domingo, 13 de agosto de 2017

Há quem aplauda

Nosso blog abre este domingo com detalhes alheios: o texto de Joan Edesson no Blog do Renato (transcrito na íntegra, para que registrado aqui fique) e um vídeo de matéria jornalística do SBT, mostrando os caninos do golpe de 1964.

As falácias de hoje, as mesmas; os métodos distintos entre um instante e outro. Mas a fome e a miséria – que se avizinham – serão as mesmas.

A diferença – para pior agora – reside no fato de que a entrega do país e de suas riquezas se faz de forma ainda mais aviltante pelo interino tornado presidente.

E há quem aplauda!

 A fome voltou

Conheço bem a fome. Quando criança, brincávamos de esconde-esconde com ela, que não raras vezes nos encontrava. Nunca passou, confesso, de fomezinha, minúscula. Há gradações na fome, na miséria, na pobreza, que as estatísticas nem sempre são conta. 
Entre a pobreza da minha infância, nós éramos pobres, apenas pobres, sem adjetivos ou advérbios. Havia, numa escala abaixo, os muito pobres e os miseráveis, aqueles para cuja sobrevivência o nada já era muita coisa.
Não me orgulho disso. Não há motivo algum para se orgulhar da pobreza, da miséria, da fome. Faço o registro porque a fome voltou, e eu a reconheço onde a vejo, eu tenho gravado a fogo na minha memória a sua cara feia, eu tenho tatuado no peito a dor que ela causa, eu sei dela por todos os meus poros, e eu não a esqueço, não consegui, não conseguirei jamais.
Tampouco tenho vergonha disso. Já tive, muita, muita vergonha de ser pobre. É uma perversidade sem tamanho, e em criança me ensinaram que eu era menos que os outros, que os outros eram superiores, e que portanto eu devia me envergonhar da minha condição. Não mais, nunca mais, prometi um dia a mim mesmo. Não me envergonharia mais disso. Tampouco teria orgulho. É um registro apenas, uma condição de certa época da minha vida.
Conheço a fome. A minha, fome pequena, e a de outros, fome enorme, dentes arreganhados, a carantonha a assustar o mais corajoso dos viventes. Naquele ciclo de seca do início da década de 1980, entre 1980 e 1983, foi quando a vi mais de perto. Naquele então ela já não me alcançava mais, mas atingia com força muita gente próxima a mim. Há imagens daquele tempo que estão de tal forma gravadas em minha memória que é como se eu as visse agora, nesse exato momento.
Não esqueço do homem em uma bicicleta com o caixãozinho azul de anjo parado na porta da igreja, colocando aquele minúsculo caixão nos braços e esperando que as portas se abrissem. O padre estava viajando, mas ele só queria que o caixãozinho entrasse na igreja, que alguém murmurasse uma prece, antes que ele amarrasse novamente o pequeno esquife na garupa da bicicleta e fosse, sozinho com sua dor, enterrar o anjinho.
Não posso esquecer os três irmãos, tão pequeninos, mortos num único dia. Os caixõezinhos enfileirados, três anjinhos mortos de fome. A mãe e o pai não choravam mais, não tinham mais pranto. O rosto era uma máscara apenas, indiferença e resignação. Àqueles eu acompanhei até a cova, pois a família, tão desfalcada, não era suficiente para carregar os três até o cemitério. Aqueles me doem até hoje, até hoje me fazem chorar quando sou, como agora, obrigado a esta lembrança.
Naqueles anos eu perdi a conta de quantos anjinhos, em seus caixões azuis, vi desfilar nas minhas retinas. Eu trabalhava ao lado da igreja, numa cidadezinha afogada em seca, fome, morte e desolação, perdida no meio da geografia dos Inhamuns, nos sertões do Ceará.
Há outras imagens, como a do homem que vi, em 1983, batendo com a cabeça no portão de ferro de um armazém de milho. Eu o conhecia, era meu amigo. Como esquecer aquele desespero, aquele homem que de tão faminto acreditava ser possível derrubar um portão de ferro batendo nele com a cabeça? O portão caiu, outras cabeças e outras mãos e outros braços se juntaram a ele, e eu aprendi ali que os castelos podem ser derrubados.
Não posso esquecer do sargento da polícia batendo no velhinho que juntava do chão os grãos de feijão, abandonados pelo saque, um dentre tantos que presenciei, e levando-o preso mesmo ante o protesto, ainda tímido e medroso, de tantos que pediam para não prenderem o homem.
Acreditei que não precisava mais recordar essas coisas. Acreditei que elas dormiam profundamente no fundo de mim. Mas agora essas cenas retornaram. A fome voltou. Já anda livremente pelas ruas, de mãos dadas com a outra anciã perversa, a morte. As duas buscam alimento farto novamente pelos sertões, assolados por quase uma década de seca. Buscam e encontram.
O golpe trouxe de volta a fome. Ela está aí, esmurrando a porta. Eu a conheço, eu a reconheço em qualquer lugar, e mesmo que por ora esteja a salvo, ela já atinge muita gente próxima a mim.
                   

