domingo, 30 de abril de 2017

Ao leitor a conclusão



Não nos cabe aferir se a greve foi um sucesso ou não, se a maior da história do país ou não. Temos, como amostragem, uma Itabuna vazia.  Sem convocações e acompanhamento em tempo real da Globo e quejandos o que aconteceu teve origem na insatisfação que vai se internalizando na população.

Greve somente pode ser considerada como tal – em nível de sucesso – quando afeta a produção, paralisando o setor produtivo. Seja greve trabalhista ou política assim ocorre. Os efeitos, diversos, alcançam a categoria empresarial – que se sente pressionada a atender à demanda obreira para não acumular prejuízo – ou para impedir medidas oriundas das instituições políticas que sejam contrárias aos interesses da coletividade. 

Por caminho diferente do votar a cidadania é exercida e exercitada em tais instantes. E a greve é um deles.

Como observa Eugênio Aragão, ex-Ministro da Justiça (único acerto de Dilma na Pasta):

“Quando as instituições se omitem na defesa da democracia, devolve-se ao detentor da soberania popular – ao povo – o direito de resistir à arbitrariedade. Somos nós os verdadeiros e originários guardiões da Constituição!

Inegavelmente a greve de ontem foi política haja vista o universo de segmentos da produção industrial, intelectual ou de mobilização do ir e vir a ela integrados.

O professor Fábio Marlini, de Comunicação da Universidade Federal do Espírito Santo analisou a rede, em seus prós e contras, e chegou à conclusão de que apenas 12% se posicionaram contra a mobilização, distribuídos na forma do gráfico abaixo.

Considerando o estudo, ainda que não seja levada em conta a dimensão física do movimento, na batalha da comunicação alguém parece haver ganho de goleada.

De uma forma ou de outra, analise o leitor a repercussão da mobilização como greve política nos próximos dias. Se obteve sucesso ou não.
                         

A outra batalha
A greve como tema de análise pode ser observada a partir da cotidiana batalha na comunicação. Esta compreendida entre o que divulga e propaga a mídia hegemônica e aquela que se expande através dos recursos contemporâneos, onde se destaca a rede. Como ponto de inflexão a realidade. Ou seja, o que foi dito – e por quem – corresponde ou não à verdade factual?

Para os que assistem a mídia hegemônica, e a acompanhou nas manifestações a partir de 2013, acentuadas no curso de 2015/2016 – como em outro instante da História, na campanha “Diretas Já”, quando também se esquivou a liderança maior, a Globo – não existia programa algum que envolvesse mobilizações e paralisações contra políticas do governo interino. Tanto que, o Jornal Nacional, na noite de 27 em nenhum instante de seus quase 40 minutos tocou no assunto. 

Ou seja, o carro-chefe da mídia ignorou inteiramente a mobilização e omitiu-se em sua função primordial: informar.

Desta forma, análise do DAPP, da Fundação Getúlio Vargas, publicada como Relatório de Análise Estratégica de Redes Sociais, refletiu a batalha entre a mídia hegemônica e a de blogs, via twiter.

Ao quanto demonstrado está fica-nos a imagem, veiculada no mesmo espaço do Conversa Afiada, de que a ‘informação’ foi inteiramente manipulada à conveniência do sistema, nos moldes postos na charge.

Saídas
Os dados de diferentes institutos de pesquisa de opinião sobre 2018 não deixam dúvida alguma: Lula se elege.

Diante disso, duas vertentes levamos ao raciocinar do leitor: 1. Quem faz Lula crescer, ainda que massacrado midiaticamente? 2. Haverá eleição?

À primeira, também nenhuma dúvida: a força tarefa comandada por Moro, sem encontrar provas concretas há três anos vai jogando no imaginário do povo de que Lula é vítima de perseguição. Afinal, se Moro já mandou prender tanta gente por que não prende Lula?

A segunda, nos leva a repetir algo que integra nossa conclusão há tempos: não é crível que tudo o que foi promovido, por via de um golpe parlamentar (pela ação) e judiciário (pela omissão) para colocar o interino tornado presidente, tendo por trás do decote do horizonte a entrega das riquezas do país aos sistemas capitalista e financeiro rentista venha admitir o retorno de Lula.

Uns querem o retorno dos militares (não tolerável pelos EUA, em razão de que a defesa de seus interesses dispõe de outros meios ‘institucionais’); 

Outros, a não-eleição de Lula. 

Que pode se materializar com: 1. prorrogação de mandatos (depois de afastado o interino e eleito um testa-de-ferro pelo Congresso); 2. com implantação do parlamentarismo.

