domingo, 31 de julho de 2016

E la nave va

Geopolítica
O jogo turco – em andamento – sinaliza o andamento de reformulações das políticas estadunidenses em relação ao avanço chinês.

O Brasil – em nível sulamericano – refizera sua geopolítica aproximando-se da China e Rússia.

O golpe na Turquia escancara o conflito geopolítico em que os Estados Unidos se veem perdendo espaço para a China e a Rússia.

O golpe no Brasil cada vez tem tudo a ver com os Estados Unidos e sua geopolítica.

O que está em jogo
Ao leitor para ofertar a interpretação que queira. No artigo de Emiliano José e Ariadne Barreto, na Caros Amigos, que levamos ao leitor, apenas um contraponto ao mundo cor-de-rosa pintado pela mídia em defesa do atual estado de coisas. E de como tudo é construído/legitimado.

Em jogo o claudicante projeto de país e de uma Democracia que não consegue sedimentar instituições. Todas elas historicamente vivendo os mesmo vícios de origem. Plantados na monarquia absoluta que aportou no Brasil Colônia e que insistem em fazê-lo ‘colônia’ contemporânea de interesses tais quais os de antanho. Apenas em novos personagens.

Turquia x Brasil
Golpismo lá e cá. Por lá, prisões; por cá, aplausos, inclusive com o beneplácito do STF em omitir-se diante das violações à ordem jurídica, já que anda entendendo que o processo é ‘político’.

Caso o Brasil tivesse agido como a Turquia – punindo (não nos referimos aos exageros e às vinditas) – depois de 1954 não teríamos tido 1961 e 1964. Muito menos 2016. 

Alcântara, de novo!
José Serra abre as tratativas para a retomada das negociações em torno da ocupação da base de lançamentos de Alcântara-MA pelos Estados Unidos, denuncia Tereza Cruvinel 
Tucano4.jpg
Nada de surpresa, caro leitor. Faz parte do que está em andamento, planejado e bem planejado. 

Aos propósitos, a charge perfeita.

Pode ser, pode ser!
Às vezes coisas nos acometem o juízo. Como o de levantar a hipótese – para nós pouco provável – de reversão do impeachment. Temos que a ‘grana grossa’ em jogo por si só é capaz de definir o voto dos indecisos.

No entanto, uma outra suposição é cabível: político quer perpetuar-se no mandato/poder. 

Aí entra o ‘apoio’ de Temer e o desastre em andamento.

Talvez isso mude mais as intenções que a legalidade que a decisão exige.


Pelo tamanho do bico
A anunciada redução dos políticos relacionados na lista da Odebrecht – antes quase três centenas, caindo para, no máximo cem – leva a uma conclusão: conforme o tamanho do bico afastado fica de integrar a delação.

Só bicos pequenos. Preferencialmente sem bico. Tucano, por exemplo, só em caso de exceção.

Insegurança judiciária
A interposição de recurso junto a ONU por Lula escancara a quantas anda o STF no quesito omissão. É o primeiro brasileiro a fazê-lo. Deixou de acreditar na imparcialidade do Judiciário brasileiro.

Não deixa de ser uma medida excepcional, mas em tal circunstância (a excepcionalidade) são necessárias atitudes igualmente excepcionais, para enveredarmos por frase do rebelde britânico Guy Fawkes.

Afinal, fingir que Sérgio Moro e a 'sua' Lava Jato pautados estão na neutralidade é alimentar a não percepção de a quem ambos servem.

A reação de Lula deixa claro, pelo menos, uma coisa: cansou de defender aquele ‘purismo’ na linha Dilma/Mercadante/Cardozo em defesa de um republicanismo no traseiro alheio.

Não afirmemos que Moro se sentirá ‘desconfortável’ diante da denúncia internacional de Lula sobre suas práticas. Sendo 'homem do momento' não lhe faltará mídia – que o dispensa de responder por seus crimes lesa-pátria – e certamente continuará na freudiana postura de que tem Deus a ilustrá-lo.

Mas, se queria fama internacional, chegou...


Juízes… não mais os há!
A reação de associações de magistrados demonstra o nível da ‘subjetividade’ que norteia “Suas Excelências”.

Não vimos igual reação quando Lula foi ‘constrangido/sequestrado’ em São Paulo e só não embarcado para Curitiba porque o Coronel da Aeronáutica, comandante em Congonhas, deu a testa.

A reação cheira a coisa de feitor: apanhe, mas não grite; se não o chicote canta mais. Apanhe caladinho, se não a chibata será multiplicada.

Ninguém gritou contra as violações cometidas, tampouco quando o ‘superior’ Gilmar Mendes antecipa decisões e faz pronunciamentos político-partidários.

