quarta-feira, 29 de julho de 2015

Os riscos

Para a soberania
A prisão do Almirante Othon  baseada em delação premiada  reforça a gravidade por que passa nosso Estado Democrático de Direito. Não mais importa a idade, tampouco a necessidade de apurar. Simplesmente prende-se, e condena-se antecipadamente, para assegurar a prova que o indiciamento exige e que ainda não foi obtida.

No caso específico do Almirante Othon  não enveredamos por defendê-lo de possível responsabilização  se faz presente um fato de singular simbolismo: trata-se do homem que enfrentou os interesses dos Estados Unidos  que até buscou se utilizar da Agência Internacional de Energia Nuclear para acessar os segredos desenvolvidos pela equipe de Othon  e dotou o Brasil de tecnologia nuclear suficiente a beneficiar/processar urânio.

Na esteira da descoberta toda a cadeia que deságua na indústria de submarinos nucleares, onde também presente a Odebrecht.

Há muito mais  muito mais mesmo  que simples apuração de atos ilegais praticados por quem quer que seja. Tanto que escândalos outros, como o da meia tonelada de cocaína flagrada em helicóptero de um político, propina em trens e metrô paulistanos, 100 a 120 mil dólares mensais desviados de Furnas em favor de Aécio, o arrecadador Paulo Preto da campanha de Serra em 2010,  etc. continuam no limbo. 

Quando a Petrobras e a indústria nuclear brasileira entram na rota de apurações não cremos que se pretenda apurar a bandidagem deste ou daquele, mas ferir de morte conquistas que deram ao país um espaço no cenário internacional.

Como afirmou um desses debiloides que engrossa a convocação do PSDB de Aécio contra a presidente Dilma do por quê de não inserir campanha contra Eduardo Cunha: estando ele contra Dilma interessa ao nosso movimento.

A indignação norteia os que defendemos a nacionalidade, a soberania, como bem posto por Paulo Henrique Amorim aqui ou que encontram no currículo do Almirante Othon aqui algo que os que o prendem (dispensando de fazê-lo em relação a outros sabidos criminosos) nunca fizeram ou farão pelo Brasil. 


terça-feira, 28 de julho de 2015

Poemas à Itabuna

Parabéns!
Sem prejuízo de acesso a dois outros poemas ("Alquimia" e "Awa' pé") disponibilizados na janela "Poesia" deste blog, eis nosso singelo expressar às origens deste chão e ao artístico Cachoeira vivido na alma de cada itabunense por ele acolhido.
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                Gênesis

                        Vaapt... planc

                                          Vaapt... planc

                        Vaapt... planc

              Vaapt... planc

                        Vaapt... planc

              Vaapt... planc
...
             Reeeeeeeeec...

                                                                  Chhaaaptuuum...


             –  Taboca!!!!



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A lâmina

serena

deixa-se tocar

pela leveza da brisa

                       Imagens

      impressionistas

traduzem

      na manhã calma

             do domingo

                    a alma

                          de Rafael

perante a água/tela

     que não mais

           existirá


domingo, 26 de julho de 2015

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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Grécia x Brasil
Afirmado que o Governo Federal não se havendo bem na condução de seus gastos entrou no perigoso estágio de déficit fiscal. Ou seja, gastou mais do que podia. O natural teria de suceder: reduzi-los para equilibrar a conta e manter a credibilidade.

Mas não precisava exagerar. 

Economizar encontra uma solução simples: aumentar o ganho, a arrecadação. Não foi feito nos moldes inovadores: reduzir a sonegação, tributar o capital, a riqueza e herança.

No entanto, a receita aplicada é por demais conhecida: redução de gastos, corte de despesas, inibição da atividade econômica. Leitura pelna do receituário neoliberal.

A fonte da receita é também por demais conhecida: a da especulação financeira. 

No embalo a equipe econômica cortou gastos com programas sociais e atacou os pequenos do país, esquecendo-se do ganho dos grandes. "Ajuste de meia tigela", como ironiza Paulo Henrique Amorim.

Uma lição que leva a Grécia ao amargor, como Espanha e Portugal.

