fazer e saber-pensar (Paulo Freire), porque vão lhe destituindo o que restava de conhecimento, de habilidades e de pensar certo.

Até quando, não sabemos. Porque há uma história conhecida por demais, ainda que desconhecida em seu caráter científico ou mesmo espiritual: toda ação gera uma reação; a toda causa um efeito.

Caso tarde, caminhamos a passos largos para o retorno a jagunçagem privada. 

Porque a de Estado já ocupou o palco.

Afinal, que diferença há entre coronéis e jagunços grapiúno-amadianos e as instituições neste estágio da história do país?


O novo alvo
Ao que parece são os blogueiros – os “sujos” – o novo alvo de procuradores e quejandos, incluindo Moro, ou vice-versa.

O fato não é novo, mas recente. Não se trata da busca judicial por reparações decorrentes do crime de opinar indevidamente. A vertente atual é buscar as fontes. 

A interpretação fascista de que blogueiro não é jornalista beira a insanidade, que é o norte dessa gente.

Vejamos: se o jornalismo se caracteriza por emitir e conviver com opinião e esta está resguardada pela Constituição qualquer que escreva e emita opinião é jornalista. E o blogueiro o é.

Em inglês
Atualmente desembargador federal da 3ª Região, Fausto De Sanctis, lançou nos Estados Unidos, um manual sobre lavagem de dinheiro internacional.

"Em seu novo livro, o magistrado do TRF3 examina dois tipos de lavagem de dinheiro transnacional: pelo uso de offshores e transferências bancárias para "investir" em imóveis, algumas vezes em países como os Estados Unidos, e pelo agronegócio, atividade de difícil regulação. O autor também examina se os atuais mecanismos internacionais de combate à lavagem de dinheiro têm sido eficazes e se os instrumentos multilaterais na guerra contra o crime organizado internacional suficientes” – diz texto da Assessoria de Comunicação do TRF-03.

De nossa parte entendemos como de singular significação o lançamento de tal obra lá fora. Por aqui De Sanctis teria dificuldade. Até porque foi 'premiado' com o Tribunal depois de ser perseguido por Gilmar Mendes (em defesa de Daniel Dantas) quando apurava crimes de tucanos na Satiagraha e na Castelo de Areia.

Talvez uma utilidade haja para um outro juiz, Sérgio Moro: poderia aproveitar as lições de De Sanctis (em inglês) e verificar em torno do resultado de suas apurações no famoso Caso Banestado, onde, também tucanos, permaneceram livres, leves e soltos depois de transferirem cerca de US$ 140 bilhões para paraísos fiscais.

Ah!, através daquela agência em Foz do Iguaçu gerida pela esposa daquele Procurador da Lava Jato cuja boca lembra um fueiro de galinha. 

Tanga – Deu No New York Times

Não custa o leitor acessar o filme, dirigido por Henfil – disponível no Youtube – para entender o que pode ser interpretado como ‘atenção’ do jornal estadunidense em relação ao Brasil, o caráter dessa ‘atenção” e o que sentirá o nativo encastelado no interinato que se tornou permanente.

                    

Primeiro sinal
Gilmar Mendes  o Oráculo  falou, está a caminho. Afirmou-o/anunciou-o/proclamou-o durante seminário realizado no TSE.

Como já prenunciamos em mal traçadas pretéritas nesse espaço adivinhão.

No caso do Oráculo, só falta anunciar o primeiro-ministro: ele ou FHC.

Tragédia
A terceirização – ainda que tenha furos – gerará uma farra contra os trabalhadores. 

Especialmente contra os que ganham mais no exercício de determinada função. 

Terceirização
Ampliada a insegurança jurídica. Na Rússia foi abolida.

O projeto aprovado no afogadilho privilegia a contratação temporária, o que implica prejuízos para o trabalhador em relação a verbas trabalhistas de natureza rescisória.

CNBB
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil vê ameaças a direitos sociais na projetada reforma da previdência e reage com Nota à sociedade brasileira, aqui veiculada a partir do Conversa Afiada.

