domingo, 26 de fevereiro de 2017

De remunerações e quebradeiras


Haja indenizações e outras remunerações!
Membros da Magistratura e do Ministério Público sentem-se incomodados com tais revelações que remetem a típico marajanato existente em relação a muitos de seus integrantes.

Que haja razão no atacado. Mas, no varejo, causam espécie certas remunerações disponibilizadas, onde valores rubricados como “indenizações”, “outras indenizações” e “outras remunerações retroativas” – sem incluir férias – que em muito superam (várias vezes) os vencimentos da carreira.

É o que o DCM publicou, referente ao mês de outubro de 2016, disponibilizado neste fevereiro no blog, a partir de dados veiculados no Portal da Transparência e da Agência Pública para integrantes do Ministério Público do Estado de São Paulo.

Admitindo-se, por hipótese, que tal circunstância tenha ocorrido apenas uma vez no ano, e distribuindo mensalmente aquilo que consideremos bruto, temos um plus mensal nos vencimentos equivalente, em alguns casos, ao percebido anualmente por um assalariado submetido aos rigores da PEC do fim do mundo e seus controles (se estiver trabalhando!).

Até que haja uma explicação convincente para tanto em indenizações, outras indenizações e outras remunerações retroativas a dúvida de algo não anda bem fica permanentemente no ar.

Que poderia começar esclarecendo – com a máxima transparência – o que evidentemente está contido em tanto “outras”. Que segredos abrigam que não pode ser revelado!

Depois de revelado, e bem explicadinho, justificar a sua obtenção. 

Que bem pode ser uma espécie de ‘poupança’ para Suas Excelências.

De Nabuco a Simonsen
Quando o conceito de elite (como irradiadora de pensamento) foi superado pelo simples exercício de poder da classe dominante, que se imaginava tal aquela, a predação tornou-se palavra de ordem. E o mais grave: a serviço do pensamento externo, colonialista e subserviente, como a primitiva, originária dos primórdios das capitanias hereditárias.

Faltam-nos estadistas e empresários.

De Joaquim Nabuco ou de um Roberto Simonsen só lembranças. Vagas.

Crédito e investimentos
Os juros no cartão de crédito atingem 486,8% em janeiro.

Investimentos do governo despencam de 5 para 1 bilhão de reais.

E a PEC do fim do mundo nem afiou as garras.

Números do IBGE são ainda mais aterradores. Não só o desemprego, mas a desocupação e a subutilização, que já chegam a 22% da população.

Breve
Muito brevemente a grande conquista neoliberal: tornar o Brasil aqueles Portugal, Espanha e Grécia do final da década passada, com o desemprego superando 25% da população ativa. Já são 24 milhões de pessoas a procura de trabalho, segundo o IBGE.

Como maravilhoso contraponto o endividamento das famílias mantém-se no preocupante patamar de 31% daquelas entrevistadas. 

O que demonstra a ineficiência das políticas econômicas no quesito benefício à população.

Prevaricação
O depoimento de Yunes (a mula do PMDB) ao Ministério Público confirma denúncias anteriores, incluindo em relação ao interino tornado presidente, que vão daqueles R$ 10 milhões da Odebrecht, a pedido do próprio interino e dentro do próprio Palácio Jaburu... passando pelo financiamento de 140 deputados para garantia da eleição de Eduardo Cunha a presidência da Câmara.

Nas perguntas de Cunha a Temer, indeferidas por Sérgio Moro por ‘impertinência’, estão muitas relativas ao Yunes.

O mínimo que se espera do ínclito magistrado é rever seu despacho ou explicar porque não o faz depois das denúncias recentes.

Sob pena de prevaricação.

O par perfeito
Do novo Ministro da Justiça, tentando livrar a cara do parceiro na Câmara quando em risco o mandato de Cunha:

Eduardo Cunha exerceu um papel fundamental para aprovarmos o impeachment da presidente. Merece ser anistiado".

Quando o deputado veio a ser preso, lamentou: "É a queda da República!".

Este o ambiente.

Nada a acrescentar. Apenas ratificar. Tudo o mesmo... da suruba.

A Justiça Federal do Mato Grosso enviou ao STF processo, em 2014, onde Serraglio se faz integrante no esquema de invasão de terras indígenas no estado. 

