domingo, 28 de agosto de 2016

Ecos

Desmistificando
A história de Tiradentes, mártir, tem levantado dúvidas, inclusive sobre a circunstância de estar barbado ou não quando do ‘enforcamento’.

Tudo em Tiradentes poderia ser uma farsa, para muitos, em relação ao que está registrado na História pátria. O que não se estranha haja vista a atual.

Em livro – com o título nada feliz de "O enforcado deu no pé" (edição do Autor) – o maranhense Austregésilo Cerqueira Nunes afirma que Joaquim José da Silva Xavier morreu, aos 72 anos, em São Luís do Maranhão, assinando-se Joaquim José de Freitas.

No Brasil que processa e condena(rá) alguém por não-crime duvidar não se pode.

Cautela!
O medo que Eduardo Cunha faz ficou flagrante na liberação do passaporte da mulher pelo juiz Sérgio Moro. O 'catão' de Curitiba não encontra o endereço de Cunha e Cláudia para intimações, mas encontrará para entrega do passaporte.

A proteção a Cunha é proteção ao golpe. Assim como o STF – até agora – e a PGR, o juiz Moro mostra a que veio.

A cautela de Moro explica o poder (ou temor) que faz Eduardo Cunha.

Entre Anselmos
Ou, Anselmos em dois tempos: 1964 e 2016.

Exerceram – cada um em seu tempo – o papel de muleta do golpe. 

Um, o cabo Anselmo; outro, delegado da Polícia Federal. 

O primeiro sublevando quartéis para assegurar motivo militar ao golpe engendrado a partir dos Estados Unidos; o segundo, criando um factóide no curso do golpe do impeachment, para assegurar o golpe a partir dos Estados Unidos. 

Lingote
Tudo está conforme a lei. Não há o que criticar. Dirão os que agridem o Estado de Direito destituindo um Chefe de Estado sem o crime que exige a lei. 

Ficaremos nas formas e não no conteúdo, mais dirão. 

Mais que suprimir dois anos de Dilma caminha-se para um golpe na Constituição vigente, a quem cabia o STF defender e interpretá-la dentro do espírito que a norteou.

O que faz ali o Lewandowski seria a pergunta natural se estivéssemos em plenitude de um Estado de Direito. 

Preside uma farsa, assumindo o julgamento de um não-crime. Porque a instituição que ainda preside – o STF – não assumiu suas responsabilidades quando avocado a tanto.

O personagem de Chico Anísio, Lingote – cheio de fumo, no "Vou batê pá tu", de Chico e Arnaud Rodrigues (Baiano e os Novos Caetanos) – perguntava “o que eu tô fazendo nesse disco” para mostrar quão alheio em relação àquela realidade. 

O presidente Lewandowski não precisa de um baseado para repetir a pergunta.

Mas, pelo menos, deixaria de legitimar – como presidente – um tribunal de exceção. 

O silogismo explica
“Veja as dez propostas que apresentaram. Uma delas diz que prova ilícita feita de boa fé deve ser validada. Quem faz uma proposta dessa não conhece nada de sistema, é um cretino absoluto. Cretino absoluto. Imagina que amanhã eu posso justificar a tortura porque eu fiz de boa fé”.

São declarações do ministro Gilmar Mendes.

Sérgio Moro a defendeu no Congresso.

Nos alfarrábios da Lógica aprende-se o mais elementar dos silogismos: Todo homem é mortal. Pedro é homem. Logo, Pedro é mortal.

Perto demais
A reação de Gilmar Mendes ocorre no instante – mais um instante – em que há sinais concretos – nada novos – de picaretagem do PSDB.

É que o ministro Gilmar Mendes, do STF, não é o paradigma que sonhamos para a magistratura brasileira. Suas atitudes encontram-se amparadas em postura político-partidária, para atingir objetivos eleitorais. Suas declarações desmerecem e diminuem o Judiciária, já o disse o então colega Joaquim Barbosa. É tido como midiático.

No entanto – ainda que não sejam vazias de objetivos suas declarações publicadas na Folha de São Paulo – Sua Excelência desceu o cacete na menina dos olhos dos Moros e quejandos.

