domingo, 31 de agosto de 2014

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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Imagem desgastada
Anunciado um cessar-fogo, por tempo não definido, entre Israel e o Hamas, que pôs fim (por enquanto) a sete semanas de guerra que mais estava para um massacre, tamanha a desproporcionalidade de forças em conflito. Os resultados a confirmam: 2 mil palestinos mortos ante 70 israelenses.

As 'concessões' para materializar o cessar-fogo bem dimensionam a derrota moral e política. A primeira delas, e mais significativa: negociação com o próprio Hamas.

O vexame de Israel pode bem ser compreendido a partir do apoio interno ao sionismo de Netanyahu: dos 82% no início do conflito para 38% ao perceber o absurdo a que chegaria se insistisse em 'derrotar' o Hamas.

Viu contra si crescer o boicote internacional e deu vezo a uma ofensiva diplomática do Estado Palestino.

Mais que as casas e hospitais destruídos por Israel a imagem do país saiu arrasada.

De uma guerra inútil ao desgaste irreversível. Acentuado pelo mundo na voz dos que podem se expressar. 

Como entre os artistas de diversos países que participarão da 31ª  Bienal de São Paulo, que divulgaram Carta Aberta à Fundação Bienal para que 'recuse o apoio financeiro ofertado pelo estado de Israel' (jornalGGN) como forma de não "legitimar agressões e violação do direito internacional e dos direitos humanos em curso em Israel".


A serviço do mercado I
Estudos provocados pelo Clube de Engenharia junto a Anatel deixaram claro o absurdo a que chegam os custos administrados pela agência, que chegam a 700% acima do valor real (Maurício Dias, na Carta Capital) em alguns casos.

Para que o leitor perceba o que isso representa: a assinatura de telefonia fixa, por exemplo, poderia ser de 10 reais no máximo e não os 45 cobrados.

A serviço do mercado II
As agências reguladoras são como raposa cuidando do galinheiro. Assim como a pretendida independência do Banco Central.

Num e noutro caso quem controla são os interessados.

Entreguismo I
Marina Silva ocupa um espaço no processo eleitoral que lhe dá uma dimensão de furacão. Atropelou a campanha, traz expectativas de resultados inimagináveis há um mês. De coadjuvante a personagem de primeiro escalão. A permanecer o atual quadro de ascensão – ou de permanência – se faz protagonista do processo.

E como tal se torna – até este instante – no destino de esperança como se fora um símbolo esperado, anunciado. Essa dimensão messiânica é a que mais preocupa.

No entanto, o que intriga não é sua ascensão, mas o que a motiva. Não há indagações em torno de suas propostas, tampouco análise de viabilidade delas diante da realidade político-institucional.

O seu discurso de que governará com “os melhores” de todas as vertentes é falacioso, e desvia do centro da discussão os problemas que o país precisa discutir. Sua postura pode ser traduzida como a tornar o eleitor numa criança enganada com caramelos.

Joga para a plateia a ideia de 'melhores' à direita e à esquerda viverão em coexistência pacífica e renunciarão ao que acreditam porque estão sob o manto sagrado de sua figura ungida.

Entreguismo I
Sua posição, por exemplo, diante da atuação e da importância da Petrobrás como referência para o futuro da Nação é deveras preocupante. 

Primeiro, porque demonstra esquecer (ou não considerar) que o período Lula-Dilma desconstruiu o projeto neoliberal capitaneado por FHC (e assumido por Aécio Neves, que tem a grandeza de não negá-lo), pautado na entrega da empresa ao capital estrangeiro como moeda de troca quando em busca de dinheiro junto ao FMI.

Segundo, por negar que foi retomada a redenção de um Brasil soberano sobre parcela de suas riquezas ora concentradas no pré-sal (outras estão perdidas, como os minérios entregues no butim da venda da Vale do Rio Doce).

Não há sinal de que encontrará (a Petrobras) em Marina a defesa necessária, porque a candidata confunde energia com ambientalismo e, como já deixou claro, terá a Petrobrás em seu governo uma função de segunda classe (se classe encontrar).

