domingo, 12 de março de 2017

Indigências

Indigência
Já afirmamos nesse espaço que concursos públicos para magistratura, ministério público, procuradoria da república ou delegado de polícia (federal ou estadual), muito menos de agente policial e quejandos, não avaliam o domínio do candidato em Economia Política, Economia, História, Geografia, Sociologia Geral, Filosofia e... Geopolítica.
Não fora tal fato, um outro de gravidade ímpar – a investigação com vistas à persecução criminal de cunho político-ideológico – e não estaríamos à beira do ridículo de advogados trazerem para o processo chefes de estado e de governo para testemunhar na defesa do ex-presidente Lula.
Certamente será motivo de chacota – lá fora – um ex-presidente estar sob persecução criminal pelo exercício de função do mandato ou dela decorrente.
No caso específico dos aviões negociados com a Suécia esquecem os senhores persecutores que tal matéria não está adstrita ao chefe da nação, exclusivamente. A Aeronáutica – no caso específico brasileiro, a Força Aérea Brasileira-FAB – destinatária e usuária das aquisições cabe a palavra técnico-estratégica que passa pela qualidade e utilidade do adquirido e sua manutenção (controle sobre aquisição/reposição de peças e desenvolvimento de tecnologia própria) como viés de soberania, sob pena de ficar à deriva da dependência do fornecimento – o que replica no funcionamento – do material.

Apenas para ilustrar, os Estados Unidos somente vendem aviões depois de autorização do Congresso que cuida, simplesmente, de selecionar os impeditivos ao acesso à tecnologia e nunca admite deixar de ser o fornecedor de peças e manutenção, tampouco que o adquirente desenvolva tecnologia assistida.
Para coroar nossa crítica à limitação de muitos procuradores, promotores, juízes, delegados e quejandos – à luz da avaliação em concursos – nos chega essa pérola, a partir da Carta Capital: o subprocurador-geral da república (com letra minúscula mesmo), que coordena a 5ª Câmara de Coordenação e Revisão da PGR para análise de acordos de leniência e delação premiada de que tal “não existe para destravar crédito nem para salvar empresa”. Disse-o para tranferir para o Ministério Público a responsabilidade. Ele, com o caso sob análise, de onde poderia sair uma recomendação.

Um primor de estupidez nos quesitos História, Geopolítica e Economia.

Houvesse o dito cujo lido e saberia que todas as empresas envolvidas com o morticínio da gestão nazista tiveram seus dirigentes condenados mas as empresas permaneceram atuando.

Tudo porque elas segurariam a reconstrução da Alemanha e alimentariam o emprego (quesito Economia).
Definitivamente nesta terra brasilis pululam mentes indigentes tiradas a inteligentes, como dizia Stanislaw Ponte Preta. 

Outra indigência
Moro condenou Dirceu, pela segunda vez. Diz o advogado de Dirceu, Roberto Podval, que lhe faltou coragem para absolver, ainda que as provas refletissem “o que seria uma absolvição inequívoca”.
Duas considerações: coragem em Moro não é coisa para ser exigida ou cobrada, visto que exercita a função nestes casos específicos para atender à classe dominante (interna e externa); muito menos grandeza para julgar, que não reside no fato de ser julgador mas da isenção em fazê-lo.
Outra: a considerar o afirmado pelo advogado o(s) tribunal(ais) absolverá(rão) Dirceu.
Depois da desgraça feita.

Difícil retorno
O otimismo ocupou sala e quarto de articulistas econômicos (caro leitor, aprecie o duplo sentido!) e uma lenta recuperação para o PIB per capita – assim o dizem – começará a partir de 2018 (alguns vislumbram para ainda este ano) a coroar-se entre 2023/2025.
Não explicam qual o ano de referência: se 2016 ou 2013.

Caso fosse o de 2013 estariam mentindo. Afinal, o despencamento do PIB não encontrará solução ou recuperação sem investimentos e poupança. E tal não ocorre.

ainda em relação a 2013, para cumprir o desiderato, o PIB precisaria crescer a uma média de 7%, 8% ou 9% para inibir as perdas médias de 3,7% nos últimos dois anos.

Caso o de 2016, aí entendemos que chegaremos ao primor do ano passado daqui a quase dez anos. Ou seja, recuperação para alcançarmos uma economia onde o desemprego estará em 12%.
Haja espera, otimismo e esperança para este país em estado de indigência.

Píncaro da indigência
“Provinciano” é um dos adjetivos com que o juiz Sérgio Moro é agraciado. Província aí não pelo fato de estar em um lugar pequeno, mas de visão pequena, limitada. Muito da pequenez a ele vinculada reside na forma, parcial, como julga.  
Nos limites deste rincão provinciano não duvidamos – ainda que absurdo o seja a teor do conhecido até agora – que o juiz Sérgio Moro condene o ex-presidente Lula.

No entanto, para nós a hipótese de prisão é mais do que concreta. Moro já fez a parte política primeira; não declinará de executar a segunda.
Nada acontecerá. Tudo dependeria do Poder Judiciário, que se tornou conivente – se não um dos artífices – do golpe em curso.

