quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A confusa

Casa da mãe joana
O Governador da Bahia assinou decreto nomeando alguém para determinado cargo. O alguém busca tomar posse. Munido, naturalmente, do ato governamental. Subalterno ao Governador suspende a posse.

Não sabemos se o subalterno queria fazer uma posse com pompa e circunstância. Ou, quem sabe?, tenha mandado suspender o ato assinando-o enganado.

Como já o fez em outro instante.

Seja lá o que for, cheira à confusão em casa de mãe joana.

Para quem está fora do espaço não pode pensar outra coisa. E mais: qual a utilidade de que tal esteja ocorrendo.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Civismo

Cidadão
O que a imprensa está fazendo com a Petrobras só encontra paralelo nas campanhas por ela mesma lideradas contra a empresa no curso da história, desde o instante da sua pré-existência.

Encanta-nos, no entanto, a resposta de uma funcionária da Petrobras, dirigida à jornalista do jornal O Globo, que se utilizou de uma foto para vincular a missivista a fatos que não traduzem a distinção entre a empresa e os safados que dela se utilizaram em tempos recentes de sua história, que vão a, pelo menos, 40 anos (desde que Sigeaki Ueki a presidiu no governo Figueiredo, passando por Joel Rennó, no de FHC).

A reação de Michelle Daher Vieira ao texto de Letícia Fernandes demonstra que não será tão fácil, como muitos imaginam, estuprar a Petrobras para entregá-la aos abutres estrangeiros (façanha iniciada por FHC). 

E pode levantar brasileiros para uma campanha "Eu Sou o Brasil, Sou Petrobras" ou, simplesmente, "Eu Sou Michelle".



Eis parte de sua carta, que pode ser lida na íntegra (inclusive as notas referidas no texto) no http://jornalggn.com.br/noticia/funcionaria-da-petrobras-desmente-rotina-de-medo-de-materia-do-globo


Carta aberta à Leticia Fernandes e ao jornal O Globo
Antes de tudo, gostaria de deixar bem claro que não estou falando em nome da Petrobras, nem em nome dos organizadores do movimento “Sou Petrobras”, nem em nome de ninguém que aparece nas fotos da matéria. Falo, exclusivamente, em meu nome e escrevo esta carta porque apareço em uma das fotos que ilustram a reportagem publicada no jornal O Globo do dia 15 de fevereiro, intitulada “Nova Rotina de Medo e Tensão”.

Fico imaginando como a dita jornalista sabe tão detalhadamente a respeito do nosso cotidiano de trabalho para escrever com tanta propriedade, como se tudo fosse a mais pura verdade, e afirmar com tamanha certeza de que vivemos uma rotina de medo, assombrados por boatos de demissões, que passamos o dia em silêncio na ponta das cadeiras atualizando os e-mails apreensivos a cada clique, que trabalhamos tensos com medo de receber e-mails com represálias, assim criando uma ideia, para quem lê, a respeito de como é o clima no dia a dia de trabalho dentro da Petrobras como se a mesma o estivesse vivendo.

Acho que tanta criatividade só pode ser baseada na própria realidade de trabalho da Letícia, que em sua rotina passa por todas estas experiências de terror e a utiliza para descrever a nossa como se vivêssemos a mesma experiência. Ameaças de demissão assombram o jornal em que ela trabalha, já tendo vários colegas sendo demitidos[1], a rotina de e-mails com represálias e determinando que tipo de informação deve ser publicada ou escondida devem ser rotina em seu trabalho[2], sempre na intenção de desinformar a população e transmitir só o que interessa, mantendo a população refém de informações mentirosas e distorcidas.