São trilhões de dólares em jogo (no mínimo 10 trilhões) para custear educação e saúde no futuro. Legar a segundo plano tal importância somente deixa a vislumbrar duas vertentes: abandono do projeto ou – o mais provável – entregar a exploração do pré-sal ao capital estrangeiro, inclusive reduzindo os investimentos da estatal na exploração dos campos que até agora lhe pertencem.

O que sinaliza Marina para a Petrobrás só tem uma tradução: entreguismo.

Em relação à Petrobras Marina Silva e Aécio Neves pensam de forma igual. O que difere um e outro é que Marina não diz claramente, como faz Aécio. 

São, para a estatal, faces idênticas da mesma moeda. Inimigos da Petrobras.

Promessas
Analisando o furacão Marina à luz das políticas públicas implantadas nos últimos 12 anos, difícil entender que beneficiários de ações governamentais – em todos os sentidos – dos menos favorecidos à classe média (essa, sempre difícil, porque pequeno burguesa) não reconheçam o que ocorreu no país nestes últimos 12 anos.

Tal circunstância – se considerarmos como verdade absoluta os resultados de pesquisas – leva à perplexidade. Ou seja, a promessa de duvidoso caviar à mesa supera o filé mignon disponível no dia a dia.

Salário mínimo superando os 300 dólares (o sonho era chegar a 100). A dívida pública federal em 33% do PIB (elevada a 59% quando nela incluída a de estados e municípios) longe está, por exemplo, da situação de países outros do mundo, como os Estados Unidos, onde supera os 100% do PIB. Inflação sobre controle. Reservas internacionais em 380 bilhões de dólares (suficientes para custear 18 meses de importações). Desemprego no menor patamar da história brasileira. Aumento da participação do Brasil na economia mundial, que espelha estarmos entre as cinco maiores nos próximos anos. Um mercado consumidor interno em ascensão, com crédito para quem nunca chegara a tê-lo. Um canteiro de obras em todos os aspectos necessários para a redução do custo Brasil, como refinarias, estaleiros, portos, aeroportos, ferrovias. 

A promessa do “novo”, no entanto, parecendo prevalecer. Ainda que não dito como ocorrerá.

Sob investigação
Um Elba levou Collor ao impeachment. O escândalo dos aviões que servem à campanha do PSB (incluindo o que matou Eduardo Campos) marca a corrupção de forma espantosamente escancarada em uma campanha eleitoral. 

Marina Silva em declarações confessa o uso e ciência dos fatos. O fato é grave. No entanto a mídia silencia em relação ao ocorrido no que diz respeito às violações à legislação eleitoral, que implicam na cassação do registro por uso indevido de recursos.

O Procurador-Geral da República instaurou procedimento investigatória para apurar as responsabilidades sobre o indevido uso dos aviões. A responsabilidade é objetiva. Se há ilícito implica diretamente na responsabilização da chapa. Afinal, o crime eleitoral afeta a lisura do pleito e quem o comete não pode beneficiar-se da incúria, do ilícito.



Para (Não)entender
No instante de euforia, quando as pesquisas vão se ajustando ao pretendido pela direita brasileira, mais interessa a vitória dos interesses privados nacionais e sua dimensão entreguista, repetindo a história. Surfando na possibilidade de vitória a turma está em estado orgástico.

Quando dizemos que “as pesquisas vão se ajustando” é porque as contradições que são exibidas entre umas e outras, em períodos de apuração recente, bem demonstram que algo não bate. 

Como, por exemplo, a brutal queda dos nanicos – que chegaram a dispor de 8% das intenções de votos antes mesmo do horário eleitoral (quando desconhecidos muitos deles) e despencam para 3% assim que começam a ser conhecidos.

Atente-se, ainda, para o estranho fato de Marina estar conquistando votos de um eleitorado de extrema esquerda, altamente radical em suas posições – quando seu discurso é nitidamente de aceno à direita – não fora o fato de estar retirando votos da própria Dilma.

