quarta-feira, 30 de abril de 2014

Outra frente

Na batalha
A atuação oposicionista no que diz respeito às ações político-eleitorais parecem estar definidas no quesito desconstruir o governo e a candidatura de Dilma Rousseff à reeleição.
Parece-nos, no entanto, que o processo de denúncias articuladas não é suficiente e uma outra frente foi posta no front: a candidatura do ex-presidente Lula diante do que sinalizam como inviabilidade da reeleição de Dilma.
Marina Silva, em evento em Salvador em homenagem à ex-ministra Eliana Calmon – relata Biagio Talento (Agência A Tarde) – denominou o ex-presidente Lula de a "bala de prata" que poderá ser usada pelo PT contra a Dilma caso entenda que "foi um erro tê-la como candidata".
Ao tempo da declaração circulava pesquisa mantendo o indicativo de queda nas intenções de voto para Dilma Rousseff. Observadas as circunstâncias, a declaração de Marina se torna oportuna. E alimenta a fornalha do front.
O fogo cruzado está mantendo a candidatura Dilma Rousseff na defensiva. Por um lado, municiado por denúncias e factóides que circulam diariamente; por outro, buscando desestabilizar as relações entre Dilma e Lula, o que  particularmente  manteria acesa a chama da alegria da turma do 'volta Lula'.
Os fatos, assim nos parece, encontram-se no patamar do proposto. Saber se corresponderá às ambições dos que os expressam é outra coisa.
O que fica no plano da estranheza é o fato da busca por Lula, no quesito oposição. Caso a insistência  pela oposição – resulte em sucesso e retome Lula uma candidatura não será ela a causar alegria aos que pretendem enfrentá-lo. Todos sabem.
O que pode estar sendo utilizado como estratégia pela oposição é – sabendo que Lula não será candidato – abalar a estrutura emocional da presidente Dilma Rousseff a ponto de levá-la a cometer erros através de declarações que mais alimentem a campanha oposicionista (como já aconteceu com referência a Pasadena).
Porque, até esse instante, tudo não ultrapassa o universo dos números em pesquisa e o ti-ti-ti natural a qualquer campanha eleitoral.
Sempre que disponha de artilharia e meios de utilizá-la a oposição lançará outra frente na batalha. Porque é assim que se faz guerra.
E nessa guerra não são poucos os interesses em jogo: da retomada plena do controle sobre o petróleo e a Petrobrás por grupos estrangeiros ao risco que corre a grande mídia de reduzir seu espaço caso as políticas de iniciativa do atual governo se concretizem. O que ocorrerá, fatalmente, com a reeleição de Dilma Rousseff.
Em meio a tantos interesses tudo vale no palco do vale-tudo em que se torna a campanha presidencial de 2014.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Diverticulite

Como saída
Redigimos há dias um rodapé para a coluna do domingo no DE RODAPÉS E DE ACHADOS e não chegamos a publicá-la. Tratávamos, na oportunidade, de que fora noticiado em uma revista semanal que a presidente Dilma Rousseff padeceria de uma diverticulite. Tal fato estaria sendo acobertado por sua assessoria, não exercendo transparência necessária sobre assunto que envolve uma pessoa pública.

Lembramos, então, que a tal diverticulite ficou famosa, quando acometeu Tancredo Neves. Que se recusou a que o fato chegasse ao conhecimento público antes da posse, muito menos internar-se para tratamento. Veio a falecer por não havê-la tratado a tempo, internado às vésperas da posse, tornada na septicemia que o matou.

A diverticulite de Tancredo Neves pode ser diferente da de Dilma Rousseff - dizíamos no texto não publicado. Mas uma coisa contém a da presidente: a saída honrosa caso despenque nas pesquisas e ponha em risco a continuidade do PT no governo.

E concluíamos: diverticulite em tempos distintos. Que pode ser solução para muitos. No atual instante, um reserva de peso – chamado Lula – é o sonho de consumo de petistas e de parcela significativa da população.

Euforia e frisson para o quanto divulgado por Joyce Pascowitch: Lula - e não Dilma - seria o candidato a presidente. Fato que, pela credibilidade atribuída à autora, foi levado a conteúdo de verdade absoluta: o próprio Lula teria confessado a amigos o desejo de retornar ao posto de Chefe da Nação.

Lula publicamente tem negado reiteradamente que pretenda candidatar-se. Acreditamos em sua sinceridade, ainda que contrariada por uma informação respeitada.

Como solução, caso necessário, entra em campo a diverticulite.


domingo, 27 de abril de 2014

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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Destacamos

Da Agência Brasil
Estudantes brasileiros poderão ingressar na Universidade de Coimbra, em Portugal, com a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O exame passa a ser aceito este ano para os candidatos a vagas de graduação. É a primeira vez que uma instituição estrangeira utiliza o Enem como critério de seleção.
A Universidade de Coimbra aceitará os resultados do Enem de 2011, 2012 e 2013 e dispensará os brasileiros dos exames portugueses, que, até o mês passado, eram obrigatórios pela legislação do país. As notas no exame terão pesos diferentes de acordo com o curso ao qual o estudante pretende ingressar. No site da instituição, está uma tabela com os pesos das pontuações.
A Universidade de Coimbra é a instituição portuguesa de ensino superior mais antiga. No ano passado, foi incluída na lista do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Cerca de 23 mil estudantes estão matriculados na instituição. Desses, mais de 2 mil são brasileiros.
O vice-reitor da universidade, Joaquim Ramos de Carvalho, explica que o Enem é o primeiro exame internacional a ser aceito pela instituição como critério de seleção. A universidade deu prioridade pela alta procura de brasileiros. Segundo ele, a instituição estuda aceitar também o Gao Kao, uma espécie de Enem chinês.
"Temos acompanhado a evolução e o sucesso do Enem. Prova disso é o número de universidades brasileiras que aceitam o exame como forma de ingresso. São instituições que respeitamos muito", diz Carvalho. Ele acrescenta: "O Enem tem qualificações equivalentes [às exigidas pelos os exames portugueses]. Consideramos que podemos aceitar sem necessitar passar por prova".
Segundo o Ministério da Educação (MEC), o uso do exame pela universidade portuguesa "esta é mais uma prova da consolidação do Enem como critério republicano de acesso ao ensino superior".