Ainda que não tenhamos dúvida em concluir que o que está por trás das declarações nada tem de defesa da legalidade democrático-constitucional (rasgada em mais de uma vez por Gilmar Mendes), visto que enxergamos nelas a defesa de interesses tucanos. 

Afinal, as anunciadas delações da OAS e da Odebrecht atingiriam em cheio próceres do PSDB – como Serra e Aécio Neves, sem descartar FHC e outros mais – e o núcleo do governo golpista que se esbalda no interinato.

Ratos comendo o pedestal
Dúvidas não há da existência de um golpe institucional em curso no Brasil. Denunciam-no jornais, revistas, e expressões intelectuais e artísticas internacionais. 

Do NYT ao The Guardian, da Al Jazera ao Le Monde. 

Mas, 'vivemos no país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza'.

Sinal amarelo
Os dados são alarmantes para as oligarquias: alunos negros e de baixa renda, que cursaram escolas públicas, são maioria nas universidades federais, como divulgado pela Associação Nacional de Dirigentes das Instituições de Ensino Superior.

Lula processou O Globo
Pelo apoio que tem merecido do Judiciário vai ser condenado.

Cabalístico
13º lugar. Por pirraça o resultado do Brasil nas Olimpíadas é o ‘cabalístico’ número 13: o terror de 2018.

Galvão “Jesus” Bueno
Galvão vai ocupando o anedótico. Como a de pedir que todos se levantassem para ouvir um Hino quando entre eles um cadeirante.

Conquistou espaço único em pleno século XXI, vésperas do Apocalipse, quando retornará o Senhor: o de Jesus Cristo, que mandava levantar os aleijados. 

O crime de Léo Pinheiro

Não acusar Lula.

"A radiografia do golpe" 
Eis o título do novo livro de Jessé Souza. Explicado no vídeo abaixo. Com o singular subtítulo: "Transformar o país num puteiro / Pois assim se ganha mais dinheiro" (Cazuza)

                     

domingo, 21 de agosto de 2016

Antes que as Olimpíadas terminem

Ninguém divulgou
No correr de uma semana acelerando os Jogos da Rio 2016 um fato passou ao largo, amparado na conveniência em torno de sua omissão.

Quando lançada – com o espalhafato exigido pela mídia e autoridades que deixaram de exercer função para fazer política – a Operação Triplo X vinculava (e condenava antecipadamente) o ex-presidente Lula à condição de partícipe de negócios escabrosos, onde beneficiado seria com um apartamento no edifício Solaris, no Guarujá, que resultaria de favorecimento da OAS.

Não houve desmentido que bastasse, documento que negasse. Os jornais, revistas e noticiários televisivos tinham em mãos a ‘prova’ de que precisavam para manter a execração pública do ex-presidente. 

Faltava a comprovação, a cargo da apuração que faria a Polícia Federal, que tudo realizara com autorização judicial de Sérgio Moro, dentro da Lava Jato, de onde saíam as determinações para busca e apreensão, quebra de sigilo telefônico e de dados, bancário e fiscal.

A devassa tudo buscou. Mormente diante do fato que lhe parecia concreto: Lula beneficiário da corrupção na Petrobras.

Quando por lá apareceu uma tal Mossack – operadora de picaretagens – e a possibilidade concreta de os Marinho (da Globo) envolvidos com um paraíso na costa brasileira em nome dela a coisa arrefeceu na mídia. Mas Lula já estava condenado.

Oito meses depois – no último dia 18 – saiu o relatório da Polícia Federal. Oito são os indiciados.

Inocentados Lula e familiares.

Da imprensa que o condenara nenhuma palavra.

Celebridade
Virou piada não tem jeito, leciona a sabedoria popular. Moro caiu nas graças de José Simão, para quem o juiz da Lava Jato “Contratou Bolt para pegar Lula e Rubinho para pegar a mulher de Cunha”.

E dizem as colunas sociais que Cláudia Cruz nunca deixou de aparecer com Eduardo Cunha em restaurantes. 