A campanha beira o surrealismo de não serem avaliadas as idéias de Marina postas em prática (pautadas nos compromissos de Aécio, que lhes daria mais credibilidade) e parte para uma dimensão mítica da candidata, como se traduzisse um carisma de atriz universal da beleza.

PSB x Marina
Roberto Amaral diz que o PSB é contra a autonomia do Banco Central. Marina pensa diferente.

Como não tem compromisso com o PSB e sim com seu Rede Sustentabilidade nada poderá ser dela cobrado, quando entregar o controle da política monetária ao sistema financeiro privado.

Espelho
Para nós a reedição de 1960 e 1989 está em andamento. Com força total. Conhecemos os resultados. Basta que se conheça a história.

Jânio, como Collor, se punha acima dos partidos políticos. Ambos se diziam acima dos políticos e criticavam a política em si. Agentes de uma ‘nova política’. Semelhanças são mera coincidência. 

O que não é coincidência é a fonte de tudo. E o resultado que advirá.

Contradições
Não nos causa espécie a vitória de idéias contrárias. Mas a ausência da consciência em torno delas. A vitória de Dilma traduz a continuidade de um projeto político de conteúdo nacionalista (ainda que leniente em relação às poderosas forças que dominam o planeta, dentre elas o sistema financeiro).

Aécio é a tradução do neoliberalismo. Se fracassando mundo a fora é uma concepção à qual o candidato reconhece valor.

Marina pauta-se na contradição entre preservacionismo e agronegócio. Transmuda o discurso conforme a conveniência. Como tal, demonstra que o poder é o poder, e alcançá-lo é o que importa, não basta que a alma seja vendida ao Diabo. Que a santa se transforme no Fausto de Mefistófeles.

Contradições, uma constante
A afirmação de Marina Silva de que governará com os melhores demonstra pura demagogia. Afinal, não foram os melhores que a ajudaram na tarefa de elaborar o programa de sua campanha? No entanto já os desqualificou, revertendo propostas.

Que esperar de uma presidente da República que não aguentará um grito/ameaça de Malafaia!

Decepção
O deputado Jean Wyllys pode estar sendo profético. Deecpcionado com o vai-não-vai da candidata em relação ao que definira no programa presidencial para o grupo LGBT, publicou nota onde conclui:

Marina, você não merece a confiança do povo brasileiro! Você mentiu a todos nós e brincou com a esperança de milhões de pessoas.

O deputado tem razão. Marina não tinha nenhuma obrigação de assumir posturas em que não admite. Mas não poderia virar a casaca só por causa da ameaça de Malafaia.


De Malafaia para Marina
"Pior que um ímpio é um cristão que dissimula. O cristão não feito para estar em cima do muro."

Ouça e veja o vídeo o https://www.youtube.com/watch?v=gCo_0vsVC8E gravado em 2010, mais atual do que nunca!

Onde está a Prefeitura?
A foto de Pedro Augusto exibe mais que a beleza de uma cidade que não se vê como tal. Também mostra claramente a ocupação indevida de área pública (de uso comum do povo) na Avenida Princesa Isabel, no sentido São Caetano-Centro. 

O muro de uma quadra avança sobre onde deveria haver mais oferta de espaço para o povo. Não bastasse, mais adiante, o posto de gasolina ocupa escancaradamente metros preciosos de área pública.

E a prefeitura omissa.
Panorâmica da Avenida Princesa Isabel após recapeamento (Foto Pedro Augusto).

Estranho
A administração Claudevane Leite vem apresentando resultados, como o exibido na foto acima. Pelo menos há corredores bem cuidados o que melhora a autoestima de nossa gente.

No entanto não vemos tais progressos repercutindo na imagem do Prefeito.

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sábado, 30 de agosto de 2014

Entre a verdade

E a 'verdade'
O texto que ora disponibilizamos (publicado no www.advivo.com.br) tão somente se destina a mostrar o que é verdade, mas que não aparece na mídia como tal. 

O trabalho da mídia 'partido político' para ocupar o espaço da "oposição fragilizada" leva a absurdos como negar o que é flagrante e palpável. 