Discurso não resolve
Parte da esquerda – a do progressismo nacionalista – choraminga as desgraças por que passamos. Em 12 anos (porque nos dois restantes foi cuidar do golpe) não conseguiu por em prática a lição básica: comunicação. E aliou-se à direita para fazê-lo.

Raduan Nassar, em entrevista ao Le Monde Diplomatique, espreme o tumor para não esquecermos de que o temos e não o tratamos: 

“Faltou um trabalho de base da esquerda no Brasil. E a participação popular ficou à mercê da mídia de direita, especialmente dos telejornais diários”.

O custo resultante do deslize é incalculável. Só o discurso não resolverá.

Falta um mea culpa
A presidente Dilma Rousseff, entrevistada pela BBC, lamenta tudo que aí está.

Em relação ao que expressa tem toda razão. 

Falta-lhe explicar porque manteve Mercadante e José Eduardo Cardozo. 

Só resta o choro baixinho 
Sofrido, por entre soluços abafados no travesseiro. Como de criança que apanhou por culpa que não tinha. Assim como de Mateus Nachtergaele para um país que chegamos a divisar.

Para pensar

“Se você não for cuidadoso, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo” (MALCOM X, ativista norteamericano - 1925-1965). 

“Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma” (JOSEPH PULITZER, jornalista norteamericano - 1847-1911).

“A imprensa pode causar mais danos que a bomba atômica. E deixar cicatrizes no cérebro” (NOAM CHOMSKY, linguista, filósofo, cientista cognitivo, comentarista e ativista – 1928-)

Venezuela
Levando em conta as considerações acima sugerimos a avaliação do texto de Marco Teruggi, original no La Tabla, com tradução publicada no GGN. Bem como a leitura de artigo de Saturnino Braga.

Pacascas
Com preço da gasolina nas alturas fica difícil compra-la para fins outros que não o fazer rodar carros. O soteropolitano – para não perder a oportunidade – inventou o coquetel molotovO para agraciar João Dória.

A ironia popular diz que a ovada deve ser aplaudida por duas razões: demonstra que na Bahia o Dóreo viu a política às claras e que recebeu o título por ser da gema.

Não temos como não reconhecer que o moço foi ovacionado.


TRT-5
Denúncias pipocaram contra a iniciativa do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (Bahia) de custear às suas expensas (do povo) assistência de personal training para seus integrantes.


Dispensamo-nos comentar e disponibilizamos a Nota do próprio TRT-5 para justificar a despesa.

"TRT-5 esclarece:

O Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT5-BA) está adotando medidas de sustentabilidade, voltadas para a economia de recursos públicos, ao incluir práticas de exercícios físicos destinadas ao seu seu quadro de pessoal, em virtude do número de afastamentos caudados por doenças como depressão, estresse, doenças cardiovasculares e diabates. O projeto segue as diretrizes das Resoluções CSJT 103/2012 e CNJ Nº 207 de 15/10/2015, alinhada ao Planejamento Estratégico do TRT5, sendo um projeto que integra o Macrodesafio: Promover a melhoria da gestão de pessoas e da qualidade de vida. 

Também, em atenção à Resolução CSJT 103/12 e o Guia de Contratações Sustentáveis da Justiça do Trabalho, o objeto deste projeto, integra uma das seis áreas do Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis, qual seja: “qualidade de vida no ambiente de trabalho”. No âmbito do TRT5, o Plano de Logística Sustentável, a través da Resolução Administrativa TRT05/2016. 

