Das farpas
As farpas trocadas entre o ex-senador Demóstenes Torres e o senador Ronaldo Caiado apresentam-se como se entre os dois houvesse um desentendimento de importância não tão significativa.
No entanto a coisa representa bem Mais. Caiado – acusado por Demóstenes de receber dinheiro do esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira – acusa-o de "psicopata" e "bandido", amenas sutilidades para companheiros de um partido atualmente denominado DEM, que já foi PFL há pouco tempo e Arena mais remotamente.
Demóstenes o tem (a Caiado) na conta de "mitômano", "tíbio" e "dissimulado"
Demóstenes se encontra no limbo. Cassado por suas relações com Cachoeira, amizade que não nega. Está pagando por aquilo que cometeu, vingança da vida contra um 'paladino da moralidade' hoje lançado aos leões por aqueles que tanto o elogiavam.
Caiado ocupa cadeira cativa entre muitos outros que se portam como vestais da moralidade.
Amparado na mesma fonte: Carlinhos Cachoeira. Como o diz o ex-colega Demóstenes Torres.
Naquele a origem das amenidades.
Em forma de farpas.
terça-feira, 31 de março de 2015
domingo, 29 de março de 2015
Destaques
DE RODAPÉS E DE ACHADOS
___________________
Geopolítica
O
Brasil seguiu, em nível de Ocidente, a linha adotada pela Alemanha, França, Itália,
Holanda, além da Rússia e da Turquia, e aderiu ao Banco Asiático de Investimento em
Infraestrutura criado pela China, tornando-se dele sócio fundador.
É
o contraponto ao controle estadunidense exercido através do Banco Mundial e
FMI. Uma nova geopolítica no controle do universo dos investimentos internacionais.
Há
por aqui quem queira cortar os pulsos. Aqueles que sonham em retorno do alinhamento Brasil-EUA.
Este como oráculo.
Só
os pequenos
“Aqui
só os pequenos devedores pagam. Os grandes, não” – diz alguém do CARF, flagrado em escuta telefônica.
Sempre foi assim. E continua.
Não se sabe até quando.
A
Operação Zelotes, da Polícia Federal, apoiada em escutas telefônicas
autorizadas pela Justiça, flagra suborno a membros do Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), do Ministério da Fazenda, através do
qual devedores conseguiram não só reduzir as dívidas, mas também fazê-las
desaparecer.
Um
simples pedido de vista podia custar R$ 50 mil.
Empresas
como o Grupo Gerdau e o Banco Safra pontuam na investigação, que alcança vários
conselheiros – como informou O Globo.
Polícia
e Ministério Público estimam os desvios em 19 bilhões de reais. Nenhum pequeno
devedor!
Não à toa funcionários da Receita Federal falam na existência de sonegação fiscal no Brasil em torno de 400 bilhões de reais.
Não à toa funcionários da Receita Federal falam na existência de sonegação fiscal no Brasil em torno de 400 bilhões de reais.
Reais
que muitas vezes caminham para paraísos fiscais. Incluindo bancos na Suíça.
Como o HSBC.
Não
tão feio
Temos
escrito – a partir da observação provinciana – que as coisas que dizem estar
acontecendo no Brasil não se apresentam como tal. Há alguma dificuldade –
ouve-se – refletida em preços e quejandos. A alta de combustível, por exemplo,
não fez o proprietário deixar o veículo na garagem. Que o diga o trânsito de
Itabuna.
Encontramos
em Jânio de Freitas (Desajuste), na Folha:
"O
Brasil, a partir do próprio governo e com os alto-falantes de sempre, diz-se, e
diz ao mundo, que 2014 o deixou em estado de coma. Não é verdade. O Brasil não
é, como está apresentado, a Grécia, não é a Espanha, não é Portugal, nem se
assemelha a esses ou qualquer outro posto em desgraça pela crise ocidental
criada por corrupção e golpes da rede bancária dos Estados Unidos."
Qualquer leitura mostra-nos uma situação tendente a prolongada estagnação econômica na Europa, onde há países (como a Grécia) que enfrentam desemprego de 50% entre os jovens de até 25 anos. Ou Espanha e seus 25% de desempregados. Por lá só em situação melhor, a Alemanha.
A desvalorização do real frente ao dólar é a que ocorre com 20 das principais moedas do planeta. Muito causado pelo fato de o dólar estadunidense ter-se tornado moeda reserva a partir de Brenton Woods, no imediato do pós-guerra. E, portanto, abrigo a cada espirro da economia mundial – muitos deles mais promovidos pelas agências de risco.