O dono do mundo
Guatânamo existe como uma vergonhasa demonstração de que direitos humanos só existem para cobrança dos outros. Atos de terrorismo e pilhagem em países invadidos, nenhuma valia à determinações da ONU qunado os atinge.
Humilham diplomatas estrangeiros. Como ocorreu recentemente ao negar (proibir) entrada no país do diplomata iraniano Hamid Abutalebi, impossibilitado de assumir a embaixada de seu país na ONU. Violação clara ao direito internacional. Transforma-se de simples país anfitrião de um organismo (ONU) como se fosse ele "o dono do mundo".
Filme por demais conhecido. Embaixador brasileiro até já tirou sapatos em aeroporto dos Estados, como suspeito qualquer de terrorismo. E o governo de então (FHC) nenhum protesto levantou. Como bom colonizado.
Nada falta para um presidente estadunidense protagonizar um chapliniano "O Ditador".

Esfacelamento
A situação da Ucrânia - ainda não anexada - tende a se agravar. Se já não é uma beleza a sua realidade econômica, incensada pela Europa e Estados Unidos para enfrentar a Rússia, a realidade interna agora encontra a reação do vizinho: aumentou o preço do gás que fornece  - ao suspender o desconto que concedia - e cobra a dívida de 11 bilhões de dólares.

Do Ocidente a promessa de 'retaliações' à Rússia. Não sabemos se vai 'ajudar' a Ucránia para que pague o que deve a Rússia.

Estados Unidos e Europa estão típicos "Átila, o huno": onde pisam não nasce grama. Que o digam os povos libertados. A começar pela Líbia. Iraque, Afeganistão etc. 

Escancarando a galeria
Já escrevemos neste espaço que o papa Francisco já é considerado o papa do milênio, tantas as intervenções – ainda que curto o tempo de papado – voltadas para tornar a Igreja Católica uma instituição transparente em defesa de valores cristãos. João XXIII reformulou a nova Igreja; Francisco busca consolidá-la. Nele a virtude reconhecida por frei Leonardo Boff: “Francisco não vestiu o figurino clássico do 'papa monarca' com o primado jurídico absoluto e com a supremacia doutrinal e pastoral".

Observando as últimas manifestações da Igreja do papa Francisco – tantas as canonizações, algumas por demais celerizadas – temos que busca Sua Santidade levantar a transparência em torno da galeria de santos da Igreja levada aos altares nas últimas décadas. 

DIRCEU É O BODE DO MENSALÃO
Extraído do Blog Tereza Cruvinel, no Correio Braziliense.
Tereza Cruvinel
Nada mais enfraquecedor da crença na Justiça do que a percepção de que ela, em vez da justa punição, pratica a perseguição. Ou de que se vinga em um bode expiatório por não ter conseguido punir como desejava outros acusados. Essa percepção vem se ampliando diante da nítida exceção de tratamento dado ao ex-ministro José Dirceu, prisioneiro da Papuda e de um emaranhado de decisões que o mantêm no regime fechado embora tenha direito ao semiaberto, privando-o de direitos já concedidos aos outros condenados da ação penal 470, a do mensalão, como o de trabalhar fora. No centro da teia, estão o presidente do STF, Joaquim Barbosa, e parte do Ministério Público.

Em 14 de novembro passado, horas antes de expedir o primeiro mandado de prisão contra Dirceu, Genoino, Delúbio e outros, Barbosa deu o primeiro ponto na trama que lhe garantiria o controle total sobre a execução das penas dos condenados. Conforme revelou ontem o Blog da Cidadania, de Eduardo Guimarães, ele baixou naquela data a Resolução 470, estabelecendo que em ações penais julgadas pelo STF, “o relator ficará responsável pela execução penal dos condenados até o fim de suas penas”. No caso do mensalão, ele próprio
...
No Livro dos Levíticos, Aarão coloca as mãos sobre a cabeça de um bode e, segundo o judaísmo, para ele transmite todos os pecados do povo de Israel. Nasceu ali a figura do bode expiatório, que costuma fazer aparições na história política brasileira. Dos inconfidentes, só Tiradentes foi à forca. Na Confederação do Equador, Frei Caneca foi enforcado, mas seus pares mais importantes escaparam para o exílio. Dirceu é o bode do mensalão.
Coisa estranha!
Estranha ao observador – e alegra os que ensaiam mais um golpe eleitoral – estes ‘vazamentos seletivos’ para escolhidos órgãos da imprensa (Globo, Folha de São Paulo, Estadão etc,) de fatos que estão ainda sendo apurados pela Polícia Federal. Com o singular detalhe: de trazerem ‘interpretações’ além da apuração. Como ocorreu com o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha.

O ‘Padilha’ que aparece na alegada interceptação de logo foi traduzido como Alexandre.

