quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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Até que enfim!
O título do rodapé não se vincula ao fim de um ano conturbado e atropelado. Mas ao comum e significativo fato de que tivemos a oportunidade de vivenciar as agruras dos que dependem da ditadura/monopólio da OI. Por tal circunstância ficamos sem internet desde a publicação no dia 20, sem levarmos ao leitor nada do elaborado para o último fim de semana.

Não desejamos ao pior inimigo viver o que passamos durante estes dias. Duas dezenas de 'protocolos' estão a dizer que nada representa comunicar à empresa de que você mudou de endereço (ainda que a poucos metros do anterior). A deselegância e o desrespeito são a tônica do serviço.

Somente hoje tivemos acesso aquilo que por ele pagamos (tão caro). 

Só nos restou, como único alento, um 'até que enfim'!

Entre o fim e o limiar
Reeducando o verbo aproveitaremos para desenvolver a coluna entre este 31 e o amanhã. Entre o estertor de 2015 e o alvorecer de 2016, aproveitando e ampliando nossos registros para a coluna anterior, para que não morra sem ter nascido.

E o faremos tudo dedicando a Elenn Bortoncello e Antonio Sobrinho (sem os correspondentes acentos agudo no Elenn e circunflexo no Antonio, coisa da inventiva cartorial nesta terra brasilis), visitantes ilustres que nascem dos sonhos da vocação advocatícia (ela) e do debruçamento sobre a graduação em sistemas de Informática (ele), afastados da estiagem em Feira de Santana e Santo Estêvão para reencontrá-la em Itabuna.

Tempo de começar
Ainda que tenha o cheiro de tardio há sinais concretos – estabelecidos com visibilidade cristalina – de que a presidente Dilma Rousseff pode voltar a presidir o país. Basta-lhe continuar ‘ouvindo’ as ruas. E ouvir as ruas – nada mais nada menos – é perceber o clamor que vem dos desassistidos de sempre que encontraram melhoras para suas vidas e se vêem no risco de voltar ao antes. O ‘antes’ de desemprego alto, de inflação descontrolada, da falta de apoio material.

Os governos petistas anteriores ao presente conseguiram a proeza de transferir  e distribuir renda (ainda que longe do ideal para reduzir desigualdades a níveis civilizados), dar aumento real para o salário mínimo, implantar e desenvolver programas sociais do quilate do Bolsa Família, do Luz Para Todos, do Minha Casa Minha Vida, Pronaf, Pronatec, de reduzir a miséria e retirar o país do ‘mapa da fome’ da ONU. 

Não bastasse o salto quantitativo em número de Universidades Federais e Escolas Técnicas Federais, o assegurar a maior redução de desempregados no curto espaço ao alimentar investimentos espalhados em todo o território nacional e em todas as frentes: rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, hidrelétricas, transposição do São Francisco, descoberta e exploração do pré-sal, retomada e ampliação da força da indústria naval. 

Caso o queira, Dilma Rousseff pode começar a governar. Mostrará, então, que tudo fez para atender políticas adversárias – garantia ao rentismo etc. – mas que nada disso bastou para melhorar a vida do povo. Por fim, que sua experiência de vida na adversidade a fez viver, em outra conjuntura, o que viveu no passado recente sob a tônica da busca pela ‘governabilidade’.

Ao largo I
“O ano que não existiu”. Assim o economista André Perfeito definiu 2015, em entrevista no Band News. 

E tudo muito mais pela crise política que pelo ajuste econômico. Que em agosto ameaçava a total perda de controle no Congresso, sob o condão de Eduardo Cunha.

Ao largo II
A Copa de 2014 foi criticada em razão do desperdício do poder público (União, Estados e Municípios), que nela teria gasto o equivalente a 30 bilhões de reais.

Os juros decorrentes da Selic no curso de 2015 chegam a R$ 500 bilhões. Sem deixar uma mísera cadeira na arquibancada de qualquer estádio de periferia.

Ao largo III
As reformas que o Estado exige, dependentes da classe política no Congresso, continuou a passo de cágado.

Com um detalhe: para trás.

Em busca do tempo perdido dos que ainda não concluíram o processo eleitoral de 2014.