Se
não tão feio como se pinta a quem interessa ‘pintar’ em aprofundada crise o
país? E o que diz o Governo para justificar o que pinta?
Mas, a observação desse escriba provinciano diz que tudo tem uma razão e um interesse por trás. No caso da terra brasilis uma tal de Petrobras – sonho de consumo internacional com seus bilhões de reserva no pré-sal - com sua capacidade técnica reconhecida internacionalmente.
Corrupção – o mote – é conversa para boi dormir. Que o digam os que acumulam a riqueza angariada aqui aplicando-a em imóveis e bancos lá de fora.
Bem pior com Aécio
Não se tenha Cláudio Lembo como expressão do pensamento gauche no Brasil. Tampouco que seja filiado ao petismo, muito menos que busque benesses governamentais.
Em entrevista ao Valor o ex-governador de São Paulo pelo DEM declarou com todas as letras o que pensa do 'pensamento tucano':
Valor: Como o PMDB pode ser inimigo sendo o principal aliado?
Lembo: Ele não é inimigo. O PMDB é um partido que caracteriza bem as qualidades e os defeitos dos brasileiros. Sabe dialogar, sabe se impor nos momentos certos, sabe ocupar a máquina do Estado. Eles são os únicos que permaneceram desde a redemocratização. Eles têm uma linguagem popular, coisas que os tucanos não têm. Tucano não sabe transmitir e é odiento. Alguns senadores tucanos do Senado nutrem ódio que não é próprio da democracia. Um senador não pode dizer “quero vê-la sangrar”. É feio.
Valor: Estimular ainda que veladamente a discussão sobre o impeachment da presidente é um desejo real ou jogo de cena?
Lembo: É a postura real de alguns setores do PSDB. Particularmente aqueles que foram diretamente vencidos na campanha eleitoral. Estão muito cheios de ódio.
Valor: Então a tese do terceiro turno tem validade?
Lembo: É nítida. Muito nítida. Mas não é todo o PSDB. Também tem gente equilibrada. O governador de São Paulo não tem entrado nessa conversa.
(…)
Valor: Como o senhor vê a tese do estelionato eleitoral? Dilma está fazendo o que seu adversário pregou?
Lembo: O adversário não pregou o que está sendo feito. Ele falava numa economia alegre, leve, do Rio de Janeiro… da Casa dos Cisnes…
Valor: Casa das Garças.
Lembo: Isso. Aquela gente de sempre, que agrada profundamente o sistema financeiro. Acho que se o Aécio ganhasse o quadro social seria muito mais grave, porque o atingido seria outro público.
Classe diferenciada
Ainda
que uma categoria profissional voltada para a defesa dos ideais de Justiça, o
que pressupõe – quando nada – da defesa da igualdade, a advocacia brasileira
não escapa das circunstâncias que em muito norteiam a cultura nacional, quando se trata de obter privilégios.
Na
terra onde juízes recebem custeio para aluguel – ainda que residindo em casa
própria – não é demais compreender a ‘conquista’ da advocacia junto ao sistema –
como a obtenção de “fundos de investimento e linhas de crédito com taxas abaixo
das praticadas pelo mercado”, como deixa claro matéria do site da entidade, na
sexta 27: Advogados têm benefícios da Caixa Econômica via convênio com a OAB.
"Brasília – A OAB Nacional e a Caixa
Econômica Federal firmaram convênio que irá beneficiar a advocacia brasileira.
As vantagens estão ativas e é possível se informar e usufruir dos benefícios em
qualquer agência da Caixa, sem qualquer custo adicional.
Dentre as principais vantagens estão:
linhas de crédito especiais para aquisição de imóveis, subsídios para equipar
escritórios, cartão de crédito com certificação digital e programa de milhagem
que poderá ser utilizada para o pagamento de anuidades com a OAB, fundos de
investimento e linhas de crédito com taxas abaixo das praticadas pelo mercado,
além de prioridade no atendimento nas agências bancárias.
Marcus Vinicius destaca o empenho do
diretor-tesoureiro da entidade, Antonio Oneildo Ferreira, que conduziu as
negociações. “São benefícios que só poderiam ser auferidos com a força dos mais
de 850 mil advogados brasileiros”, afirma o presidente.
Oneildo Ferreira salienta que não haverá
qualquer custo adicional nos serviços oferecidos aos advogados. “Obtivemos
condições em que há efetivamente o oferecimento de tarifas diferenciadas, que
não existirão no balcão da Caixa aos demais correntistas”. Ele afirma, ainda,
que a Caixa será parceira das seccionais para o patrocínio dos eventos que
colaborem com o aperfeiçoamento jurídico."