Tem sido a festa da mídia tais vazamentos.

A atitude da PF traduz típica instrumentalização político-eleitoral da atividade. Caso o leitor venha observando as reivindicações de setores da Polícia Federal poderá entender o que também objetiva tal comportamento.

Não duvide o leitor: se depender da Polícia Federal Dilma Rousseff não se reelege.

Liberou
A situação beira o absurdo a ponto de o juiz que controla a investigação da denominada Operação Lava Jato, para evitar tais vazamentos seletivos, haver determinado a plena liberação dos documentos que a instruem, para que todos tenham a ela acesso.

Ou seja: tornou-os públicos para que toda e qualquer pessoa possa efetivamente saber o que pode ser ou não verdade dentro de tais ‘vazamentos’.

Entre o discurso e a realidade
Pernambuco contraria o discurso de Eduardo Campos no quesito Educação. Seu estado, por ele governado por 8 anos, é o terceiro pior exemplo.

O negócio é chamar o Professor Raimundo.

Muito por descobrir
Os crimes cometidos em nome da ‘democracia’ pela ditadura militar (apoiada por significativos membros da sociedade civil) estão longe do conhecimento público em sua verdadeira dimensão. Começam – é verdade – a chegar, reconheçamos. Mas muito falta.

Os setores organizados levantaram o que ocorreu com as vozes contrárias – onde se destaca a publicação do “Brasil, Nunca Mais” – mas nem tudo está registrado, porque nem tudo de barbárie aconteceu somente nos porões. Não se imagine que somente personalidades sofreram a crueldade desenvolvida no período.

Começam a vir à tona o que foi feito a índios no interior de Minas Gerais, em típico ‘campo de concentração’. E agora descobre-se que os crimes contra presos comuns ocorreram e nunca chegarão a ser dimensionados o suficiente, como observa a partir da denúncia de Percival Maricato:

“O delegado Fleury e bando, por exemplo,  um dos heróis mais homenageados pelas três armas, assassinava quase que diariamente presos comuns, após barbaramente torturá-los. Quando não capturava o suficiente diretamente, ia buscar alguns ‘exemplares’ no Presídio Tiradentes. O diretor do Presídio se encarregava de sumir com a ficha. Quase todos não chegaram a ser julgados. Mas se julgados, como não se poderia sumir com o processo, registrava-se que o preso fugira. Sem problemas. E os demais, eram culpados? Certamente isso não preocupava os militares e civis que governavam na época. Fleury continuava a receber medalhas. Era um pacificador.

"Outro episódio digno de ser lembrado como representativo da época vivida aconteceu em um quartel do I Exército, no Rio, também com pessoas comuns, ou seja, que não eram opositores políticos.  Alguns jovens recrutas foram presos por serem maconheiros e torturados até dizerem o nome dos demais que fumavam maconha no batalhão. Quinze no total foram presos e continuaram sendo torturados, principalmente espancados com chicotes, paus e palmatórias, a tal ponto que dois morreram”..

As suspeitas levantadas a partir da morte de Malhães não deixam de fazer sentido. Ainda que venha a ser provado o contrário: de que morreu de morte natural ou como simples vítima de assalto.

A dúvida reside no fato de ele saber certamente muito mais do que confessou perante a Comissão da Verdade. Onde ilustrada a resposta à pergunta ‘quantos matou’: “Tantos quantos necessários”.

Piração!
Definitivamente estamos enveredando por um típico ‘samba do crioulo doido’, em razão de inusitadas propostas televisivas. Não sabemos se o que acontece com a Globo está centrado no fato da perda de audiência, que vem se aprofundando a cada mês.

A platinada, que já não se basta em meter o bico em tudo – menos informando e mais manipulando –, deu de enveredar por ensinar o torcedor a gritar ‘gol’ na Copa do Mundo. Quer enquadrar a turma, submetendo-a aos recursos que leciona. Dando cunho ‘científico’ ao que de mais comum e natural ocorre, última expressão do que podemos denominar como tipicamente popular.

Simplesmente quer se apropriar até do “grito de gol” que ocorrer no estádios da Copa. Caminhamos para ter o ‘padrão Globo’ para bem gritar gol.

Caso o leitor pense ser piada ou ranhetismo deste escriba assista ‘ao vivo’ a maravilha global clicando em http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2014/04/fonoaudiologa-ensina-truques-para-soltar-grito-de-gol-na-copa-do-mundo.html

Explicado 
“Mineiro só é solidário no câncer”. A frase de Nelson Rodrigues, que a atribui a Otto Lara Rezende (que não perdoava Nelson por isso), está na peça “Bonitinha, mas ordinária”.

Estamos começando a entender o porquê de Joaquim Barbosa estar fazendo o que faz com os direitos de José Dirceu. Questão de ‘solidariedade mineira’. Ambos – Barbosa e Dirceu – são mineiros.

O detalhe fica  à conta de Barbosa depender de um divã. Que não é o nelsonrodrigueano.

E aí, ministra?
A ministra Rosa Weber leva à conclusão que não estava preparada para assumir o STF. Na AP 470 condenou José Dirceu, mesmo sem ver provas contra ele – como disse – porque entendia que sua posição de magistrada o permitia. Agora envereda por seara nebulosa no campo da interdependência e harmonia entre os Poderes da República: determinou ao legislativo aquilo que cabe ao próprio Legislativo definir.