Quem fez diversamente – como a Islândia – viu situação resolvida a contento. Do país e do seu povo. Com a concordância da banca.

Da Grécia querem até o histórico porto de Pireu. Do Brasil, apenas o pré-sal. 
Porque o Cristo Redentor é muito pouco.

                   Resultado de imagem para imagens de plataformas do pré-sal  
AFP/Getty Images

Relativo
Em mais uma matéria sobre tema ('Da guerra ao comércio', assinada por Marcelo Pellegrini), a semanal Carta Capital volta a tratar da liberação da maconha, partindo de uma indagação: "não seria mais inteligente legalizar e controlar o comércio do que deixá-lo sob o domínio dos narcotraficantes?"

A matéria transita a partir do sucesso econômico-financeiro ocorrido no Colorado, EUA, onde gerados, segundo a Drug Policy Alliance, mais de 10 mil postos de trabalho, entre janeiro e julho de 2014, e 27 milhões de dólares em tributos, com a estimativa de uma movimentação de 2,7 bilhões em todo o país, ainda que não haja uma permissão federal para tanto.

Também destacado que a maconha é a terceira substância psicoativa consumida no planeta – o álcool e o tabaco são as primeiras.

Um outro ponto abordado é o custo oriundo da não liberação, não só no aparato da repressão, que nos EUA já consumiu 1 trilhão de dólares nos últimos 20 anos, sem que tenha reduzido o consumo, ao passo que fez demandar um aumento da população carcerária e o dos efeitos da violência sobre o sistema da saúde.

O polêmico tema ouriça parcela considerável da sociedade brasileira que tem na cannabis não somente uma droga mas o portal para o universo dos demais psicoativos negociados na ilegalidade.

No entanto, a discussão anda posta. Inclusive no Congresso,com projeto do deputado Jean Wyllys, do PSOL, que cria regras para o plantio, comércio e consumo, para quem – segundo a matéria – “Hoje se adquire drogas em praticamente qualquer esquina, ou seja, na prática o comércio é liberado. A diferença é que esse dinheiro, em vez de beneficiar o Estado, vai para o bolso de máfias e corrompe funcionários”.

O deputado não precisa dizer ‘quais’ funcionários públicos. É simples: quando alguém está levando vantagem tudo é permitido; inclusive o proibido. 

Onde o “domínio dos traficantes” pode ser muito relativo.

Risco de saturar
James Brow, traduzindo sua vivência daqueles anos 60 – de conflitos onde confrontado o pacifismo de Martin Luther King por Malcolm X e Panteras Negras na busca/luta pela igualdade dos direitos civis – afirmou que os negros queriam algo imediato, tanto o esperar por serem reconhecidos como pessoas.

Distante a época e o lugar, de certa forma vivemos a ansiedade por resolver problemas históricos. Postos diante de nós nos convocam a enfrentá-los. No entanto, não temos o imediato referido por Brow, tampouco as lições de Martin Luther King, menos ainda a consciência da assunção do enfrentamento de Malcolm X ou dos Panteras Negras.

Zuenir Ventura em texto publicado em O Globo aqui toca no fato de que o brasileiro quer resultados imediatos em tudo. E põe em evidência o desgaste por que passa a campanha judicial de combate à corrupção nos moldes postos por alguns, onde se destaca no instante a dos que dirigem e comandam a Operação Lava Lato, por estar fazendo tardar a resposta esperada. Assim  deduzimos  tardando a resposta e repetida a ladainha diariamente, a tendência é sentir-se cansado o povo e saturada a mensagem.

Deixa de destacar Ventura um aspecto crucial: a insistência em seletivar os resultados, para que alcancem apenas uma parcela da causa do problema, não gera a pura saturação, mas o descrédito. 

Em tempos de tarja preta
Nestes augustos tempos em que a informação seletivada traduz-se na festa dos interesses particulares e político-eleitorais, um jantar/festa na casa de Marcelo Odebrecht faz destacar a presença de Lula no evento como se fosse obra de Satanás. 

Omite-se – naturalmente – outros nomes e quejandos.