Nada
a acrescentar. A não ser singular dialética: ou a categoria não anda bem das pernas financeiramente (e aí à própria OAB cabe explicar) ou – se o anda – embarcou no famoso 'também quero meu pirão primeiro'.
De tempos idos
De tempos idos
Em
tempos de conveniência maniqueísta a luta do Bem contra o Mal torna fácil a
mensagem forçada ao condão de Ética. Desde que Maniqueu, no século III da Era
Cristã dualizou o mundo em matéria e espírito, expandido-o pelos ventos do
Cristianismo, ainda que não se explique – ou não se domine a explicação –
dualizar no combate, entre um e outro – fundado na Moral – mais se introjeta
como discurso de alcance facilmente compreensível.
Não
são discutidas as origens de existência do que se questiona, como meio de matar
o mal atingindo sua raiz. Mais simples colocar os opostos em duelo.
Nesse
viés a sempre presente corrupção – ora tida como recente – que permeia a
história do país desde o instante em que Pero Vaz de Caminha – aproveitando do
relato sobre a ‘descoberta’ da “ilha de Vera Cruz” – pede a D. Manuel emprego para um
sobrinho. É o primeiro relato de um achaque a partir da terra brasilis.
Seria
interessante que todos conhecessem “Estranhas Catedrais – As Empreiteiras
Brasileiras e a Ditadura Civil-Militar” (2014), de Pedro Henrique Pedreira
Campos (foto), professor de História da UFRRJ, lançado pela Editora da UFF.
Analisa
o avanço das empreiteiras, desde que superaram sua dimensão regional, a partir
dos ‘50 anos em 5’ do governo Juscelino até a contemporaneidade, passando pelo que
representaram, em nível sustentação e benefícios do regime ditatorial, a ponto
de afirmar “Elas foram sócias da ditadura”.
Apurar o corrido nos tenebrosos tempos não mais será possível. Mas bem que poderíamos avançar em torno de uns tempinhos mais recentes, em torno de duas a três décadas. Em todos os quadrantes do país.
Sobreviver, ainda que tarde
A audiência dos principais produtos da TV Globo vai despencando. O Jornal Nacional já transita abaixo dos 19 pontos de audiência em São Paulo.
A mesma Globo pagou mais imposto em 2014 que no ano anterior.
Este provinciano escriba tergiversa por compreender: ou a Globo anda cobrando mais ou o Governo Federal deu de dispensou mais recursos no ano que passou.
Ou – quem sabe? – a platinada tenha deixado de sonegar!
Vigília
Em
defesa do ministro Gilmar Mendes queremos entender que deve estar com problemas
de vista e não quer confessar o drama. Não fora isso soa mais à defesa da
safadeza político-eleitoral reter o processo que já condena o financiamento
privado de campanhas políticas.
Certo que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) uniram-se em defesa do cobrança ao presidente do STF no sentido de que retome a votação, que se encontra sob os escaninhos do ministro Gilmar Mendes há um ano, sob pretexto de vistas para análise.
RESOLUÇÃO Nº 278, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2003
Publicada no DJ de 18/12/2003Regulamenta o artigo 134 do Regimento Interno.
O PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, no uso das atribuições que lhe confere o inciso XVII do art. 13, combinado com o inciso I do art. 363 do Regimento Interno, e tendo em vista o decidido na Sessão Administrativa de 11 de dezembro de 2003, Processo Administrativo nº 318350,
R E S O L V E:
Art. 1º O Ministro que pedir vista dos autos devera devolvê-los no prazo de 10 (dez) dias, contados da data que os receber em seu Gabinete. O julgamento prosseguirá na segunda sessão ordinária que se seguir a devolução, independentemente da publicação em nova pauta.
§ 1º Não devolvidos os autos no termo fixado no caput, fica o pedido de vista prorrogado automaticamente por 10 (dez) dias, findos os quais a Presidência do Tribunal ou das Turmas comunicará ao Ministro o vencimento do referido prazo.(Parágrafo alterado pela Resolução nº 322/2006 de 23/05/2006 - DOU 29/05/2006)
Pouco confiando no sucesso da iniciativa a turma da CNBB anunciou vigília em frente ao Supremo Tribunal Federal.
E Gilmar naquela de 'tô nem aí!'. Ou pode ser que o Bessinha esteja certo.
Perturbador
Estranha
a utilização pelo juiz Moro sobre o que estaria contido na planilha apreendida
com Youssef sobre caminhos da safadeza que administra. Declarou er 'perturbador' o que nela há.