Fico impressionada com o conteúdo da matéria e não posso deixar de pensar como a Letícia não tem vergonha de a ter escrito e assinado. Com tantas coisas sérias acontecendo em nosso país ela está preocupada com o andar onde fica localizada a máquina que faz o café que nós tomamos e com a marca do papel higiênico que usamos. Mas dá para entender o porque disto, fica claro para quem lê o seu texto com um mínimo de senso crítico: o conteúdo é o que menos importa, o negócio do jornal é falar mal, é dar uma conotação negativa, denegrir a empresa na sua jornada diária de linchamento público da Petrobras. Não é de hoje que as Organizações Globo tem objetivo muito bem definido[3] em relação à Petrobras: entregar um patrimônio que pertence à população brasileira à interesses privados internacionais. É a este propósito que a Leticia Fernandes serve quando escreve sua matéria.

Leticia, não te vejo, nem você nem O Globo, se escandalizado com outros casos tão ou mais graves quanto o da Petrobras. O único escândalo que me lembro ter ganho as mesma proporção histérica nas páginas deste jornal foi o da AP 470, por que? Por que não revelam as provas escondidas no Inquérito 2474[4] e não foi falado nisto? Por que não leio nas páginas do jornal, onde você trabalha, sobre o escândalo do HSBC[5]? Quem são os protegidos? Por que o silêncio sobre a dívida da sonegação[6] da Globo que é tanto dinheiro, ou mais, do que os partidos “receberam” da corrupção na Petrobras? Por que não é divulgado que as investigações em torno do helicoca[7] foram paralisadas, abafadas e arquivadas, afinal o transporte de quase 500 quilos de cocaína deveria ser um escândalo, não? E o dinheiro usado para construção de certos aeroportos em fazendas privadas em Minas Gerais [8]? Afinal este dinheiro também veio dos cofres públicos e desviados do povo. Já está tudo esclarecido sobre isto? Por que não se fala mais nada? E o caso Alstom[9], por que as delações não valem? Por que não há um estardalhaço em torno deste assunto uma vez que foi surrupiado dos cofres públicos vultosas quantias em dinheiro? Por que você e seu jornal não se escandalizam com a prescrição e impunidade dos envolvidos no caso do Banestado[10] e a participação do famoso doleiro neste caso? Onde estão as manchetes sobre o desgoverno no Estado do Paraná[11]? Deixo estas perguntas como sugestão e matérias para você escrever já que anda tão sem assunto que precisou dar destaque sobre o cafezinho e o papel higiênico dos funcionários da Petrobras.

A você, Leticia, te escrevo para dizer que tenho muito orgulho de trabalhar na Petrobras, que farei o que estiver ao meu alcance para que uma empresa suja e golpista como a que você trabalha não atinja seu objetivo. Já você não deve ter tanto orgulho de trabalhar onde trabalha, que além de cercear o trabalho de seus jornalistas determinando “as verdades” que devem publicar, apoiou a Ditadura no Brasil[12], cresceu e chegou onde está graças a este apoio. Ao contrário da Petrobras, a empresa que você se esforça para denegrir a imagem, que chegou ao seu gigantismo graças a muito trabalho, pesquisa, desenvolvimento de tecnologia própria e trazendo desenvolvimento para todo o Brasil.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

A tortura

Escancarada
Neste espaço disponibilizamos a corajosa e humanística denúncia de Paulo Henrique Amorim através de sua TVAfiada, no DE RODAPÉS E DE ACHADOS de 8 de fevereiro, em relação ao risco por que passa a Operação Lava Jato  em razão do método moriano de obter 'delações'  alertando para o fato de que 

"Descartada que o seja a física a tortura psicológica se faz flagrante. E depoimentos (quanto mais delação premiada) sob pressão podem invalidar o processo criminal.

A grave denúncia de um advogado, veiculada pela TVAfiada de Paulo Henrique Amorim, caso comprovada, lança nas profundezas a Operação Lava Jato.

Nada contra apurar, processar e prender criminosos (desde que provada a culpa ou o dolo). Mas o método utilizado exige amparo nas garantias constitucionais.