Até que seja irreversível. Quando a mentira já produziu os resultados pretendidos.


Transposição do Rio S.Francisco: a verdade vou dizer!, por Djacy Brasileiro

Por Padre Djacy Brasileiro, em sua página no Facebook
São muitas inverdades quanto à execução do projeto de transposição de água do rio São Francisco, sobretudo neste tempo de campanha eleitoral. E essas mentiras não deixam de ter cunho politico-ideológico. Afinal, para os que são acostumados com a cultura da má- fé, a mentira torna-se, indubitavelmente, trampolim para a conquista dos seus ideais.
Eis, então a grande pergunta, pergunta dos doze milhões de nordestinos que pungentemente clamam pelas águas do Velho Chico: esse projeto de transposição está, de fato, sendo executado? Está saindo do papel? Suas obras estão sendo tocadas? Eu também, como sertanejo, fiz várias vezes estas mesmas perguntas.
Como cidadão e Padre católico, assumo toda a responsabilidade nesta minha afirmação peremptória: o projeto de transposição está sendo executado a todo vapor. Eis a grande VERDADE.
Digo isso baseado na visita que fiz, nesta quarta-feira, dia 27, aos dois lotes (6 e 7) que ficam na região de São José de Piranhas, sertão paraibano.
Fiquei felicíssimo e muitíssimo esperançoso quando vi as obras da transposição aceleradas, executadas com toda força. Presenciei dezenas de máquinas, inúmeros operários trabalhando num ritmo aceleradíssimo. Confesso que fiquei emocionado.
Não só presenciei o trabalho como também conversei com muitos dos que estavam lá. Não perdi a oportunidade de também conversar com os moradores da comunidade Boa Vista. Essa comunidade fica ao lado do lote sete.
Eis o que disseram alguns funcionários que lá estavam:
-Padre, aqui ninguém para. Estamos trabalhando pra valer.
-Estamos trabalhando sem parar. Como o senhor pode ver agora. As máquinas não param.
-Bom, essa obra será concluída no ano de 2015. É por isso que nosso trabalho é pra valer.
-Aqui neste lote, há mais ou menos três mil operários.
O que ouvi de alguns moradores da comunidade Boa Vista:
-Eita Padre, agora vai. A gente nunca viu tanta gente trabalhando. Não para mesmo.
-são muitas máquinas trabalhando, é pra lá e pra cá. Nunca vi tanta maquina na minha vida.
-Do jeito que vai, seu padre, essa obra vai ser concluída logo.
Queridos nordestinos, eis a verdade. Sou testemunha ocular. A esperança de recebermos água do rio São Francisco está mais viva do que nunca. Aliás, tenho a absoluta convicção que, em 2015, esse sonho será uma realidade. Não tenho nenhuma dúvida.
O cristão que disser que as obras da transposição estão paradas está mentindo. E quem mente está na contramão de Jesus Cristo que falara somente a verdade.
Fui e vi. A verdade tem que ser dita!
Vejam as fotos tiradas por mim.
Padre Djacy Brasileiro, em 28 de agosto de 2014

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Analisando

O debate

O debate da BAND revelou o trivial que norteia a campanha presidencial: bater no governo. Nada de analisar a realidade do país, o que está sendo feito, o que falta fazer e o como fazer.

Cheira à busca pelo poder simplesmente. É que a discussão em torno da alternância do poder ou da superação da polarização PSDB-PT não dispensa a propositura de ações claras.

Vitória da mídia
Ficou-nos claro uma coisa: a força da atuação midiática em tornar o Brasil centro de catástrofe mundial (ainda que a realidade seja outra), de inflação em disparada (quando em queda e há dez anos dentro da meta), de aumento do desemprego (quando estamos quase no pleno emprego) leva a presidente Dilma, como candidata, a fazer propaganda do que realizou. E de ficar quase na defensiva no debate.

Dependerá muito do horário eleitoral para mostrar o que a imprensa escondeu. Não sabemos a audiência que terá.

Dilma
Dilma apresentou dificuldades no debate: é lenta no expressar, denotando insegurança (apesar de segura quanto ao que diz), sempre passando a língua nos lábios.