Não sabemos se por conter nomes como citado em vídeo (Aécio Neves) e outros próceres que – até comportamento em contrário – o magistrado parece não em interessar em punir.
Mas, seria muito
melhor que Sua Excelência trouxesse a público o que o perturba.
Melhor
que vazamento seletivo.
Piada
pronta
A
fera Joaquim Barbosa prendeu e esquartejou na AP 470 – o mensalão petista.
Ainda que relator do ‘mensalão’ do PSDB de Minas Gerais – dispensou-se
de julgá-lo e o enviou às instâncias que correspondem ao juiz natural (que não
respeitou na AP 470).
Hoje
o mensalão do PSDB vive em mortório – como diria provinciano matuto. Tramita
numa vara em Minas que não tem juiz. Supimpa!
À
espera do reconhecimento da prescrição.
Viva
Barbosa!
Ministro
O Ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, andou por Itabuna nesta sexta 27.
Ministros da República andam raros por aqui.
Não se compara com os anos de 2003 e 2004, quando tornaram Itabuna em verdadeiro pouso.
Improbidade I
Anunciada condenação de Fernando Gomes por prejuízos causados ao erário municipal, desviados da Saúde.
Além de multa e devolução de quase 1 milhão de reais, o pior: impossibilidade de candidatar-se em 2016.
Geraldo Simões agradece.
Improbidade II
Estranhou-nos que somente Fernando tenha sido punido. O(s) secretário(s) de seu tempo talvez esteja(m) preocupados.
Rezando para que a teoria do 'domínio do fato' esteja satisfeita – e se baste – com a condenação do ex-alcaide.
Sei não!
É só aguardar os desdobramentos. Pois muita água ainda rolará por baixo da ponte da sucessão municipal.
Mas que Geraldo Simões sonha, isto sonha. E vai dando certo.
As possibilidades de articulação(ões) que levem a vencer o pleito – em qualquer partido a que esteja filiado – caminham mais a seu favor.
Deixando o PT com as barbas de molho. Cevando a unção para sua indicação. Rezando para que permaneça no partido.
sexta-feira, 27 de março de 2015
Imprescindível discussão
Nas lições do magistrado
As relações do aparelho judiciário com a sociedade – sob a batuta de muitos de seus membros – tem levantado opiniões. Há demonstrações – entendem muitos – de que algo não está correto.
A
íntegra da entrevista/lição concedida pelo magistrado a Paulo Moreira Leite se encontra disponível no http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2015/03/24/pml-e-o-julgamento-espetaculo-moro-e-o-diretor-e-jano-faz-midia/
As relações do aparelho judiciário com a sociedade – sob a batuta de muitos de seus membros – tem levantado opiniões. Há demonstrações – entendem muitos – de que algo não está correto.
Razão por que todo
o que trabalha com o universo do Direito deveria incorporar a visão do juiz
Rubens Casara.
Toca na ferida do ‘processo penal espetáculo’ – fenômeno que se
agrava contemporaneamente – como uma nada velada forma de 'corrupção judicial'.
“Ao afastar direitos e garantias fundamentais em nome do bom andamento do
espetáculo, o Estado-juiz perde a superioridade ética que deveria distingui-lo
do criminoso.”
E mais:
“Não se pode
combater ilegalidades recorrendo a ilegalidades ou relativizando o princípio da
legalidade estrita; não se pode combater a corrupção a partir da corrupção do
sistema de direitos e garantias fundamentais. Punir, ao menos na democracia,
exige o respeito a limites éticos e jurídicos. No processo penal do espetáculo,
não é assim. O espetáculo aposta na exceção: as formas processuais deixam de
ser garantias dos indivíduos contra a opressão do Estado, uma vez que não devem
existir limites à ação dos mocinhos contra os bandidos. Para punir os
“bandidos” que violaram a lei, os “mocinhos” também violam a lei. Nesse quadro,
delações premiadas, que, no fundo, não passam de acordos entre “mocinhos” e
“bandidos”, violações da cadeia de custódia das provas e prisões desnecessárias
– estas, por vezes, utilizadas para obter confissões ou outras declarações ao
gosto do juiz ou do Ministério Público – tornam-se aceitáveis na lógica do
espetáculo, sempre em nome da luta do bem contra o mal. Mas, não é só. Em nome
do “desejo de audiência”, as consequências sociais e econômicas das decisões
são desconsideradas. Para agradar à audiência, informações sigilosas vazam à
imprensa, imagens são destruídas e fatos são distorcidos. Tragédias acabam
transformadas em catástrofes. No processo penal do espetáculo, as consequências
danosas à sociedade produzidas pelo processo, não raro, são piores do que as do
fato reprovável que se quer punir.”