Ele, por sinal, relata a PEC 215 que leva para o Congresso a função de demarcar terras indígenas e quilombolas (hoje do Poder Executivo, orientado pelo Ministério da Justiça, que será ocupado por Serraglio).

No fundo, apenas mais um ‘notável’ que assume este ministério de notáveis.

Primorosa pesquisa
De primorosa, esclarecedora e atualíssima pesquisa onomástico-antroponímica de Epaminondas Demócrito D'Avila, para a origem e significado do nome Serraglio, futuro Ministro da Justiça, publicada no Conversa Afiada:


"Serraglio", em italiano, significa "serralho". O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, do qual citamos o que interessa aqui, define:
"1 palácio do imperador, dos príncipes ou dos dignatários do Estado otomano maometano"
"2 espaço desse palácio destinado às mulheres desses personagens; harém"
[...]

"5 fig. local, casa etc., destinado à prostituição; lupanar, prostíbulo"
Nenhuma dúvida de que tudo tem a ver com o glorioso instante nacional partamos para os próximos rodapés desta coluna. 

Suruba I
Outro primor para o instante institucional deste país. Qualquer aprendiz de leitor de dicionário sabe que suruba é orgia sexual onde participam mais de duas pessoas. 

O dito por Jucá – “Se acabar o foro, é para todo mundo. Suruba é suruba. Aí é todo mundo na suruba, não uma suruba selecionada” – resistindo – e não deixa de ter razão, quando o STF sinaliza insistência em legislar – com a proposta oriunda do STF de criar varas especializadas para demandas contra políticos, extinguindo o chamado foro privilegiado – na realidade foro por prerrogativa de função.

Geddel afastado por edificite. Padilha para tratar a próstata. E Serra teria dito que seu problema de saúde não decorre da suruba.

Salve Aroeira!


Suruba II
Há quem esteja a afirmar que Jucá traduziu como ninguém uma adjetivação perfeita para o governo: suruba.

Como verbo, o surubar pode ocorrer a qualquer instante. 

Como aquele em que alguns senadores reuniram-se num iate para alcaparras e gorgonzola e ensaiar a sabatina que fariam a Moraes, o futuro ministro do STF.

Conteúdo nacional
A Petrobras vai extinguindo uma das maiores conquistas nacionais efetivada nos últimos anos (mais precisamente de 2003 para cá): a necessidade de aquisição à indústria nacional de, pelo menos, 65% dos produtos a serem utilizados na construção de plataformas, petroleiros e outras obras da empresa.

A redução do percentual de conteúdo nacional é uma forma de entreguismo. 

Comprando mais no estrangeiro inviabiliza o parque industrial brasileiro que, fragilizado, fica a mercê do capital estrangeiro. Sem encomendas não tem como se sustentar.

Nesse quesito o que acaba de acontecer com a Votorantim: vendida a um grupo belga. 

Aquela que foi o orgulho da siderurgia brasileira, nascida na esteira do sangue dos brasileiros sacrificados na Itália, na segunda Guerra, negociado por Getúlio com os Estados Unidos em troca de uma siderúrgica (Volta Redonda).

A mentira
O que fazem com a Petrobras é a aplicação do velho método de desmoralizar para baratear e entregar na bacia das almas. Até prejuízo contábil serve para isso. 

Enquanto os lucros operacionais permanecem no nível correspondente ao que representa a estatal falam do ‘prejuízo contábil’, que, simplesmente, é a manipulação em torno da reavaliação dos ativos ao sabor dos interesses.

Em céu de brigadeiro I
Mais denúncias de propinagem, a partir da Petrobras. Nelas referidos senadores do PMDB.

Mas não só eles.

Ainda que haja depoimentos na Lava Jato (de Nestor Cerveró) se referindo, inclusive, a US$ 100 milhões para o PSDB no período FHC nenhuma citação chega à imprensa para implicar os meninos.

Muito menos o juiz Sérgio ‘não vem ao caso’ tomou qualquer iniciativa para determinar a apuração.

Em céu de brigadeiro II
Confirmada a patranha comandada pelo interino tornado presidente no interior do Palácio Jaburu.

Silêncio de claustro. Nenhuma alusão ao fato na imprensa 'oficial'. 

Naturalmente.

Da série, sei não! I
José Serra pediu exoneração do insignificante papel representado à frente do Ministério das Relações Exteriores.

Problemas de saúde o levaram à iniciativa.