O detalhe fica numa questão: quem o mundo conhece, Lula ou os juízes que subscreveram o protesto? Pelos destaques na imprensa internacional sobre a ação de Lula podemos sabê-lo. clique


Freud explica
No fundo “Suas Excelências” ainda não compreenderam que seus defeitos não podem ser escondidos. 

Talvez reflexo daquela declaração de Lula nos idos do primeiro mandato, de que precisávamos abrir a caixa preta do Judiciário.

Se Freud não explicar, o matuto explica: vingança.

Temer por quê?
Se nada há de errado na atuação de alguns dos senhores juízes errado está Lula. Não custaria dar tempo ao tempo para provar. Afinal, quem não deve não teme. Ou como dizia vó Tormeza: não há bem que sempre dure nem mal que não se acabe!

Imparcialidade – que deve ser a tônica de quem julga – poderia ser comprovada. Caso não houvesse o corporativismo.

O rei nu
Talvez a reação de colegas abrigados na AMB – posta sob sofismas – seja o viés de confissão de que Sérgio Moro corre riscos.

Como medida preventiva, cautelar, a de atacar o acusador para desviar a atenção do cerne da questão.

Lula está certo I
Sem entrar no mérito da pretensão de Lula, diante da reação de alguns juízes, só resta a confirmação de que Lula está certo.

Muitos dos que gostam de holofotes (da Globo e quejandos) começam a temer os internacionais. Afinal, passam a espelho na vitrine externa com seu singular modo de conduzir alguns julgamentos. E nela (a vitrine) não está somente o Judiciário, mas também quem lhe dá vezo na prática de ilicitudes.

A iniciativa de Lula não é confissão, mas denúncia que aqui não se apura.

Afinal, denúncia é que não falta. Falta mesmo é apuração. O STF e o CNJ que o digam.

Lula está certo II
Certamente não seria hipocrisia corporativista da AMB e quejandos se houvesse(m) emitido nota por Moro Moro receber prêmios televisivos, tipo os dos MArinho. Ou alimentando o ativismo reacionário ao conceder entrevista a uma Veja da vida. E o que dizer de ir à Lide de João Dória/PSDB? 
Provavelmente acharão normal a divulgação de gravações da presidenta e dos advogados do Lula (inclusive de telefone do escritório profissional grampeado), de dona Marisa. 
Muito normal será Sérgio Moro dizer que “não vem ao caso” quando em delações é citado Aécio Neves. Ou vazar seletivamente contra o PT, a Dilma ou o Lula. 
Muitíssimo normal, normalíssimo, conduzir/sequestrar Lula, fato não consumado graças ao Coronel da Aeronáutica comandante da Polícia de Congonhas. 
E nem se fale dos presos mantidos até que confessem o que o 'deus' Moro deseja.
Dirão, certamente, que estamos na plenitude de um Estado de Direito porque delegados fazem da foto da presidente Dilma alvo de tiros. Ou quanto postam nas redes campanhas político-partidárias em defesa do do PSDB.
Muito belo e sublime que Procurador da República use o púlpito de sua igreja para pregar contra a Chefe do país, posando de bom menino.
Não tivemos nenhum conhecimento de uma mísera linha de repúdio.
Lula está certo III
Poderiam os senhores da AMB e quejandos informar a que órgãos do país poderia Lula recorrer que já não o tivesse feito? Que resultados obteve?
Caso outras sejam as respostas que não as pautadas na verdade retro exposta Lula estaria errado.

Mas, não é o caso.

Explicar, bem que podiam!
Grande favor fariam os senhores juízes se explicassem – com a publicidade devida – as pretensões salariais/remuneratórias embutidas na proposta da nova Lei Orgânica da Magistratura Nacional. Como auxílios vários: educação para filhos até 24 anos, auxílio-moradia, auxílio-transporte, reembolso de despesas médico-odontológicas, licença para estudar no exterior. 

Apenas para recordar busque a indecorosa proposta 'reveladas' em Escárnio

Sabe com quem está falando?
Foi Lula criticar a atuação de integrantes do Judiciário e se tornou réu.

E querem que o Brasil seja levado a sério!

Suas Excelências não gostaram. Mas nada dizem em relação ao ministro Gilmar Mendes dando declarações abertas contra Lula, Dilma e o PT ou comparecendo a lançamento de livros abertamente anti-Dilma ou pautando noticiário com o Bonner do JN


Muito menos quando o Moro do “não vem ao caso” – quando denúncia há contra o PSDB – comparece a evento patrocinado por candidato tucano.

Obstrução
O juiz que obstruiu a Operação Zelotes acusa Lula de obstruir investigação.

Só mesmo a ONU! 

O que salva
Todo o escrito acima exige uma ressalva: a crítica a AMB e quejandos não alcança toda a classe de magistrados. Sabemos que é a opinião de suas diretorias. Ainda que respaldadas por aqueles que lá as colocaram.