E resume
"A espetacularização sempre leva a injustiças,
mesmo nas hipóteses em que crimes são cometidos e seus autores acabam
condenados. É da natureza da espetacularização a deformação da realidade, a
ampliação dos estereótipos, a desconsideração das formas jurídicas como
obstáculos à opressão estatal, o desrespeito aos direitos e garantias
fundamentais e a ausência de uma perspectiva crítica sobre os eventos
submetidos a julgamento."
Sobre
como deveria funcionar a Justiça:
"O Judiciário brasileiro, e não só o Supremo
Tribunal Federal, encontra-se em um momento no qual busca superar a
desconfiança da população. No Estado Democrático de Direito, o Poder Judiciário
assume um protagonismo inédito e, não raro, frustra as expectativas que o
cercam. Nessa busca por legitimidade, em meio ao fenômeno da “judicialização da
política”, por vezes, os juízes acabam por ceder àquilo que o jurista francês
Antonie Garapon chamou de “tentação populista”, que, a grosso modo, significa
julgar para agradar a “opinião pública”, o que guarda semelhança com o fenômeno
da espetacularização do processo. Acontece que, muitas vezes, o que se entende
por “opinião pública” não passa de interesses privados encampados pelos meios
de comunicação de massa. Assim, melhorar o funcionamento do Supremo Tribunal
Federal, bem como de todas as demais Agências Judiciais, passa necessariamente
por não ceder à tentação populista, desvelar as práticas incompatíveis com a
ideia de República e romper com a tradição autoritária que ainda hoje
condiciona a atuação dos atores jurídicos. Para tanto é necessário investir na
formação dos magistrados, na criação de uma cultura democrática e republicana.
Isso só é possível através da educação. A curto prazo, deve-se apostar em
medidas de contenção do poder. Assim, na contramão do que consta da chamada
“PEC da Bengala”, seria saudável e republicano a fixação de um mandato para o
exercício de funções jurisdicionais dos tribunais superiores. Isso não só
oxigenaria os tribunais como afastaria os riscos inerentes à perpetuação do
poder nas mãos de poucos."
Uma lição para ser levada às discussões acadêmicas. Tão omissas diante do debate existente.
quarta-feira, 25 de março de 2015
Visibilidade
À vista
A Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobras, reunindo cerca de 200 deputados e 40 senadores, além de funcionários da empresa, foi lançada oficialmente nesta terça 24, voltada para enfrentar o projeto alimentado por quem deseja entregar a estatal à iniciativa privada internacional.
A Frente, que é uma iniciativa do deputado Davidson Magalhães e da senadora Vanessa Grazziotin, presidida pelo baiano, instalada na Câmara dos deputados, abre um front de luta contra as eternas tentativas de tornar o patrimônio brasileiro submetido ao interesse das petroleiras.
De ressaltar (assim o vemos) que o deputado Davidson Magalhães abre espaço para uma visibilidade como poucos baianos, e particularmente nenhum itabunense, tiveram no cenário nacional.
Ainda que venha a contar com a má vontade da mídia.
Não esquecer que em sua primeira intervenção na Tribuna da Câmara Federal Davidson denunciou a tentativa de fatiamento e entrega da Petrobras proposta pelo senador José Serra em seu primeiro discurso no Senado.
Inegavelmente Davidson assume uma posição de destaque na luta em defesa da Petrobras.
A Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobras, reunindo cerca de 200 deputados e 40 senadores, além de funcionários da empresa, foi lançada oficialmente nesta terça 24, voltada para enfrentar o projeto alimentado por quem deseja entregar a estatal à iniciativa privada internacional.
A Frente, que é uma iniciativa do deputado Davidson Magalhães e da senadora Vanessa Grazziotin, presidida pelo baiano, instalada na Câmara dos deputados, abre um front de luta contra as eternas tentativas de tornar o patrimônio brasileiro submetido ao interesse das petroleiras.
De ressaltar (assim o vemos) que o deputado Davidson Magalhães abre espaço para uma visibilidade como poucos baianos, e particularmente nenhum itabunense, tiveram no cenário nacional.
Ainda que venha a contar com a má vontade da mídia.
Não esquecer que em sua primeira intervenção na Tribuna da Câmara Federal Davidson denunciou a tentativa de fatiamento e entrega da Petrobras proposta pelo senador José Serra em seu primeiro discurso no Senado.
