domingo, 4 de junho de 2017

Teotônio ao cubo

O Brasil está sem saída. Ou só tem uma saída. Sem saída, a permanecer a degradação a que chegaram as instituições e a trágica repercussão na vida dos brasileiros que não integram aquele diminuto percentual da classe dominante. Sob tal condão não há pitonisa que se enfeite a prever alguma coisa para daqui a meia hora. Dentro desse estágio a saída dos que usurparam o poder reside na sua permanência. Até porque para isso tudo foi feito.

Para os que afirmam só haver uma saída esta reside, pura e exclusivamente, na força que sustenta o Estado democrático: reconhecimento/fortalecimento da classe política com o chamamento do povo a decidir através de eleições gerais para o Congresso Nacional e Presidente da República.

Aos que alegam que tal iniciativa violaria a Carta Magna, nela introduzindo emenda para que tal aconteça, a resposta reside na simples constatação: o que está aí violou a Constituição e outra coisa não se faz nesse instante a não ser torpedeá-la haja vista as reformas a toque de caixa sem discussão com a sociedade.

Outrossim, somente ausência de respaldo ou legitimidade, visto que não foi esse o programa no qual confiou/votou o eleitor em 2014.

Particularmente nos filiamos ao rol dos pessimistas. Por não vermos luz no fim deste túnel. 

Sustentamo-nos no fato de que o processo eleitoral pode resultar até em piora (se a tragédia presente pode piorar ainda mais além da programada e em andamento) porque os meios de acesso aos quadros políticos mantém-se viciados e a política tida como vilã maior no imaginário da população não se oferta à avaliações fora do roteiro maniqueísta.

Mas cremos estar naquela hora em que os restantes 300 de Esparta lutam até o fim. Claro que possível derrota na Termópolis tupiniquim não será para sempre, apenas um passo para seguir em frente. Mas o passo que o país precisa dar... E não há quem ande sem dar o primeiro passo.

Se nos faltar motivo, se nos faltar esperança, se nos faltar oxigênio busquemo-los na lembrança de um símbolo, em tempos mais complexos (ditadura), que se faz presente: a do político Teotônio Vilela (1917-1983), que anteriormente marchara em defesa da Anistia e ao tempo das "Diretas Já!" emprestou  imortalizado por Henfil  seu manto/grito ao sonho de ver a Pátria elegendo seus dirigentes. 

Saída há: Teotônio ao cubo!

Mais pior
Dentre os passos futuros, para entender porque não bastam eleições diretas: mantido o atual sistema eleitoral o próximo Congresso será pior – mais pior, como dizem as crianças – que o atual.

Uma Constituinte originária e autêntica se impõe. Não ocorrerá na forma ideal no atual sistema.

Ainda que a crueldade deste sistema faça eleger facilmente quem queira para Senador ou deputado: o desemprego e o subemprego tem hoje 26,5% de eleitores potenciais a votar em quem der mais.

Dois toques
Duas matérias deveriam integrar o rol de leitura obrigatória. A atualidade dos temas reflete, em muito, as razões por que passamos o que ora passamos.

Seja-o sobre a indignidade de caráter pátrio de quem comanda a JBS (apenas um dos múltiplos exemplos), observada sob a letra fria de Perpétua Almeida e Ronaldo Carmona, seja-o na premonitória de Fábio de Oliveira Ribeiro e a maldição do petróleo. 

A cara do cara
Empresa investigada por uso de propina doa material para o município de São Paulo. Há mais coisa em jogo  sinaliza o GGN.

Por mera coincidência ex-diretor da empresa é novo Secretário Municipal... para receber doações. "Faz sentido"  diz Fernando Brito.

O que vai em troca só Deus sabe! 

Mostrando a cara
Nosso pessimismo para com o STF em nada mudou...

Hora de escancarar a que vieram Alexandre de Morais, Luis Fux, Rosa Weber e Luís Roberto Barroso.

A coluna antecipa (esperando estar errada): Aécio continuará onde e como está.

Não será acolhida a denúncia de Janot contra ele. 

Apenas 3.000%
Denuncia o deputado Jorge Solla: sinais evidentes de escândalo no Ministério da Saúde.

Fiocruz vende, desde 2008, por R$ 0,17; Ministério da Saúde passa a comprar em laboratório privado por R$ 5,19.

Apenas 1.745,8%
Este o aumento percentual na importação de combustíveis refinados. De 240 mil litros em fevereiro para 419 milhões em abril.  

Denúncia da Federação Única dos Petroleiros: a atual direção da Petrobras está sucateando o parque nacional de refino em benefício das petroleiras internacionais. Simplesmente vendendo óleo cru e importando derivados. 

A placa da rua
Há coisas que somente podem ser compreendidas no momento certo. Ainda que dispensemos a ilustração irônica a realidade à luz da mensagem contida na placa se basta.



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