O caviar da esquerda.blogspot.com listou uma singular relação de convidados, norteado pela cultura atual.


Há 36 anos
Para idênticas atitudes o instante e a conveniência dão tons diferentes. 

A propósito das ilações de um Procurador da República sobre a atuação de Lula em defesa de interesses nacionais, Maurício Dias, na Carta Capital, traz significativa informação no Reagan pode. Lula, não! 

Detalhe: no centro do mesmo fato a mesma empreiteira (Odebrecht). 

Ironia necessária
No atual estágio de apurações e investigações no Brasil corremos o risco de morrer de indignação – os que defendemos as instituições de um Estado Democrático de Direito – ou sobrevivermos pelo viés da ironia. Neste particular aspecto muito devemos a Paulo Henrique Amorim e seu sarcástico jornalismo. Afinal, quando não há como enfrentar o absurdo deboche-se do absurdo.

É o que faz PHA aqui com a absolvição – tardia – de um exposto e condenado pela mídia na Lava jato e absolvido pelo juiz Moro, que legitima aquelas operações.

O comentarista Paulo Coutinho acertou na mosca: “É o expectro (sic) da ditadura que continua vigiando nas atitudes do pig e dos filhotes ainda encastelados nas instituições”.

Mais uma de Moro
Já registramos em outros instantes do grande risco – e grave, pelas consequências – de a Operação Lava Jato cair em desgraça em razão dos abusos cometidos pelas autoridades nela envolvidos: de delegados da Polícia Federal a titulares do Ministério Público federal e o juiz Sérgio Moro.

Mais uma, a partir do que observa o advogado Thiago Gomes Anastácio em O crime e o homem: a Justiça está incitando um delito

Pior que o soneto
As redes abriram espaço para qualquer um postar o que entende. Algumas são típicos absurdos, produto de mentes alienadas, mesquinhas em várias abordagens, reflexo de limitações que vão da intelectual à mental.

Mas, por outro lado, abre espaço para que muito do que é escondido pela mídia no poço de seus interesses seja escancarado, às vezes – e em muitos casos – com deboche. 

Como algumas montagens a partir da tarja preta sobre as iniciais que podem ser de José Serra em relatório da Polícia federal, divulgadas pelo Estadão.

A tentativa de proteger Serra deu com os burros n’água. Típico do ‘a emenda foi pior que o soneto’.

           
MAIS


Tardio recurso
Lula (man)ter contato com Marcelo Odebrecht é sinal de prática criminosa, como se alardeia pela imprensa a partir dos vazamentos da Polícia Federal. 

Mas quando José Serra aparece em telefonema com Marcelo – o que não significa irregularidade – aí a PF põe uma tarja preta sobre as iniciais JS.

Ocorre que o nome de Serra já havia aparecido em relatório. 

Quem tem... tem medo
O atual presidente da CBF (diante do que fazem outros tantos o nome de cada um fica dispensado) se recusa a viajar par atender aos reclamos da FIFA.

Tá explicado.

Novo proponente a uma delação premiada lá nos EUA-FBI pode ser a razão. 

Del Nero tem razão. Quem tem... tem medo.

Até quando?
Neófito nos cueiros ginasianos, idos de 1960, tempo em que no curso daqueles quatro anos vivenciava-se Latim, Música, Francês (3 anos), Inglês (3 anos).
No emaranhado das descobertas nos debruçávamos sobre “Le ciel il’est bleu”, "The book on the table" etc. 

E muito especificamente – graças às exigências do professor padre Sebastião Bezerra, o Latim se nos afigurava mais importante que qualquer outra aprendizagem: Quosque tanden Catilina abutere patientia nostra, Alea jacta est,  Rosa, rosae, rosarum etc.

Que falta nos faz o Latim: quosque tanden Eduardus, Calheirus, Aecius etc.

Queimando dinheiro
O gasto do Governo Federal com a mídia contraria seus critérios postos a distribuição dos recursos: número de telespectadores, de leitores etc.

A palavra distribuição encaixa-se perfeitamente à circunstância de que o que ora ocorre é desperdício, quando se trata dos gastos com televisão, o que não ocorre com rádio, revistas, jornais e internet. 