Provocação
Nada que possa ser considerado normal – a não ser que comprovada clinicamente a doença mental de Joaquim Barbosa – justifica o que vem passado José Dirceu para ver respeitados os direitos que lhe são assegurados em lei como condenado, porque não os viu assegurados no processo, tanto que condenado tão somente com base na leitura tupiniquim do domínio do fato (o da presunção), o caminho de condenar quando não há prova.

Como as violações são tantas - e permanecem - queremos entender que o ministro Joaquim Barbosa exercita típica provocação ao PT e algumas de suas lideranças para que reajam ao seu comportamento.

Caso isso ocorra voltará a ser útil ao golpe. 

O que falta mesmo... I
O que não tem faltado neste “país de São Saruê” é campanha; contra o PAC, contra a Copa, contra o pré-sal, contra... contra... A contragosto vai ter Copa, o pré-sal está aí (cada dia batendo recorde de produção) etc.

O que não está tendo mesmo é água em São Paulo.

Questão de gestão!

O que falta mesmo... II
Deu no Estadão, pela lavra de Fabio Leite e Rafael Italiani

"O envelhecimento da tubulação da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) atinge metade da rede de distribuição de água na região central da capital, onde vivem cerca de 3,5 milhões de habitantes. Levantamento feito pela empresa revela que 51% do sistema de abastecimento que atende bairros como Perdizes (oeste), Moema (sul), Tatuapé (leste) e Sé (centro) tem mais de 30 anos de uso, o que aumenta os casos de vazamento - o maior vilão do desperdício na própria Sabesp.

"Em 2013, a empresa perdeu 31,2% de toda a água produzida entre a estação de tratamento e a caixa d’água dos consumidores, conforme o Estado revelou em fevereiro. O índice representa cerca de 950 bilhões de litros - quantidade equivalente a quase todo o 'volume útil' do Sistema Cantareira, que tem capacidade para 981 bilhões de litros. Segundo a Sabesp, 66% das perdas são provocadas por vazamentos ou transbordamentos de reservatórios.

"'O envelhecimento das tubulações, especialmente na Região Metropolitana de São Paulo, é um dos principais motivos das perdas físicas (vazamentos) da Sabesp', informa a companhia em documento enviado em março à Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) durante o processo de negociação da revisão tarifária.

"Segundo a empresa, 17% da rede têm mais de 40 anos e 34%, entre 30 e 40 anos de uso. No centro, ainda há tubulação feita na década de 1930".

Solução tucana
O governador Geraldo Alckmin encontrou uma solução, típica dos compromissos de seu PSDB para com o povo: multa de 30% para quem ultrapassar a média do consumo.

Naturalmente, quem tem dinheiro poderá desperdiçar piscinas do precioso líquido.

Quem não tem e precisar tomar um banhozinho a mais por causa do calor - se encontrar água na torneira, será multado.

Viva!

Utilidade pública
Começou a cadastramento de vítimas da Telexfree.

Nos Estados Unidos!

Itabuna
E Itabuna vai caminhando... caminhando... caminhando... Com muita esperança de apurar os prejuízos causados pela administração anterior!

Em homenagem
Por tudo que anda acontecendo 'na atual conjuntura' nada melhor que Stanislaw Ponte preta - o compositor. Especialmente depois da aula da Globo para gritar "gol na Copa". "Samba do Crioulo Doido" neles, minha gente! Com os Demônios da Garoa.
www.youtube.com/watch?v=P8EgacjTL3A 

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A coluna será atualizada no curso do dia, até que disponibilizado o link do vídeo

sexta-feira, 25 de abril de 2014

E la nave va

Aprofundando a barbárie
Disponível no Youtube o comentário político de Bob Fernandes dentro do Jornal da Noite da TV Record em (http://www.youtube.com/watch?v=Bbsj9yO71rg) que ora disponibilizamos em texto, na íntegra, abaixo.

Bob centra seu comentário em fatos decorrentes de greve de polícias e as mortes - e o tipo de mortes - que têm ocorrido no curso delas.

Na região, a liderança principal dos denominados tupinambás se encontra presa, por ordem judicial expedida pela Justiça Comum Estadual, em razão de homicídio cometido recentemente.

Cabe-nos registrar – diante dos fatos concretos – a existência de organismos ou lideranças em defesa destes presos, utilizando-se do argumento “direitos humanos” e “direitos dos povos”.

Entre os emparedados os não-humanos que sucumbem nas condições e circunstâncias expressadas por Bob Fernandes ou que perdem terras onde estão há décadas. 

Sucumbem, uns e outros, sem que o Estado Democrático de Direito tenha lhes assegurado os mais elementares e comezinhos direitos oriundos de institutos jurídicos do Direito Natural: a vida – o mais primevo – e a propriedade – conquista histórica do Homem no curso dos séculos.

Tire o leitor as suas conclusões. A nossa é simplória, talvez: não só governos (em que pese não estarem cumprindo com seu dever institucional diante dos fatos), mas a sociedade, que apodrece no consumismo e se organiza em defesa do indefensável. Ainda que sejam respeitados organismos os que se apresentam caolhos diante dos fatos.

E la nave vaSem que busquemos a solução que exige de todos participação concreta e efetiva. Dispensando, em catarse coletiva, o individualismo que impera como 'ética contemporânea'. Podendo começar com o mea culpa que cabe a cada um.

Caso contrário, caminhamos para aprofundar a barbárie.

Não gostei deste

Bob Fernandes, publicado em 23.04.2014

Em Copacabana, dois mortos e incêndios. Em Osasco, um homicídio e 30 ônibus incendiados. Na Bahia, greve da PM. Com 106 assassinatos em cinco dias.