Clique, para o vídeo, em https://www.youtube.com/watch?v=uyz-W645oGQ"


O fato não mais está escancarado tão somente nos denominados 'blogues sujos'. Também a Folha de São Paulo publicou em torno da evidente torTura praticada na prisão que alberga os da Lava Jato. Está comprovada a denúncia veiculada por Paulo Henrique Amorim.

Dispensando-nos de voltar a textuá-la, trancrevemos Fernando Brito, no Tijolaço, reproduzindo também Paulo, no Diário do Centro do Mundo:

A prisão de Moro. O importante não é como ela é, mas porque ela é assim

23 de fevereiro de 2015 | 06:27 Autor: Fernando Brito
touro
No Diário do Centro do Mundo, Paulo Nogueira põe o dedo na ferida ao analisar a matéria de ontem, na Folha, relatando as condições dos executivos de empreiteira presos na “Lava-Jato”.

É o método: “ah, eu faço jornalismo porque publiquei isso”. Um registro, mais nada.

Não foi assim no caso da sonegação da Globo? Uma matéria, uma apenas, mais nada.

Não é jornalismo, é álibi.

Tal como em outros assuntos, políticos ou não, jornalistas não admitem, mas fazem “campanhas”.
Os assuntos “rendem”: buscam-se repercussões, detalhes escandalosos, paralelos com outras situações e, sobretudo, julgamentos morais.

Nogueira, aliás, faz o que a Folha não faz, creditar a Paulo Henrique Amorim, em seu Conversa Afiada, o fato de terem sido expostas as vísceras deste processo prisional conduzido por Sérgio Moro.

Mas há algo que ele não afirma diretamente, e que sinto a necessidade de expressar.

O problema das condições humilhantes daquela prisão, porém, não é apenas – embora seja, sim – o da questão dos deveres de humanidade que devam ter nossas prisões, e que não têm, aqui.

Porque sempre se pode argumentar, com toda a razão, que essas, ou piores, são as condições de encarceramento de milhares, dezenas de milhares, centenas, talvez, de outros brasileiros.

São, sim, por desimportantes, pobres, desprezíveis para uma cultura que se importa em prender para castigar, punir e que, sadicamente, quer punições cada vez mais cruéis, como ferramenta de vingança, não de solução dos conflitos do convívio humano.

O problema na prisão do Dr. Moro não é o de que, na forma indigna, é assim.

É o porquê de ser assim, a mesma  razão de estar sendo prorrogada além, muito além, do que seria necessário para garantir a investigação.

É que é, já agora indisfarçadamente, um instrumento de coação, destinado a obter ao confissão do que se quer, pouco importa se real ou não.

É mais perverso do que seria um tapa ou um chicote de um bruto, de um meganha medieval, porque é brandido por homens de fino trato, acostumados a linhos e ágapes, não a comer com as mãos ou a defecar com platéia.

Um retrato da diferença entre brutalidade, própria dos brutos, e tortura, um ato deliberado em que o prazer sádico consiste faze-lo para obter o que se quer de alguém.

E em nome do Estado: portanto, em meu e em seu nome.

Como os homens que estão lá, obrigados a fazerem suas necessidades em público, também é em público que a Justiça brasileira pratica as suas necessidades políticas, com alguns latinismos e muitas folhas de jornal a fazerem às vezes de cortina para a imundície.

O que Moro tem a dizer sobre as condições
em que vivem os presos da Lava Jato?

Paulo Nogueira
A Folha confirmou, sem citá-lo, algo que presumo não fazer parte de seu manual de jornalismo, Paulo Henrique Amorim.

Poucos dias atrás, PHA gravou um vídeo em que relatou as condições abjetas em que vivem na cadeia, em Curitiba, os presos do juiz Sérgio Moro na Operação Lava Jato.

Folha foi atrás da pauta, com uma de suas jornalistas mais prestigiadas, Mônica Bergamo, e encontrou exatamente o quadro descrito no vídeo de PHA. (Vejo agora, ao fazer uma breve pesquisa, que o Globo também seguiu a PHA. Imagino o quanto ele tenha rido com isso tudo.)