Presume-se que sejam graves. O que ninguém sabia. E que serão tratados em “quatro meses”.

Inclusive porque não dispensou o exercício do mandato de Senador.

Huuummmm! Sei não!

Da série, sei não! II
A serviço dos de fora, o que sempre faz – basta ver as promessas a Chevron sobre a ruptura do sistema de partilha, feita em 2010 quando candidato, e sua primeira iniciativa como senador – o retorno de Serra ao Senado pode significar nova iniciativa do entreguista.

Que pode envolver a ruptura com a Grinspun, entrega de Alcântara ou do segredo desenvolvido pela Marinha brasileira para o processamento de urânio.

Esperar e conferir.

O último prejuízo
Wadih Damous, em artigo veiculado no Conversa Afiada, mostra a que ponto chegou a mediocridade de José Serra como Ministro das Relações Exteriores. No  afã de bem servir os Estados, promoveu um prejuízo para o dia a dia do brasileiro (afinal, pão é o nosso de cada dia, e se faz a partir de trigo), que deixamos de contratar pela metade do preço internacional e exportando nossa carne bovina como contrapartida:

"Nada soube fazer com o comércio exterior, nova área temática da sua pasta. À cata de mercados para escoar seu trigo, a Rússia oferece menos da metade do preço praticado pelos americanos, nosso maior fornecedor. Em contrapartida, dispõe-se a importar lotes enormes de carne brasileira. O MRE de Serra deixou as autoridades russas a ver navios. Nessa semana, elas fecharam negócio com o México."

Conteúdo curricular I 
Caros estudantes de Direito. Esqueçam o aprendizado da doutrina e das leis e concentrem-se no de truques.

É a recomendação de Jânio de Freitas em artigo recente. 

Conteúdo curricular II
A propósito de aprendizado, Roberto Tardelli, no Justificando.

Presídio
Não sabemos quando. Mas convidaremos nossos estudantes de direito da UESC para conferir a aprovação da ilustre Corregedora do TJBA em trabalho acadêmico de conclusão de curso:

“A empresa cumpre o que foi contratado com o estado. A unidade promove a ressocialização, garante serviços de saúde, assistência social, cursos e educação”, observou a juíza Liz Rezende em seu relatório.”

Considerando que o presídio itabunense é administrado pela iniciativa privada a avaliação da Corregedora é um voto de confiança ao sistema, hoje criticado nacionalmente.

A confirmar.

Censura
Para não esquecer o avô o prefeito ACM Neto determinou – a considerarmos como verdadeiro o contido no comunicado de um condomínio soteropolitano aos seus condôminos: 

“A Prefeitura não permitirá o uso de faixas com propagandas políticas ou que divulguem marcas”.

Inviabilizar o exercício do direito de opinião é censura das bravas.

Ou coisa de quem vendeu uma festa popular.

No campo político o "fora" ao companheiro encastelado no Palácio do Planalto é tema em trio elétrico, cantado a plenos pulmões pela multidão. Muito pior do que uma mísera faixa na varanda de um edifício. Mesmo porque o dito cujo está descansando na praia de Inema e o prefeito bem poderia convidá-lo para ocupar a frente de seu camarote para reverter qualquer imagem possivelmente tida como inconveniente.

Quanto a 'censurar' esta ou aquela marca é a defesa do comprador, a quem certamente vendeu a festa popular mais famosa do Brasil.


domingo, 19 de fevereiro de 2017

Gargalhares e ironias

Quá-quá-quá-quá...
Empáfia tartufista. O STF admitiu condenar o Estado a pagar indenização por preso em cela superlotada. Considerando aquele universo beirando 700 mil somente em penitenciárias e outros milhares em delegacias e prisões de pequenas dimensões abre-se um filão a ser explorado por profissionais do direito e mais uma fonte de sangria para o erário.

No entanto deixemos de lado a superpopulação carcerária em si, detalhe de pouca significância no contexto. Afinal, outra poderia – e certamente o seria – a situação de barbárie por que vivemos se não vivêssemos o angustiado tema como farinha e feijão no cotidiano dessa terra brasilis como natural à isso que chamam de existência.