Dilma está muito acadêmica e perdendo oportunidades de ouro para capitalizar com respostas.

Caso haja uma edição de debates nos moldes como a Globo fez com o Lula X Collor em 1989 Dilma será massacrada, tanto de titubeio que expressa fisicamente (como se tivesse puxando de uma perna) e complicando a resposta quando explica mais que o necessário. Aparenta estar sem domínio do tempo. Não aprendeu com Lula.

Marina
Neste particular, Marina é mais incisiva e objetiva no falar. Não dispõe do cabedal de informações e domínio dos fatos como Dilma, mas não titubeia e responde com ironia para superar o que não disponha de informação e parte para o ataque.

Deixa aquele xale – que lembra a Perpétua de Tieta – e pôs uns óculos que a deixam como a vovozinha da Branca de Neve.

Marina – esperta, como observou Bóris Casoy no final do debate – está usando o discurso como instrumento para superar a falta de propostas que ultrapassem o puro enfrentamento ao Governo. Tem capacidade de sofismar diante da circunstância de não dispor de resposta quando questionada. 

Deixou claro que prefere preservar a imagem de símbolo conquistada em 2010 e com ela busca transformar-se em quem a conhece e, mais importante, afastar-se das discussões concretas.

Aécio
Está bem ensaiado e com motes prontos. Aécio não fica bem quando a câmera se aproxima. Com a fama de gostar de uns goles levanta a suspeita de que tomou umas antes de enfrentar o debate.

Deu muita sorte de encontrar por resposta de Dilma apenas o que ela disse em relação a Petrobras. O tucano parece pretender dar o pescoço à corda se insistir no tema como o abordou.

A sinceridade de Aécio Neves foi significativa, quando afirmou que seu ministro da Fazenda será o Armínio Fraga. Sua afirmação delineia, com clareza, o que pretende. Não negou FHC e deixa claro que seu norte será o neoliberalismo. Não enganou, portanto.

Na berlinda
Caso não mude a postura uma coisa ficou claro nesta terça: em nível de debate na televisão o adversário da candidata Dilma Rousseff é a própria Dilma: empostada, não demonstra estar bem articulada, reflete nervosismo e tensão e passa uma imagem de antipática. 

Ainda que domine plenamente os fatos que apresenta. A forma professoral como os passa é sofrível. Ao falar muito sobre o tema dilui a objetividade necessária. Assim, joga fora um tesouro que possui. 

No debate da Globo a edição a massacrará.

Nanicos
Levy Fidélis apertou Marina ao vinculá-la aos banqueiros através de Neca Setúbal.

A atuação de Luciana Genro tocou no ponto nevrálgico de Marina: o vazio da ‘nova política’ marinista. Aécio também o fez.

Eduardo Jorge foi taxativo – o mais objetivo – em relação às propostas de independência do Banco Central. Contra. E justificou.

Pastor Everaldo tergiversa quando dele é exigido conhecimento sobre economia etc. Serve ao extremismo do conservadorismo.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Incerteza

No horizonte
Nunca perdeu o valor em si o contido no provérbio dize-me com quem andas e te direi quem és. Ninguém diga que faltam boas intenções em Marina Silva. Estranha, em sua cartilha, as contradições que encerram o seu discurso. E não é ele – o discurso – o que a faz tributária de votos de um eleitorado que parece segui-la, e sim representar a fuga de uma polarização que ocupa a administração pública brasileira há vinte anos, centrada no PSDB-PT.

Nunca apresentou algo de concreto além do discurso. Mas se torna uma expectativa positiva. Mormente para os que já viam continuidade na administração petista antes da morte de Eduardo Campos.

A falta de um grupo que assegure confiança no curso de uma administração mais alimenta a incerteza em Marina além da utilidade de romper com a dobradinha PSDB-PT. Ocorre que o Brasil tem rumos estabelecidos. E Marina não os define com clareza quando indagada a continuar. Divaga.