Não é algo que honre muito Moro a vida que levam os detidos.

Os presos da Lava Jato têm, em cada cela, um arremedo de banheiro que utilizam, seja para que for, à vista de todos.

Nas refeições, uma faca de plástico incapaz de cortar carne os obriga a comer com a mão.

No capítulo das misérias, foi-lhes proibido o uso de relógio na prisão, o que significa ficar o dia inteiro sem saber as horas. É algo particularmente torturante para quem está preso e não tem nada a fazer. Também não podiam ler.

Há uma clara situação de direitos humanos violados, sob o comando de Moro, e é um horror que a mídia tenha ficado inerte até que PHA se movimentasse.

Inerte, não. Com sua habitual canalhice, a Veja, em dezembro, teve acesso ao dia-a-dia dos presos.  O texto sugeria que eles tinham regalias dignas de um hotel.  A revista disse ter ouvido uma familiar, que teria afirmado o seguinte:  “Não há do que reclamar do ponto de vista humanitário.” 

Quem acredita que essa familiar exista, e que a frase seja genuína, acredita em tudo, como disse Wellington.

Nunca nenhuma grande empresa jornalística fez uma campanha pela melhora das prisões brasileiras.

Tanto dinheiro público jorrando nelas – anúncios, compras de livros e assinaturas, financiamentos camaradas em bancos oficiais – e mesmo assim nenhum jornal ou revista separou, em qualquer instante, os recursos necessários para lutar por uma causa social tão relevante.

Você conhece um país por suas cadeias, e as brasileiras são degradantes. Na Noruega, numa missão jornalística, visitei o presídio de Bastoy, próximo de Oslo. Os prisioneiros vivem em chalés, dispõem de cavalos e campos de futebol para se entreter e, nos finais de semana, podem receber parentes e amigos para um churrasco.

Naturalmente, podem usar relógios à vontade.

A isso se dá o nome de civilização.

“Nosso objetivo é recuperar os presos, e isso não se consegue submetendo-os a castigos e humilhações sem sentido”, me disse o diretor da cadeia de Bastoy, uma referência mundial.

Quando a imprensa vai criar vergonha e pressionar por condições humanas para os presos?

Tenho a resposta. Apenas quando o dono de alguma grande empresa jornalística for preso.

Sonegação, em sociedades avançadas, dá cadeia. O antigo presidente do Bayern, que era tido como cidadão modelo na Alemanha até que se descobrisse uma conta secreta na Suíça, cumpre sentença hoje de cinco anos numa prisão alemã.

Arrependido, ele decidiu não recorrer da decisão da Justiça, por entender que dera um péssimo exemplo para os alemães e tinha que mitigar os danos à sociedade de alguma forma simbólica.

Só assim a imprensa se mobilizará: no dia em que um dos barões enfrentar uma situação parecida com a dos detidos da Lava Jato.

Tão entretida em bajular Moro por motivos ideológicos e partidários, os donos da mídia fecharam os olhos para seu lado b, assim como já tinham feito com Joaquim Barbosa.

Nosso garoto-pobre-que-mudou-o-Brasil, aspas e gargalhada, inventou uma empresa em Miami para driblar o fisco americano na compra de um imóvel. Mesmo assim, por ter sido poupado pela mídia amiga, ainda se julga em condições de dar lição de moral aos brasileiros.

A revista Época, da Globo, disse há pouco que Moro é um dos homens que “estão mudando” o Brasil.

É muita gente “mudando” o Brasil para que tudo – vantagens, privilégios de um pequeno grupo – permaneça exatamente como está desde sempre.


domingo, 22 de fevereiro de 2015

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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Péssimo exemplo
As contas públicas não são grande exemplo da qualidade administrativa da maioria de nossos governadores. Os Estados padecem pela falta de recursos. Não necessariamente pela falta deles, mas pelo excesso de gastos, gerados na contramão das arrecadações.