Ao largo IV
O ano chega ao fim. Duas agências de risco rebaixam a avaliação brasileira para investimentos. O risco Brasil – no momento – gira em torno de 450 pontos (neste auge da sanha financeirista). Em 2002 estava superior a 2.700. As reservas atuais superam US$ 368 bilhões (dados do BC para quarta-feira passada); em 2002 aproximavam-se de 40 (em torno de 10,8% da atual).

O risco, mesmo, é a sanha de esfolar o país.

Bem que o Governo poderia dar um chega pra lá nas agências. Bastava começar a reduzir a Selic.

Mimimi
De Mimimi foi Aécio Neves alcunhado, em razão da ladainha contra o governo.

Já sondam chamá-lo de Mememé depois de O Globo e o Estadão estamparem sobre os R$ 300 mil recebidos a título de propina em 2013.

Detalhe: desde julho sabia-se de tais fatos (dentre os recentes) nada abonadores em relação a Aécio. Os 'amigos'  que ora o denunciam  cuidavam de protegê-lo.

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Em boa companhia
Aécio não está só. Em boa companhia anda ele. Basta reconhecer  como reconhecem em relação a outros políticos da situação  que os santos e imaculados tucanos não são tão santos assim.

Pelo menos afirma-o Cláudio Humberto (veiculado no GGN), a partir de delação de executivos da Andrade Gutierrez, de que 'estariam envolvidos no esquema de corrupção que tirou recursos da Petrobras.

Da Petrobras, ouviu Sérgio Moro!



E tem  para não esquecer  aquele dinheirinho (entre 100 e 120 mil dólares mensais) que o vestal tucano recebia do esquema de Furnas, como denunciou Alberto Yousseff, em março.

Que o Dr. Janot tem em mãos – toda a tramoia documentada – e anda esquecendo de (mandar) apurar.


Livros
"Palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer" – afirma-o Graciliano Ramos (Linhas Tortas - 1962), parodiando as lavadeiras.

Assim o que esperamos da boa e verdadeira leitura. Ainda que menos Literatura e mais pesquisa levada à leitura.

Como exposto na tese do delegado Orlando Zaccone "Indignos de Vida - A forma jurídica da política de extermínio de inimigos na cidade do Rio de Janeiro" (Editora Revan-2015), sustentada no empirismo da pesquisa no estudo dos pedidos de arquivamento, acatados pela Justiça, dos inquéritos envolvendo 'autos de resistência'.

Sinais
Temos que este ano que passou, próximo ao horrível, deixou legados positivos e imorredouros.

No final do ano passado começaram a espoucar – em parte da grande imprensa – as denúncias contra tucanos. Destaque-se: na mídia que os amparava, escondidas desde que evitadas em nível de vazamento.

A blindagem midiática que sempre protegeu partidos políticos que representam os interesses de oligarquias tende a não se sustentar. E levará até os setores conservadores do Ministério Público e do Judiciário a não mais se omitirem diante de fatos sobejamente denunciados e comprovados. As evidências forçarão uma tomada de posição. Ainda que tarde mais um pouco é inexorável.

Podemos estar sonhando, mas quando investigadores e juízes puserem no mesmo saco os gatos/gatunos de todas as cores sentiremos um alívio.

Basta não escolher lado para jogar no saco.


domingo, 20 de dezembro de 2015

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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Luz no fim do túnel
Perceber a dinâmica histórica em andamento não é papel para neófitos. Sentir os humores decantados dos fatos cotidianos não é tarefa fácil. No entanto, o que ora ocorre no Brasil – oriunda da crise política que afeta a economia – precipitou percepções, oferta lições para serem postas em prática imediatamente.

No viés da economia o terrível erro do Governo de imaginar que uma política ortodoxa levasse o país ao Paraíso está dando com os burros n’água. O modelo que destrói o planeta em benefício exclusivo de um punhado de rentistas, administrado ao sabor de teorias desenvolvidas para corresponder aos interesses do sistema financeiro internacional – apátrida – mais do que demonstrou ser inviável para responder aos reclamos exigidos.

O tripé posto se sustenta – por exemplo – na ficção de que a inflação em curso pode ser controlada por uma elevada taxa de juros. Tal remédio – amargo ao extremo – deveria ser utilizado quando a demanda se torna inconveniente e a relação oferta-procura – em razão da demanda – faz o ofertante elevar os preços do que vende para ‘aproveitar’ a oportunidade. Não é o caso brasileiro.