Mas, diga o leitor se não estamos na terra da bazófia: o STF, expressão última do Poder Judiciário (Tribunais e Varas Criminais e de Execução Penal), contributivo – com seu Conselho Nacional de Justiça, ao qual controla – com a superpopulação carcerária, seja-o por tolerar a manutenção em cela de presos que já cumpriram pena pela simples (não)atuação dos juízes da execução penal, seja-o pela exacerbação do exercitamento da prisão como solução (inclusive a provisória, eternizada). Por tal viés quase 50% de encarcerados por lá não deviam andar.

Não bastasse, a segregação pura e simples – em vez de aplicação de outras penas – envolvendo inclusive crimes de menor potencial ofensivo, ou pautados na discriminação afastada dos estudos científicos, como recolhimento de usuários de droga, agravam a situação.

E para coroamento: o recolhimento à prisão antes de transitada em julgado a decisão condenatória, decisão referendada pelo dito cujo (STF).

Aí a anedota bizarra: o Judiciário que superlota cadeias condena o Estado a indenizar a vítima da superlotação em R$ 2 mil. (Lembrando que o dinheiro não sairá de seus cofres). E nem comentemos a piada que é o valor arbitrado para quem dormia com a cabeça apoiada no vaso sanitário. Esqueceram de aditar o risco de a descarga estar com defeito (sem água mesmo!).

Ah! Stanislaw Ponte Ponte Preta, que falta fazes! Certamente descobririas onde se escondem as dissimulações intencionadas e nos fizesse rir apenas.

Tribunal Constitucional
A análise levada a termo por um anônimo no Conversa Afiada põe a nu não somente as razões por que um Tribunal Constitucional deixou de ser criado através da CF/88 como falecem as estruturas do atual sistema.

Temos afirmado neste espaço que um dos grandes problemas gerados pelo concurseirismo no Brasil reside, justamente, no fato de que as avaliações apresentam-se sob um caráter positivista e não universalista. Assim, alguém a quem estará submetido um caso de repercussão e desdobramentos complexos não encontra a solução ideal porque, como julgador, desconhece fundamentos vários a que deveria estar atrelado (mas, não está) como Geopolítica, História, Geografia, Sociologia, Economia Política, Antropologia etc. etc.

O exemplo mais clássico nesta contemporaneidade está no poder atribuído a um juiz de primeiro grau, capaz de promover decisões – e não entremos aqui na dimensão político-ideológico-partidária, onde sinais concretos há de atuação – ao arrepio de visão/informação na História, na Economia, na Geopolítica etc. etc.

O resultado aí está.

E como não temos aquela Corte Constitucional o que dela se arvoram cultores, encastelados no STF, legitimam os absurdos todos. Mormente porque ali chegaram amparados nos mesmos vícios que construíram nossa classe dominante, onde o que menos objetiva para ela é a construção de uma Nação, limitada que está ao puro e simples – dos mais mesquinhos – patrimonialismo.

Não afirmemos que do caos atual sairá algo de grandioso. Afinal, está tudo dominado por tais classes. E a única saída – o conflito intestino – não decorrerá, porque sobra sempre alguma coisa suficiente para calar a boca descontente, cultora do jargão ‘meu pirão primeiro’, porque sempre haverá pirão para toda ela. Como sempre houve.

Mas a Criação de um Tribunal Constitucional entrando no debate – ou a ele retornando – não deixa de ser uma luz no fim de longérrimo túnel.

Coisa que vai sendo sedimentada não só por anônimos.

Empresa de demolição
Juca Ferreira, ex-Ministro da Cultura, disse que a atuação do governo do interino tornado presidente é típica de uma “empresa de demolição”.

Para tanto não se descure o desmedido apoio da gloriosa atuação de Moro e Procuradores da República a ele vinculados.


E la nave va I
Mais uma da semanal desesperada, aliada de interesses variados, nada sérios. Basta seguir os passos do denunciante no Youtube (incluindo um áudio do dia 13 de fevereiro último) para perceber que não só as contradições levadas à matéria inocentam o acusado, como analisa o GGN.

No vídeo o denunciante anuncia a matéria da revista referindo-se, em mais de uma vez, a militares de alto coturno. Em nenhum instante outra referência que não seja aos militares.

Vão-se acentuando as certezas de que não dispõem de provas contra o ex-presidente Lula e constroem a ponte para condená-lo na base de uma nova espécie de domínio do fato: aquela em que suspeitos dizem e se contradizem mas falam dele como expressor de verdade iluminada por dogma de fé.

E la nave va. É o que dá liderar pesquisas para 2018. 