O mesmo ocrre com a OAB. O que o atual presidente expressa não é a opinião de parcela considerável de advogados que sonha trabalhar em plenitude do Estado de Direito.


Olimpíadas

Entre a autoestima de antes e o clima de velório de agora perde o Brasil. 

Estamos jogando fora uma conquista inelutável: sediar uma Olimpíada. 

Depois do sucesso da Copa do Mundo.


domingo, 24 de julho de 2016

De fraudes, de ridículo e de humorismo

Dourando
Depois de desmascarada – inclusive pelo colunismo interno, de seu ombudsman – da pesquisa Datafolha só restou o propósito: de dourar a pílula do interino.

Escreveu o ombudsman:

Bradd1.jpg“A meu ver, o jornal cometeu grave erro de avaliação. Não se preocupou em explorar os diversos pontos de vista que o material permitia, de modo a manter postura jornalística equidistante das paixões políticas. Tendo a chance de reparar o erro, encastelou-se na lógica da praxe e da suposta falta de apelo noticioso.

A reação pouco transparente, lenta e de quase desprezo às falhas e omissões apontadas maculou a imagem da Folha e de seu instituto de pesquisas. A Folha errou e persistiu no erro.”

Só faltou dourar uma fotografia para o interino. Para suprimi-lo da ironia registrada por ACM, que o chamava de 'mordomo de vampiro de filme de terror'.


Pesquisa

Aguarda-se a próxima pesquisa do Datafolha sobre o governo do interino. 

Com uma pergunta e duas opções: 

O que acha do governo Temer?

1. Ótimo 
2. Maravilhoso. 

Não será por excesso de modéstia
A imbecilidade vai perdendo a modéstia, assumindo-se como nunca antes assumira. 

Em tempos mais pretéritos realçada estava na ironia dos cronistas e humoristas – do Barão de Itararé a Stanislaw Ponte Preta, passando por Henfil, Jaguar, Aldir Blanc, Millôr Fernandes e tantos outros – que salvavam o país de embrenhar-se totalmente na alienação promovida pela mediocridade que se instalava como instituição.

De um governo interino com um Ministro da Educação aconselhado por Alexandre Frota não há muito que esperar. A não ser a sua queda.

Para essa gente a grande ‘revolução’ educacional que anunciam é o que denominam ‘escola sem partido’. Onde – de professores a alunos (as vítimas) – ficarão no canto da sala com o tradicional chapéu do castigo.

Que falta nos fazem Aparício Atorelli, Stanislaw, Henfil, Millôr Fernandes...

Não ria... que dói
Hilário que seja. Mas é o momento em que tudo se torna bolivariano – substitutivo para o ‘comunismo’ de antes – pondo as garras a alcançar até a educação escolar.

Paulo Freire refletia em torno da educação libertadora temer a liberdade, tanto o conservadorismo da sociedade e oligarquias que sustentam o poder, que a elas corresponde.

Estamos a caminho... de ter a Liberdade como inimiga!

Não será por falta de modéstia
O Brasil acaba de entrar, mais uma vez neste interinato, na seara da irresponsabilidade e do ridículo. A cargo de seu Ministro da Justiça, anunciando com todos os holofotes, uma temerária ação terrorista em andamento no Brasil às vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Em nível de terrorismo, bem observou Jânio de Freitas, “o ministro Alexandre de Moraes é mais eficiente do que seus dez presos”.

Não será por falta de modéstia que não seremos reconhecidos.

A propósito
Muito a propósito disponibilizamos o link do Conversa Afiada para registrar o texto do Pravda, em português. Tudo ali. Nada sutil. 

No centro, a violência, o ministro e a idiotia tupiniquim em versão atual/interina.


Acorda, peão!
Na segunda 18, um editorial da Folha demonstrou o quão atrasada é a mentalidade do empresário brasileiro. Pelos menos nos termos em que defende. Veja o leitor o primor, em destaques:

“As esperanças de prosperidade futura do país dependem de uma agenda de modernização institucional que estimule a produtividade e reduza o custo de fazer negócios. Entre os obstáculos a serem equacionados, destaca-se a obsoleta legislação trabalhista, gestada nos longínquos anos 1940 e causadora de um anômalo e crescente contencioso entre empregados e empregadores”, sem esquecer de exigir o extermínio da “estrutura sindical oligopolizada, abrigada no Estado e financiada por contribuições obrigatórias”.