Inegavelmente Davidson assume uma posição de destaque na luta em defesa da Petrobras.
terça-feira, 24 de março de 2015
Para ver
E enxergar
A foto da NASA demonstra quem consome a energia produzida no Brasil.
O detalhe reside no fato de que há gente que também começou a consumi-la. E pode estar causando incômodo
A foto da NASA demonstra quem consome a energia produzida no Brasil.
O detalhe reside no fato de que há gente que também começou a consumi-la. E pode estar causando incômodo
segunda-feira, 23 de março de 2015
O túnel
E a luz
Vozes múltiplas clamam por uma reforma política que – dentre outros aspectos – altere as atuais regras de financiamento de campanhas políticas. Não há uma só voz que trilhe pela racionalidade – excetuam-se, naturalmente, as que se beneficiam do sistema vigente – que não enxergue no financiamento privado/empresarial a fonte de mazelas por que passamos.
Por muitos fica afastada da análise – quando pautada no imediato – as razões por que tal acontece. Poucos os que olham o processo de formação deste país, nascido já na exploração do que aqui existia. Fossem suas riquezas, fosse a sua gente. Esta, aumentada – para fins de exploração – pela imigração negro-africana para corresponder à mão-de-obra escrava que alimentasse o gáudio da casa-grande, alheia e indiferente aos gritos e gemidos da senzala.
Somente entenderemos o que vivemos se pusermos um olhar no passado. Para entendermos que nossas instituições – que não se fazem da abstração de sua existência, mas daqueles que as compõe – reproduzem indefinidamente a remota realidade. Mudam-se as peças, mas a construção é a mesma.
O ministro Gilmar Mendes – expressão nefanda, por seus princípios e posturas no STF – bem traduz uma peça nesta construção que já ultrapassa 500 anos. Sua Excelência repercute, em razão da posição que ocupa, o significado da inserção de peças (idênticas) no contexto do pensamento secular que norteia o espaço em que vivemos.
Ainda que já vencido em decisão dos pares (6 x 1) não se basta em reter indevidamente um processo – com o fito cristalino de evitar a aplicação do quanto já decidido – e se jacta de arauto para dizer – como o fez em entrevista recente – que aquele tema é de competência do Congresso.
Justamente o que trata de financiamento de campanhas eleitorais, um dos motivos de grita nacional. De nenhum interesse para quem se utiliza à forra do sistema. Delegá-lo à raposa para legislar em benefício do galinheiro é o que pretende Sua Excelência.
Mas este é o Gilmar de sempre. De atuação insofismavelmente político-partidária – travestida de opinião – quando diz que cabe ao Congresso definir – para ele de forma diversa – o que os pares já decidiram e ele insiste em não respeitar como derrotado.
Na outra ponta, um magistrado se deixa deslumbrar – e o faz ostensivamente – recebendo premiação de uma entidade privada que pode ser alvo de uma apuração à qual caiba a ele (juiz) decidir. O recebimento da premiação – sob holofotes – compromete não só a imagem funcional mas o caráter do julgador, que se vê embevecido com o laurel.
Tudo isso é parte deste Brasil – terra de São Saruê – de cinco séculos de dominação. Em diferentes modos.
Tempo houve que o domínio das elites exploradoras – nunca tiveram os nativos que a compõe qualquer preocupação com o desenvolvimento do país, e sim com a acumulação (a qualquer custo) de sua riqueza e poder – se bastavam em ter na família um padre e um advogado.
Um para conter o povo através do púlpito com ameaças do inferno para quem não os escutasse; outro, para galgar o poder. Político e judicante.
Por este viés há um túnel diante da presidente Dilma Rousseff. E muita luz adiante dele.
Basta que enxergue quem o ilumina. E a quem deve servir.
Não é difícil perceber que não mais há padres nas famílias, como antigamente. Mas as peças continuam a ocupar a construção com os mesmos propósitos.
Vozes múltiplas clamam por uma reforma política que – dentre outros aspectos – altere as atuais regras de financiamento de campanhas políticas. Não há uma só voz que trilhe pela racionalidade – excetuam-se, naturalmente, as que se beneficiam do sistema vigente – que não enxergue no financiamento privado/empresarial a fonte de mazelas por que passamos.
Por muitos fica afastada da análise – quando pautada no imediato – as razões por que tal acontece. Poucos os que olham o processo de formação deste país, nascido já na exploração do que aqui existia. Fossem suas riquezas, fosse a sua gente. Esta, aumentada – para fins de exploração – pela imigração negro-africana para corresponder à mão-de-obra escrava que alimentasse o gáudio da casa-grande, alheia e indiferente aos gritos e gemidos da senzala.
