domingo, 6 de agosto de 2017

Às favas

Os Estados Unidos sempre buscaram se apropriar do nosso segredo para processamento de urânio. O brasileiro Almirante Othon por trás do desenvolvimento tecnológico obtido por nossa ciência nuclear não sucumbiu ao canto das sereias e o país conseguiu o que julgavam impossível: tecnologia própria e independência no assunto. Um assombro, que tornaria o Brasil integrante de um clube restrito a poucas potências, assim que o urânio aqui processado viesse a ser utilizado em escala, o que ocorreria com Angra III funcionando e, possivelmente, com a conclusão do submarino nuclear.

Antes de tudo, uma questão de soberania em jogo: ou nos submeteríamos ao jogo estadunidense ou dele nos libertávamos para sempre. E nos libertamos.

No curso do processo da Lava Jato Rodrigo Janot se encontrou – em território estadunidense – com sócia de concorrente da nossa Eletronuclear. Tal pessoa teria entregue provas de falcatruas, que vieram a ser apuradas por Moro e, em desdobramento, pela Justiça carioca.

A novela é longa, caro leitor. E nebulosa... muito nebulosa. Temer pelo meio. Moro absolveu quem podia incriminá-lo e o Ministério Público Federal/Procuradoria da República – além de não incluir os nomes nas denúncias – ‘esqueceu’ de apurar o verdadeiro escândalo: brasileiro entregando o Brasil a troco de dinheiro, enquanto o Almirante Othon era condenado a 43 anos de cadeia.

A omissão de Sérgio Moro e de sua força tarefa reforça a suspeita de estarem a serviço de interesses estrangeiros em detrimento até mesmo da soberania nacional.

Para registro da memória disponibilizamos excelente matéria de Luiz Nassif no GGN, que esmiúça os fatos.

Internacional
O interino tornado presidente permanece em evidência na mídia internacional.

Aprofundando a desmoralização a que leva o país no concerto das nações.

Como registra Fernando Brito, no Tijolaço. E muito bem traduzido por Leo Villanova.

Mitos
Temos expressado em torno da realidade brasileira contemporânea, no seu imediato, o instante em que vivemos, quando os valores pátrios conquistados desfazem-se como castelos de cartas. Por trás de tudo nenhum analfabeto, caso consideremos a escolaridade em seus níveis superiores (graduação e pós-graduação) como paradigma de esclarecimento.

Desde Sir Francis Bacon, no início do século XVII, a ideia de estruturação de uma metodologia dotou a ciência de um instrumento para o desenvolvimento da humanidade. Na esteira de acesso limitado a privilegiados desenvolveu-se o mito – atrelado ao Iluminismo – de que a formação científica qualificava humanisticamente o homem.

De certa forma, muito antes de Karl Marx e Friedrich Engels virem à luz, uma classe se sobrepunha a outra, como nos primórdios da civilização, quando os sacerdotes faziam a diferença.

Texto de Ricardo Cavalcanti, no GGN, traz um lado podre em tal visão, hoje amparada na meritocracia oriunda de uma formação acadêmica. Mostra ele os cabeças da crueldade nazista.

Quando vemos tal meritocracia em nível de Brasil e o que parte dessa gente – no exercício de poder – faz ao país e sua gente não temos como não concordar com Cavalcanti.

Não bastasse, outro estudo – de Fernando Horta – mostra a concentração de tal meritocracia em nível de famílias (preferimos oligarquias) no Brasil. Como também o registra Antônio Lassance.

Cabe-nos reconhecer a existência das realidades. E desmistificar os registros que atrelam nossas misérias a outros fenômenos.

Entranhas escancarando-se
Descobriram na tese de Moro uma tradução absurda:

"It is emphatically the province and duty of the judicial department to say what the law is."

A frase, proferida pelo Chief Justice John Marshall, nos Estados Unidos de 1803, foi traduzida pelo acadêmico Sérgio Moro em tese de doutorado de 2002 como:

"É enfaticamente a província e o dever do ramo judiciário dizer o que é o Direito."

Tradução correta: "Enfaticamente, é função e dever do departamento judicial dizer o que a Lei é."

Não somente arbitrariedades; também limitações intelectuais. Acatadas pela Banca avaliadora.