Uma de suas porta-vozes é acionista do Itaú. Voz do sistema financeiro – que cobra a independência do Banco Central. Tal acontecer é entregar o galinheiro à raposa.

O mesmo ocorre com seus orientadores para o programa econômico, de natureza tipicamente neoliberal. Como o do PSDB de FHC. Eduardo Giannetti e André Lara Rezende são de triste memória na história recente.

Marina ao negar importância aos partidos políticos nega a essência das democracias representativas. Não prega uma reforma político-eleitoral-partidária como objetivo. Unge-se como a solução. Ainda que pondo em risco todas as conquistas recentes e de tornar-se tão somente espingarda de Satanás na mão das oligarquias nacionais que estão a serviço não do Brasil mas das migalhas que lhes reste da histórica atuação entreguista.

Para compreender Marina basta olhar os que estão à sua volta, traduzir o provérbio.

Bem escreve Luiz Nassif. Para ler e refletir.

É preferível um Aécio na mão que duas Marinas voando

A aposta em Marina Silva é de alto risco por várias razões.
Dilma Rousseff e Aécio Neves representam forças claras e explícitas e são personalidades racionais.
Dilma defende um neo-desenvolvimentismo com uma atuação proativa do Estado e Aécio a volta ao neoliberalismo de Fernando Henrique Cardoso.
Em 2011, o pânico em relação à inflação tirou Dilma do prumo. Mas ela tem ideias claras sobre o país e sobre o que quer: política industrial, investimentos em infraestrutura, aprofundamento do social.
Podem ser apontados inúmeros vícios de gestão, mas também tem feitos consagradores, como a própria política do pré-sal, a construção da indústria naval, o Pronatec, Brasil Sem Miséria e um conjunto de obras – especialmente na área de energia.
Mesmo sua teimosia mais arraigada não chega perto do risco da desestabilização – apesar do terrorismo praticado por parte do mercado.
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Com Aécio, a economia será submetida novamente a uma política de arrocho fiscal. Haverá refluxo na atuação do BNDES, fim das políticas de incentivo fiscal, redução da ênfase nas políticas sociais, interrupção no processo de reaparelhamento técnico do Estado. Se venderá novamente o peixe da “lição de casa” e do pote de ouro no fim do arco-íris.
Assim como FHC, Aécio estará ausente do dia a dia. Mas certamente se cercará de um Ministério de primeira grandeza e há uma lógica econômica por trás de suas propostas.
Até onde pretenderá chegar com o desmonte do Estado social, é uma incógnita. Mas age com racionalidade.
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Já Marina é uma incógnita completa.
Primeiro, pelos grupos que a cercam e que querem um pedaço desse latifúndio. E ela não tem um grupo para chamar de seu, a não ser para o tema restrito do meio ambiente.
Haverá uma disputa dura para saber quem a levará pela mão: economistas de mercado, os grandes empresários paulistas, ambientalistas radicais, os egressos do PSB e – se Marina se consolidar – os trânsfugas do PSDB paulista.
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O segundo dado é o mais confuso: a personalidade de Marina que nunca foi de admitir ser conduzida por ninguém.
Os que conviveram com Marina no governo reforçam algumas características:
  1. Dificuldade em entender economias industriais.
  2. Baixo pique operacional. Praticamente não conseguiu colocar de pé nenhuma de suas propostas à frente do Ministério do Meio Ambiente.
  3. Jogo de cintura nenhum.
Tudo isso seria contornável, não fosse um aspecto de sua personalidade: teimosia e voluntarismo exacerbados. No governo Lula era quase impossível a outros Ministros definir pactos com Marina. Nas vezes em que era derrotada, costumava se auto-vitimizar.
Os empresários paulistas que apoiaram sua candidatura estavam atrás do símbolo político, o Lula de saias, o Avatar dos novos tempos. Vice de Eduardo Campos seria o melhor dos mundos, pois o presidente asseguraria a racionalidade do governo.
Colocaram como seus porta-vozes economistas, importaram o brasilianista André Lara Rezende, que encontrou a melhor síntese para casar o livre mercadismo com as propostas ambientalistas de Marina: o país não pode crescer para não comprometer o equilíbrio do meio ambiente mundial. Quem chegou, chegou, quem não chegou não chega mais.
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Experiências recentes do país indicam que o componente pessoal, a psicologia individual é um ponto relevante na análise de figuras públicas.
Resta saber se o país está disposto a pagar para ver.
Para os mercadistas: aguardem um mês de campanha antes de iniciar a cristianização de Aécio, para poder entender melhor a personalidade de Marina.
É preferível um Aécio na mão que duas Marinas voando