Machadiana
Nosso complexo institucional está mais para Capitu: com olhos de ressaca e olhar oblíquo e dissimulado. Sempre em favor da classe dominante.

Natural até, para um estado que nasceu sem povo, como prima em observação Fábio KonderComparato.

Merda
Ministros defenestrados, Membros do STF e da PGR em choque. Merda pura.

A ser limpa com as respectivas togas.

Razões
Sobejas razões ao internauta anônimo: “Na briga entre Janot e Gilmar quem tem razão é a briga”.

Troféu de concurseiro
Perceba o leitor a dimensão da estupidez: o Brasil vendia (exportava) diariamente US$ 63 milhões/dia (dados do Ministério Indústria, Comércio Exterior e Serviços); na última terça-feira 17 as vendas caíram para US$ 74 mil, como noticia O Globo.

Jagunçagem
Assim denomina Wadih Damous a postura da Polícia Federal a serviço de Sérgio Moro. A adjetivação é farta e caudalosa: transita entre a “ignorância jurídica” e a “má fé”; “Pau mandado da rede Globo” [...]; “Covarde” [...]; “Justiceiro” [...], “que age fora da lei, fora da Constituição” [...]; “Age sob o mesmo fundamento de Paulo Malhães”, aquele torturador da Casa da Morte, em Petrópolis. 

E mais: “Sérgio Moro se vale da autoridade que lhe foi conferida pelo Estado Democrático de Direito pra perseguir as pessoas, para desqualificar as pessoas, como ele fez ou tentou fazer com Eduardo Guimarães [...] Além de tudo, além de covarde, Sérgio Moro guarda traços de comportamento de sociopata, um torturador, como Brilhante Ustra, Paulo Malhães. Isto tem que ser dito e verberado para o mundo [...] Sérgio Moro é um agente de um estado de exceção...". 

Resumindo: Em si um ato fora da lei, como tantos por ele praticados.

                    

quinta-feira, 23 de março de 2017

Paroquial


As declarações de Geraldo Simões no sábado 18, durante entrevista ao programa Resenha da Cidade, de Roberto de Souza, na Rádio Difusora, deixam-nos pasmo em relação à dimensão histórico-comparativa recente, tendo como ator o próprio entrevistado. Registre-se que, dos melhores administradores da história itabunense – fato não reconhecido na dimensão justa pela população e por quem mais competia fazê-lo – vem sofrendo profundo desgaste político-eleitoral no curso dos dez anos de últimas eleições. E tal não ocorreu à conta dos criticados.

Disse GS estar, em nível de subordinação política, vinculado ao ex-governador Jacques Wagner. E pôs na atual direção estadual do partido, e mesmo na governança baiana, senões observados sob o olhar de sua experiência política.

“Acha” que o governador Rui Costa “errou feio” ao não se fazer presente na região nas eleições municipais de 2016 (deixando de registrar o compromisso político do governador de não comparecer em qualquer deles onde não houvesse unidade da base) e assumiu posição contrária à permanência da atual direção do PT em nível estadual reputando a ela o fracasso do resultado eleitoral nas majoritárias passadas, a quem atribui a redução do comando do partido em cerca de 70% dos municípios por “concessão exagerada aos partidos da base”.

Considerando o dito – a partir do lido em blogs, uma vez que não ouvimos o programa radiofônico – FG tem no governador Rui Costa um adversário à sua campanha em 2016 e, na esteira, a direção estadual como conivente a um processo que denominou de “concessão exagerada”.

Punge-nos, sobremodo, vislumbrar GS no universo dos descontentes com a atuação política do governo estadual. Como punge-nos vê-lo na situação de liderança partidária, ora buscando afirmar-se como tal nos limites meramente itabunenses. Ou seja, aquela liderança regional, estadual, transitando por uma carreira que se imaginava perene, demonstra não mais a força originária no nível de importância conquistada no curso de três décadas.

Nesse viés, a sua reação a companheiros da estadual, pretéritos parceiros da administração primeira como prefeito de Itabuna, expõe o conflito. Onde deixa de explicar as razões porquê.