A pretensa licitação destina-se à contratação de empresa com experiência e qualificação profissional comprovadas, para assessorar esportivamente o TRT5, em modelo de atividades físicas voltadas na definição de princípios, diretrizes, estratégias e parâmetros para a implementação de programas, projetos e ações institucionais à promoção da melhoria da condição física e mental dos participantes, a qualidade de vida dos envolvidos, a promoção da saúde e prevenção de doenças, a redução do sedentarismo, com a abrangência no condicionamento físico, envolvendo atividades esportivas de caminhadas, corridas assim como preparar servidores com aptidões específicas na representação do TRT5 junto as Olimpíadas da Justiça do Trabalho, evento anual que conta com forte compromisso do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, Conselho Nacional de Justiça e demais Órgãos integrantes do Judiciário, com sucesso implementado junto ao TRT da 19ª Região. 

Secom TRT5 
Secretaria de Comunicação Social"
Sorteios(?)
Não nos dispensamos de ler Luiz Nassif como um dos contrapontos ao establishment midiático quase hegemônico. Não temos arrependimento. Triste ficamos que outros não o façam. 

Sempre que entendemos interessante disponibilizamos matérias suas. Como essa, que analisa os ‘suspeitos’ sorteios de temas no STF que desaguam na carteira de Gilmar Mendes.

Há quem afirme que não existe sistema de sorteio no STF, tudo seria manual. Um desafio para a Presidência exibir o sistema.

Também possível que seja, “mais difícil de investigar e mais fácil de programar: se o sistema de processos usar webservices, basta alguém ter uma chave reconhecida pelo sistema de processo eletrônico para simular o sistema oficial e definir o relator que quiser.” –  como registra Leandro Arandt, no GGN.

Com a bola, para o chute fatal, a presidente do STF, Ministra Cármem Lúcia. Para – existindo ou não o sistema – iniciar um processo de sorteio ao vivo e em cores.

Para não perder o mote
Diz comentário à matéria acima, assinada por Giorgeno

"O STF não vai liberar dado de nada, porque os sistemas são feitos para serem manobrados, por exigência da realidade.

Haver caído tanta coisa para Gilmar Mendes é uma improbabilidade estatística mas não são os presidentes que devem ser pressionados, quem deve fazer isto são os chefes do setor de distribuição... servidores comuns raramente fazem isto, sob pena de perderem seus carguinhos de peão."



quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Salve, Jorge!

Nestes 105 anos de nascimento do ferradense Jorge Amado disponibilizamos crônica que está em Portal da Piedade (livro no prelo) e, o sonho não realizado, o Projeto "Irmão JORGE, 100 anos AMADO", de 2010, posto em vídeo.

Ei-los.


Longe do palco

Já registramos em outro escrito (Itajuípe) a representação ideologizada da terra cacaueira como palco – ainda longe a saga grapiúna – no Jorge Amado de Cacau. Ali posta, ainda que en passant, a expressão empírico-amadiana da luta de classe nas relações capital-trabalho tendo como coxia as terras do Sequeiro, as gentes sob ótica maniqueísta, em sua tradução do marxismo recém ensaiado pelo viés stalinista, objeto de inspiração para o ferradense.

Há na região quem veja naquela obra o início da literatura grapiúna em Jorge Amado. Discordamos, salvo melhor juízo, justamente porque não está em Cacau o que se materializa nos diversos planos científicos exigidos para a compreensão  da Civilização Grapiúna (Antropologia, Sociologia, História, Economia, Política, etc.) elaborados e fixados a partir de Terras do Sem Fim

Em Cacau grapiúna é apenas o ambiente para o jovem idealista carbonário, não o tema. Que não deixaria de sê-lo se ambientado no canavial, no cafezal, nos gerais, na mineração, nos pampas. Tão só – sem deméritos – o proletarismo regionalizado, subsumido no panfletarismo da luta em defesa dos oprimidos. O inconsciente coletivo da grapiunidade, móvel concreto da sociologia regional, aguardará Terras do Sem Fim para desencadear-se em exibição como exercício de identidade definitiva, aprimorando-se em São Jorge dos Ilhéus e se fechará, como ciclo literário autônomo, com Tocaia Grande, passando por Gabriela, Cravo e Canela, que exibe, premonitoriamente, os sinais de mudança por que passará a região no enfrentamento à tradição.