Para controle, a receita neoliberal gira por arrochar salários, destruir conquistas sociais e quejandos. Trabalhando com um instrumento chamado superávit primário. Que nada mais é do que a economia feita no curso da gestão orçamentária justamente para assegurar o cumprimento das obrigações sacrificando tudo o mais.

Austeridade é a palavra de ordem para justificar a entrega do patrimônio. Honrado é o que mata a família de fome para pagar as dívidas.

No Brasil a cartilha neoliberal não encontrou discípulo melhor que o PSDB. Para alimentá-la o patrimônio estatal foi alienado como forma de gerar recursos para cumprimento das obrigações, escondido no tapume de que a gestão privada melhor administra que a pública. 

Em Minas Gerais o descontrole das contas públicas está quase a levar o Estado à falência (se possível o fosse sob a égide da regra jurídica). No Paraná o caos absoluto.

E nem falemos de São Paulo que, por falta de investimentos (economizados para pagar dividendos a acionistas estrangeiros da SABESP) já padece da falta de água.

O que dói é ver que a austeridade neoliberal está de braços dados com o segundo governo Dilma.

Crise? Onde?
No Paraná em crise os senhores conselheiros do TCE terão auxílio moradia de 4.377,74 para complementar o mísero salário de 26,5 mil mensais.

O alvo
Vão ficando cada dia mais claros os objetivos da Operação Lava Jato: mais atuação política e menos jurídica.

Afirmamos menos jurídica em razão de denunciadas violações a direitos de presos, levados à exaustão para corresponderem – na forma de delações – ao que pretende quem apura. Sabido que dentre os meios de tortura a psicológica alcança resultados sem ferir corpos, ainda que destrua a alma.

Não imagine o leitor que estamos a defender tratamento de sultão para ladrão. No entanto, como vivemos em um Estado Democrático de Direito, onde o pressuposto é o respeito às leis, mormente à Constituição, é o mínimo que se pode exigir das autoridades responsáveis por respeitá-las.

Em torno da atuação política dúvidas não há haja vista a forma como vazam delações e a seletividade em torno dos citados. 

A mídia comprometida até criou um estilo para isentar pessoas: caso envolva o período de FHC e sua augusta base PSDB/PFL/PMDB/PPS o tempo é tratado como “anterior a Lula”, nunca ‘no tempo de FHC’.

A propósito, se levarmos em conta o que diz Fernando Brito no Tijolaço (http://tijolaco.com.br/blog/?p=24915), partindo do método moriano de obter delação (“vai ficar preso até que diga o que queremos que você diga”): o alvo é Lula.

alvo

Olhar o passado não custa
As reservas que fazemos ao juiz Moro – redescoberto pelo método moriano de investigar – dizem respeito a um fato singular: o mesmo juiz que apurou as investigações sobre o Banestado, sob delação premiada do mesmo Yousseff, que diziam respeito a desvios de recursos através de contas CC-5 (que dispensavam identificação do depositante na transferência), invenção do Banco Central de FHC para alimentar desvios de recursos apurados nas privatizações e que levaram ao sumiço de valores entre 39 e 150 bilhões de dólares, dele (Moro) não se conhece nenhuma condenação que tenha repercutido ou encontrado solução para a bandalheira.

A diferença reside justamente nisso: fatos que envolviam o período “antes de Lula”.

Olhar o passado de Moro – pelos resultados do Banestado – ajuda a compreender o presente.

Ou a serviço de que ou de quem.

Recado a Moro
Para o jurista Tércio Sampaio Ferraz é próprio da mentalidade autoritária fazer da prisão preventiva um instrumento de obtenção de confissão.

O recado foi dirigido ao método moriano de obter delações.

Assim caminhamos
A validade de duas importantíssimas operações da Polícia Federal passam pelo Supremo Tribunal Federal: a Satiagraha e Castelo de Areia. Agora apenas permanece a primeira, nas mãos do insígne ministro Luiz 'mato no peito' Fux.