                 

E la nave va II
Para nossa opinião – neste país onde se desconhece os limites entre a verdade e a mentira, onde alguns integrantes do Ministério Público e da Magistratura cumprem não estabelecem os limites entre a função e a opinião política – com o grotesco em que vão ficando as acusações contra Lula em Curitiba – onde até a testemunhas arroladas pela acusação o inocentam – a matéria da semanal alimentará o imaginário para legitimar (na opinião pública) uma condenação de Lula com base em nada.

Falsidade ideológica
O indicado pelo interino tornado presidente para o STF vem sendo acusado de fraudar informação em seu currículo, onde apareceria como pós-doutor sem o ser.

Bobagem dessa gente invejosa com o sucesso do rapaz! Afinal, diante da gravidade moral embutida em sua indicação (natural ao ambiente e cultura das instituições na contemporaneidade) não passa de insignificância.

Não vem ao caso! 

Até Luislinda
Que anuncia no currículo prêmio da ONU que a ONU desmente, porque nem mesmo existe.

Na esteira de outro prócer, José Serra.

Tudo observado pelo GGN, que trouxe o alertado pela Folha 

Comparando
Na falta de homens grandiosos em nacionalismo e à luz do que vem sendo posto em prática, aceleradamente, pelo interino tornado presidente, não custaria rever as similitudes entre os golpes de 1964 e 2016.

Ler “Aos trancos e barrancos – Como o Brasil Deu no que Deu” (Editora Guanabara, 1985), de Darcy Ribeiro, será bom começo.

Temor I
Suspeita de possível delação de Sérgio Cabral envolver togados. Do STF e do STJ. Aventa Maurício Dias, na Carta Capital.

Por tal razão esta coluna vaticina: estarão soltos ele (Cabral) e a mulher a qualquer instante.

Temor II
Caminho semelhante para Eduardo Cunha. Que insiste em querer respostas do interino tornado presidente, blindado por Moro.

O que está a exigir uma saída definitiva.

Não se diga que não o é. Os sinais levados a público externo mostram o estrago que o será para o público interno – leia-se governo do interino tornado presidente e quejandos outros.

Soltar Eduardo Cunha é única solução para evitar a entrega – com detalhes – do ‘chefe maior’, beneficiário e comandante das famosas “emendas jabuti”.

Em torno disso fervilham os corredores do STF. E o cafezinho de Suas Excelências. 

A la carte
À escolha. Sentenças há quando envolvidos o PT e/ou Lula e outras para os augustos guardiões da moralidade pátria.

Outra não pode ser a jocosa crítica dos dois pesos e duas medidas, expressa em razão do entendimento à nomeação de Moreira Franco.

Em que pese – como já escrevemos: errado estava Gilmar Mendes (e conivente o STF) e não Celso de Mello. 

Carlos Veloso
Nada a comentar diante da nomeação de um ex-ministro do STF para o Ministério da Justiça.

O que causa espécie é a informação de que teria sido uma sugestão/recomendação de Aécio Neves.

E ter sido Veloso um dos pareceristas pela legitimidade da construção daquele famoso aeroporto na fazenda de “titio Tolentino” onde o estado de Minas Gerais torrou a bagatela de R$ 14 milhões.  
    
Nenhuma ilegalidade. Mas, moralmente...

Havíamos escrito o dito acima no imediato da informação.

Neste fim de semana o ex-ministro (responsável por conceder habeas corpus a Maluf e ao filho, quando presos, e trocar efusivo aperto de mão com o advogado dos indiciados) recusou a indicação.

Não nos vem ao caso os motivos alegados por Veloso. Pesa-nos, sobremodo, aqueles de ordem moral. 

O que assusta e ensina
Nessas pesquisas para 2018 vão surgindo duas coisas: uma que não surpreende; outra, surpreendente.

Não surpreende Lula capitaneando. Até porque não lhe falta mídia – se não bastasse ter sido presidente com reconhecível índice de aprovação – e a perseguição por que passa (levando-o à vítima, no entender do observador diante de tanta denúncia e nada ter sido provado até agora).

No entanto – em que pese haver saído do armário a turma, inebriada no aroma de 1964 – uma candidatura escancaradamente reacionária estar no imaginário dos entrevistados é sinal preocupante.

Não porque tal não devesse ocorrer (a candidatura), mas em razão das razões que a alimentam, contrárias – em muitos pontos de vista – aos anseios da cidadania. 