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Agosto


Leva Nilson

Pela rede tomamos conhecimento do falecimento de Nilson Mendes, aos 67 anos. Uma perda lamentável para a cultura baiana.

Papo excelente.

Dele nos fica o projeto para o Centenário de Itabuna, que poria esta terra sob olhares do planeta, em programação para um ano inteiro.

A administração não dimensionou o que tinha em mãos, tampouco quem o elaborara.

Nosso último contato, em Salvador, em recanto boêmio no Largo Dois de Julho.

Na tela do penúltimo FECIBA assistimos sua participação, com Hamilton Cerqueira e Maria Maranhão, no curta "A Melhor Idade" (2011), de Adriano Big, Prêmio Walter da Silveira (melhor curta), Prêmio Luiz Orlando (Júri Popular) e Troféu  ABCV/ABD-Bahia, no XV Festival Nacional 5 Minutos.




domingo, 24 de agosto de 2014

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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Vitória de Pirro
Diz-se "de Pirro" a vitória que implica em verdadeira derrota, tamanhas as perdas para alcançá-la. O que ocorreu com o rei de Épiro depois de batalhas contra os romanos em 280 e 279 a. C. 

Caso algum europeu cante vitória em atrelar-se aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos e Europa nas disputas onde enfrentam a Rússia dir-se-á "de Pirro" tal vitória e somente existirá no campo da propaganda.

A reação de Vladimir Putin  a mais recente, no início de agosto  ao se ver alcançado por mais uma sanção do Ocidente foi a de determinar, por um ano, boicote às importações de carne bovina, peixes, mariscos, legumes, verduras, leite e derivados, frutas e carne de frango dos países que integram o bloqueio econômico à Russia.

Já tem produtor na Europa chiando. Perderão 11 bilhões de euros.

Nunca entenderão
Nunca entenderão o que lhes ocorre. As crianças da Palestina que sobreviverem à tragédia que lhes é imposta nunca encontrarão razões que a justifique. 
A sua gente acuada em seu próprio território, onde milenarmente vive o povo palestino, exibe   quando não os mortos  semblantes como os da foto.
No novo gueto do nazifascismo ora trajado de sionismo aguardarão a morte.
É o que lhes resta (às crianças), sob a complacência da ONU e de suas nações 'civilizadas'. 
Tempos outros, não tão distantes I
O tempo na História não é o tempo de nosso dia a dia. Mas, em si, exige ser revisitado conforme os fatos que tornaram possíveis o existir.

Ainda que ultrapassados 60 e 53 anos, respectivamente, o suicídio de Getúlio Vargas no 24 de agosto de 1954 e a renúncia de Jânio Quadros no 25 de agosto de 1961 refletem o centro de uma mesma questão nacional: o conflito entre elite conservadora a serviço de seus próprios interesses (ainda que sacrificando o país) e a parcela nacionalista, para quem o Brasil exige ser de e para brasileiros.

Revisitando as circunstâncias que alimentaram os dois fatos históricos verá o leitor que se fazem presentes neste 2014 – na disputa eleitoral – os mesmo conflitos de interesse que causaram a morte de um presidente democraticamente eleito (que com o suicídio evitou um golpe civil/militar em andamento) e a conquista do poder pelo golpe civil/militar que implantou uma ditadura de triste memória a partir da renúncia de Jânio.

Aqui registramos para alertar em torno de sinais presentes neste 2014 que tornam tempos outros não tão distantes.