Certo oportunismo revela a entrevista. Começando por lembrar que a ‘liderança’ do então governador Jaques Wagner não foi escutada em 2008 e 2012 quando sugeria o nome dele, então deputado federal, para encabeçar uma chapa majoritária. Tampouco, que imagem ficou de o líder assumir parceria de uma candidatura do filho a deputado estadual (que pode ter custado uma ou duas vagas ao PT na Assembleia Legislativa) por coligação diversa da aliança que ele denomina de “concessão exagerada”.

Sua crítica à atuação da direção estadual do PT em relação ao número de municípios ficou no viés paroquial, minimalista em relação à realidade. Ou seja, para GS o massacre por que passou o Partido dos Trabalhadores no país somente o foi na Bahia. 

Neste aspecto foi mesquinho ao não aventar para o eleitor/ouvinte – até como alerta em relação ao que aconteceu – para a atuação da mídia capitaneada pela Globo repercutindo a atuação de agentes do Ministério Público, Procuradoria da República e mesmo do Judiciário, incluindo o STF, desenvolvendo uma campanha odienta e levando ao imaginário da população o partido como causa de todos os males.

Parece-nos que Geraldo Simões – liderança inconteste no passado mediano – assume uma dimensão apenas local. Talvez reflexo da percepção do que ocorreu nas últimas eleições a que concorreu para deputado federal onde cresceu como rabo de cavalo – como dizia Tormeza – saindo de 88.796 mil votos em 2006 para 75.997 mil em 2010 e 55.636 em 2014. No particular de sua paróquia, Itabuna, de 35 mil em 2006 para 23 mil em 2010 e 16.518 em 2014.

Por fim, não está no contexto de GS uma explicação para a atuação do PT, sob seu controle, em nível municipal: da expressiva votação de Juçara em 2008 (42 mil votos) para quase 17 mil em 2012 e a votação dele Geraldo em 2016, 8.104 votos, que dispensa adjetivação.

A análise fria de suas declarações revela, apenas, que Geraldo Simões disputa posições em busca da retomada de uma carreira que lhe fica a cada dia mais distante. Não mais aquela liderança ceplaqueana aos 30 anos – quando unia a categoria – tampouco a do administrador que chegou até a ser aventado como pré-candidato a governador em 2006 (caso houvesse sido reeleito em 2004 para prefeito).

Particularmente continuamos a entender o prejuízo irrecuperável para Itabuna com sua não reeleição em 2004. 

O resto Freud explica.


domingo, 19 de março de 2017

De utopias, samaritanos, listas e venenos

Utopia realizada
Houvesse a grandiosidade que deve nutrir os homens públicos (quando o são) e o interino tornado presidente não passaria pelo vexame de se ver vaiado em um evento onde sua presença se impunha como Chefe de Estado (ainda que usurpado) e vê-lo (o evento) retomado por uma massa humana que também poderia ser por ele capitalizada.

Não fez como Lula: quando da inauguração da Ferrovia Norte-Sul não só trouxe o senador José Sarney ao palanque, como lembrou que fora de seu governo (Sarney) a iniciativa e que mesmo ele (Lula) criticara a obra, e hoje fazia, ali presente, o seu mea culpa.

A transposição do Rio São Francisco – realidade anunciada e entregue no prazo – não significa apenas uma ação governamental prometida há mais de dois séculos: é a redenção de uma gente que encontra na água – mais do que em qualquer outra utilidade natural – razão e destino. Em torno dela vive o nordestino. Quando farta a alegria e a fartura de tudo; quando escassa é a tragédia presente. Não há que se falar em Nordeste sem presença ou ausência de água.

Sua pungente literatura – em todos os níveis – se sustenta, antes de tudo, na relação entre o homem e a terra, tudo dependendo de água. Não haveria Graciliano Ramos, Raquel de Queiroz, José Lins do Rego, Ariano Suassuna na força de suas expressões escritas sem a tragédia da seca. Mesmo Jorge Amado, mais urbano, não descurou do tema.