Assim, “O paternalismo enfraquece a disposição à negociação e a autonomia das partes em decidir conforme as suas preferências. Na tradição brasileira, o legislado tende a se sobrepor ao acordado em convenções coletivas. Merece apoio, portanto, a disposição manifestada pelo governo Michel Temer de encaminhar ao Congresso uma proposta de modificação das regras trabalhistas – reforma que, de acordo com o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, será a segunda na ordem de prioridades do Planalto, logo depois da previdenciária. Já seria progresso digno de comemoração a retomada do projeto que regulamenta a terceirização da mão de obra, conforme propósito do ministro. O texto, apresentado em 2015 na lista de prioridades do PMDB, encontra-se parado no Senado”.

O título do editorial: A próxima reforma

Bem poderia ser ‘a corda, peão!'



domingo, 17 de julho de 2016

Resenha

E por falar em golpe
Em relação ao golpe na Turquia – enfrentado pelo povo... pelo povo! – o chanceler interino José Serra proclamou aos quatro ventos: "Em relação aos acontecimentos em curso na Turquia, o governo brasileiro insta todas as partes a se absterem do recurso à violência e recorda a necessidade de pleno respeito às instituições e à ordem constitucional”.

Simplesmente para o gênio do chanceler José Serra deveriam os golpistas não usar da violência (certamente utilizar o método brasileiro), tampouco o governo ao combatê-los. Genial! 

Tudo poderia ser resolvido  dedução da coluna  num jogo de palitinhos mediado pelo Serra, o que daria a ele o Nobel da Paz.

Deixando de lado o que representa Serra no cenário da diplomacia – a declaração já o diz quão vazio – cabe lembrá-lo que no Brasil está em andamento um golpe – reconhecido internacionalmente – do qual ele se beneficia... em todos os sentidos.

De nossa parte vamos mais além: Serra pedindo às partes que se abstenham do recurso à violência pode ser aquela coisa de botar o próprio traseiro na parede.

Vá que o povo daqui resolve usar da violência para extirpar o golpe em andamento!

Caem as máscaras
Esta expressão, de senadores franceses desancando o golpe no Brasil, dimensiona, em plenitude, o conceito atual do país para os democratas mundo afora.

Está em editorial publicado no Le Monde, na quarta 13, em tradução livre: “Dilma Rousseff, vítima de uma manobra parlamentar de baixo nível”. 

Para o Le Monde caem as máscaras desde que as gravações telefônicas de Sérgio Machado “revelaram as manobras” para materializar o impeachment como meio de salvar os corruptos do PMDB e quejandos.

E foi mais além na denúncia: "Estamos preocupados com o envolvimento no golpe de Estado da grande mídia brasileira pertencentes a grandes grupos financeiros, por uma campanha extremamente violenta a favor da destituição e criminalização da esquerda. Essas mesmas mídias apoiaram o golpe de Estado Militar de 1964 a partir do qual construíram verdadeiros impérios midiáticos".

"A Democracia importa"
Também preocupado o congressista Alan Grayson, do Partido Democrata dos Estados Unidos, em pronunciamento na Câmara dos Deputados, como o registra o Opera Mundi, para o qual o governo interino, nos termos em que ascendeu, "mina a democracia".

E sentencia: "Isso precisa terminar. A Democracia importa."

Saia justa I
Não fosse o golpe instaurado uma quartelada política em plenitude não haveria dúvida de que o impeachment cairia no Senado. As alegadas provas da existência de crime foram todas desmanteladas pelo Ministério Público Federal que as analisou. Explicitamente está dito que não há justa causa para a pretensão.

No entanto não se trata de juridicidade ou respeito à lei o que tramita no Senado, mas de um típico golpe político para fazer levar ao Poder projetos não discutidos com a sociedade nem por ela acolhidos, já que o que se dá é justamente o contrário: os que defendiam o que o interinato está a fazer perderam as eleições.

Uma saia justa, porém está no palco: caso o Senado insista em aprovar o impeachment cabe questionamento ao Judiciário por tê-lo sido sem fundamento jurídico.

Sob esse aspecto o desgaste seria imenso.

Também sob saia justa o STF, caso provocado a se manifestar sobre tal absurdo. Se mantiver o impeachment se torna partícipe do golpe.

Saia justa II
Parecer MPF sobre pedalada final editadoEm outra manifestação o Procurador da República Ivan Cláudio Marx foi de uma clareza meridiana, ao falar das alterações na lei e de quem as burlou e dos que se omitiram (TCU, MPF etc.) razão por que afirma peremptoriamente: “...todos os seus praticantes devem ser responsabilizados ou nenhum o deve”.

Em palavras objetivas, dando nome aos bois: a prática antecede à edição da lei, que é de 2000, e como FHC, Lula, Michel Temer nunca foram ‘agraciados’ com a interpretação, não seria Dilma Rousseff a ser penalizada.

Por faltar base à acusação, o MPF pediu o arquivamento do inquérito que analisava.