Basta que acompanhemos os argumentos e explicações de Antonio Lassance no Observatório da Imprensa leia para compreender o gráfico abaixo, que traduz a relação desproporcional entre os 
                        gastos_habitos

São resultantes dos seguintes dados analisados a partir dos critérios do próprio Governo federal, através da SECOM.

habitosdeconsumo
A pergunta: "Em que medida, então, os gastos de publicidade da Secom e das estatais refletem os hábitos midiáticos dos brasileiros? Aí é que está: não refletem. Eis a fábula da mídia técnica desmentida:
gastospublicidade
Portanto  afirma-o Lassance , com base em dados técnicos; dados de audiência; dados de pesquisa; dados oficiais; a mídia técnica do Governo Federal, de técnica, só tem o nome. Desrespeita os dados que a própria Secom tem em mãos, pelo menos, desde 2011.Fonte: tabela do autor com base em dados disponíveis em http://www.secom.gov.br/pdfs-da-area-de-orientacoes-gerais/midia/total-administracao-direta-todos-os-orgaos-indireta-todas-as-empresas.pdf"

Itabuna e as eleições municipais I
No elenco de candidaturas surgiu a de Carlos Lear. Respaldada no capitalismo grapiúna, caso possamos afirmar que a turma disponha de alguns milhões de reais em recursos para garantir uma eleição.

Caso disponha, onde a crise?

Itabuna e as eleições municipais II
Definido  de forma mais tranquila  o quadro sucessório no que diz respeito à oposição ao Governo da Bahia, com PMDB, PSDB e DEM. Prontos a se concentrarem torno de um só nome, se conveniente for. 

No que se refere a possíveis candidatos que encontrariam seu apoio (do Governo) os nomes girariam em torno dos encontrados no PRB, no PT e no PCdoB.

A grande incógnita continua representada naquele nome que seria (e será se o quiser) candidatura à reeleição: o do prefeito Claudevane Leite.

No entanto, ainda que nome natural, o atual prefeito não demonstra publicamente disposição para reenfrentar as urnas.

Sua postura – abrindo caminho para especulações e até mesmo candidaturas dentro de suas hostes – poderia ser interpretada como um jogo bem urdido visando detonar algum nome que pretenda ser o ungido pelo Governo estadual. 

Dando vazão ao terceiro até – o escolhido já, ou que se sinta nesta condição – que não corresponda à vontade ou participação da cúpula estadual.

Sob esse viés, estaria aguardando findar prazos legais para inviabilizar a saída deste alguém a tempo de conseguir uma sigla que o permitisse concorrer.

Uma outra especulação  deste escriba  gira em torno da possibilidade de assegurar o controle da gestão para quem fosse vice em sua chapa de reeleição, que assumiria depois de um certo tempo de curto cumprimento do novo mandato. 

Tal considerar levantaria a ambição dos dois rivais imediatos, tanto do PT como do PCdoB. Muito interessante para o PT, que poderia indicar um nome sem riscos de um débâcle interno de maiores consequências.

Ocorre que também poderia estar cozendo o galo em fogo brando enquanto os interessados buscam espaço, quando então definiria seu apoio a algum deles.

O difícil neste jogo é que o Governo venha a aceitar  sem definir antecipadamente  uma aventura capitaneada por Claudevane Leite que beneficie alguém que não esteja como fiel de balança no processo.

Outras duas incógnitas (PT e PCdoB) serão mais adiante analisadas.

sábado, 25 de julho de 2015

Entre o dito

E o não dito
No correr desta semana acompanhamos manifestações – as mais diversas – envolvendo o nome do ex-presidente Lula. Desde sua possível incriminação como favorecedor da Odebrecht – na inusitada forma de tráfico de influência aventada por um titular do Ministério Público Federal de Brasília – ao texto de Marcos Coimbra na Carta Capital deste fim de semana (disponibilizado pelo Conversa Afiada aqui), passando por entrevista de Ciro Gomes na TVAfiada. aqui

A destacar – no plano da observação que norteia este escrever – que a carga recebida por Lula em sede da imprensa hegemônica repete-se, como em outros instantes, desde o inesquecível destaque à declaração de um prócer do capitalismo paulista em 1989, afirmando que a eleição do nordestino metalúrgico ‘expulsaria’ do país 300 mil empresários. Ou seja: quebraria o Brasil.