A clássica expressão “O sertanejo é antes de tudo um forte”, posta por Euclides da Cunha em Os Sertões é a pura e seca tradução e síntese de uma raça de titãs que sobrevive a um caos debruçado sobre ele, que é a seca. Dispensemos até mesmo a histórica ausência de políticas públicas para tornar a região que originou o Brasil e se viu declinada de atenção quando perdeu a governadoria-geral e a terra como valor foi substituída pela manipulação humana de outras culturas e da indústria.

A transposição do Rio São Francisco é, inegavelmente, uma redenção para o semiárido.

E de tudo o que os governos petistas fizeram em nível de políticas de governo para corresponder às de Estado insculpidas na Constituição da República será a única insuscetível de destruição. Justamente porque a ela vinculada a solução para uma carência histórica, omitida pelas conveniências.

O nordestino – e o Brasil – certamente não mais ouvirão falar da ‘indústria da seca’, a tradicional e cruel exploração da miséria, que tornava toda uma gente em escrava de poucos.

E este fim de semana se torna singular por fazer justiça – negada pela estupidez – aos grandes artífices desta obra gigantesca. 

Demonstração de que a utopia pode se realizar, quando quem sonha sonha junto com o povo. E o faz por quem sonhou e acreditou.

E no Dia de São José – antes dia de procissão por chuva – os que fizeram jorrar água pelo sertão farão uma outra procissão: para agradecer à realização da utopia..

Samaritano
Há dois mil anos um samaritano cuidou das feridas de alguém a morrer na beira de uma estrada. Ninguém dele se esqueceu em razão do seu gesto de humanidade para com o semelhante.

Nesta terra brasilis – de instante singular – não haverá imprensa, alguns membros de judiciário, ministério público, stf, polícia federal, procuradoria da república (tudo com letra minúscula, pelo que representam no caso concreto) que faça o nordestino do semiárido esquecer os samaritanos que cuidaram dele.

Como a estiagem no imaginário nordestino no passado a lembrança de quem a amainou a partir do presente.

Rigorismo
O indigitado servidor federal chamou Geddel Vieira Lima de golpista dentro de um avião. Está sendo processado, por determinação da juíza substituta Pollyanna Kelly Alves, da Justiça Federal.

Ao que parece, dentro do rigorismo formal observado pela magistrada, Geddel Vieira Lima não pode ser chamado de golpista.

Quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá- quiá-quiá-quiá 

Retornando
1 milhão de famílias retornando ao Bolsa Família. Não à toa órgãos internacionais recomendam (sob crítica interna do interinato) a ampliação do programa para evitar desastre maior.

Trocando favores
O PMDB do então deputado Temer, Geddel e Padilha cobrou caro de FHC para não investir contra a compra da reeleição. Ganhou ministérios. Ou seja, era contra, mas ficou a favor depois de subornado.

Hoje quem precisa de FHC/PSDB é o interino tornado presidente.

A lista de Janot
Como dizíamos, a lista de Janot (que não bate prego em sabão) visa Lula. Que não tem foro privilegiado. Como outros petistas da lista.

Tudo confirma o sabido e o consabido: delação sem petista não funciona. 

A lista de Janot
Já denominada de ‘peido de véa’ pelo blogueiro Esmael Morais. Faz sentido. Muito sentido. (Leia o texto de Aragão, Entre a peste e a cólera: o dilema do foro privilegiado, no mesmo blog).

A lista tem nome e destino
Registramos neste espaço, semana passada (Lula, o alvo), que víamos Lula como objetivo maior de Janot caso insira Aécio em pedido de investigação...

A lista de Janot tem nome... um nome: Lula.

Que ótimo!
Até em Cingapura foi depositado dinheiro de propina em favor de Aécio Neves. 

Nada a temer!

Aécio Neves livre! Vão prescrevendo os crimes de que acusado. 

Da delação de Sérgio Machado está o íntegro tucano inteiramente livre das sanções da lei.

Ufa!

Óbices
A PEC do fim do mundo foi típico atropelo. A da Previdência não caminha no mesmo trote. Até a base de arrastão começa a fraturar. 