Transitório
A ‘recomendação’ do Juiz Titular da 14ª Vara de Porto Alegre ao Presidente do Tribunal Superior do Trabalho constituiu-se numa bofetada com luvas nada de pelúcia, mas de couro tratado.

Basta as expressões que aqui destacamos: [...] “dirijo-me a V. Excelência para recomendar a paralisação das atividades [...] no dia 28 de abril [...].“ A reforma  legislativa proposta [...] penaliza os usuários da Justiça do Trabalho [...] tendo os advogados [...] se posicionado contra ela [...] assim como a imensa  maioria dos juízes do trabalho que V. Exa. deveria representar.”

[...] “Recomendo a V. Exa., ainda, que não dê sinalizações públicas de caráter político em desacordo com o que pensa a coletividade dos juízes do trabalho [...] e da instituição na qual exerce o transitório cargo de Presidente.”

A íntegra aqui, extraída do Conversa Afiada.
                                  
Seria assim com Lula?
Rodrigo Janot afastou o tucano Geraldo Alckmin da relação de investigados a partir das delações da Odebrecht, ainda que Luiz Bueno tenha dito, em delação, que transferiu recursos ilícitos para o caixa 2 na ordem de R$ 8,3 milhões ao ‘Santo’ que governa São Paulo, envolvendo as eleições de 2010 e 2014. 

Cautela
Da OAS – como tábua de salvação da imagem e da pretensão – arrancam desastrada delação de Léo Pinheiro, onde Lula esconderia recursos percebidos ilegalmente em apartamento que está em nome da própria OAS.

A Odebrecht em sua avalanche de delações trouxe tucanos gordos à ceia dos que se arvoram Catões da moralidade tupiniquim. Não bastasse a leva do PMDB que exercita o interinato. 

Com documentos e coisas tais.

Mas alguns são tratados com cautelas que chegam a espantar.

Marajanato
Não sabemos se é muito. Sabemos que comparada com o menor salário do brasileiro a distância é escandalosa.

Ganham acima do que percebem similares da Suécia, Alemanha, Portugal, Espanha e França, entre outros países.

Alguns superam US$ 20 mil dólares mensais.

O teto é R$ 33 mil reais.

Ah! Trata-se de parcela significativa de titulares do Ministério Público de São Paulo, conforme apurou a Folha de São Paulo.

                    

Inocente
Para os auditores que esmiuçaram a Petrobras Lula nada é do que dizem. Atenderam ao pedido de Sérgio Moro, que obteve a resposta abaixo.

Por essas e outras é que uma condenação de Lula somente sairá a fórceps, baseada em convicção alimentada em alguma delação combinada.
 

Atrasado
Não fora a extemporaneidade, Lula dizer que fará num próximo governo a democratização da mídia nos traz, ainda um outro fato: deixou de fazê-lo quando podia, e devia, mas encheu (como Dilma) as burras da Globo, apenas como exemplo. 

Cremos que conseguiu justificar toda a postura da mídia contra ele.

Em outras palavras: falou besteira.

Disputa inglória
Moro sobra no enfrentamento político. Está caindo no jogo armado por Lula. É o que analisa Helena Chagas, em OS Divergentes.

Estamos no começo
Tomamos conhecimento de que o Delagnol, que tem contra si uma ação ajuizada por Lula  em razão daquele famoso powerpoint onde inseriu o ex-presidente como “comandante máximo”  tem a Advocacia-Geral da União como seu defensor.

Uma festa! Postura funcional temerária, que implica em responsabilidade individual, passa a ser institucional. 

A ponto de a sua defesa ser paga com dinheiro de nós outros. Supimpa!

Agradecimentos
Completamos 71 anos sentindo-nos rejuvenescido. E mais ficamos com as tantas palavras de carinho recebidas, que nos levam a definir uma existência mais longa como o meio de saber se efetivamente realizamos alguma coisa válida. Nunca o sabemos olhando para nosso próprio umbigo. Só em instantes como os recentemente vividos.

Amigas e amigos de tantos e tantos anos, colegas da Escola Rui Barbosa, da Professora Carmelita Santana, em Itororó, de magistério, ex-alunos do Centro Educacional de Itororó, do Colégio Estadual de Itabuna, alunos da UESC.

Particularmente a sensibilidade nos chega e nos toca como varinha de condão para exigir a manutenção nos rumos construídos e postos em prática, onde a sinceridade pauta na cabeça da lista. 

Resta-nos agradecer, sensibilizado. A todos, um forte abraço e a doçura de Nara Leão, em Cuitelinho, de Bento Costa, recolhida por Paulo Vazolini, pescando nas águas do Pantanal. 

Porque quando "[...] os óio se enche d'água [...] até a vista se atrapaia".

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