Desde então, existe; como signo. Com a história própria, e única, de uma saga. Não mais o palco das batalhas, mas as gentes todas que deram forma à epopeia de uma civilização provida dos elementos necessários à conformação do ethos grapiúna: povo, território, cultura, economia, leis, valores, sociedade consciente (dominante e dominada), símbolos, evolução do nomadismo ao sedentarismo, significados nela brotados, refletindo em unidade e maneira própria de ser, com capacidade de ser entendida em sua diversidade e abstração política capaz de reconhecimento pelo método científico.

Chama-nos a atenção que tal fato não tenha ainda despertado Itabuna, particularmente, para o que, em si, representa no contexto amadiano. Ao largo, JA é apenas um menino nascido em Ferradas no início da segunda década do século XX, fugado pela enchente e pela tocaia ao pai para a praieira Ilhéus, antes de descambar para a Bahia, onde aprimora estudos e quase não aparece no lugar onde nasceu.

De registrar que Amado nunca negou sua origem. E O Menino Grapiúna o confirma em prosa.

A densidade espacial dessa literatura codinominada grapiúna – se tomamos o núcleo das batalhas pela terra – está no entorno de Itabuna, com registros específicos para as plateias encasteladas em Ferradas e Mutuns, sem dispensar Pirangi. Sob o viés do coronel como motor da construção de um elemento de significativo conteúdo econômico – o cacau – são elas o centro de atenção.

Atentemos para um fato pouco explorado: em que pese as terras disponíveis, dentro das sesmarias originadas da Capitania de São Jorge dos Ilhéus, somente o solo próximo ao litoral foi objeto de lutas para a conquista, a ocorrer, em intensidade, no município recém emancipado. O universo de planície de mata até a encosta da Ouricana, limite com o planalto que alimenta a região da Ressaca, fronteira denominada do rio Pardo, onde erigida Vitória da Conquista no topo do acidente geográfico, não foi objeto da cobiça e deixada o foi para o aventureiro da pecuária na sede de João Gonçalves da Costa e do filho José. Muitos foram os fatores a sustentar esse desinteresse, dentre eles a dificuldade de acesso do litoral ao interior e, consequentemente, de trânsito para o produto, facilitado à mercadoria transportada pelos próprios pés.

O sangue derramado e o desenvolvimento de métodos como o caxixe, ausentes naquele universo físico – ou menos presentes, assim vemos –, são fruto daquele desinteresse.

Não têm faltado iniciativas – esparsas, que sejam – visando tornar Itabuna uma referência amadiana nos moldes efetivados por Ilhéus. Que soube – com inteligência e organização político-administrativa – muito bem utilizar-se do que relatou Jorge em torno de si.

Cabe registrar, dentre aquelas, a posta pela ACODECC e ACARI, em projeto no ano de 2010, como instrumento antecipativo do centenário do ferradense, apropriadamente denominado de “Irmão JORGE, 100 anos AMADO”. Que legou, quando nada, a reconstrução (inserida de um teatrinho equipado), da casa onde morou Jorge no imediato da fuga da Auricídia depois da enchente de 1914, a instalação de um pedestal que recebeu uma estátua do escritor e projetos culturais (um deles, internacional) dotando Ferradas como destino de autoestima e reconhecimento em torno do ilustre filho.

Talvez, como lembra-nos um amigo, ainda se mantenha em nosso seio a resistência ao comunista, razão por que muito mais valorizado para a classe dominante regional – aquela objeto de desnude por JA – o integralista Adonias Filho, da vizinha Itajuípe.

Encontramos em Hélio Pólvora a seguinte afirmação: “Os adeptos da camisa vermelha, em grande minoria no sul do Estado, e sem força do dinheiro, levavam a pior; [...] A presença do Integralismo era tão marcante em terras cacaueiras que até meu pai, homem simples e sem quaisquer ardores político-ideológicos, comprou um exemplar de Minha Luta (Mein Kampf) de Adolf Hitler – e logo depois arrependeu-se.” (O que a minha geração leu, em O Espaço Interior).

Ao que parece, Itabuna – como um todo – ainda não se arrependeu. E lança às calendas uma fonte turística de cabedal internacionalmente reconhecido e buscado.

E com isso perdemos a participação no épico que nos cabe com palco e personagem.