O homem da transposição
Certamente uma foto oficial. Simbólica. A obra, o fotografado e o povo... Onde? Onde? Dá frouxos de risos", como diria o primo rico do humorístico, imortalizado por Paulo Gracindo.

Quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá- quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá.
Internacional
Aquele Procurador com nome de remédio/purgante não compareceu a nenhuma as audiências fruto de seu power point em Curitiba. Mas não perdeu o mote. Continua atribuindo a Lula crimes. 

Lula anuncia levá-lo a ONU. Por falta de apuração no Brasil.

Da natureza humana
Tragédia econômica à parte, resta a ironia: a carne é fraca, dirão a JBS, BRF, Sadia, Seara, Big Frango e Perdigão.

Além da queda, coice
Imagine o leitor se o rebanho bovino brasileiro fosse acometido da síndrome da vaca louca. Ninguém compraria carne brasileira e quem a estivesse comprando suspenderia as compras. É o caso resultante da operação carne fraca. Os efeitos para o comércio perdurarão por anos.

O Brasil deixou de aumentar a exportação de carne para a Rússia quando o competente José Serra se negou a comprar trigo (mais barato que o estadunidense) dos russos. 

Nos USA, há pouco tempo, uma negociação que durava 18 anos abriu o mercado de lá para nossa carne.

Aí descobrem que os ‘donos’ da carne estão vendendo-a ‘podre’ para o brasileiro.

Claro que para a exportação tal não acontece. Mas as investigações da Polícia Federal custarão caro às exportações da Friboi e quejandos...

Da relação com os EUA ficará o trigo caro por nós comprado e perderemos a venda de carne para eles.

Já representávamos 7% do comércio mundial de carnes. A caminho dos 10%.
Maravilha!

Às calendas!
O Brasil de Lula para cá estabelecera uma ousada atuação diplomática para valorizar no exterior – e conquistar mercados lá fora – para construção civil, frigoríficos, petróleo. 

De forma velada, o ingresso no seleto grupo produtor de urânio enriquecido.

Tudo destruído.

Confissão
A entrevista de Dilma ao Valor repercute por vários aspectos. Para nós por um, que alimenta o que dizíamos há muito nesse espaço em relação a José Eduardo Cardozo e Aloísio Mercadante. Detalhes por nós destacados:

Foi na tessitura das relações com as quais tentou permanecer no poder que a presidente reconhece seu segundo erro: levar Michel Temer para o coração da articulação política. O então vice-­presidente percebeu a fragilidade do governo junto a uma base que não parava de se queixar. Ao lado de Eliseu Padilha, atual ministro-­chefe da Casa Civil, à época na Aviação Civil, mapeou o cerco. Arrepende­-se de tê-­lo colocado dentro do governo? “Olha, minha filha, não sabíamos que o nível de cumplicidade dele com o Eduardo Cunha era tão grande. Nenhum de nós sabia, nem o Lula. Depois é que descobrimos. Ele sempre negou essa cumplicidade que agora todo mundo já sabe.”

Quando começa a falar de Temer, Dilma, pela primeira vez ao longo de quase quatro horas de conversa, franze o cenho, encrespa a fisionomia e libera o calão. “Saber quem eles são, nós sabemos. Não tenho a menor dúvida de quem é Padilha e Geddel [Vieira Lima, ex-­ministro da Secretaria de Governo]. Convivi sabendo quem eram. Não tenho esse ‘caiadismo’ [de Ronaldo Caiado] de falar que eu não sabia quem eram. Sabia direitinho. Inclusive uma parte do que sou e da minha intolerância é porque eu sabia demais quem eles eram.”

A confissão está expressa: sabia e não tinha Ministros (competentes) para enfrentar. O pior deles, José Eduardo Cardoso. Mantido por ela para sempre...

Denúncia gravíssima
O fato já nos foi revelado por um comerciante de produtos veterinários. Mas, foi Edvaldo Portela, de Itororó, quem levou à rede, através do Itororó no ar dando nome ao carrapato/boi (o pesticida, classificado como veneno) utilizado na horticultura local.