Saia justa III
Ultrapassada a farsa que norteará o parecer do tucano Anastasia restará a análise fria das provas postas à mesa.

Dois pareceres se encontram no estuário dos fatos verdadeiros e confirmam inocência de Dilma na prática de crimes. Não se afirme que possam ter algum efeito sobre os senhores senadores tidos como menos facciosos e dotados de mínima consciência, muitos se definindo como indecisos. Ainda. 

A votação final mostrará suas verdadeiras faces.

Afinal, a conclusão do MPF de que as tais "pedaladas" não são crime (fundamento no pedido de impeachment de Dilma) afirma enfrentamento à tese da acusação de que se constituíram crime de responsabilidade e alimenta a tese de defesa. 

E, mais que isso, tudo está confirmado através do resultado da perícia das "pedaladas", encomendada pela Comissão de Impeachment.

Silêncio de claustro
Sobre o registrado acima nenhuma manifestação da imprensa. Nenhuma repercussão.

Mantêm-se o cinismo e a hipocrisia.

Requentando
Mais uma vez a imprensa requenta notícias sobre Lula. Nos últimos dias O Globo, a Folha e o Estadão – na falta de novos vazamentos – requentaram o que dispunham, velhos vazamentos da Lava jato.

Como observa RicardoAmaral, veiculado no CA de PHA, Lula, seu Instituto, e familiares já foram alvo de 9 inquéritos do MPF e da PF, de 3 proposições de ação penal, 2 fiscalizações da Receita Federal e 38 mandados de busca e apreensão.

Sem falar naquele sequestro, em 4 de março, frustrado em Congonhas pelo Coronel da Aeronáutica, no comando do aeroporto, quando pretendiam levar Lula para Curitiba, fato registrado neste espaço (Abortamento aqui).

Até agora, nada! O que remete a um elementar silogismo tupiniquim: ou Lula é inocente ou são incompetentes os que o investigam.

O crime maior de Lula – e por este não podem processá-lo e prendê-lo – é liderar a corrida presidencial para 2018.

Caso não consigam o intento Lula continuará como massa de pão: quanto mais batem mais cresce.

Boquinha
Delegados da Polícia Federal presos por achacamento a investigados no escândalo do Carf. 

CR$ 800 mil em jogo é o que apurou a Ministério Público Federal. aqui

Concurseiros I
Nossos alunos têm ouvido nosso clamor em relação aos concurseiros do serviço público. Aqueles que definimos como destituídos de informação sobre temas que deviam lhes afetar, como já registramos neste espaço (Castismo aqui Cumprindo ordens aqui O jogo aqui e A serviço aqui).

Chegam ao ápice estudando para concursos, insistindo até que em um deles seja aproveitado. Na área jurídica nem mesmo advogam para adquirir experiência.

Não bastasse a inexperiência de vida passam a imaginar-se integrantes de uma casta que supera as demais e – o que dizer? – os vis mortais. Cheios de cursos imaginam-se detentores da dialética sobre tudo.

E o que dizer em relação ao que pensam de um pobre mortal que nunca passou de torneiro mecânico como formação intelectual?

Sobre eles – os deuses deste singular Olimpo – assim se expressa o ex-Ministro da Justiça Eugênio Aragão em entrevista ao Conjur

“Nossos juízes e membros do MP são profundamente conservadores. Isso mudou muito em função do 'concurseirismo'. É o perfil do concurseiro, aquele que quer entrar em uma carreira porque quer lucrar com ela. Ele investe fortemente três anos para prestar um concurso. Na hora que passa, ele quer os frutos do seu investimento. Isso é um conservadorismo, é um toma lá, dá cá. Eles não prestam concurso pela vocação, mas pelo que a carreira pública pode oferecer. E qualquer tipo de insatisfação, por menor que seja, gera uma bronca tão grande que fica até difícil administrar essas pessoas.

Sobre a interpretação que defendemos não mais estamos só. também em torno do tema Luis Nassif abriu consideração.

A charge
Quem tem Cunha tem medo. Feliz o chargista, no preciso instante em que Eduardo Cunha se sente traído por Michel Temer na eleição da mesa da Câmara.

                                               Quem tem.jpg

Sinais nebulosos
E bota nebuloso nisso! 16,5 mil trabalhadores foram demitidos na indústria paulista em junho, quase o dobro de maio (7,5 mil).

Há quem diga – para dourar a pílula – que a retomada da atividade industrial está em andamento.

Nem o analfabeto funcional em Economia admitirá que – com o custo embutido em demissões – a indústria efetive tais gastos para contratar em dois, três ou quatro meses adiante.