Na greve de 2012, liderada pelo soldado Prisco, 177 homicídios. Prisco é vereador do PSDB, e candidato a deputado. Está preso na Papuda por ordem do MP federal. 

Dos 106 mortos da greve deste 2014, a maioria tinha menos de 25 anos. Em Salvador, a matança se deu nas mesmas áreas dos homicídios da greve passada.

Por meses recolhi perícias daquela matança... 72 dos mortos foram executados. Com tiros na nuca, na cabeça.

Os assassinos usaram toucas ninja, pistolas ponto 40 - de uso exclusivo da polícia- e limparam a cena dos crimes. A suspeita quanto aos autores é óbvia.

Nos laudos, por falta de investigação, "autoria desconhecida". Em dois anos, só no rastro das greves da PM de Prisco na Bahia, 283 assassinatos.

Os mortos são mera estatística. Pobres ou miseráveis e, por isso, mortos sem nome e sem rosto.

Greve de PM é ilegal. No Rio Grande do Norte, PMs e bombeiros entraram em greve na última terça-feira, dia 22.

No reveillon de 2012 o governador do Ceará, Cid Gomes, rendeu-se à greve da PM, e confessou a um amigo: "Tive que engolir, goela abaixo".

No mesmo ano, Jaques Wagner foi emparedado pela PM baiana. O mesmo em Brasília, ao norte do Brasil, e no Rio de Cabral, com PMs, bombeiros... e as milícias de sempre.

O mesmo em São Paulo, com 106 PMs mortos em 2012 e, bem além da "lei do talião", 10 mortos a cada PM assassinado.

Em Osasco, na Baixada Santista, Guarulhos, estado adentro, denúncias de grupos de extermínio com policiais. Idem em Alagoas, Goiás... Brasil afora. 

Em 88, a Constituinte recomendou uma Política Nacional de Segurança Pública. Nada saiu do papel.

Não saiu porque governadores são reféns das suas guardas pretorianas. Porque a sociedade que pode não tá nem aí; tem suas casamatas, blindagens e segurança privada.

Nada saiu do papel porque a sociedade que não pode, só... não pode. São 50 mil assassinatos a cada ano. 

O que têm a propor candidatos a governos e legislativos? Com quem estão debatendo e articulando soluções para essa tragédia? O que é mais importante do que a vida? 

Com a palavra, candidata e candidatos à presidência, governos, legislativo. E, por favor, nos poupem de promessas vazias da marquetagem.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Onde a porca

Torce o rabo


Ontem, quarta 23, dia de São Jorge, o santo guerreiro. Uma guerra lançada. Não sabemos os desdobramentos, porque se trata de briga de cachorro grande. Afinal, quem controlou não deseja perder o controle. E o controle em tal área tem se constituído elemento de hegemonia para quem controla.

A lei 12.965, para vigorar a partir de 60 dias, publicada nesta quinta – que “Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil – sancionada pela presidente Dilma Rousseff na quarta – negue quem o quiser – é um pontapé, em nível mundial, para o processo de desamericanização dos órgãos que controlam planetariamente a internet. Que certamente buscarão retomar o controle hegemônico dos meios de informação digital. Daí a guerra a que nos referimos acima.

Significativo avanço a edição da lei 'do marco civil', que põe o Brasil na vanguarda pela garantia de liberdade de expressão, proteção da vida privada e igualdade de tratamento para qualquer tipo de conteúdo na internet em território brasileiro Não à toa deu-lhe espaço o jornal Le Monde, em matéria de capa: "O Brasil lidera luta contra a hegemonia americana na internet".

Infelizmente os espaços que vem ocupando o Brasil no cenário mundial não têm merecido a atenção devida nos meios de comunicação do país, mais preocupados com a agenda pessimista. A quase totalidade se beneficiando dos atuais mecanismos de controle e submissão. A atuação brasileira tem colocado o país no topo das lideranças que enfrentam o atual sistema. 

Atitudes como a recusa a visitar o EUA depois de bisbilhotada por órgãos da rede estadunidense levam o Le Monde, por exemplo, a realçar o pedido de explicações da presidente Dilma Rousseff, publicamente, ao colega Barack Obama, razão por que fere de críticas o governo francês (país do Le Monde) por ser - assim considera o jornal - "muito discreto em suas denúncias contra a NSA e Paris não parece pronto para enfrentar os norte-americanos como o Brasil”.

A fala da Presidente na NetMundial não deixa dúvidas quantos aos propósitos: a internet deve ser “multissetorial, multilateral, democrática e transparente”. Um tapa com luva de pelica nos Estados Unidos. Que desde os anos 30 desenvolveram um processo de controle da informação, exercendo-o através do cinema, rádio, televisão (posteriormente) e das agências de notícias. 

A construção da imagem de ‘pai da Democracia e da Liberdade’ foi assim divulgada, ainda que tenha sido o país líder em invasões e derrubadas de governos eleitos democraticamente a intervenções em movimentos de lutas democráticas, o que faz desde o final do século XIX.

Verdadeiros oligopólios na área da comunicação foram criados, constituindo imensa concentração de poder, onde os Estados Unidos exercem liderança hegemônica incontestável. O poder de sua rede não pode, nem de longe, ser comparada àquelas que desenvolveram atividades específicas como Rússia, China, visando o contraponto. Isso porque consideramos o sistema europeu também sob sua influência. O Le Monde, na mesma matéria elogiosa ao Brasil, observa o pioneirismo brasileiro.