Estendemos a denúncia, gravíssima, porque tal fato não custa ser comum a região e Itabuna, Ilhéus e entorno certamente não ficam fora de tal prática.  

O castigo veio à cavalo
Não faz muito tempo a TV Bandeirantes inundou o país, a partir de seu humorístico, com uma matéria sobre o abate de carne em Itororó. Atacava, com a ironia, as limitações físico-técnicas do matadouro local.

Nunca nos convenceu a iniciativa. Uma equipe de TV sair de São Paulo para confins do interior Bahia, exclusivamente àquele local, nos cheirava simplesmente competição de mercado. Ou, em outras palavras, matéria paga. Missa encomendada.

Em Itapetinga a JBS adquirira o frigorífico. Em Itororó, naquele matadouro, em torno de um milhar de reses eram abatidas semanalmente.

A higiene era a tônica da matéria da equipe da Bandeirante.

A Polícia Federal descobre, através da Operação Carne Fraca – que poderia ser chamada de Carne Podre – que os ‘grandes’ do mercado brasileiro, monopolista – como já o denunciou a senadora Kátia Abreu – fazem pior que matadouros de província: vendem carne podre, vencida, reembalam etc. etc.

Lá em Itororó, dentre os heróis da meninada, um vaqueiro chamado Osório. Destemido como poucos. Já havia morrido quando da operação da Bandeirantes. 

Veio a cavalo do além dar um tombo em quem fechou o matadouro de Itororó.

Uma amostra, por razão de justiça 
Aos nordestinos do semi árido, pelo sonho realizado.

                    

domingo, 12 de março de 2017

Indigências

Indigência
Já afirmamos nesse espaço que concursos públicos para magistratura, ministério público, procuradoria da república ou delegado de polícia (federal ou estadual), muito menos de agente policial e quejandos, não avaliam o domínio do candidato em Economia Política, Economia, História, Geografia, Sociologia Geral, Filosofia e... Geopolítica.
Não fora tal fato, um outro de gravidade ímpar – a investigação com vistas à persecução criminal de cunho político-ideológico – e não estaríamos à beira do ridículo de advogados trazerem para o processo chefes de estado e de governo para testemunhar na defesa do ex-presidente Lula.
Certamente será motivo de chacota – lá fora – um ex-presidente estar sob persecução criminal pelo exercício de função do mandato ou dela decorrente.
No caso específico dos aviões negociados com a Suécia esquecem os senhores persecutores que tal matéria não está adstrita ao chefe da nação, exclusivamente. A Aeronáutica – no caso específico brasileiro, a Força Aérea Brasileira-FAB – destinatária e usuária das aquisições cabe a palavra técnico-estratégica que passa pela qualidade e utilidade do adquirido e sua manutenção (controle sobre aquisição/reposição de peças e desenvolvimento de tecnologia própria) como viés de soberania, sob pena de ficar à deriva da dependência do fornecimento – o que replica no funcionamento – do material.

Apenas para ilustrar, os Estados Unidos somente vendem aviões depois de autorização do Congresso que cuida, simplesmente, de selecionar os impeditivos ao acesso à tecnologia e nunca admite deixar de ser o fornecedor de peças e manutenção, tampouco que o adquirente desenvolva tecnologia assistida.
Para coroar nossa crítica à limitação de muitos procuradores, promotores, juízes, delegados e quejandos – à luz da avaliação em concursos – nos chega essa pérola, a partir da Carta Capital: o subprocurador-geral da república (com letra minúscula mesmo), que coordena a 5ª Câmara de Coordenação e Revisão da PGR para análise de acordos de leniência e delação premiada de que tal “não existe para destravar crédito nem para salvar empresa”. Disse-o para tranferir para o Ministério Público a responsabilidade. Ele, com o caso sob análise, de onde poderia sair uma recomendação.

Um primor de estupidez nos quesitos História, Geopolítica e Economia.