O gráfico fala tudo.

          empregofiesp



domingo, 10 de julho de 2016

Marcha da insensatez

“O Brasil nunca vai entrar na modernidade teimando em chamar de democracia os restos mortais da ditadura”. (Millôr Fernandes) 

Análise para a História
Em círculos anda o Supremo Tribunal Federal, percebe-o Aroeira em charge que reconhecemos como a melhor análise para a posteridade do STF no que diz respeito ao exercício de suas funções institucionais no presente. Tem a Corte se negado em muitos instantes cruciais da vida recente do país, quando convocado, a cumprir com o augusto mister que lhe cabe.

A História registrará – porque já escrevendo – suas omissões (como não se manifestar sobre o mérito de um processo de impeachment, cometendo o absurdo de legitimar o procedimento em desfavor da razão e da justa causa, ainda que viciado aquele) ou mudança de posicionamento em flagrante desrespeito ao estatuído em cláusula pétrea da Constituição da República, a qual lhe cabe a guarda e interpretação, quando autoriza o recolhimento à prisão de quem não teve ainda a pena transitada em julgado.

Os fatos em uma sociedade em andamento podem até justificar moralmente certas iniciativas, mas cabe ressaltar que no denominado Estado de Direito a obediência à lei é o pilar maior das instituições.

Talvez – em crítica extremada, que não atingirá a unanimidade dos pares – tudo ocorra porque o STF se pauta naquilo que a grande imprensa dita, nos humores deste ou daquele articulista ou editorialista que sibila como serpente na intimidade com membros da Corte. 

Alguns escancaradamente, como Gilmar Mendes, que mantinha (não afirmemos, tampouco duvidemos, que mantenha) linha direta com o Jornal Nacional, anunciando decisões condicionadas ao aparecimento de sua imagem na telinha.

Certamente o percebido por Renato Aroeira, quando põe à frente do comando dos que circulam os ministros Gilmar Mendes, Dias Tófolli, Roberto Barroso...

Em marcha 
Os que vivemos estágios da História, como os períodos de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Jânio, João Goulart e o descambo na noite da ditadura civil/militar temos como compreender o nível e a dimensão dos retrocessos postos e propostos pelo interinato, que busca a permanência para consumá-los em plenitude.

Tudo caminha para agressões a conquistas históricas (como as trabalhistas e previdenciárias) e enveredando pela dissolução de um projeto de Nação, cambaleante em instantes mais pretéritos e reafirmado no recente.

Na esteira de tudo a submissão da sociedade, em sua base, aos ditames do capital e a soberania territorial aos interesses estrangeiros, com a entrega de nossas reservas de riqueza (aquelas não consumadas no período de FHC). 

Absolvição à vista
Pior do que filme de terror é a análise das razões da renúncia de Eduardo Cunha à Presidência da Câmara, em espetáculo que nem mesmo chega ao nível de ópera bufa. 

Psicopatologicamente há quem afirme que Cunha não tem compromisso com ninguém além dele. Razão por que sua 'renúncia' não foi graça.

Por tal razão caso venha a sentir-se acuado e culpado em condenação que o mantenha por bons anos na cadeia utilizará da delação premiada – que se tornou corrupção premiada – para não deixar pedra sobre pedra em torno dos que lhe devem ‘favores’, a começar por Michel Temer, que lhe pedia a inserção de ‘jabutis’ em emendas provisórias para atender aos reclamos dos interesses de ambos. 

(Diz-se “jabuti” porque a tal emenda não tinha nada a ver com o tema da MP. Caso o leitor queira conferir basta acessar muitas dessas MPs aprovadas e descobrirá os absurdos nelas inseridos. A expressão surgiu na década de 50 do século passado, da lavra do político maranhense Vitorino Freire: "Meu filho, quando você vê um jabuti numa árvore é porque alguém botou ele lá").

Eduardo Cunha não cai sozinho!

"...Nem Deus como advogado resolve"
Os advogados do Lula ingressaram com pedido de suspeição contra o juiz Sérgio Moro por faltar-lhe parcialidade na condução de apurações que visem o ex-presidente.

Independentemente dos fatos  que não nos cabe aqui analisar no presente instante  ficamos com o posto pela defesa de Lula, com mais detalhes no Tijolaço:

Qual seria o prejuízo para a Justiça se houvesse um juiz neutro no caso? Nenhum. E qual seria o benefício de Moro julgar os casos de Lula? Não seria melhor para a nossa civilização que um juiz que não só fosse imparcial, mas também parecesse imparcial, como a mulher de César, julgasse as acusações? Afinal, com um juiz acusador, nem Deus como advogado resolve”.

Como névoa
E por falar em impeachment, com a palavra a senadora Kátia Abreu.

                   

Requião
O senador Roberto Requião afirma a possibilidade concreta de reversão do impeachment no Senado. 

Duvidamos. 