No plano da carga que lhe move a mídia – e ao PT, e, por tabela, ao Governo Federal petista – para enfraquecer (e massacrar) o projeto de Governos que sustentam uma reformulação na política de Estado brasileira, Lula permanece no centro do tiroteio. Nos moldes em que esteve no imediato do denominado ‘mensalão’ petista, quando caminhava para a reeleição em 2006. Portanto, no quesito alvo de avaliações negativas Lula permanece o mesmo – assim vemos.

No entanto – este o móvel deste textuar – duas vertentes estiveram no horizonte: a fala de Ciro Gomes – em que afirma que Lula perderá as eleições de 2018 – e a análise de Marcos Coimbra – de que o ex-presidente dispõe de capital eleitoral para vencer as mesmas eleições, caso seja candidato.

Ao leitor, a disponibilização dos fatos, vídeo de Ciro e texto de Coimbra, para contribuir na formação de um juízo de valor.

De nossa parte, mais nos aproximamos do que pode estar impregnado no imaginário do brasileiro (naturalmente afastado aquele que ingressa no atual cenário e formula sua consciência a partir da ‘verdade’ da imprensa) e posto em rodapé neste espaço (temos dificuldade na busca, em razão de nosso limitado domínio técnico com a ferramenta): ainda que parcela considerável do eleitorado que votou no PT e Dilma esteja decepcionada, quando no debate entre experiências petista e as imediatamente anteriores (FHC) a comparação entre um e outro período tende a quem se beneficiou de qualquer deles – particularmente o do PT – a votar pela manutenção que lhe beneficia.

Entre o dito e o não dito cabe esperar pelo 'sentido/experimentado'.


sexta-feira, 24 de julho de 2015

A dúvida

Afogando a Democracia
Muito interessante – pelo viés de sua abordagem – o texto de Paulo Moreira leite publicado no 247 aqui. Trata dos riscos – típica espada de Dâmocles – que pesa sobre a cidadania, que se vê lançada aos porcos a partir da atuação do Ministério Público no exercício pleno da atividade investigativa, quando dela caberia ser fiscal.

Em que pese a Constituição da República haver-lhe outorgado autonomia – que Sepúlveda Pertence diz ter sido a “criação de um monstro” – o atual Supremo Tribunal Federal – em mais uma de suas interpretações’ – entendeu caber ao MP também a plena capacidade investigatória. 

A propósito – é o próprio PML quem chama a atenção – o ministro Marco Aurélio Mello, em voto contrário ao resultado, considerou o fato uma inversão “da ordem natural das coisas. Quem surge como responsável pelo controle não pode exercer atividade controlada. O desenho constitucional relativo ao Ministério Público na seara penal pauta-se na atividade de controle externo da polícia. Deve ser tutor das garantias constitucionais.” 

Em linguagem simples, direta e popular  ainda que exagerada no mutatis mutandi  Sua Excelência simplesmente afirma que a situação se assemelha ao próprio investigado conduzir a investigação.

A situação – posta no âmbito da particular e singular fragilidade histórico-sócio-cultural que norteia a ainda incipiente Democracia brasileira, tende a nos levar ao estágio de típico estado policial, onde não mais as garantias constitucionais – esteio da cidadania – hão de sustentar a investigação (como já ocorre no instante, em inúmeros casos apurados na esteira da Operação Lava jato) mas a ‘dúvida’, a ‘suspeita’, deste ou daquele titular deste ou daquele órgão investigativo (por origem) ou fiscalizador (tornado aquele, por derivação/interpretação pretória).

Para demonstrar o quanto incipiente nossas instituições democráticas basta ver-se o que faz e como age a imprensa (originalmente informativo-opinativa), tornada órgão de acusação e de condenação, baste que ‘entenda’ – ao seu alvitre e interesse – que alguém deva ser culpado.