Houvesse o dito cujo lido e saberia que todas as empresas envolvidas com o morticínio da gestão nazista tiveram seus dirigentes condenados mas as empresas permaneceram atuando.

Tudo porque elas segurariam a reconstrução da Alemanha e alimentariam o emprego (quesito Economia).
Definitivamente nesta terra brasilis pululam mentes indigentes tiradas a inteligentes, como dizia Stanislaw Ponte Preta. 

Outra indigência
Moro condenou Dirceu, pela segunda vez. Diz o advogado de Dirceu, Roberto Podval, que lhe faltou coragem para absolver, ainda que as provas refletissem “o que seria uma absolvição inequívoca”.
Duas considerações: coragem em Moro não é coisa para ser exigida ou cobrada, visto que exercita a função nestes casos específicos para atender à classe dominante (interna e externa); muito menos grandeza para julgar, que não reside no fato de ser julgador mas da isenção em fazê-lo.
Outra: a considerar o afirmado pelo advogado o(s) tribunal(ais) absolverá(rão) Dirceu.
Depois da desgraça feita.

Difícil retorno
O otimismo ocupou sala e quarto de articulistas econômicos (caro leitor, aprecie o duplo sentido!) e uma lenta recuperação para o PIB per capita – assim o dizem – começará a partir de 2018 (alguns vislumbram para ainda este ano) a coroar-se entre 2023/2025.
Não explicam qual o ano de referência: se 2016 ou 2013.

Caso fosse o de 2013 estariam mentindo. Afinal, o despencamento do PIB não encontrará solução ou recuperação sem investimentos e poupança. E tal não ocorre.

ainda em relação a 2013, para cumprir o desiderato, o PIB precisaria crescer a uma média de 7%, 8% ou 9% para inibir as perdas médias de 3,7% nos últimos dois anos.

Caso o de 2016, aí entendemos que chegaremos ao primor do ano passado daqui a quase dez anos. Ou seja, recuperação para alcançarmos uma economia onde o desemprego estará em 12%.
Haja espera, otimismo e esperança para este país em estado de indigência.

Píncaro da indigência
“Provinciano” é um dos adjetivos com que o juiz Sérgio Moro é agraciado. Província aí não pelo fato de estar em um lugar pequeno, mas de visão pequena, limitada. Muito da pequenez a ele vinculada reside na forma, parcial, como julga.  
Nos limites deste rincão provinciano não duvidamos – ainda que absurdo o seja a teor do conhecido até agora – que o juiz Sérgio Moro condene o ex-presidente Lula.

No entanto, para nós a hipótese de prisão é mais do que concreta. Moro já fez a parte política primeira; não declinará de executar a segunda.
Nada acontecerá. Tudo dependeria do Poder Judiciário, que se tornou conivente – se não um dos artífices – do golpe em curso.

A união das denominadas forças progressistas não ocorrerá, como nunca ocorreu na história recente. Estão sempre a se digladiar. Esganam-se como se a derrota ou a morte do irmão fosse alimento de povo antropófago, que via na carne do inimigo a força para continuar forte.
Restaria a comunidade externa. Que nada pode fazer em relação aos problemas internos de um povo. 
E, acima de tudo, o que está em curso é do gosto – e muito gosto – do sistema. O internacional, porque o interno lhe anda a reboque.
Não há provas contra Lula. Nenhuma testemunha – incluindo as de acusação – lhe atribuiu alguma responsabilidade em alguma coisa. Tudo não passa de ‘convicção’ e power point.
Mas – preste atenção o leitor – Lula será ouvido em maio. De lá pode sair preso. Por convicção de Moro que viu em alguma resposta dele ‘desacato à autoridade”.
Estranhas relações
André Barrocal, na Carta Capital, futucou outro vespeiro: Yunes é muito mais que amigo do interino tornado presidente. Sócio, muito provavelmente.

Política externa
Nomear para Ministro das Relações Exteriores uma pessoa que disse diabos do atual presidente dos Estados Unidos leva a duas conclusões: ou o Brasil pretende enfrentar (inclusive belicamente) os Estados Unidos ou é idiota.
Qualquer das opções está correta. Porque a origem de tudo é a burrice.