Tais oligopólios são reproduzidos pelo mundo, como ocorre com as comunicações no Brasil, concentrada na mão de grupos e distante dos interesses da sociedade. Que lhes serve tão somente como consumidora do que produzem para assegurar apenas o resultado financeiro.

Desdobramentos
Comece a entender o leitor a razão por que da reação dos grandes grupos de televisão no Brasil país às iniciativas do governo. Principalmente quando o Governo Federal fala em instalar o chamado 4G.

Mais uma frente na batalha eleitoral – unida ao projeto de desconstrução da Petrobras – concentrará a ação dos grandes meios de comunicação.

É aí onde a porca torce o rabo. 

E pouco entendemos que este ano eleitoral tem desdobramentos que passam pela luta pela manutenção e controle tanto do pré-sal como da liberdade e submissão da internet a uma lei brasileira para tudo que nela circule ou pelo retorno à sujeição de interesses estrangeiros coordenados por setores da elite brasileira.

A autonomia e o respeito que o Brasil tem adquirido não alegra nem contenta os que sempre viveram sob as rédeas externas. Voltar a ser colônia plenamente é o sonho para eles. *

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* (Re)leia o leitor a postagem "A lição que falta".


quarta-feira, 23 de abril de 2014

A lição

Que falta
Um detalhe se nos passa praticamente despercebido: o 22 de abril. Tempo houve, distante, em que cantarolávamos “22 de abril, Cabral descobriu o Brasil”. No verso, arrastado em melodia sílaba a sílaba, a lembrança de um instante que se apresentava significativo para a geração que vivenciava as primeiras descobertas no universo da História do Brasil nos cinco anos de curso primário. No fundo, cada versejo alimentava a fixação no imaginário de uma data que deve(ria) refletir alguma significação para a História do país. Afinal, naquele dia – há cinco séculos – aportavam as naus cabralinas no costeado atlântico sul-americano.

Os desdobramento todos conhecemos. Pelo menos um pouco. Desde a possível história mal contada do ‘descobrimento’ (adredemente planejado) ao correr dos séculos de colonialismo, do qual não podemos afirmar que nos tenhamos libertado plenamente; quando muito substituído. 

Ainda embrionamos a concepção de nação. Que o diga o médico, psicólogo, pedagogista, sociólogo e historiador sergipano Manoel Bonfim (morto num 21 de abril de 1932) que tanto a defendeu e encontrou em Darcy Ribeiro um seguidor na concepção visionária da ‘civilização dos trópicos’, liderada por este augusto torrão.

Mas, os que acompanhamos um pouco do que motivou, e ainda motiva, esse descaso para com a nossa identidade e, para com tudo que possa fixá-la, mais aprofundado quanto mais progredimos técnica e intelectualmente, nos remete a perceber quão limitados são os compromissos da gestão histórica deste país para com o desenvolvimento da nacionalidade tão cara a outros povos. Temos visto aqui sempre a construção de barreiras para evitar a conquista da sociedade a se dar pelo domínio do conhecimento sobre o que representa no concerto das nações.

Em ano eleitoral – pelo nível do debate que se instala, mais repetição que novidade – não vemos manifestação de compromisso além do asseguramento da busca por cargos e funções. Disputas insossas de idéias, vertente de mera conquista do poder pelo poder.

O “22 de abril’ dos versinhos cantados da infância nem mesmo são lembrados, tão lançados foram ao mais recôndito da lembrança, mais fixados pelo ‘cansaço’ atribuído ao estudar como se aprender fosse um estorvo. Em nível de memória vivemos estágio de insanidade mental.

As experiências que poderiam ter sido exitosas fadaram-se ao esquecimento assim que ultrapassados os limites temporais das gestões que as desenvolveram, sempre destruídas por aqueles que Eça de Queiróz – pelo heterônimo Fradique Mendes – em carta a Eduardo Prado tratou como “senhores do Brasil”; os que “em vez de terem escolhido esta existência que daria ao Brasil uma civilização sua, própria, genuína, de admirável solidez e beleza... abandonaram os campos, correram a apinhar-se nas cidades e romperam a copiar tumultuariamente a nossa civilização européia, no que ela tinha de mais vistoso e copiável”, gênese de estar este país coberto de instituições alheias “quase contrárias a sua índole e ao seu destino”.

A observação de Eça de Queiroz ainda nos cala fundo, os que nos imaginamos defensores de uma identidade nacional, em valores autóctones, ainda que antropofagidos (como ilustraram os modernistas): “No dia ditoso em que o Brasil, por um esforço heróico, se decidir a ser brasileiro, a ser do novo-mundo – haverá uma grande nação. (...) pode contar com um soberbo futuro histórico, desde que se convença que mais vale ser um lavrador original do que um doutor mal traduzido do francês”.

O duro, caro leitor, é que Eça de Queiroz registra suas observações há quase 150 anos, nos 80 do século XIX. O que nos deixa indagar sobre o que mudou de lá para cá. Certamente a substituição, apenas, das referências colonizadoras.

Vendo na rede a manifestação de educadores mineiros contra a gestão de seu estado lembramos do que anda a propagar um seu filho que aspira a presidência da república. Não conseguiu fazer algo pela educação ao tempo em que governou Minas Gerais. E deseja transformá-la em nível de Brasil.

Nenhum dos que se propõem a ‘mudar’ o país se afasta dos compromissos com os “senhores do Brasil” de que fala Eça de Queiróz. Aí reside a contradição, inconciliável: a de prometer o impossível; de servir a Deus e a Mamon simultaneamente.