Última esperança
Certamente não acreditamos no retorno de Dilma. Nosso pessimista entendimento se ampara num fato singular: parcela considerável dos que votarão no Senado nem mesmo receberam um mísero voto em eleição para tanto, já que suplentes. 

Envergonhados – os poucos que a tenham – votarão para manter privilégios e mais algum para o bolso. São trilhões de doares em jogo. Só no pré-sal.

Só restará a Dilma o STF. O mesmo que nada. 

Um deles
Uma crítica ao indevido uso de estacionamento destinado a idoso nos remeteu a um detalhe: um senador – pelas circunstância de ser suplente – quando candidato distrital recebeu a retumbante votação de SEIS expressivos votos.

Trata-se do distrital Hélio José, hoje no PMDB, depois de passar pelo PSD e ser suplente de Rollemberg (PSB) a figura ficou famosa por afirmar que se indicasse uma melancia seria acatado pelo interino.

Hoje vota abertamente contra o retorno de Dilma. 

Olímpicas
Não pode ser considerado como satisfatório o evento Olimpíadas para o interino. Vaiado na estréia, fugindo do encerramento. Nenhum chefe de estado de magnitude presente.

O sucesso da Rio 2016 foi um fracasso para o interino Temer. (Perdoe-nos o leitor por citá-lo. Mas, palavrão é coisa nossa).

Fugirá o interino de cumprir a missão protocolar de passar ao Japão a “chave’ olímpica que desembocará nos jogos de 2020.


domingo, 14 de agosto de 2016

Neste Brasil olímpico

Ninguém acena
Macambúzios imagem e semblante do interino. A assunção do poder – querida e autopromovida – não lhe dá os louros da conquista. Assim demonstra-o sua imagem.

Não espera uma carta como o Coronel de Gabriel Garcia Márquez (Ninguém Escreve ao Coronel). Mas, certamente, um aceno de governante estrangeiro ao seu governo. 

Aceno que lhe propiciaria uma propaganda de que reconhecido além de golpista. 

Vive a crueldade de – servindo a quem serve – nem mesmo dele encontrar o aceno de que tanto carece.

Tudo escancarado ficou na humilhante presença na abertura dos Jogos do Rio de Janeiro, onde nem citado foi na condição exercida. Como observou a TV suíça um fato inédito: a não citação do nome do governante constitui-se circunstância inédita em 120 anos de existência dos Jogos modernos.

E, didática, mais acusou a TV suíça: as vaias com que agraciado eram esperadas e sua imagem não foi exibida no telão enquanto ensaiou fala (para que não fosse imediatamente reconhecido) o que não impediu – ainda que sua voz soasse por ‘apenas alguns segundos’ – à estrepitosa vaia que correu mundo.

Decididamente – essa a mágoa que o faz sofrer – ninguém acena ao interino.

Só critica
Não bastassem os revezes externos à sua imagem nem mesmo é dispensado de comentários ácidos – e edificantes – como o da Al Jazeera.

                     

Tudo traçado
Neste espaço nunca nos demos por convencido de que o golpe não se materializaria no Senado. Tanto o dinheiro em jogo – trilhões do pré-sal e mais – nos assegurava a certeza.

A semana comprovou.

Ousamos outra afirmação: Eduardo Cunha não será cassado.

Contradições
Em Itabuna – repetindo manifestações em outros lugares – magistrados e advogados trabalhistas criticam o desmonte da Justiça do Trabalho.

Em meio aos manifestantes inúmeros que defendem o governo interino.

OAB lança “A Saúde na UTI”, movimento por mais recursos para a Saúde/SUS.

A mesma OAB e líderes que são contra a CPMF.

Recado
“Acima de tudo, a delação tem que ser um ato espontâneo. Não cabe prender uma pessoa para fragilizá-la para obter a delação. A colaboração, na busca da verdade real, deve ser espontânea, uma colaboração daquele que cometeu um crime e se arrependeu dele”.

Do ministro do STF, Marco Aurélio

Blindagem
Janot estaria ampliando as investigações a partir da Lava Jato. Alcançando PMDB e PP. 