Arrasador
Há malévolos que buscam denegrir augustos magistrados (alguns poucos, naturalmente), haja vista que aqueles que se encontram sob apuração das Corregedorias podem ser alvo de ‘perseguições’. Demais disso a possível atuação desta ‘mínima minoria’ não pode alcançar a hombridade e seriedade da grande maioria.

Mas, em certos corredores aqueles malévolos citam um julgamento, em nível de tribunal estadual, ocorrido num país qualquer de um continente qualquer, em que o presidente da turma julgadora recebeu dinheiro dos dois lados, imaginando que o voto do relator seria acompanhado pelo segundo vogal e ficaria ele a cavalheiro, isento de qualquer possibilidade de resolver o problema de um e outro porque o caso já lhe chegara ‘perdido’. Mas – lá vem esse mas – os dois votos dados o foram para cada uma das teses e o empate exigia o ‘desempate’ que cabia ao presidente.

E aí! Foi aquele vexame. Os interessados presentes. E a decisão – qualquer que fosse – o faria herói para um e bandido para outro. A solução encontrada no desespero foi – além de beber copos de água – tentar adiar o julgamento. 

Na agonia – uma das partes não suportou a indecisão – e gritou/apelou para que todos ouvissem: “E o meu, doutor! E o meu!”

Circula um vídeo (abaixo) de fato ocorrido em tribunal de Santa Catarina.


Tudo o quanto expressado confirma a veracidade da denúncia. Confiamos no homem que o diz. Nunca o diria se não fosse verdade. Sua indignação é pura, transparente. Sua idade madura nunca o levaria a apelar.



Nulidade I
Temos revelado, desde o início, nossa preocupação com a Lava Jato. Justamente por haver risco juridicamente concreto para sua anulação. Assim, uma operação que reflete avanços no combate à corrupção – afastada a conotação político-partidária, fato por demais concreto – tenderia (dizíamos) a perder-se, como a Satiagraha, em razão das irregularidades cometidas.

A cada dia vão surgindo denúncias – afora os absurdos flagrantemente observados.

Os métodos utilizados começam a vir à tona e mesmo são questionados judicialmente. 

Como o faz Meire Poza, ex-contadora de Alberto Youssef, que enfrenta e denuncia a Lava Jato, (matéria de Marcelo Auler). 


Não podemos esquecer que a função de Sérgio Moro – atribuída ou assumida – reside tão somente em prender Lula. Como o ilustra Pataxó.

                   .

Nulidade II
Mas há quem não veja nulidade alguma. E o expressa publicamente. Ainda que não o devesse, por contrariar lei. 

É o caso do presidente do TRF-4, aqui, o Tribunal que julgará Lula.


Lançado
O anti-Lula já está no mercado. Pelo menos a considerar a matéria de capa da Isto É, defendendo Dória, o atual prefeito de São Paulo, como nome do PSDB à majoritária de 2018. 

Acreditando, piamente, que a capa não seja matéria paga (há más línguas que chamam a publicação de ‘Quanto É’) temos o candidato ideal para a situação.


Resta permitir eleições e Lula candidato. Duas coisas difíceis.

Não é piada

Duas garrafas de vinho foram apreendidas por suspeita de terem sido obtidas através de vantagem ilícita. Está no despacho do Delegado da Polícia Federal que apura ilícitos de Brendine, ex-presidente do Banco do Brasil.

Na ausência de informação sobre o vinho apreendido há quem tema que o dito cujo venha a ser utilizado. 

Como aquele veiculo importado apreendido por um magistrado no Rio de Janeiro, que dele se utilizava para umas voltinhas.

Barrosada
Ao que denomina de 'infantilização das pessoas' e 'vício paternalista' na relação trabalhador-direitos trabalhistas, nos leva a ver no Ministro Barroso um neologismo

barrosada  doença típica da classe dominante brasileira diante das relações capital-trabalho; síndrome do escravizador; saudosismo incontido de fazer retornar o pelourinho. 

Um pouco dos 60
Cansamos, por hoje. Para 'descansar' o leitor – e em homenagem à atriz Eva Lima –, um pouco dos anos 60. 

Os Incríveis e o xote 'caipira' "Vendi os Bois", de Eustáquio Gomes de Farias (o Dom, da dupla Dom e Ravel).


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