O drama surrealista é tamanho, a ponto de um prócer do TCU denunciar pressão para rejeitar contas de Dilma. Ou seja, não são os dados técnicos que estão a definir uma decisão, mas o como responder às pressões externas (leia-se, da mídia).

Bem diferente – como observa PML – do que ocorre nos EUA – país que muitos por aqui gostariam de ver como nosso tutor, mas que se comporta, pela força de suas instituições democráticas, em outro patamar: “informações sobre um inquérito criminal não podem ser veiculadas por jornais nem pela TV. Isso provoca — obrigatoriamente — a anulação do julgamento. É que por lá “Vale a convicção de que a mídia tem o poder de influenciar os cidadãos comuns que irão compor o júri.

Nesta Itabuna – porção desta terra de São Saruê – já vimos, em mais de uma oportunidade, iniciativas do Ministério Público estadual destituídas de ‘justa causa’. Ou seja, destituídas de motivos. 

A presunção levou um determinado promotor a promover – contra uma gestão em que a Procuradoria-Geral não aceitava ilações – um inusitado ‘inquérito civil preventivo’ (nem mesmo um mísera denúncia anônima o amparava), ainda que devesse compreender um princípio sustentáculo universal do Direito, de que dolo não se presume.

Ou seja: na ausência de indícios (justa causa) buscava construí-los. 

Talvez até quando levantasse uma 'dúvida', como pondera Paulo Moreira Leite.

No fundo – entre um e outro exemplo  a dúvida afogando a Democracia.


domingo, 19 de julho de 2015

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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Mistério ampliado
As cabeças de pedra da Ilha de Páscoa sempre alimentaram mistérios. A começar por saber quem conduziu e esculpiu tais gigantes. 

Antes imaginaram tão somente cabeças. Descobrem que são corpos. Muitas toneladas a mais, mais que o dobro. Alguns com inscrições.

Amplia-se o mistério.

             easter-island-statue-bodies-2                   

Faltou cueiros
Os meninos da Grécia anunciaram-se ao mundo como cabeça de ponte do enfrentamento ao sistema financeiro. 

Ainda que caiba aguardar pelos desdobramentos do vai-e-volta, não custa afirmar que lhes faltaram cueiros.

Yanis Varoufakis, ex-ministro da Fazenda da Grécia, em entrevista a uma emissora austríaca, destacada pelo Guardian aqui, não poupou críticas à reviravolta, que contraria a vontade manifesta no plebiscito que disse 'não' à proposta da União Europeia, denominando o acordo de 'novo Tratado de Versailles':

“Esse é um novo Tratado de Versailles que ronda a Europa. Em 1967, o Golpe de Estado que destruiu a democracia grega veio sob a forma de tanques. Bem, dessa vez foram os bancos.

Não custa lembrar o passado a que se refere Varoufakis, relendo "As consequências econômicas da guerra", de Lord Keynes. Os desdobramentos todos temos obrigação de conhecer: a ascensão do nazismo na Alemanha.

Até porque o que fazem por lá repercute aqui.

Razões imediatas
O acordo costurado por Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, Rússia e China com o Irã  que deve ser referendado pelo Conselho de Segurança da ONU nesta segunda 20  não mostra a razão imediata do interesse comum: o avanço, mais que alucinante (em todos as dimensões, incluindo a psíquica) do Estado Islâmico, de quem o Irã também é adversário.

O incômodo a Israel  que perde espaço na geopolítica do Oriente Médio  será definido pelo Congresso dos EUA  onde os judeus sionistas exercem forte lobby  que legitimará ou não a participação estadunidense no acordo.

Outra observação deste provinciano observador: reflexos no preço do petróleo a médio prazo. O que nos interessa.

                                 

Semântica
Alguém na rede  é por lá que muito se interpreta  levantou a distinção elementar no plano de conceito sobre propina, vinculando-a a da Polícia Federal – órgão estatal de atuação singular na contemporaneidade: 

“A PF sabe distinguir doação de propina: doação é para a oposição e propina é para o PT”.  