O resgate histórico se impõe. Certamente porque há uma lacuna a ser preenchida. Que muito bem pode estar expressa no que diz Gustavo Veloso, ferradense, autor de Ferradas: um capítulo na História do Brasil (Via Litterarum-2010), de quem tomamos as seguintes palavras (tão só substituindo o tempo verbal do condicional para o presente): Itabuna só será projetada para o futuro se dispensar a Ferradas as atenções que faz por merecer

domingo, 6 de agosto de 2017

Às favas

Os Estados Unidos sempre buscaram se apropriar do nosso segredo para processamento de urânio. O brasileiro Almirante Othon por trás do desenvolvimento tecnológico obtido por nossa ciência nuclear não sucumbiu ao canto das sereias e o país conseguiu o que julgavam impossível: tecnologia própria e independência no assunto. Um assombro, que tornaria o Brasil integrante de um clube restrito a poucas potências, assim que o urânio aqui processado viesse a ser utilizado em escala, o que ocorreria com Angra III funcionando e, possivelmente, com a conclusão do submarino nuclear.

Antes de tudo, uma questão de soberania em jogo: ou nos submeteríamos ao jogo estadunidense ou dele nos libertávamos para sempre. E nos libertamos.

No curso do processo da Lava Jato Rodrigo Janot se encontrou – em território estadunidense – com sócia de concorrente da nossa Eletronuclear. Tal pessoa teria entregue provas de falcatruas, que vieram a ser apuradas por Moro e, em desdobramento, pela Justiça carioca.

A novela é longa, caro leitor. E nebulosa... muito nebulosa. Temer pelo meio. Moro absolveu quem podia incriminá-lo e o Ministério Público Federal/Procuradoria da República – além de não incluir os nomes nas denúncias – ‘esqueceu’ de apurar o verdadeiro escândalo: brasileiro entregando o Brasil a troco de dinheiro, enquanto o Almirante Othon era condenado a 43 anos de cadeia.

A omissão de Sérgio Moro e de sua força tarefa reforça a suspeita de estarem a serviço de interesses estrangeiros em detrimento até mesmo da soberania nacional.

Para registro da memória disponibilizamos excelente matéria de Luiz Nassif no GGN, que esmiúça os fatos.

Internacional
O interino tornado presidente permanece em evidência na mídia internacional.

Aprofundando a desmoralização a que leva o país no concerto das nações.

Como registra Fernando Brito, no Tijolaço. E muito bem traduzido por Leo Villanova.

Mitos
Temos expressado em torno da realidade brasileira contemporânea, no seu imediato, o instante em que vivemos, quando os valores pátrios conquistados desfazem-se como castelos de cartas. Por trás de tudo nenhum analfabeto, caso consideremos a escolaridade em seus níveis superiores (graduação e pós-graduação) como paradigma de esclarecimento.

Desde Sir Francis Bacon, no início do século XVII, a ideia de estruturação de uma metodologia dotou a ciência de um instrumento para o desenvolvimento da humanidade. Na esteira de acesso limitado a privilegiados desenvolveu-se o mito – atrelado ao Iluminismo – de que a formação científica qualificava humanisticamente o homem.

De certa forma, muito antes de Karl Marx e Friedrich Engels virem à luz, uma classe se sobrepunha a outra, como nos primórdios da civilização, quando os sacerdotes faziam a diferença.

Texto de Ricardo Cavalcanti, no GGN, traz um lado podre em tal visão, hoje amparada na meritocracia oriunda de uma formação acadêmica. Mostra ele os cabeças da crueldade nazista.

Quando vemos tal meritocracia em nível de Brasil e o que parte dessa gente – no exercício de poder – faz ao país e sua gente não temos como não concordar com Cavalcanti.

Não bastasse, outro estudo – de Fernando Horta – mostra a concentração de tal meritocracia em nível de famílias (preferimos oligarquias) no Brasil. Como também o registra Antônio Lassance.

Cabe-nos reconhecer a existência das realidades. E desmistificar os registros que atrelam nossas misérias a outros fenômenos.

Entranhas escancarando-se
Descobriram na tese de Moro uma tradução absurda:

"It is emphatically the province and duty of the judicial department to say what the law is."

A frase, proferida pelo Chief Justice John Marshall, nos Estados Unidos de 1803, foi traduzida pelo acadêmico Sérgio Moro em tese de doutorado de 2002 como:

"É enfaticamente a província e o dever do ramo judiciário dizer o que é o Direito."

Tradução correta: "Enfaticamente, é função e dever do departamento judicial dizer o que a Lei é."