Somente entenderemos o que vivemos se pusermos um olhar no passado. Para entendermos que nossas instituições – que não se fazem da abstração de sua existência, mas daqueles que as compõe – reproduzem indefinidamente a remota realidade. Mudam-se as peças, mas a construção é a mesma.
O ministro Gilmar Mendes – expressão nefanda, por seus princípios e posturas no STF – bem traduz uma peça nesta construção que já ultrapassa 500 anos. Sua Excelência repercute, em razão da posição que ocupa, o significado da inserção de peças (idênticas) no contexto do pensamento secular que norteia o espaço em que vivemos.
Ainda que já vencido em decisão dos pares (6 x 1) não se basta em reter indevidamente um processo – com o fito cristalino de evitar a aplicação do quanto já decidido – e se jacta de arauto para dizer – como o fez em entrevista recente – que aquele tema é de competência do Congresso.
Justamente o que trata de financiamento de campanhas eleitorais, um dos motivos de grita nacional. De nenhum interesse para quem se utiliza à forra do sistema. Delegá-lo à raposa para legislar em benefício do galinheiro é o que pretende Sua Excelência.
Mas este é o Gilmar de sempre. De atuação insofismavelmente político-partidária – travestida de opinião – quando diz que cabe ao Congresso definir – para ele de forma diversa – o que os pares já decidiram e ele insiste em não respeitar como derrotado.
Na outra ponta, um magistrado se deixa deslumbrar – e o faz ostensivamente – recebendo premiação de uma entidade privada que pode ser alvo de uma apuração à qual caiba a ele (juiz) decidir. O recebimento da premiação – sob holofotes – compromete não só a imagem funcional mas o caráter do julgador, que se vê embevecido com o laurel.
Tudo isso é parte deste Brasil – terra de São Saruê – de cinco séculos de dominação. Em diferentes modos.
Tempo houve que o domínio das elites exploradoras – nunca tiveram os nativos que a compõe qualquer preocupação com o desenvolvimento do país, e sim com a acumulação (a qualquer custo) de sua riqueza e poder – se bastavam em ter na família um padre e um advogado.
Um para conter o povo através do púlpito com ameaças do inferno para quem não os escutasse; outro, para galgar o poder. Político e judicante.
Por este viés há um túnel diante da presidente Dilma Rousseff. E muita luz adiante dele.
Basta que enxergue quem o ilumina. E a quem deve servir.
Não é difícil perceber que não mais há padres nas famílias, como antigamente. Mas as peças continuam a ocupar a construção com os mesmos propósitos.
domingo, 22 de março de 2015
Destaques
DE RODAPÉS E DE ACHADOS
___________________
Como sempre
Ainda
que anacrônica e ultrapassada – para não dizer surrealística em pleno século XXI –
a ‘pátria’ da liberdade continua a de sempre.
Denúncia
de Mark Weisbrot ("Obama prepara o cerco à Venezuela"), no Outras Palavras, dimensiona a postura do
governo estadunidense de Barack Obama, e seu caráter intervencionista em
assuntos alheios, ao remeter ao presidente
do Congresso comunicação de “emergência nacional com respeito à inusual e
extraordinária ameaça à segurança nacional e à política exterior dos EUA que se
manifesta na situação na Venezuela”.
Pelo
alarde é de presumir-se que há no país de Maduro concentração e abrigo de
forças militares e terroristas para invasão dos Estados Unidos, ou – quem sabe?
– prestes a testar uma bomba atômica em terras do Tio Sam, como aventa ironicamente o
articulista.
Não
esqueça o caro leitor o reconhecido envolvimento, pelo próprio Departamento de
Estado dos EUA, na tentativa de golpe militar contra Hugo Chávez, em 2002.
Como por demais sabido, a Venezuela nada em petróleo.
Como por demais sabido, a Venezuela nada em petróleo.
Como
em jogo está o petróleo, não custa o Brasil por suas barbas de molho. Afinal, o pré-sal
é a menina dos olhos da turma de lá.
Não
à toa nossa elite e seu apoio político agem como a turma na Venezuela.
Nenhuma importância
A
mídia se ocupou da exoneração de Wilson Santarosa, gerente de Comunicação
Institucional da Petrobras.
Nenhuma linha para o novo recorde de extração no pré-sal: 737 mil barris/dia, no final de fevereiro.
Nenhuma linha para o novo recorde de extração no pré-sal: 737 mil barris/dia, no final de fevereiro.
Em pouco mais de 8 anos de exploração.