Sensatez
O Senado da República existe originariamente como espaço de equilíbrio e maturidade na edificação de leis. Tal maturidade e equilíbrio acabam de ser demonstrados na aprovação ocorrida na última terça 14. Expressa uma revisão do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) no que diz respeito às práticas ilícitas cometidas por crianças e adolescentes, elevando para 26 anos o período de internamento compulsório. Ou seja: o menor adolescente que tenha cometido delito grave permanecerá custodiado até oito anos depois de completados os 18 que lhe dão maioridade.

Neste particular, pode constituir-se em apenação gravíssima, uma vez que uma custódia a partir dos 12 anos o levará ao cumprimento de 14 anos em regime fechado.

A maturidade do Senado reside no fato elementar: não é a redução da maioridade penal a solução. Mas a certeza de que a impunidade não beneficiará o infrator por ser menor de 18 anos.

O projeto aprovado  defendido pela OAB aqui  ainda contempla o agravamento de pena para o adulto que se utilizar do menor para a prática ilícita.

Não fosse...
O circo armado por Eduardo Cunha – culminando com sua declaração de tornar-se oposição ao governo Dilma (o que já exercia de fato) – é parte das consequências de uma gama de raios que caem sobre sua cabeça e põem sua carreira política em risco. O maior deles – no momento – a recondução do Procurador-Geral da República ao cargo.

Para completar, se havia fatos criminosos que o atropelavam, uma delação em depoimento que se origina na Lava Jato caiu como um tsunami sobre sua vida e patrimônio: achaque para obter 5 milhões de dólares de uma empreiteira (mais um), além de ameaças a investigados, estendidas a familiares, para que não seja citado em depoimentos.

Escolheu – como defesa – acusar/responsabilizar a presidente Dilma por tudo o que lhe acontece como se fosse culpada pelos vários processos a que responde, desde sua aliança com PC Farias, no final dos anos 80.

A lona do circo de Eduardo Cunha pegou fogo. Por facilidade do próprio, que acendeu uma fogueira onde havia combustível armazenado junto à cobertura (a lona). Resta-lhe o vazio para o espetáculo.

Faltará público e artistas porque – para completar – ninguém trabalha sob chuva, oriunda da tormenta que restará do tsunami que sacode Cunha.

Não fora o apoio da mídia – que o tem na condição de inviabilizador mor do governo –, e estivesse na condição de um Severino Cavalcanti, já estaria apeado do poder e do mandato.

Além da queda...
Não se considere a imagem de Eduardo Cunha trilhando a estrada de Damasco para pregar a Boa Nova. Não bastassem os processos e a investigação oriunda na Lava jato agora precisa responder à Receita Federal e aos auditores da Delegacia Especial de Maiores Contribuintes, que instauraram procedimento fiscal diante do recolhimento do Imposto de Renda entre 2010 e 2013, para que justifique os rendimentos obtidos no período, conforme divulgado pelo noticias r7 aqui.

O objeto de atenção nas apurações do órgão não deixa dúvidas: ‘maiores contribuintes’.

Naturalmente acusou a presidente Dilma. Quando simplesmente deveria sair de grande. Basta comprovar os rendimentos.


Casuísmo
Atropelando a Constituição, como tem feito, não será surpresa se a ‘base de sustentação’ de Eduardo Cunha levar ao Congresso um projeto de lei elevando a maioridade penal para setenta anos.

Confissão
Eduardo Cunha anunciou e já começou: desengavetamento de tudo que possa criar embaraço para o Governo/Dilma/PT. Para festa e gáudio da mídia e da oposição.

A confirmação de suas ameaças, no entanto, são uma confissão de culpa.

O circo foi armado na reunião com o ministro Gilmar Mendes. 

Que – no mínimo – assegurará a Cunha a liberdade/arquivamento de denúncias na hora necessária através de habeas corpus.

Campanha I
Inegavelmente Eduardo Cunha foi um dos mais competentes observadores e tradutores da realidade imediático-midiática. Percebeu o que estava lançado à percepção do imaginário da sociedade desde as mobilizações de junho/2013. Delas se utilizou.