A segunda  a Castelo de Areia  teve recurso do MPF negado, por decisão do ministro Luis Roberto Barroso, que aceitou a nulidade das provas declarada pelo STJ.

Motivo da nulidade: originadas a partir da apuração da Polícia Federal desencadeada a pedido do juiz Fausto de Sanctis, que recebera denúncia anônima da falcatrua e baseado nela instou a PF. Que confirmou tudo.

As apurações comprovaram ilícitos cometidos pela empreiteira Camargo Correia para alimentar o bolso de políticos do PSDB-DEM-PDT-PP-PPS-PMDB.

Como ironiza Paulo Henrique Amorim, 'denúncia anônima no Brasil só para pegar pedófilo'.

Acrescentamos: é que faltou no universo dos partidos envolvidos o PT. Ou mesmo um petistazinho chinfrin.


Devolve, Gilmar!
Destacamos de matéria divulgada no portal da OAB subscrita pelo presidente nacional da Ordem, o seguinte:

"A cidadania celebra a rejeição pelo Supremo Tribunal Federal do financiamento empresarial das campanhas eleitorais, por meio da manifestação já de sua maioria na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4.650, proposta pela OAB, pugnando pelo seu rápido julgamento."

Perdeu o presidente da OAB uma ótima oportunidade de engrossar o coro do "Devolve, Gilmar!".

Afinal, no próximo abril se fará um ano do pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes. Tal retenção legitima justamente o que a OAB combate. Portanto, Gilmar Mendes legitima a safadeza.

Pugnar "pelo rápido julgamento" é muito pouco para quem defende a lisura.

Skindô, skindô!
Caíram de pau sobre a vencedora do carnaval carioca, no quesito escolas de samba do grupo especial, custeada por ‘ditador africano’. Vieram à baila as crianças sacrificadas no país custeador e outras razões.

Como vamos nos tornando a pátria da hipocrisia, aplaudimos no curso de décadas as escolas custeadas pelo crime organizado, milícias, jogo-do-bicho etc.

Cautela e caldo de galinha
A defesa que faz o governador Rui Costa da atuação da Polícia Militar e Civil contra o crime pode levá-lo a legitimar ações que também sejam criminosas.

Afinal, quando há suspeita o melhor é investigar. 

E para o governador cautela, como caldo de galinha, não lhe fará mal.


Aprovação
As avaliações envolvendo a administração de Claudevane Leite bem podem ser chamadas, pelos resultados, de desaprovação.

Estranho que uma cidade mais arrumada leve o seu gestor a números tais.

O detalhe: o povo enxerga mais do que possa imaginar a vã filosofia.

Em consumação
Neste espaço, no primeiro dia de fevereiro, registramos:

"Geraldo Simões III
Há quem veja como remota a saída de Geraldo do PT. Mas especular não custa.

Depois que prejudicou a composição do PT na Assembleia Legislativa, desviando – através do filho – votos que garantiriam, pelo menos, mais um deputado na bancada estadual, não podemos afirmar que GS morre de amores pelo PT como antigamente.

Sua história recente mais remete à ideia de que não mais serve ao PT mas se serve do PT. Basta a insistência – de alto custo para Itabuna – em formar uma dinastia com a mulher prefeita (ainda que tenha méritos), o filho deputado estadual e ele deputado federal.

Há quem imagine que esteja duvidando de seu futuro político e tenha partido para preparar o futuro dos seus.

Geraldo Simões IV
A propósito de quem veja como remota a saída de Geraldo Simões do PT: em defesa de suas convicções pode até aliar-se a Fernando Gomes.

O tempo a Deus pertence. E a ocasião faz o pedinte."


Fechado o parêntesis e ainda não findado fevereiro as especulações caminham para o reconhecimento da realidade posta pela curiosidade especulativa deste escriba.