Mais sinais
O interino tornado presidente – nenhuma novidade – foi ‘olheiro’ do consulado dos EUA em meados dos anos 2000, denunciou – e provou – Snowden.
Agora falam de uma Érica, ou Érika assessora da Embaixada Americana.
A se confirmar, tudo em casa. Nós é que estamos ferrados. 

Cultura
A edição de uma das três etapas do Festival de Teatro do Interior da Bahia (apresentação da Brasken e Ministério da Cultura) ocorreu em Itabuna, entre 15 e 18 de fevereiro, fase para seleção de espetáculos à premiação em Salvador. Outras duas, em março, em Juazeiro e Feira de Santana.

Um público razoável – média em torno de um terço da capacidade do Adonias Filho – assistiu a quatro espetáculos de grupos oriundos de Serra Grande, Vitória da Conquista, Ibotirama e Jequié.

Punge-nos observar que há um vazio na percepção do público itabunense. Afinal, espaço facilmente preenchível (em torno de 500 lugares) não sê-lo em população que supera duas centenas de milhares, onde centrado um significativo eixo de equipamentos culturais (Academias de letras, universidades, jornais, rádios, televisão, referência bibliográfica oriunda de autores nativos – famosos alguns – ou adotados etc.) leva o observador s estranhar a pouca afluência aos espetáculos.

Mormente quando o clamor – por todos os caminhos, do Buraco da Jia a Avenida Cinquentenário – gira em torno da conclusão de um teatro de maior porte e de um centro de convenções.

Esperamos a retomada de ocupação dos espaços culturais, dispensados nos últimos anos por falta de políticas públicas locais.

Até para justificar a insistente campanha pela construção dos aludidos centro e teatro. Sob pena de se tornarem aqueles apenas equipamentos para valorização imobiliária no seu entorno.

Por fim – o que pode ser agravante ao dito acima – registre-se que não se pode atribuir à iniciativa local o evento. Ou, talvez, seria uma reação. 

Grosseria

Ouça o leitor, se tiver paciência. Em tendo-a (a paciência), perdoe-nos... 

                     

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Sob o domínio da mesquinhez



Dos mais pungentes contos da Literatura pátria “Os Ciganos”, de Sabóia Ribeiro (da obra Rincões dos Frutos de Ouro – contos regionais da Bahia, de 1928, reeditado pela Editus em 2005). A comovente conclusão não deixa de transitar por entre as relações humanas em dimensão de poder em nível de província, ali representado pelos interesses pessoais de um delegado, e as agruras e sofrimentos deste ou daquele que se vê a tal circunstância submetido.
No conto um cigano causara prejuízo em negócio realizado e o bando a que pertence somente pode novamente entrar no povoado, tempos depois, caso não trouxesse aquele, sob pena de todos serem presos, o que é aceito pelo chefe dos zíngaros.
Em meio às agruras por que passam seus integrantes uma em particular comove a localidade: uma criancinha, de primeiros meses, que vai morrendo aos poucos sem que qualquer das iniciativas para salvá-la, inclusive médicas, o consiga.
Registra Sabóia o drama vivido por todos (ciganos e população) em torno do infante: 
Era um bebê languento, pobre ente mirrado, costelas de fora, pele seca, e pregueada, em cujo rosto avultavam, de cada lado da boca, como dois parêntesis, duas fortes rugas cavadas... O infante quase não dava acordo de si, langue e flácido, frio, com alternativas de um pranto choramingado, sentido. 
Depois de alguns dias, era, já, em romaria, que a gente do povoado, mulheres sobretudo, acorria à barraca, onde definhava o mísero. E lá estava ele, nos maternos braços, cada vez mais entanguido, mais consunto e mumífeito, esgargalhado, imóvel, menos os olhinhos, muito acesos, movendo-se como procurando compreender algo, hipotérmico. E foi numa agonia surda, imperceptível, sem convulsão, sem trejeito de face, sequer, que ele, enfim, se extinguira.
A própria mãe não o sentiu, dando com o pequenino frio, bem morto, no aconchego do colo.
E todos foram sepultá-lo, viventes de uma agonia que os atingira e levava-os à solidariedade capaz de demonstrar a razão por que da existência humana arvorar-se superior.
No trajeto, escondido num capão de mato, o cigano foi reconhecido e contra ele o delegado deu ordem de prisão, depois de identificá-lo. 