Suas ambições pessoais  antes vitoriosas nos resultados materiais  transformaram-se na precipitação de suas pretensões/ambições políticas. 

Por tal viés tornou-se surrealista personagem no xadrez democrático tupiniquim, quando ocupando um dos pilares das instituições preconizados por Montesquieu para o Estado moderno (o poder legislativo) imaginou-se deter 'o poder' absoluto. (Aí reside o surrealismo, porque Montesquieu combatia justamente o Absolutismo).

Tal postura levou-o, inclusive, a violar a própria Constituição da República, para corresponder aos interesses que defendia.

Campanha II
As redes veiculam pedidos de 'Cunha na cadeia'. É o assunto mais comentado no Twitter durante a semana que passa. 

Sinal de que a farsa circense armada somente convence a quem dela se beneficia.

No entanto, o que a turma do twitter pede depende de decisão judicial. 

Que somente será viabilizada com a pressão concreta e efetiva da sociedade através das mais várias organizações (OAB, CNBB, ABI etc.) e movimentos sociais.

E só ocorrerá quando as forças beneficiadas por Eduardo Cunha não mais precisarem dele. Ou sua inconveniente companhia causar respingos.



O que espanta
Uma instituição ou um cidadão ser investigado não causa espécie. Impõe-se, tão somente, a existência de motivo – justa causa, no jargão jurídico – para a investigação.

A considerar as ilações de um Procurador da República o ex-presidente Lula poderia estar influenciando autoridades de países estrangeiros para contratação de empresas brasileiras, uma vez que estudos e padrões técnico-financeiros de instituições nacionais não estariam no deslinde dos fatos, tanto que não aventados nas ‘suposições’. 

Não bastasse, o ilustre personagem – dado pouco a trabalhar, tanto que sob apuração interna em razão de sua indolência – atropelou todas as normas para ocupar o espaço da colega enquanto de férias.

Dizem as más línguas que o dito cujo anda querendo se proteger usando Lula aqui.

Para melhor acompanhar as circunstâncias  que espantam o cidadão, quando consideradas as várias violações cometidas pelo Procurador  recomendamos a seguinte leitura, para formação de juízo próprio clique

Eleições 2016 I
Algumas candidaturas estão postas, em seara definitiva. Umas como peça de apoio a outras pretensões político-eleitorais; outras, para manter posicionamentos e evidências; e, ainda, as que se encontram no universo da pura e simples sobrevivência.

A oposição – aqui analisada em relação ao governo estadual – terá candidatos. No perfil atual definidos entre candidaturas do PMDB, PSDB e DEM. Entre os nomes naturais destacam-se: Azevedo, Fernando Gomes e Augusto Castro. Castro lidera os melhores pontuados.

Acena na curva Antônio Mangabeira, fortalecido pela assunção do PDT local. O que não significa grande coisa – assumir o comando partidário em Itabuna – diante da dependência ao estadual e ao federal.  Acertos no alto lançam por terra promessas e esperanças. Mangabeira será mantido caso não encontre o PDT estadual e nacional acordo maior. E mais, enquanto houver a certeza de que será um compromissado cabo eleitoral para os respectivos dirigentes.

Partidos como o PSOL, PSTU e PCB manterão posição, enfrentando os gigantes. 

Eleições 2016 II
PRB, PT e PCdoB caminham na moita  uns  e na muda  outros. Com possibilidade de se fazer presente no certame uma outra sigla partidária.

Claudevane Leite, Geraldo Simões e Venceslau/Davidson articulam o centro da disputa em nível de situação. Leia-se, com apoio do Governo do Estado.

Assunto para o correr desta semana neste espaço. 

Dispensando pretensões
Não se pode afirmar que outras pretensões haja que não as contidas no resultado poético exposto na melodia simples que se repete a cada estrofe. Agrada, no entanto, e convence, pela mensagem proposta: o de grande e universal abraço de amizade e solidariedade.

É o que quer e diz a paraibana Flávia Wenceslau em "Te Desejo Vida", de sua autoria e interpretação.