O aumento de preços decorre não de demanda excessiva do consumidor, mas de preços administrados em dólar que vão às alturas por falta de controle do câmbio que faz a moeda estadunidense oscilar ao sabor de humores da especulação, entre outros penduricalhos. Dessa forma, subindo o dólar sobem todos os bens que tem seus preços nele administrados: trigo, petróleo etc.

Para sermos sucinto, o ajuste fiscal proposto – causando recessão – certamente não é o caminho da retomada do crescimento. Aliado a isso, uma atuação criminosa do Judiciário – ao intervir em relações econômicas – gera o caos de ver-se uma Petrobras – da qual dependem cerca de 71 mil empresas no país – impossibilitada de comprar/encomendar e de pagar a quem já lhe forneceu obras e serviços. A cadeia produtiva – e os empregos por ela sustentados – foi lançada ao léu e leva, certamente, a que o PIB tenha se contraído em pelo entre 2% a 3% em razão direta com a impossibilidade atual de a Petrobras manter seus investimentos.

Por outro lado, a crise política – que alimenta o aprofundamento da econômica – deixa entrever que algo de concreto está acontecendo. E não decorre – como muitos podem admitir – de sucesso de operações policiais envolvendo a classe política. (Até porque a seletividade nos objetivos das operações depõe contra a utopia de ‘passar o Brasil a limpo’ somente tirando a sujeira de um lado da casa e deixando o outro sob o antigo tapete).

O que emerge da crise política leva(rá) até ao cidadão mais distante das discussões/análises a compreender que este presidencialismo de coalizão – levado ao extremo no período Sarney e lançado como projeto por Temer – precisa mudar sob pena de esfacelamento da nação.

Mais que cristalino que atender aos caprichos deste ou daquele partido que se apresente com maior número de congressistas na base de sustentação ao governo não tem demonstrado ser o ideal.

Podemos estar errado: mas a crise política tem o condão de viabilizar a depuração neste ‘presidencialismo de coalizão’. Começando – à guisa de exemplo – com o afastamento da turma vinculada a Temer dos cargos que ora ocupa no Governo.

Abrindo espaço para outros formadores da coalizão e lançando o joio às chamas.

Degradação
Quando instado a manifestar-se dentro dos parâmetros da isenção o ministro Gilmar Mendes aproveita a oportunidade para dar razão ao professor e jurista Dalmo de Abreu Dallari, que, profeticamente, em artigo publicado na Folha de São Paulo em maio de 2002, criticava a possível indicação do nome do então Advogado-Geral da União para o STF. Alertava o presidente FHC dos graves riscos decorrentes da indicação (e mostrando as razões) e afirmando peremptoriamente: "Gilmar Mendes no STF é a degradação do Judiciário Brasileiro.

Não lhe bastou o voto no julgamento em torno do rito do impeachment e sai Gilmar Mendes a alimentar a sua natureza degradatória, ofendendo seus pares em entrevista concedida a CBN, dizendo  entre outras diatribes  que por lá foram "cooptados". 

Razão assiste a Dalmo Dallari.

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Ser ou não ser
A preferência política – a cada dia se confirma – parece ser o limite das investigações que querem passar o Brasil a limpo. Limpando do cenário político brasileiro o PT. Isso porque não se vê uma só iniciativa de Ministério Público, Polícia federal e do juiz Sérgio Moro (em particular) que envolva um tucanozinho que seja. Deixamos de fora a imprensa (“golpista”, como a denomina Paulo Henrique Amorim) porque esta permanece em seu papel histórico, deitada no berço esplêndido comprado pelos poderosos (daqui e de lá) aos quais sempre serviu e serve, pautada por bandidos.

Isso o que está desmoralizando operações perante a opinião pública.

Na Bahia – por exemplo – fica difícil para o baiano enxergar pureza no carlismo e nos seus sucessores. Assim, em Pernambuco, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte, Paraíba, Maranhão, Alagoas, Pará etc. (São Paulo fica de fora, porque é um caso de patologia político-administrativa especial). Em cada um o povo conhece os ‘seus’ ladrões. Não os vendo alcançados pela dura investigação começa a duvidar das intenções e pretensões punitivas.

Esconder o PSDB das investigações desmoraliza a atuação investigativa. As provas não faltam. Falta a vergonha na cara de não ser isento.