Só restou ao “acobardado e trêmulo” articular: 


“– Sou, inhor sim, patrão. Prender pode, inhor sim, isto pode – mas deixe ver primeiro o anjinho que morreu... sou o pai dele...”.

Nenhum instante de uma existência pode ser medido em sofrimento como aquele em que se pranteia um amigo, um parente. E não é algo que se esvaia com a dolorosa separação com o sepultar. Tudo permanece por dias, meses, quantos mais entre si viveram o que se foi e os que ficam.

A sensibilidade humana sempre cobrou respeito para com tais instantes. A civilização tratou de desenvolver a cultura de enterrar seus mortos e de respeitá-los enquanto tal. Até como um direito inalienável, universal. Religiões mesmo atribuíram o luto como uma forma de lembrar aos demais a dor por que o que o veste passa.

Tudo vem-nos à baila diante do que lemos: com mandado expedido no dia da cerimônia de missa pelo 7º dia de falecimento de Marisa Letícia – no qual consta até o nome da falecida – audiência designada para ouvir Lula no próximo dia 15. Mantida, apesar de requerimento da defesa por adiamento amparada nos fatos recentes.


Entre o poder do delegado provinciano e o de um juiz que tem lado tudo fica explicado. Deitados sob a mesma frondosa árvore da mesquinhez humana debocham do semelhante. Esquecidos – se em algum tempo o tiveram – dos sentimentos que marcam o homem como expressão da Humanidade.

Raposa no galinheiro
Reforma da previdência será relatada pela previdência privada. Outra não poderia ser uma manchete diante do fato de o deputado Arthur Maia (PPS-BA) haver sido o ‘escolhido’ para relatar a reforma da previdência.

Tudo porque o dito cujo apenas recebeu 300 mil para sua campanha, oriundos do Bradesco Vida e Previdência. E outras gorjetas vieram do Itaú (R$ 100 mil), Safra (R$ 30 mil) e Santander (R$ 100 mil).
Não custa lembrar que Maia é sobrinho de Nilo Coelho, o Nilo Boi, singular exemplo de 'servir ao povo'.

Nada escapará
Quase uma centena de entidades da sociedade organizada, inclusive de órgãos públicos, alertam para os graves retrocessos embutidos na MP 759/2016, que alcançará campo e cidade, violando princípios e fundamentos de políticas urbanas e sociais, levada ao Congresso sem qualquer discussão com as entidades e organizações sociais. 

Da política urbana à Amazônia, das conquistas de décadas, tudo de roldão será levado.
A grita não levará a nada – infelizmente – com o Congresso atual e os interesses em jogo, representados por eles.

O retorno

Mal instalado o governo do interino tornado presidente o sonho da classe dominante – que se diz elite (“Branca”, como o afirma Cláudio Lembo) – caminha para o gáudio de ver a escravidão mais próxima. 

Afinal – como registra O Globo – 500 mil já retornaram ao Bolsa Família.

É o retorno à pobreza e à miséria.

Na falta de filé osso é caviar
De Cláudio Humberto sobre a CEF comemorando 11,4% de aumento nos negócios de penhor:

“Não foram considerados os custos afetivos, a angústia e a dor, muito menos as lágrimas das pessoas que recorrem à penhora de bens para enfrentar a crise, pagar contas, dívidas, e sobreviver.”

Sem adentrar no mérito do que pensa Cláudio Humberto – o que aí está passa por seu “sonho” de consumo – o que diz sobre a “comemoração” da CEF traduz a mais absoluta razão.


Na falta de filé – os depósitos na poupança estão minguando a cada mês – osso é caviar.

Gilmar x Moro e vice versa
Um passa a ser contra as prisões preventivas/provisórias por tempo indeterminado; outro, mantem-se em razão delas. Inclusive como forma de obter delações.

Anulada
Quanto custará ao Brasil a irresponsável falência da Panair – anulada judicialmente – promovida pela truculência militar no imediato do golpe.

Tal como, no futuro, a quebradeira – articulada – da indústria de construção civil nacional.

Afinal, eis os dados mais recentes, noticiados na imprensa:

 "Braço de construção da Odebrecht encolhe pela metade com a Lava Jato. Empresa demite mais de 50% dos funcionários e receita tem queda de 57% em relação a 2014". 