Não somente arbitrariedades; também limitações intelectuais. Acatadas pela Banca avaliadora.

Arrasador
Há malévolos que buscam denegrir augustos magistrados (alguns poucos, naturalmente), haja vista que aqueles que se encontram sob apuração das Corregedorias podem ser alvo de ‘perseguições’. Demais disso a possível atuação desta ‘mínima minoria’ não pode alcançar a hombridade e seriedade da grande maioria.

Mas, em certos corredores aqueles malévolos citam um julgamento, em nível de tribunal estadual, ocorrido num país qualquer de um continente qualquer, em que o presidente da turma julgadora recebeu dinheiro dos dois lados, imaginando que o voto do relator seria acompanhado pelo segundo vogal e ficaria ele a cavalheiro, isento de qualquer possibilidade de resolver o problema de um e outro porque o caso já lhe chegara ‘perdido’. Mas – lá vem esse mas – os dois votos dados o foram para cada uma das teses e o empate exigia o ‘desempate’ que cabia ao presidente.

E aí! Foi aquele vexame. Os interessados presentes. E a decisão – qualquer que fosse – o faria herói para um e bandido para outro. A solução encontrada no desespero foi – além de beber copos de água – tentar adiar o julgamento. 

Na agonia – uma das partes não suportou a indecisão – e gritou/apelou para que todos ouvissem: “E o meu, doutor! E o meu!”

Circula um vídeo (abaixo) de fato ocorrido em tribunal de Santa Catarina.


Tudo o quanto expressado confirma a veracidade da denúncia. Confiamos no homem que o diz. Nunca o diria se não fosse verdade. Sua indignação é pura, transparente. Sua idade madura nunca o levaria a apelar.



Nulidade I
Temos revelado, desde o início, nossa preocupação com a Lava Jato. Justamente por haver risco juridicamente concreto para sua anulação. Assim, uma operação que reflete avanços no combate à corrupção – afastada a conotação político-partidária, fato por demais concreto – tenderia (dizíamos) a perder-se, como a Satiagraha, em razão das irregularidades cometidas.

A cada dia vão surgindo denúncias – afora os absurdos flagrantemente observados.

Os métodos utilizados começam a vir à tona e mesmo são questionados judicialmente. 

Como o faz Meire Poza, ex-contadora de Alberto Youssef, que enfrenta e denuncia a Lava Jato, (matéria de Marcelo Auler). 


Não podemos esquecer que a função de Sérgio Moro – atribuída ou assumida – reside tão somente em prender Lula. Como o ilustra Pataxó.

                   .

Nulidade II
Mas há quem não veja nulidade alguma. E o expressa publicamente. Ainda que não o devesse, por contrariar lei. 

É o caso do presidente do TRF-4, aqui, o Tribunal que julgará Lula.


Lançado
O anti-Lula já está no mercado. Pelo menos a considerar a matéria de capa da Isto É, defendendo Dória, o atual prefeito de São Paulo, como nome do PSDB à majoritária de 2018. 

Acreditando, piamente, que a capa não seja matéria paga (há más línguas que chamam a publicação de ‘Quanto É’) temos o candidato ideal para a situação.


Resta permitir eleições e Lula candidato. Duas coisas difíceis.

Não é piada

Duas garrafas de vinho foram apreendidas por suspeita de terem sido obtidas através de vantagem ilícita. Está no despacho do Delegado da Polícia Federal que apura ilícitos de Brendine, ex-presidente do Banco do Brasil.

Na ausência de informação sobre o vinho apreendido há quem tema que o dito cujo venha a ser utilizado. 

Como aquele veiculo importado apreendido por um magistrado no Rio de Janeiro, que dele se utilizava para umas voltinhas.

Barrosada
Ao que denomina de 'infantilização das pessoas' e 'vício paternalista' na relação trabalhador-direitos trabalhistas, nos leva a ver no Ministro Barroso um neologismo

barrosada  doença típica da classe dominante brasileira diante das relações capital-trabalho; síndrome do escravizador; saudosismo incontido de fazer retornar o pelourinho. 

Um pouco dos 60
Cansamos, por hoje. Para 'descansar' o leitor – e em homenagem à atriz Eva Lima –, um pouco dos anos 60. 

Os Incríveis e o xote 'caipira' "Vendi os Bois", de Eustáquio Gomes de Farias (o Dom, da dupla Dom e Ravel).