PSDB permanece de fora, ainda que Nestor Cerveró tenha dito com todas as letras haver o partido se beneficiado de uma propina de US$ 100 milhões desviados da Petrobras na compra de uma petrolífera argentina no governo FHC.

Mais que oportuna a charge de Pataxó.

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Pedindo
FHC – denuncia Maurício Dias, na Carta Capital – teria pedido ao chefe do clã, Emílio Odebrecht, por Serra e Aécio ficarem de fora da delação premiada anunciada.

Comovente e sincera
O olhar triste da menina vencedora no judô traduz o que sofreu nesses anos todos.

Inclusive por ser vítima de preconceito e discriminação. 

De uma outra medalha é vencedora: respeito e sinceridade. Não esqueceu de quem contribuiu para a fama conquistada.

                     

domingo, 7 de agosto de 2016

Tempos de ontem e de hoje

Jogos Olímpicos em três tempos

Tempo I

Superação 
A realização dos Jogos Olímpicos no Brasil deixou claro – assim que acesa a pira – que realizamos, sim, aquilo que parcela da sociedade negava ser possível.

Simbolicamente – em nível de superação o momento singular de tudo possa estar em quem acendeu a pira: Vanderlei. Sim, caro leitor, aquele Vanderlei Cordeiro de Lima que foi vítima de um maluco na Maratona nos Jogos de Atenas. Aquele que tendia a consagrar-se como medalhista de ouro na mais clássica das provas olímpicas.

Um brasileiro que ali superava a circunstância de ser brasileiro, o estigmatizado de sempre, desde que não tenha nascido em  berço de ouro. 

Apenas um dos sete filhos de lavradores do interior paranaense. Aprendiz de roçariano, como milhões de tantos outros brasileiros. 

Único patrício (e latinoamericano) agraciado com a Medalha Pierre de Coubertain.

Pois é, o medalha de bronze em Atenas – porque lhe surrupiaram a de ouro – acendeu o Fogo Olímpico. Assistido por bilhões planeta afora.

Certamente se não fosse no Brasil a realização dos Jogos não teríamos tido – e o mundo – a oportunidade de lembrar de um que sobreviveu às dificuldades.

Começando por aquela certamente  maior que correr a Maratona: ser pobre e brasileiro na terra onde uma elite insiste em ser detentora dos méritos de todos.

Tempo II

Onde tudo começou
O sonho impossível – nem mesmo imaginado – coube-o a quem superou o existir de nordestino. Ainda que vocacionado a ser o que tantos outros conterrâneos se tornaram: pau-de-arara servindo a São Paulo.

A ele o mérito de haver se empenhado para levar o Brasil a sediar os Jogos. Com um detalhe: vencendo, inclusive, os Estados Unidos. Ainda que seu presidente Obama lá estivesse fazendo o seu lobby. 

Que perdeu para o de Lula. 

                          

Tempo III

Constrangido
Todo o mérito decorrente de o Brasil sediar os Jogos Olímpicos se deve a Lula.
Caberá ao interino Michel Temer ficar com a medalha do constrangimento. 

Isolado, sua imagem traduzia o desconforto, nas poucas vezes em que exibido.

Antes mesmo de ser vaiado.


Constrangimento
O protocolo da cerimônia certamente foi quebrado. A realidade das ruas se impôs. O Comitê Olímpico Internacional compreendeu. E o interino nem foi citado nominalmente – fosse-o como cidadão ou como presidente – nas falas de Nuzman 
e de Thomas Bach.

Sua imagem nem mesmo apareceu no telão. Daí por que as vaias soaram 
somente quando percebido que falava o interino.

Um presidente sem nome... para bilhões de telespectadores.

Palmas
As palmas para o interino só a Globo (de Galvão) ouviu em meio à monumental 
vaia.

Arremesso 
Bastante simbólica a presença de Meirelles próximo ao interino na abertura dos Jogos do Rio.

É técnico da nova competição olímpico-brasileira: arremesso de direitos sociais.

                           Olimpíada: a muamba do Fernando Meirelles