A união das denominadas forças progressistas não ocorrerá, como nunca ocorreu na história recente. Estão sempre a se digladiar. Esganam-se como se a derrota ou a morte do irmão fosse alimento de povo antropófago, que via na carne do inimigo a força para continuar forte.
Restaria a comunidade externa. Que nada pode fazer em relação aos problemas internos de um povo. 
E, acima de tudo, o que está em curso é do gosto – e muito gosto – do sistema. O internacional, porque o interno lhe anda a reboque.
Não há provas contra Lula. Nenhuma testemunha – incluindo as de acusação – lhe atribuiu alguma responsabilidade em alguma coisa. Tudo não passa de ‘convicção’ e power point.
Mas – preste atenção o leitor – Lula será ouvido em maio. De lá pode sair preso. Por convicção de Moro que viu em alguma resposta dele ‘desacato à autoridade”.
Estranhas relações
André Barrocal, na Carta Capital, futucou outro vespeiro: Yunes é muito mais que amigo do interino tornado presidente. Sócio, muito provavelmente.

Política externa
Nomear para Ministro das Relações Exteriores uma pessoa que disse diabos do atual presidente dos Estados Unidos leva a duas conclusões: ou o Brasil pretende enfrentar (inclusive belicamente) os Estados Unidos ou é idiota.
Qualquer das opções está correta. Porque a origem de tudo é a burrice.

Lula, o alvo
Aécio, a esperança da oposição, parece haver entrado em final de campeonato machucado e sem meios de participar da decisão. Denúncias e mais denúncias alijam-no do processo. O jogo interno trabalha para Alckmin. Ou Dória – há quem especule.
Carta fora do baralho. Alvo fácil para adversários.
Janot protegeu Aécio até onde pode. Enquanto podia ser útil. Não é mais. Segurará, enquanto puder, o controle da prescrição.
No entanto, seu nome aparecer em possível pedido de investigação de Janot por delações da Odebrecht envolvendo PSDB e PMDB sinaliza – para nós – outra coisa: o alvo é Lula. Janot não bate prego em sabão.
Para muitos dos primeiros, prescrição; para Lula, condenação irrecorrível com base na teoria tupiniquim do domínio do fato.

Resenha policial
O Brasil do interino tornado presidente, à luz de seu staf, tornou-se permanente conteúdo de resenha policial.

E diante da possibilidade concreta de um retorno de Lula clamam por Cármen Lúcia.

Asneira! 

Estranho
Alguém deixa um salário certo de dezenas de milhares de reais para advogar. Depois de ter sido procurador na Lava Jato.
Huuuuuummmmm! 

E la nave va
A ousadia é tanta – tamanha a omissão das instituições judiciárias – que mais uma vez a lei passa a ser descumprida com a inovação da renúncia à possibilidade de absolvição (em tese), exigência de gente da Lava Jato para que os delatores cumpram pena antes mesmo da denúncia.
Ou seja, a armação é tamanha – cheia de furos – que, para garantia, o indigitado de logo ‘renuncia’ a enfrenta-la e aos abusos que a sustentam.
O inédito foi denunciado pelo Conjur 

Poderia ter evitado
Imaginar que o nordestino desconheça que a transposição do São Francisco tem a ver com Lula/Dilma (PT no governo) é beirar a sandice e a estupidez.
No mais, muita cara de pau.


                     

Poderia ter buscado
A não ser para formar matéria publicitária para alimentar futura campanha política – com manipulação de áudio – não temos como entender que o interino tornado presidente tenha ido inaugurar a obra como sua.

Sob esse viés poderia ter aproveitado para abraçar o povo.

Contradição
Deu debate na internet a postura de Moro e a defesa de Lula, que questionou o juiz por estar buscando ‘opinião’ da testemunha. Moro irritou-se.

No depoimento de Meirelles a defesa armou e Moro caiu no laço, indeferindo pergunta da defesa que buscava opinião da testemunha. Ao indeferir o juiz teve de ouvir da defesa (GGN): "Eu louvo o indeferimento e gostaria de fazer o registro que este critério se aplique também a todas as perguntas feitas. Ouvimos 69 testemunhas e diversas vezes a defesa fez impugnação [de perguntas do Ministério Público ou do próprio Moro] justamente com base nesse critério ora adotado por vossa excelência".

Em relação àquela oportunidade foi chamado de ‘agente de estado mal formado ou arbitrário’.

Desviando a atenção
Como conduzem a informação o problema real vai ficando em segundo plano. Basta ver o seguinte relato da Folha:

"Marcelo reafirmou que Temer não estava à mesa, no jantar no Palácio do Jaburu em 2014, quando mencionou que a empreiteira repassaria R$ 10 milhões ao PMDB para as eleições daquele ano. Já Cláudio Melo Filho repetiu sua versão de que Temer estava sim presente nesta parte da conversa."

Elementar, meu caro Watson, quem chamou Marcelo ao Jaburu, residência oficial do então vice-presidente? E por que aquele o local, se outro o chamou? 

Nitroglicerina pura
O Paulo Preto  acusado de desviar R$ 100 milhões quando diretor do DERSA no governo José Serra – dá sinais de pretender dizer o que sabe.

Não sabemos se revelará tudo. Mas, se o fizer, é nitroglicerina pura. É a análise de PHA a partir de informação da Folha.



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