Não porque tal (o impeachment) tenha fundamento jurídico, mas pelo dinheiro que está em jogo. 

Só o pré-sal com seus bilhões de dólares – prometido às petroleiras internacionais em sua totalidade pelo sistema de concessão e não partilha – pode assegurar alguns milhões para a compra de consciências ‘cívicas’ na casa.


Quando deixa de ser útil
As manchetes colacionadas aqui, depois da renúncia de Cunha ao cargo de Presidente da Câmara, bem demonstra a crueldade do jornalismo pátrio, entendido este como o da grande imprensa.

Não se trata de criticar a informação jornalística. Sob este viés Eduardo Cunha nunca teria encontrado os editoriais de apoio que encontrou, quando necessário para instaurar o impeachment.

CunhaGlobo.jpg

Servindo a quem me serve
Ficamos a imaginar que a imprensa estivesse comprometida com a informação, dispensada de defender interesses dos que a alimentam, o que diria da proposta de jornada semanal de 80 horas, extinção do SUS e aposentadoria aos 70 anos.

Todos são temas que não dispensam uma discussão. 

Só que nenhum deles foi posto na campanha de 2014. 

Tampouco os anunciou o interino quando editou carta aberta no final de 2015.

Invasão ou submissão
As suspeitas de que o juiz Sérgio Moro corresponda a interesses dos Estados Unidos já foi denunciada em diferentes instantes aqui aqui aqui aqui aqui aqui apenas para ilustrar  

Neste espaço já fizemos, considerando que dentre as razões por que o título de doutor Honoris Causa a Moro foi negado pela Universidade Estadual de Maringá por ser um ‘agente judicial’ a serviço do EUA.

A infiltração de órgãos de governo estadunidenses na atuação de órgãos da administração pública brasileira, mormente Polícia Federal e Judiciário, vem sendo denunciada há muito.

Invasão ou submissão...

A grande proposta
Diante da proposta do Conselho Nacional da Indústria-CNI, de jornada semanal de 80 horas, bem demonstra o nível de pretensão daquela elite brasileira de 1% em relação ao povo. 

Por outro lado, disse o que disse o novo algoz pátrio, porque se sente à vontade com o interino, que se fazia presente ao evento onde proferido o vitupério.

Tanto que não custa sugerir como slogan para o Governo: 

                   Não pense em crise, trabalhe 80 horas semanais.

Sabedoria popular
Por demais conhecido o provérbio português "Não fale em corda na casa de enforcado".

Há quem o faça transferido para a atualidade brasileira: "Não fale em delação de Cunha na casa de Michel Temer".



domingo, 3 de julho de 2016

Andanças de inverno

Pré-sal
A Petrobras  ambicionada por petroleiras internacionais  prometida pelo governo interino como joia da coroa acaba de anunciar outra espetacular avaliação da extensão de reservatórios em nível de pré-sal: no campo de Libra outro poço perfurado, o sétimo, localizou uma lâmina de 410 metros de espessura. 

Em muito superior àquela anunciada em março, de 301 metros, e analisada em seu potencial financeiro neste blog Mais fortuna em óleo fino

A bacia do Campo de Libra  segundo informa o GGN  se torna  e vai ampliando seu potencial  a maior bacia para exploração de óleo do planeta.

– atente o leitor para as dezenas de trilhões de dólares em jogo  estamos falando de apenas uma das bacias conhecidas do pré-sal.

O tapa
Não com luva de pelúcia. Com relho de couro grosso bem curtido. Essa a resposta que parcela da sociedade está dando a Geddel Vieira Lima, o algoz que entendeu que Dilma utilizaria indevidamente aviões da Força Aérea se a viagem fosse utilizada para falar sobre o golpe de que é vítima.

Que é golpe ninguém descura. Até o Interino já o afirmou discorrendo sobre o assunto em entrevista.

O que não imaginavam (Michel/Geddel) é que uma campanha em defesa dos recursos por eles proibidos encontrasse a resposta que encontrou.

A solicitação de 500 mil reais para bancar as viagens de Dilma Rousseff foi correspondida em apenas DOIS dias.

Só falta ser considerada – a campanha – como corrupção. 

Convescote
De O Globo – Michel viaja pedindo votos para o impeachment.

Neste caso não há dinheiro público para a campanha que o beneficia. Ainda que utilizando de recursos públicos.

Mero convescote, dirão.

O macaco está certo!
Humorístico dos anos 70/80 consagrou um quadro em que os humanos concluíam sempre: “o macaco está certo!” Quando não interrompidos pelo próprio com o “Não precisa explicar. Só queria entender!” 

A criação de Max Nunes e Haroldo Barbosa para o Planeta dos Homens não se perdeu no tempo. Sua dimensão filosófica permanece. Muito do que acontece entendemos, não precisam explicar.