Coisa de trazer à baila Shakespeare do Hamlet.

Legalidade
As oposições – impõe-se o plural diante das tendências (no Judiciário Gilmar Mendes, no PSDB Aécio Neves, FHC etc. etc. etc.)  gastaram um ano com o discurso do impeachment. Construído sobre os trilhos que ela mesmo edificou. 

Sua vitória residia – no entanto – no apoio das ruas. Foi-lhe negado.

E tudo caminha para as calendas.

Bastou atender à legalidade. 

Dobradinha
A OAB nacional engrossa uma corrente de ruptura institucional aderindo a uma ideia inoportuna pelo instante: o semipresidencialismo. 

Lembra-nos a solução ‘parlamentarista’ para barrar o golpe no imediato da renúncia de Jânio Quadros para evitar a assunção plena do vice-presidente João Goulart.

Destacamos do informe da OAB: "A proposta de se debater a implementação do semipresidencialismo no Brasil, defendida pela OAB, foi recebida com elogios pelo ministro do STF Gilmar Mendes. Para o magistrado, é importante que as instituições estejam abertas a possibilidades para contornar a crise enfrentada pelo país e que uma revisita histórica pode trazer luzes ao momento atual de crise".

Naturalmente, Gilmar Mendes adorou. Com quem a OAB passa a fazer uma dobradinha.

Ficou pequeno
O voto do ministro Edson Fachin nos causou estranheza. Não podemos entender como embasado juridicamente um posicionamento que contraria normas expressas. No caso da questão levantada pelo PCdoB no STF – das irregularidades cometidas por Eduardo Cunha, ao atropelar o Regimento Interno (e a lei) para assegurar o controle da Comissão que analisaria o impeachment – Sua Excelência entendeu legítima a atuação de Cunha.

Fachin ingressou no STF sob grande pressão e era tido e defendido como um progressista. Negou-se a si mesmo, e encontrou aliados em Gilmar Mendes e seu pupilo Dias Tóffoli. Ficou pior entre alguns de sempre.

Ficou pequeno, mal entrou nos cueiros do STF. E decepcionou. Jogou fora a oportunidade de ministrar uma lição que o poria entre os melhores. Bastava aplicar a Constituição. Como o fez Barroso.

Caso encontre justificativa para a aberração nas ameaças sofridas, temos que, além de pequeno, ficou covarde.

A foto que fala
Atribui-se a Michelangelo, extasiado, diante da obra que acabara de realizar: “Fala!” 

Tão perfeita a arte na Moisés que viva o era.

A foto de Gilmar Mendes nada tem de êxtase. Tampouco de comparação com Moisés.

Mas que fala, isso fala!

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Escutando as ruas I
A presidente Dilma Rousseff dá sinais de retomada do poder que ainda não assumira no segundo mandato. Exonerar e nomear faz parte do ritual.

A mudança na Fazenda – ponto nevrálgico – sinaliza ter ouvido as ruas. Lá não ouviu somente apoios, mas também críticas contundentes a uma política econômica que aprofundava o desastre. E quanto aos apoios – parece haver percebido – os perderia se mantivesse a política levyana.

Livrou-se de Levy. Com isso um recado: o mercado será ouvido mas não manda.

Escutando as ruas II
Na esteira do instante acena para uma guinada na economia com a edição de uma Medida Provisória para legitimar acordos de leniência com envolvidos em escândalos com estatais. Simplesmente salvar empresas e empregos sem prejuízo de punir os responsáveis e a própria empresa nos limites de sua responsabilidade/possibilidade.

Feito isso teremos a retomada da atuação das empreiteiras e do emprego em fase de retorno. 

Afinal, a Petrobras emprega – com suas encomendas – trabalhadores de 71 mil empresas brasileiras.

Gostemos ou não
“Ajustes nunca são um fim em si mesmos. Ajustes são medidas necessárias para a recuperação do crescimento da economia, que por sua vez é condição indispensável para continuar nosso projeto de desenvolvimento econômico.” (De Barbosa há um ano).

Gostemos ou não a fala de Barbosa mais afinada está com o desenvolvimento do país.

Gostar ou não gostar
No âmbito das paixões, gostar ou não gostar dos possíveis novos rumos para a economia brasileira é apenas ‘torcida’. 

A coisa pode rolar por outros vieses, mas o peso do mercado financeiro nas prioridades de formulação de política econômica não mais representa o que representou com Joaquim Levy.