Medrou
A iniciativa de proibir gravações em audiência – o que vinha acontecendo – é primeiro passo para compreender que o juiz Sérgio Moro medra diante de fatos concretos. 

Afinal, acompanhar uma audiência presidida por Sua Excelência é oportunidade de confrontar seus saberes jurídico-processuais com a realidade. 

Para nós – observador de província – é medíocre e limitado. Dirceu, Eduardo Cunha, Marcelo Odebrecht o puseram no bolso e não entraram no seu jogo.

Advogados já o acusaram ao vivo e em cores.

No imediato de uma audiência com Lula teme ser flagrado enrolado pelo torneiro mecânico.


Acinte
Quando Dias Tóffoli foi indicado para ocupar vaga no STF foi um escândalo. A de Alexandre de Morais é entendida como um acinte ao mundo jurídico e um escárnio para com a nação.

Nenhum dos adjetivos que traduzem um “notável saber jurídico” será aplicado ao indigitado indicado pelo interino tornado presidente.

Nada contra a exercer a advocacia em defesa de empresas que lavam dinheiro para o PCC ou de Eduardo Cunha. O exercício profissional é opção do próprio profissional. No entanto, moralmente não o habilita a uma vaga no STF.

Tampouco o fato de plagiar autor estrangeiro, sem se dignar citá-lo. Coisa comum até na era do ctrl-C + ctrl-V.

O mais medíocre – caso consumada a indicação – chegará ao STF para mostrar que este Brasil não vale mais nada como nação e tornou-se um coio de uma quadrilha.

A verdade nua
“Moraes tem todos os predicados para compor o STF” – afirmou o ministro Gilmar Mendes. 

Desde quando Mendes está lá fazendo o que faz e nada lhe acontece, tem toda a razão.

Por outro lado, pelo nível do pensamento jurídico que norteia as cortes jurisdicionais do país Moraes é apenas mais um.

Por fim, o país vive o que sonhava a sua classe dominante. Resta concluir o aparelhamento. 

Premiando o atraso
Por elegância citamos a ação verbal premiar em vez de conluiar. Afinal, em meio a tantos criminosos que certamente sairão beneficiados com a indicação tudo não passa de mais uma ação criminosa travestida de exercício de direito.

Para o governo do interino tornado presidente a indicação de Alexandre de Moraes para o STF define sua linha de ação: nada de intermediários. 

Eis o nível
O estágio de degeneração institucional no Brasil chegou ao ponto de – considerando a omissão de inúmeras organizações da sociedade civil – termos de reconhecer razão a Eduardo Cunha. Afinal, está certo em suas colocações em artigo publicado na Folha, onde “pede respeito à Constituição”.

Mas, este é o quadro: considerando a comprovação de crimes praticados por Eduardo Cunha está cabendo a ele – criminoso – cobrar de público o cumprimento da lei.

Coisa que o STF anda escolhendo como e quando fazer.

Tudo dominado!
O acordão de que falava – e traçava – Machado com Romero Jucá, em março do ano passado, vai se consumando. O traçado envolve o PSDB, o DEM, o PSB e o PMDB no que diz respeito à Lava Jato, em que pese a gloriosa PGR de Janot ver somente o PT como interessado (Patrícia Faermann, no GGN).

O que está nos restando
Espernear, por certo. Mas, melhor que se acomodar. A ironia – espernear, por certo – porque não souberam exercitar o poder quando o comandaram, por não compreender, em profundidade, o que representa a histórica aliança dos poderosos diante de interesses alcançados/reduzidos na sanha do “tudo para mim”.

Sempre, no plano do que escrevemos, nos pautamos na opinião. Como tal, até mesmo concordâncias podem – e são – alcançadas pelos desvios daqueles sobre os quais residem nossas críticas.

A propósito, os deputados federais Carlos Zarattini e Wadih Damous levantam questionamento, por representação, contra delegados da Polícia Federal que ultrapassaram os limites da funcionalidade.

Para um governo que indica Alexandre para ministro do STF esperar o quê?

Esperneio, tão somente.

Ao mocambo, todos!
A tragédia vista por uma de suas facetas: a casa própria. O inadimplente ainda será multado. 

Na ironia de PHA cabe ao ‘quebrado/enforcado” pagar pela corda.

O vídeo abaixo não é somente uma aula. Traduz a realidade.