É o caso da opção do interino Temer em não visitar o Norte e o Nordeste (a conselho de assessores).

No caso concreto, está explicado.

O pretendido
No cancioneiro nacional há “A pretendida” (Pepe Avila), versão interpretada por Altemar Dutra; no interinato, “o pretendido”.

Cabe diferir um do outro. O primeiro enleva a alma romântica; o segundo, a destruição da esperança.


Caminhamos para o abismo
Declarações de autoridades contra decisões superiores nos remetem ao antevisto por Maiakóvski: “E já não podemos dizer nada”. Como não reagimos não poderemos – quando tudo acontecer – dizer nada.

No primeiro dos casos, um Procurador da República se insurge contra decisão do STF, da lavra do ministro Teoria Zavascki, que suspendeu a patranha que beneficiava um grupo, que pretendia ficar com até 20% das devoluções referenets a desvios da Petrobras. No segundo, o juiz prolator de uma decisão revogada, também pelo STF, de Dias Tóffoli (que determinou a soltura de Bernardo), dizendo aceitá-la mas com ela não concordar. Ou seja, emite publicamente juízo de valor em relação a uma decisão de instância superior. 

Caso fosse partida de futebol ambos seriam expulsos de campo por jogar a torcida contra o juiz.

Quando integrantes de instituições não respeitam o ordenamento jurídico caminha-se para o tudo ou nada. Mormente quando essas instituições estão no âmbito do Poder Judiciário ou a ele submetido.

No fundo a busca de apoio da mídia. Que se tornou 'o ponto de apoio' de Arquimedes de muitas decisões judiciais.

Alimentamos o abismo. Afinal, enquanto atingem os outros tudo parece estar correto...

Impacto profundo
O profundo impacto da Lava Jato na cadeia produtiva do país está em trabalho acadêmico do economista Marcelo Sartorio Loural, que discorre sobre os efeitos causados por decisões judiciais que ultrapassam a punição de criminosos para atingir empresas em sua atividade.

O trabalho encontra-se sob comentário de Luiz Sugimoto em Efeito Dominó, no Jornal da Unicamp.

Particularmente já nos debruçamos, em várias oportunidades neste espaço, sobre o absurdo cometido contra a economia nacional em razão de decisões e intervenções judiciais na atividade empresarial, quando deveriam limitar-se à apuração e punição aos que, através delas, cometeram ilícitos.

O aprofundamento da crise econômica no Brasil se deve em muito à atuação judicial. Não por buscar punir criminosos, mas por intervir na atividade empresarial gerando desemprego e queda na economia. 

Mas, como já afirmamos, muitos dos senhores procuradores e magistrados desconhecem Geopolítica.

Lula e o Conselho
O indiano prêmio Nobel da Paz em 2014, Kailash Satyarthi, reúne outros premiados e líderes mundiais para integrarem um Conselho para discutir o direito das crianças. Lula é um dos convidados, enaltecido pelo combate à fome.

Registramos o fato pela seguinte razão: como Lula é visto por certos integrantes do Poder Judiciário e do Ministério Público como candidato à prisão cabe-nos indagar se não vão confiscar o passaporte do ex-presidente. 


Viva o Brasil!
Presos, muitos sem comprovação de culpa (em muitos casos, para 'cavar' a comprovação); outros (criminosos confessos) soltos porque fizeram delação premiada.

Como a delação tem objetivo flagrante (Lula e PT) vai se constituindo em nova jabuticaba brasileira.

Corrupção premiada
A jabuticaba leva à conformação de um novo instituto jurídico: a corrupção premiada. Com ela criou-se outra interessante prática: a do incentivo ao crime, desde que o criminoso tenha na manga uma carta: alguém para incriminar com sua delação.

Naturalmente do PT. Preferencialmente Lula.

Delação x delação
Muitos são os delatores. Muitas as delações. De todas a não aceita é a de Léo Pinheiro, da OAS, que declarou não saber de nada que envolvesse Lula.

E já se fala em evitar a de Marcelo Odebrecht. Que ameaça escancarar a república. 

Onde, dizem, não escapa nem o Judiciário.

Não tardou
A provável privatização da produção e distribuição de energia nuclear está em andamento. É o publicado no Valor (que não temos como disponibilizar). Mas recomendamos o comentário de Fernando Brito, no Tijolaço.

Depois de o Brasil haver – às expensas de pesquisa própria – desenvolvido o ciclo de beneficiamento de urânio para consumo, um segredo e instrumento de soberania, inclusive vinculado à segurança nacional, o interinato já anuncia a possibilidade de transferência à iniciativa privada, sob o velho chavão de barateamento do custo de energia para o consumidor.

O método é o de sempre, como já acontecera com a telefonia.