Vazar é a lei
Vazamento no Brasil se tornou lugar comum. Caminha para tornar-se instituição nacional. 

Até no STF.

Doa a quem doer
Há quem veja naquela expressão de Dilma, de que “não ficará pedra sobre pedra” uma estratégia de espera.

Caso haja procedência, a Operação Sangue Negro pode servir de parâmetro para o dito: tucanos relacionados, por ações no período de FHC/Rennó começam a ser investigadas.

Joel Rennó foi o presidente da Petrobrás no primeiro mandato de FHC (onde tudo continuou). O próprio FHC – em seu livro de memórias – confessa ter ouvido de Steinbruch que por lá (na estatal) era “um escândalo”.

No tempo de FHC tudo ia para baixo do tapete. Nos tempos recentes não fica “pedra sobre pedra”. Eis a diferença.

Tanto é que a coisa começa a cheirar mal para os lados do período tucano. É o que afirma Marcelo Auler em Operação Sangue negro atinge governo de FHC.

Para o juiz Sérgio Moro – que ouviu de Cerveró e Pedro Barusco o que está sendo apurado na Sangue Negro – não vem ao caso.

Esse Merval!
A premonição de Merval Pereira, em sua coluna n’ O Globo de quinta-feira 17:

"Caminho livre

O dia de ontem adicionou dois dados fundamentais no caminho do impeachment da Presidente Dilma: o relatório do ministro Luiz Edson Fachin, que deve ser aprovado quase que por unanimidade hoje ... "

Só falta dizer que Eduardo Cunha ganhou de 3 x 8 na sessão da tarde do STF, na mesma quinta.

A ver navios
O trenó ansiado por Eduardo Cunha lhe foi tirado. Vai ficar a ver navios neste Natal. Resta-lhe tempo para reiterar a defesa no processo a que responde.

                 

Melou
O mecanismo engendrado para afastar Dilma e colocar o afastadores no poder começa a melar: sem povo e vendo o vice capitão do golpe à paraguaia suspeito das mesmas práticas.

Ou seja, o caos se aproxima. Na linha de sucessão cabe a Eduardo Cunha assumir o Planalto.

O povo não é bobo... não só contra a Globo. 

O que restou
De todas as manifestações pró impeachment restou o que diz Cervantes em relação aos cavaleiros de Granada: saiam em louca disparada na madrugada. Para quê? Para nada!

Ou, como observa Paulo Henrique Amorim em vídeo postado em sua TVAfiada:

“Não tinha um negro. Não tinha um pobre.  É um golpe de poucos brancos contra todos os pobres”.

Aglutinando
As forças que vêem no pedido de impeachment um golpe branco, à paraguaia, vão se aglutinando. Juristas de renome, prefeitos de capitais, governadores de estado, juízes federais da associação Juízes para a Democracia  

O golpismo contava com as ruas. Contava.

Não ofende
Não custa perguntar: o que faz um táxi de 230 mil reais em nome de um tal Altair Alves Pinto (citado como receptor de dinheiro destinado ao deputado, segundo Fernando Baiano) estacionado na garagem de Eduardo Cunha?

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Bahia na cabeça
Em termos absolutos – considerando a participação no total de votantes – a representação baiana na Câmara dos Deputados deu nada mais nada menos que 1/3 dos nove votos em defesa de Cunha na Comissão de Ética.

O nome dos heróis baianos: Cacá Leão (PP), Erivelto Santana (PSC) e João Bacelar (PR).

Rescaldo
A temeridade bateu-lhe de frente. O impeachment sem base material (crime de responsabilidade cometido no exercício do mandato) tendia a não vingar. No entanto, a oposição insistiu, tresloucada. 

Imaginou existir em 2015 uma véspera de 1964. Tempos outros, não dissecados e interpretados com a sabedoria exigida.

Os custos começam a surgir. Cobranças, idem.

A nau começa a fazer água. Tripulantes  inclusive antigos  anunciam deixá-la.

Havia fala de Alckmin trocar o PSDB pelo PSB. Aguarde-se. Álvaro Dias fala em deixar o tucanato para envolver-se no PV...

O rescaldo será cruel.

E terá que segurar Eduardo Cunha... quando até as águas investigatórias ameaçam o antes inalcançável PSDB (Azeredo condenado, Petrobrás tucana sob a Operação Sangue Negro etc.).