Em sede de exercitar o instrumento ‘educação’ como ferramenta revolucionária, temos que compreendê-los. Afinal, afirma – como profecia interpretada dos escaninhos legados pelos ‘senhores do Brasil’ – o educador Paulo Freire: “Seria uma atitude muito ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que permitissem às classes dominadas perceberem as injustiças sociais de forma crítica”.

Assim estamos em nível de oposição: no mato sem cachorro – como diria Tormeza. Por isso não conseguem seus próceres deslanchar, ainda que a candidata que se lhes opõe tenha perdido pontos em avaliações recentes.

É que falta aprender uma das primeiras lições: saber que no dia “22 de abril, Cabral descobriu o Brasil”.


terça-feira, 22 de abril de 2014

O vai-e-vem

Do-sai-não-sai
Há uma obra antológica na literatura nordestina. Não dentro do gênero que a tornou singularmente representativa em nível nacional a partir de "A Bagaceira" (1928), de José Américo de Almeida, seguido de Raquel de Queiroz, Jorge Amado, Graciliano Ramos e José Lins do Rego, que lhe dão o contorno do definitivo reconhecimento.

Não é desta seara o que buscamos. Mas de "Zé Limeira, o poeta do absurdo", do paraibano Orlando Tejo, o marco divisor do reconhecimento do 'cantador', registrado em livro, como nuance concreta da cultura nordestina. "Zé Limeira..." - diz o próprio Tejo - não foi livro fácil de chegar ao público. Tantas as idas e vindas de seu rascunho por editoras do país, a ponto de registrar na abertura da obra o que denomina de 'vai-e-vem-do-sai-não-sai".

O ano eleitoral já encontrou o mote: uma CPI para a Petrobras - como o quer a oposição - ou mais além, também envolvendo trens e metrôs de São Paulo e porto de Suape, em Pernambuco, como o deseja a situação. É a notícia do dia, a cada dia esquentada com o que de folhetinesco cada troupe queira apresentar.

Mas mexer com fogo em monturo leva a não se saber de que ponto brotará chama. Na sagrada instituição partidária brasileira hoje ninguém pode se arvorar de santo. Aí onde reside acender fogo no monturo.

Uma figura transita no entorno de tudo e pode botar fogo no mundo se resolver falar o que sabe e sobre quem com ele convive(u). Hoje aqueles que a oposição quer atingir; ontem, ela (oposição) pode ser a alcançada. No centro o mesmo Yousseff e seu famoso jatinho, que serve aos amigos. A vítima de agora é André Vargas, do PT. Ocorre que - dizem os registros - o senador Álvaro Dias, vocacionado Catão do PSDB, usou o jatinho do doleiro. Não para veranear, mas para sua campanha em 1998.

Voltando a Petrobras - quem sabe? - pode por uma dessas perguntas qualquer a CPI ver citado o nome de Alberto Youssef. Tudo porque onde há dinheiro - e suspeita de desvio - necessariamente há um paraíso fiscal a ser encontrado, sob conduto de um doleiro.

Foi assim que ocorreu na CPI do Banestado. Como lembra matéria publicada na Isto É de 12.02.2003, por lá apareceu dinheiro tucano em meio a outros. A melhor solução foi fazer as conclusões da CPI darem em (quase) nada. O tema também foi objeto de atenção de Amaury Jr. em "A Privataria Tucana". Mas, vamos ao que editou a revista, a partir de Foz do Iguaçu:

"Documentos a que ISTOÉ teve acesso começam a esclarecer por que o laudo de exame financeiro nº 675/2002, elaborado pelos peritos criminais da PF Renato Rodrigues Barbosa, Eurico Montenegro e Emanuel Coelho, ficou engavetado nos últimos seis meses do governo FHC, quando a instituição era comandada por Agílio Monteiro e Itanor Carneiro. Nas 1.057 páginas que detalham todas as remessas feitas por doleiros por intermédio da agência do banco Banestado em Nova York está documentado o caminho que o caixa de campanha de FHC e do então candidato José Serra, Ricardo Sérgio Oliveira, usou para enviar US$ 56 milhões ao Exterior entre 1996 e 1997. O laudo dos peritos mostra que, nas suas operações, o tesoureiro utilizava o doleiro Alberto Youssef, também contratado por Fernandinho Beira-Mar para remeter dinheiro sujo do narcotráfico para o Exterior. Os peritos descobriram que todo o dinheiro enviado por Ricardo Sérgio ia parar na camuflada conta número 310035, no banco Chase Manhattan também em Nova York (hoje JP Morgan Chase), batizada com o intrigante nome “Tucano”. De acordo com documentos obtidos por ISTOÉ, em apenas dois dias – 15 e 16 de outubro de 1996 – a Tucano recebeu US$ 1,5 milhão. A papelada reunida pelos peritos indica que o nome dado à conta não é uma casualidade".

Nitroglicerina pura. Que ainda não acabou de explodir. E pode gerar rastilho nas CPIs que muitos anseiam. E hoje não gostariam de ver instalada.