Lula, o alvo
Aécio, a esperança da oposição, parece haver entrado em final de campeonato machucado e sem meios de participar da decisão. Denúncias e mais denúncias alijam-no do processo. O jogo interno trabalha para Alckmin. Ou Dória – há quem especule.
Carta fora do baralho. Alvo fácil para adversários.
Janot protegeu Aécio até onde pode. Enquanto podia ser útil. Não é mais. Segurará, enquanto puder, o controle da prescrição.
No entanto, seu nome aparecer em possível pedido de investigação de Janot por delações da Odebrecht envolvendo PSDB e PMDB sinaliza – para nós – outra coisa: o alvo é Lula. Janot não bate prego em sabão.
Para muitos dos primeiros, prescrição; para Lula, condenação irrecorrível com base na teoria tupiniquim do domínio do fato.

Resenha policial
O Brasil do interino tornado presidente, à luz de seu staf, tornou-se permanente conteúdo de resenha policial.

E diante da possibilidade concreta de um retorno de Lula clamam por Cármen Lúcia.

Asneira! 

Estranho
Alguém deixa um salário certo de dezenas de milhares de reais para advogar. Depois de ter sido procurador na Lava Jato.
Huuuuuummmmm! 

E la nave va
A ousadia é tanta – tamanha a omissão das instituições judiciárias – que mais uma vez a lei passa a ser descumprida com a inovação da renúncia à possibilidade de absolvição (em tese), exigência de gente da Lava Jato para que os delatores cumpram pena antes mesmo da denúncia.
Ou seja, a armação é tamanha – cheia de furos – que, para garantia, o indigitado de logo ‘renuncia’ a enfrenta-la e aos abusos que a sustentam.
O inédito foi denunciado pelo Conjur 

Poderia ter evitado
Imaginar que o nordestino desconheça que a transposição do São Francisco tem a ver com Lula/Dilma (PT no governo) é beirar a sandice e a estupidez.
No mais, muita cara de pau.


                     

Poderia ter buscado
A não ser para formar matéria publicitária para alimentar futura campanha política – com manipulação de áudio – não temos como entender que o interino tornado presidente tenha ido inaugurar a obra como sua.

Sob esse viés poderia ter aproveitado para abraçar o povo.

Contradição
Deu debate na internet a postura de Moro e a defesa de Lula, que questionou o juiz por estar buscando ‘opinião’ da testemunha. Moro irritou-se.

No depoimento de Meirelles a defesa armou e Moro caiu no laço, indeferindo pergunta da defesa que buscava opinião da testemunha. Ao indeferir o juiz teve de ouvir da defesa (GGN): "Eu louvo o indeferimento e gostaria de fazer o registro que este critério se aplique também a todas as perguntas feitas. Ouvimos 69 testemunhas e diversas vezes a defesa fez impugnação [de perguntas do Ministério Público ou do próprio Moro] justamente com base nesse critério ora adotado por vossa excelência".

Em relação àquela oportunidade foi chamado de ‘agente de estado mal formado ou arbitrário’.

Desviando a atenção
Como conduzem a informação o problema real vai ficando em segundo plano. Basta ver o seguinte relato da Folha:

"Marcelo reafirmou que Temer não estava à mesa, no jantar no Palácio do Jaburu em 2014, quando mencionou que a empreiteira repassaria R$ 10 milhões ao PMDB para as eleições daquele ano. Já Cláudio Melo Filho repetiu sua versão de que Temer estava sim presente nesta parte da conversa."

Elementar, meu caro Watson, quem chamou Marcelo ao Jaburu, residência oficial do então vice-presidente? E por que aquele o local, se outro o chamou? 

Nitroglicerina pura
O Paulo Preto  acusado de desviar R$ 100 milhões quando diretor do DERSA no governo José Serra – dá sinais de pretender dizer o que sabe.

Não sabemos se revelará tudo. Mas, se o fizer, é nitroglicerina pura. É a análise de PHA a partir de informação da Folha.