Confirmado
Desvios
na Petrobras ocorrem desde o primeiro governo de FHC. Não bastasse o contido em delações na Lava-Jato (sempre omitidas/distorcidas nos vazamentos seletivos, que buscam apenas criminalizar a empresa, o PT e o Governo) a coisa escancarou de vez.
A Setal Engenharia e Construção, em acordo de leniência firmado com o CADE-Conselho Administrativo de Defesa Econômica confirma, entre outras, a denúncia de Augusto Mendonça, ex-diretor da Toyo Setal à Justiça Federal: o 'clube de empreiteiras' que controlava licitações para obras na estatal atua desde meados dos anos 90, mais precisamente desde o primeiro período de governo de FHC.
Para avivar a memória, lembrai-vos de Joel Rennó, no primeiro governo de FHC.
Piada
pronta
Na
semana passada acompanhamos o inusitado ocorrido em Coronel Fabriciano-MG. Por
lá a Câmara Municipal proclamou o Dia da Esposa do Pastor.
Há
quem esteja sugerindo também o Dia da Amante do Pastor.
Não é piada
Há
quem diga que prepostos do Ministério Público fazem política com suas
intervenções.
Há quem diga que não.
Fica com o leitor a conclusão.
Destacamos – á guisa de ilustração – a iniciativa do Parquet paulista contra as cicloviaa implantadas pela Prefeitura de São Paulo.
Que
– por ironia – é administrada pelo PT.
Outra ironia: há quem
afirme estar a ilustre promotora preocupada com a falta de água.
Quem anda de bicicleta precisa tomar banho; aumento do uso de bicicletas
consequentemente implica em aumento do consumo de água.
Primeira
no ataque
Do site Poder Aéreo: A Tenente Aviadora Vitória Bernal Cavalcanti é primeira mulher a comandar uma aeronave de ataque na Aeronáutica brasileira.
Fora
“Fora Supremo, Fora Dilma. Queremos só Ministério
Público e Polícia Federal”.
Caso bem entendamos o que pretendem os que escreveram a faixa, nenhuma utilidade para a Justiça, às favas a soberania, às calendas as instituições democráticas, governos etc. etc. etc.
É o nível da turma 'em defesa do meu pirão".
Jatinho
Aquele
jatinho doado à campanha de Eduardo Campos/Marina Silva (ou ao próprio candidato – quem sabe?)
teria sido comprado com dinheiro desviado da Petrobras, através de um agiota
citado em delações na Lava-Jato.
Globo
Globo
A
situação da Globo não anda boa. Já não nada de braçadas como em tempos
pretéritos, desde que incensada ao Olimpo pela ditadura. Sua programação tida
como carro-chefe – Jornal Nacional e novelas – capengam, com audiência em
declínio a cada ano.
O futebol – onde foi hegemônica – enfrenta a concorrência ‘profissional’ da Fox News.
O futebol – onde foi hegemônica – enfrenta a concorrência ‘profissional’ da Fox News.
Muitos ainda não perceberam que o futebol da Globo já não mais dispõe do
Coríntians como antigamente, muito menos na Libertadores e da Champions League.
Para transmitir jogos importantes destes torneios precisa do aval da Fox, o que
nem sempre concede.
Foto
que fala
Melhor que todos os textos sobre as mobilizações contra o Governo, o que demonstra a indiferença de parcela significativa da população.Greve
O
leitor provavelmente não sabe que os professores de São Paulo entraram em
greve. Segundo o blog do Miro pelo menos 30%, em todo o estado, já haviam
aderido ao movimento, iniciado na segunda 16. Passeatas e assembléias tendem a
ampliar a particpação.
Com
certeza o leitor que não busque informações alternativas saberá da greve.
Ainda que real a grande imprensa silencia.
Bessinha e o Brumário tupiniquim
Ainda que real a grande imprensa silencia.
Bessinha e o Brumário tupiniquim
Napoleão
Bonaparte assumiu a França, derrubando o Diretório, a 9 de novembro de 1799,
convocado pela burguesia. A ditadura napoleônica assim surgiu.
Por
aqui há quem sonhe com uma reedição de ditadura. Buscam motivos. Há quem veja
na atuação de delgados e promotores o Napoleão destes tempos (veja a faixa
acima).
O
outro caminho é a intervenção judicial na economia, quando decisões visam quebrar
empresas que empregam milhares como forma de puni-las por seus atos de
corrupção, atingindo quem nada tem a ver com a cor da chita. Mas que causa comoção.
Bem enxerga o Bessinha.
Bem enxerga o Bessinha.
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