Os limites I
Natural que Geraldo Simões, conhecedor dos meandros da política e particularmente do seu PT (que pretende tornar ex-) não se sinta à vontade no ambiente que ajudou a criar e parece não mais atender ao seu projeto (a dúvida proposital da coluna: dele, GS, ou do PT).

Na condição de ex- age como ex-mulher acabada de se separar: infernizar o parceiro. (Perdoe-nos as leitoras a acentuação machista aqui posta. Mas é que a figura do ex-marido não se expressa plenamente no imaginário como a ex-mulher. Até porque a mulher se apresenta muito mais inteligente na circunstância).

Para materializar a infernização, que o diga a bateria de denúncias levadas a efeito por figuras de sua cozinha (de GS), que chegam ao desplante de até bater no Governo enquanto ainda dele servidores.

Os limites II
Mas, fica-nos um questionamento: qual ou quais os limites de Geraldo Simões, considerada a sua imagem de político individualmente construída no curso dos anos no mesmo partido e dele afastado.

Duas imediatamente se nos afiguram:

Primeira  sai GS derrotado nas eleições últimas. Mas não a derrota em si, referente à busca de mais um mandato.

É que Geraldo  considerando a ambição imediata, candidatura a prefeito em 2016, o que de horizonte lhe resta para reconstruir a trajetória  apenas consumou um processo de derrotas, se observamos a sua votação em Itabuna tomando por parâmetro a eleição de 2006, aqui postos em números redondos: 35 mil votos naquela, 23 mil, em 2010 e 16 mil em 2014. 

Detalhe que merece registro: em 2014 teve menos votos que a esposa Juçara em 2012. Não é qualquer coisa para ser desconsiderada.

Segunda  na forma de indagação, teria GS imagem individual para competir com aquela de Fernando Gomes, que dispõe de eleitorado permanentemente fiel em todas as eleições?

A trajetória  de 35 para 16 mil  diz que não.

Pretensão
Efetivamente Geraldo Simões deve sair do PT. No entanto precisa de um bom álibi, sob pena de perder eleitores que são fiéis ao partido e a Lula.

O único álibi de que dispõe é sair como vítima.

O álibi
Geraldo, no PT, tem(?) cacife para amealhar cargos no âmbito estadual. Resta-lhe, no entanto, a qualidade dos cargos, o que significa o escalão (segundo, terceiro, quarto...).

Sua trajetória recente levou-o a não dispor de interlocutores (alguns, velhos amigos por ele afastados).

Desta forma fica difícil imaginar GS buscando Josias Gomes (Secretário de Relações Institucionais do governo Rui Costa) ou Everaldo Anunciação, presidente do PT, para um jantar regado a vinho.

Aí reside o álibi de que precisa Geraldo Simões para deixar o PT: só conversar diretamente com o governador Rui Costa para discutir preenchimento de cargos.

Sabe muito bem ele que se o governador Rui Costa aceitasse a 'imposição' estaria desmerecendo o seu secretário de Relações Institucionais e o presidente estadual de seu partido na Bahia. 

O que daria a GS o discurso de que tem força com o Governador e não precisa dos velhos amigos.

Não aceitando o Governador a 'imposição' sai Geraldo com o discurso de que foi injustiçado e vítima dos ex-amigos etc. etc.

O futuro
Tal ocorrendo pode cair nos braços de quem escolher. Como no rodapé postado naquele 1º de fevereiro ("Geraldo Simões IV"):


"A propósito de quem veja como remota a saída de Geraldo Simões do PT: em defesa de suas convicções pode até aliar-se a Fernando Gomes.


O tempo a Deus pertence. E a ocasião faz o pedinte".

E concluímos, por hoje: caso Fernando Gomes não o aceite como parceiro, Augusto Castro pode tornar-se agente da vingança ideal.

Especulação? Que seja!



terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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Explicando
Por razões alheia à vontade deste escriba retomamos as postagens, sustadas pela vontade imperial da assistência técnica do fornecedor do serviço, que nos deixou na mão durante este tempo sem corresponder à sua obrigação de assistir-nos em caso de queda do sinal. E o fazemos com nossos rodapés.