Walter Moreira
A Galeria Walter Moreira já foi espaço de exposição de livros de autores regionais, de saraus literários e de lançamentos de pinturas e artes. Por lá livros e quadros estavam à disposição do público que circula na Olinto Leone. Inclusive do artista grapiúna que honra o local, dignificando-o com seu nome.

A instituição que o administra anuncia desvio na utilização.

Walter Moreira  o grapiúna que dá nome ao Espaço – deve estar chacoalhando em sua sepultura.

Dizem, no entanto, que a mudança decorreu de ‘pressão no facebook’, diante da poeira e teias de aranha que ocupavam o local. Detectada por ‘gentil’ assessor de imprensa.

Itabuna, final de 2015
Valorosa consumidora saiu para comprar um reservatório para água. O preço estava tão alto que saiu mais barato comprar uma piscina.

Correu as ruas. ‘Espírito’ natalino é assim. O venda do momento era de baldes, de mosquiteiros e de raquete para matar muriçoca.

Em meio a um desses espaços, um pré-candidato a prefeito ‘deixando-se’ fotografar, para ampliar o ‘currículo fotográfico’ aos cuidados de zeloso assessor. 


domingo, 13 de dezembro de 2015

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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Formalidade
O Fundo Monetário Internacional formalizou o reconhecimento: a moeda chinesa – o Yuan – é a nova integrante das denominadas moedas globais, ao lado do dólar americano, do euro, do iene e da libra.

Considerando o volume de reservas em dólar, a China há muito controla a carteira de reservas internacionais em dólar.

Dos pouco mais de 10 trilhões de reservas internacionais em dólares americanos a China detinha 42% em dezembro de 2014, conforme dados do próprio FMI, secundado pelo Japão, com 1,26 trilhão.

Admitir o óbvio era apenas uma questão de formalidade.

Brasil, com US$ 376 bilhões estava em sexto lugar, antecedido de Arábia Saudita (740,4), Suíça (516,7) e Taiwan (418,9), à frente de Rússia, Índia, Alemanha, Itália, França... superando até os Estados Unidos, que em nível de reservas internacionais dispõe de apenas US$ 133,6 bilhões.
 Mundo (soma de todos os países)10,008,392--
1 República Popular da China 
4,200,700dezembro de 2014
2 Japão1,260,548dezembro de 2014
3 Arábia Saudita740,400dezembro de 2014
4 Suíça516,737dezembro de 2014
5 Taiwan418,900dezembro de 2014
6 Brasil376.090dezembro de 2014
7 Rússia374,700fevereiro de 2015
8 Coreia do Sul363,590dezembro de 2014
9 Singapura340,438dezembro de 2014
10Hong Kong Hong Kong ( República Popular da China)328,500dezembro de 2014
11 Índia319,238dezembro de 2014
12 México196,591dezembro de 2014
13 Argélia192,500dezembro de 2013
14 Alemanha182,712dezembro de 2014
15 Tailândia157,107dezembro de 2014
16 França152,220dezembro de 2014
17 Turquia148,268dezembro de 2014
18 Itália133,770dezembro de 2014
19 Estados Unidos133,639dezembro de 2014
20 Malásia128,355dezembro de 2014
                                                                                                                   Fonte: Wikipédia
O último integrante (Estônia), dos 88, dispunha de US$ 285 milhões.


Gargalham
Ninguém soube, tampouco leu nas entrelinhas. A não ser este ou aquele curioso que de vez em quando folheia a edição de leis no país. 

A de n. 13.172, de 21 de outubro, último alterou a 10.820/2003, para “dispor sobre desconto em folha de pagamento de valores destinados ao pagamento de cartão de crédito”.

Dita lei se originou da medida provisória 681/2015.


Não sabemos se o benefício ao sistema financeiro decorreu de algum jabuti nela posto por algum representante dos bancos (o que não falta) no Congresso.

Com eles é assim I
Diz o G1 que a Polícia Federal vai intimar Lula para depor em relação à Operação Zelotes – aquela que apura  bandalheira no desvio de 19 bilhões de reais, através do CARF (Conselho de Administrativo de Recursos Fiscais) para ajudar empresas devedoras do Fisco Federal.