O que em muito justifica o 'vai-e-vem-do-sai-não-sai' de que falava Orlando Tejo. Só que dele não sairá nenhuma biografia de cantador.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Menos 'ideologia'

E mais lucidez
A reprodução do artigo abaixo, circulando na rede a partir de Carta Capital e Advivo, decorre do fato de assemelhar-se ao que lemos há alguns anos - mais de dez ou quinze - em manifestação de Betty Friedan declarando-se 'arrependida' da radicalização de posicionamentos feministas, defendidos por ela, quando excluía o homem do contexto, como se desnecessário fosse, nos primeiros instantes do movimento. O que não era verdade - concluía Freedan.
Particularmente sempre vimos no feminismo, em seus primórdios, apenas a substituição de um gênero por outro. Sublimação, provavelmente. O que só Freud poderia explicar. (Que não nos considerem as feministas machista empedernido ou porco chauvinista, como nos denominaria o Women's Lib na década de 70).
Aposentadoria, alistamento militar obrigatório, ingresso mais barato na balada - isso não é privilégio, é machismo
Por Nádia Lapa
O feminismo é pauta constante em conversas, na mídia, na mesa do boteco. E, como muita gente não reconhece o movimento como legítimo, de bases históricas, de militância incansável e estudado  na academia, repetem absurdos a respeito do tema. Acham que o senso comum resolve. Ignorância ou má fé? Não sei, mas o primeiro dá para resolver - tem um monte de livros bacanas, blogs interessantes (inclusive esse aqui!) e perfis no Twitter que falam de feminismo o tempo todo.
Mas sempre que chega alguém "novo" no rolê, a pessoa faz questionamentos pueris, quase nunca com o desejo de saber mais. A intenção - nota-se pelo tom da voz - é "desmascarar esse tal feminismo".
Eu prefiro desmascarar as falácias.
1) Feminismo é contrário de machismo.
Bom, quem diz isso ainda está na fase "feminismo para dummies". Machismo é um sistema patriarcal, institucionalizado, de opressão de um gênero sobre o outro. Feminismo é um movimento que visa a igualdade e, mais do que isso, desafia esse sistema. Há muitos feminismos, e cada um deles propõe uma forma de acabar com o machismo. Há anarcafeministas, feministas radicais, feministas liberais, e por aí vai. Tem quem queira repensar o capitalismo, tem quem lute pelo empoderamento da mulher sem mexer nas estruturas do capital. Mas basicamente feminismo e machismo não são nada similares.
2) Por que mulher se aposenta antes? Nessa hora ninguém reclama!
Sim, reclamamos, mas não lá, aos 60 anos.
Reclamamos antes, pela "obrigação" de lavarmos a louça, tirarmos a toalha molhada da cama, varrermos o chão e esfregarmos a privada que você usou. Na divisão sexual do trabalho, as mulheres exercem a atividade mais mal remunerada do mundo: cuidar da casa. Mal remunerada porque simplesmente não é remunerada.
Segundo a Pesquisa Nacional de Domicílios (Pnad), do IBGE, mulheres gastam 23,9 horas da semana cuidando de afazeres domésticos, enquanto os homens ficam com apenas 9,7 horas. Em alguns estados, a diferença é ainda mais gritante: na Paraíba, mulheres gastam 27,8 horas semanais cuidando da casa; os homens, 10,6 horas. É quase o triplo.
A pesquisa abrange moradores acima de 10 anos de idade. O resto é só matemática. Se a jornada de trabalho normal no Brasil é de 40 horas semanais e a mulher trabalha em casa, sem remuneração, por 24 horas por semana, no fim do ano ela trabalhou 1.147 horas, enquanto o homem, apenas 465. Multiplique pelos anos até a aposentadoria, e aí você saberá a razão da diferença.
Você conhece algum casal que compartilha as tarefas domésticas? Ótimo. Por enquanto, eles são a minoria da minoria. Quando isso for a regra, e não a exceção, não tenha dúvida: a idade para aposentadoria da mulher vai aumentar (ou você acha mesmo que o governo quer deixar de receber as contribuições e já começar a pagar?).
3) Por que vocês não lutam pelo alistamento militar obrigatório?
Essa parte, confesso, me faz rir.
Por que alguém lutaria por uma obrigação?
Nem precisaria explicar depois disso, mas sou insistente: as mulheres (não necessariamente feministas) lutam para fazer parte dos quadros das forças armadas. Os Colégios Militares, por exemplo, só aceitaram alunas mulheres depois da Constituição Federal de 1988. Até hoje concursos simplesmente não aceitam mulheres. Leis e ações judiciais, como esta do Ministério Público do Distrito Federal, tentam reverter isso.
Além disso, existem feministas - como eu - que são contra o militarismo. Outras são a favor de que seja voluntário para homens e mulheres.
4) Feminista até paga menos na balada/pagar o motel/chegar a conta.
Mulheres pagam menos na balada porque são usadas como iscas. Homens heterossexuais não costumam gostar de ir para festas onde "só tem marmanjo". Isso é machismo, não feminismo.
Sobre o motel, realmente muitas mulheres acham que o homem tem que pagar. Sabem o motivo? Fomos ensinadas de que o cara "aproveitou", que nós fizemos algum tipo de concessão, sei lá, e que o cara precisa pagar por isso. Isso é machismo, não feminismo. O mesmo vale para a conta.
5) Quem vai abrir potes se vocês acabarem com os homens?
Ninguém quer acabar com os homens, por favor.
E sabemos abrir potes. Tivemos aulas de física e aprendemos que o calor dilata metais. Logo, é só esquentar um pouquinho a tampa que ela vai ficar mais frouxa. Também dá para fazer uma alavanca com a colher. E, vejam só, existem até utensílios que fazem tudo isso por nós.
Como diria Simone de Beauvoir, em tempos tecnológicos, não há que se falar em força física para tarefas normais do cotidiano. A roda já foi inventada. E, putz, que existência desgraçada a de quem acha que sua função no mundo é abrir potes para mulheres indefesas, hein?