O gato pode virar leão I
O ministro das finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, 58 anos, professor de Economia, com estudos nas universidades de Essex e Birminghan, na Inglaterra, rugiu contra o sistema que quer fazer da pátria da Filosofia quintal de potentados mundiais que dominam o sistema financeiro.

De matéria de Carlos Drumond (“A esperança heterodoxa”), publicada na Carta Capital, destacamos uma de suas ponderações: “O capitalismo sempre foi um sistema fundado no poder do Estado em que a riqueza foi produzida coletivamente e apropriada privadamente”.

A observação reflete a formação marxista de Varoufakis, para quem o capitalismo se esgotaria por si mesmo por se sustentar numa contradição: socializar a produção da riqueza e concentrar seus resultados.

Não se afirme – radicalizando Marx – que o capitalismo venha a se esgotar, dando lugar – por geração espontânea – a um sistema antagônico como o socialismo, por exemplo. 

Mas a humanidade não suportará os conflitos gerados diante da agressiva apropriação – que tende a multiplicar-se não em bases aritméticas, mas ..., que já anuncia 1% da população mundial detentora de 50% da riqueza dentro de 10 meses.

O gato pode virar leão II
Antônio Delfim Neto, analisando as iniciativas de Varoufakis, as vê no plano da oferta de outros/novos ‘nítidos limites do exercício da política social e econômica’ que será levada ao front da batalha que aquele propõe contra a troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), a que sustenta – sob comando político do sistema alemão defendido com unhas e dentes por Angela Merkel – as benesses que alimentaram a concentração da riqueza em solo da velha Europa e tem levado, desde a crise de 2007/2008, à miséria uma parcela considerável do Velho Continente.

Delfim vê no tabuleiro de xadrez a proposta de Varoufakis, que pode isolar mais a Grécia e levá-la a um período de sombrio subdesenvolvimento.

Neste ponto ficamos a ruminar o raciocínio de que, diante do fato de que também não há saída para a Grécia sob as lições da troika, algo pode surgir no horizonte da crise.

Delfim, do território da ironia construída na experiência, diz que “Nos meus curtos 87 anos já vi, sem aviso prévio, mas com os bolsos vazios, muito leão virar gato depois de rugir algum tempo assustando apenas a si mesmo.”

O gato pode virar leão III
Pode haver em razão Delfim Neto. Afinal, os postulados da economia aplicada ao planeta, sob o viés teórico de alimentar o sistema financeiro e a exacerbação liberal individualista (a redundância aqui se impõe) têm conseguido sucesso porque se utiliza dos Estados poderosos para assegurar aos seus 1% os frutos das falcatruas e submissões, seja-o sob o domínio diplomático, seja-o pela força bruta.

Sob esta visão – idealismo utópico que seja – não há forte que não sucumba um dia. Assim, aquele tornado gato pode rugir e tornar-se leão.

Claro que não sozinho. A Grécia convoca – como o flautista de Hamelin – os achacados pela troika. E eles já estão nas ruas.


Na Espanha...  


Apostando na evasão
Brilhante a lição/experiência tucano-paulista posta em andamento neste 2015: fecham-se salas de aula, superlota-se as restantes e confia-se na evasão para regularizar a situação.

Consumada a evasão (inclusive por falta de água nas torneiras escolares) as turmas voltam aos números toleráveis.


Genial! Como a falta de água.

Resultado de imagem para Eduardo Anunciação
A falta que faz!
Há dois anos  exatamente no 15 de fevereiro  partiu para a eternidade o jornalista Eduardo Anunciação.

Ainda há quem folheie o Diário Bahia em busca do texto de Eduardo.

O "Bacurau", "Bode Rouco" ou simplesmente "Gaguinho"  contemporâneo de Célio e Hélio Nunes, entre outros  marcou época no jornalismo itabunense. Que não pode registrar sua história sem as paginas de Eduardo.