Entre as que pagaram a Conselheiros para livrar-se ou reduzir dívidas: o Bradesco, a Gerdau, o Santander, a Camargo Correia, o BankBoston, o Grupo RBS (afiliado da Globo) etc.

Detalhe: a PF quer ouvir Lula em fatos quando não mais era presidente da República.

Eis a terra brasilis. Muito bem vista por Pataxó.
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Faz de contas
Difícil entender que Eduardo Cunha não esteja preso. Fazendo o que faz... e ainda solto, demonstra que o Ministério Público Federal (PGR) e o Supremo Tribunal Federal (STF) caminham contra a realidade dos fatos. 

Mais precisamente: com dois pesos e duas medidas.

Com eles é assim II
Não há o que estranhar. Afinal, com eles é assim. O STJ reconheceu, de ofício, a prescrição em relação ao crime cometido por Simão Jatene, que na condição de Governador se beneficiara de propina de R$ 12,5 milhões, em 2002, decorrente da 'anistia fiscal' concedida a uma cervejaria paraense quando era governador do Pará.

Ultrapassados 13 anos a prescrição beneficiou Simão Jatene. (Outros detalhes em comentário da Mancha aqui, inclusive com trechos da decisão. A dificuldade de encontrar-se referências ao fato na grande imprensa somente escapa através de alguns blogs e comentaristas).

Por mísera coincidência, Simão Jatene foi governador eleito pelo PSDB.

Não precisa explicar... 
De Jânio de Freitas, na Folha (aqui disponibilizado através do Advivo)

"A situação da atual Câmara dos Deputados foge aos seus deveres e responsabilidades constitucionais. Estar sujeita à condução de um parlamentar a quem são imputados vários atos criminosos já configura anomalia incompatível com a condição de Poder Legislativo. Assim conduzida, a Câmara dos Deputados sequer consegue que o seu Conselho de Ética opine sobre ser admissível, ou não, uma investigação superficial das acusações de delinquência e crime ao presidente da Casa.
...

Em paralelo, o Ministério Público cumpre um papel semelhante ao de testemunha indiferente, com a posse inconsequente da documentação que lhe foi presenteada pelo trabalho investigatório de promotores suíços. Talvez o que lhe seja permitido esteja muito aquém do mínimo conveniente, mas se um senador foi preso por palavras que, umas, provaram-se balelas, outras, não foram levadas a fato algum, documentos incriminatórios devem servir para algo mais do que se saber existirem."

Como Sócrates, do humorístico: 

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Força Sindical rachou
A condução do golpismo retardará – o mais que puder – a conclusão do processo desencadeado. A artimanha tem uma leitura elementar: não conseguiremos tirar a Presidente, mas a desgastaremos – em nível de governante – ao máximo.

Retardar o procedimento no Congresso significa tentar – através da mídia que lhe é sensível – cooptar a sociedade. Sindicatos, inclusive.

Uma vertente da Força Sindical já se declarou contra o impeachment. Não há mais unidade em torno do tema dentro da organização comandada por Paulinho da Força e do próprio Michel Temer e PMDB, aos quais está vinculada a Central dos Sindicatos Brasileiros-CSB, que lançou, no último dia 11, o seu manifesto "Em defesa da democracia e do desenvolvimento social", contrário à abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

Sob essa vertente – unidade de suas forças nas ruas – o golpismo começa a dar com os burros n’água.

Alea jacta est
Cunha e liderados lançaram a sorte; Temer integra a troupe, dizendo muitos ser ele o próprio comandante do golpismo à paraguaia.

Na mesma toada partidos de oposição, capitaneados por PSDB, DEM e PPS, sem esquecer a ala controlada por Cunha e Temer no PMDB.

Caminho sem volta: a sorte está lançada. Sem César e o Rubicão.

Esperando Janot
Pelo andar da carruagem – ainda que Eduardo Cunha esteja na berlinda – a sua prisão vai ficar na linha do "Esperando Godot”, de Samuel Beckett: aquele/aquilo que não chega.

Tudo porque estamos esperando Janot.

A melhor definição
A atualidade brasileira – com bandido pedindo afastamento de Presidente da República – bem mostra a dimensão explícita dos compromissos de Eduardo Cunha para com o Brasil.

Naturalmente, não está sozinho.
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Até a fome é argumento
Para divisarmos o nível e o compromisso de deputados vinculados a Eduardo Cunha basta verificar a proposta de Ricardo Barros (PP/PR), relator da Comissão Mista do Orçamento, que inseriu emenda para suprimir R$ 10 bilhões do programa Bolsa Família.

Põe em risco o Programa, que reduzirá o número de atendidos, agravando a situação de milhões (de crianças a adultos).

Por trás de tudo, desmoralizar o programa social que é a menina dos olhos dos últimos governos.

A crise que advirá será lançada nas costas do Governo. Ampliada pelos meios de comunicação.

Essa gente é como cavaleiro do Apocalipse: leva miséria e fome, em defesa de seus interesses.


Prejuízo
A matéria 'jornalística' omite o fundamental: que o prejuízo causado por Delcídio o foi no segundo governo de FHC.

Impõe-se montagem, para explicar.

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PMDB, o racha

O país está doente. Profundamente enfermo se porventura imaginarmos que a atual representação/direção da Câmara dos Deputados, de figuras que deveriam ajudar o país, fazem de sua função um balcão de negócios escusos à espera, tão somente, de um Cristo indignado com os vendilhões do templo.

Mas não nos inquietemos com o que está em andamento. De positivo  altamente positivo  o escancaramento de posições antes camufladas, que começam a se apresentar pelo que realmente são em sua essência.

Os desdobramentos do golpe à paraguaia ensaiado levarão  ainda que sutil  à depuração do estamento parlamentar. Já não lhes alimentará (aos políticos) a orgia do financiamento empresarial. Muitos terão que se apresentar ao povo com o que realmente representam.

Partidos políticos antes sólidos começam a se dividir. O PMDB (agora com uma ala de Eduardo Cunha e Michel Temer), o PSDB e o DEM (em declínio), PPS e quejandos.

Mesmo o PT e suas alianças que mais estão para espúrias que para a governabilidade.

Todos terão que enfrentar a realidade que emergirá deste instante.

O pedido de impeachment  não se negue  ao se tornar a única corda de salvação para os derrotados de 2014 constituiu-se no vetor da mudança. Tramática que seja, restarão os melhores. Porque os sujos e mal lavados se definiram.

E não encontrarão o que imaginam.

O país está a conhecê-los em sua inteireza. E deles se livrará. Porque há quem pense melhor que eles.

Destacamos de Impeachment: a política e a mitologia, de Ion de Andrade:

"O fracasso do golpe será a derrota do PMDB “Cunhista” ou “Temerário” que perderá os seus cargos e a sua parte no Poder. A Roda da História os catapultou desse mundo.
...
O élan que nos trouxe até aqui, saídos da ditadura, dificulta enormemente a aventura golpista. É difícil, por exemplo, num país como o Brasil golpear a democracia contra a posição oficial não somente da Igreja Católica, mas também do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil. É também difícil golpear sem qualquer apoio dos movimentos sociais, ao arrepio da OAB, dos melhores juristas brasileiros, dos trabalhadores, do MST e de tantos e tantos outros movimentos que perderíamos as contas. Não se trata apenas de que os movimentos sociais vão “botar gente na rua”, como temos realmente que botar. Se trata de que são forças permanentes a modelar o Brasil, ou como quer Gramsci, são a linha de trincheiras de uma sociedade que foi esculpida pela ideia do Poder pelo Consenso que se exprime na liturgia democrática. Essa imagem de trincheiras de Gramsci vem da Primeira Guerra Mundial ocorrida uma década antes dos seus escritos. A guerra de trincheiras é uma guerra assassina que pune com o massacre as tropas que se aventuram no combate aberto. Quem está nas trincheiras não precisa se expor, pois lhe basta atirar, Michel Temer ousou colocar o nariz de fora depois da Carta: foi vaiado e chamado de golpista. Ele prepara com pompa e circunstância a sua entrada na história como um traidor."


No timaço de juristas
Nomes de expressão no universo jurídico brasileiro hipotecaram apoio à presidente Dilma Rousseff. Em defesa da Democracia e denunciando a falta de base jurídica para o pedido de impeachment.

Dentre eles Celso Bandeira de Melo, Dalmo de Abreu Dalari, Heleno Torres, Marcelo Neves, Juarez Tavares 


Da Bahia, somente Carlos Valder do Nascimento. A voz de Itabuna e da UESC (onde se aposentou recentemente).