Tempos outros, não tão distantes II
Razão temos em não ver diferenças nos fundamentos de uma e outra era. Basta reler Jánio de Freitas ("Um dia, um país"), na Folha de São Paulo deste domingo, de onde destacamos:

" Mais ainda porque são poucos a terem percebido, com o tempo, o que estava no substrato da convulsão. Sobretudo a Petrobras, mas também as muitas outras criações do governo, como o BNDE, contrapunham-se à situação de um país dócil ao capital estrangeiro das espoliações típicas da época, e seus associados nacionais.
A campanha contrária, no meio militar até segregacionista, ainda hoje pode ser vista, por exemplo, no sentido acusatório dado a "nacionalista". O embaixador Adolf Berle Jr., contra Getúlio, abriu o caminho para o embaixador Lincoln Gordon, contra Jango.""

Ontem, como hoje. Ou, hoje, como ontem. O ponto central é o mesmo.
Mais realista...
Marina Silva não tem consistência política para assumir a presidência da República. A ambição, no entanto, é maior que a própria razão. Suas declarações neste início de campanha mostram-na – apesar de se dizer progressista – que está a serviço do mercado. Quer servi-lo para se ver servida.

Cabeça do Itaú (leia-se, do sistema financeiro) faz recomendações à candidata. Marina não desdiz, tão somente assegura o discurso de que o tripé neoliberal será aplicado. Tal tripé está quebrando a Europa (menos a Alemanha, que dele se beneficia, como os Estados Unidos sempre se beneficiaram quando aplicado aqui no Brasil, onde chegou ao ápice na era FHC).

Aécio Neves – mais experiente e sabendo onde as cobras dormem – sinaliza mas não diz as coisas. Mas é coerente em relação ao que pensa e defende o PSDB, prócer do neoliberalismo. 

O PSDB é o rei e deus do neoliberalismo no Brasil; Aécio Neves o seu ministro e profeta.

Marina simplesmente quer ser mais realista que o rei.

Problemas I
A queda do avião em que viajava Eduardo Campos começa a levantar suspeitas. Não pela queda, mas pelo avião em si e seus proprietários. Já se sabe que dois aviões apoiavam as viagens de campanha de Eduardo e estão relacionadas a Bandeirantes Companhia de Pneus. Um deles, o que caiu em Santos; outro, o que trouxe Campos a Feira de Santana (foto do jornal A Tarde).

Há cheiro de malfeito no ar. Que pode estar vinculando o PSB a coisas nada aceitáveis em quem proclama a moralidade. Os fatos estão começando a vir à tona.

Denúncia do Estadão desta sexta-feira 22, traz informações dos repórteres Mário Cesar Carvalho, Mariana Barbosa e Ricardo Gallo de que a “Polícia Federal e Civil de SP apuram fraude na venda de avião”.

“Aeronave que levava Campos era de um grupo que está em recuperação judicial e só poderia ser vendida com autorização judicial".

Dito vendedor é o grupo açucareiro A.F Andrade, do interior de São Paulo, e os “compradores” foram Carlos Lyra Pessoa, usineiro de Pernambuco, Apolo Santana Vieira, também pernambucano, que responde a ação penal por importação fraudulenta de pneus.

Aquilo que a matéria trata no que poderíamos denominar de “velha política” passa a refletir no campo da “nova política”, quando afirmam os repórteres:.

“A compra foi intermediada por Aldo Guedes, presidente da empresa de gás (!) do Governo pernambucano e sócio (!) do ex-governador Eduardo Campos em uma fazenda. Foi Guedes quem contratou os pilotos que morreram”.

Por enquanto resta saber se a candidata Marina viajará de avião. No outro.

Problemas II
Em sua passagem por Salvador Aécio Neves já mostrou o que pretende fazer. Cobrado por histórias como os aeroportos de Cláudio e Montezuma agora exige de Marina Silva uma posição/explicação (que a candidata se recusa a falar, pelo menos até agora) sobre aviões de usineiros servindo (ilegalmente) a campanha do PSB.

Isso, pelo menos, o que está claro em matéria de O Globo, assinada por Maria Lima, da qual destacamos o seguinte:

EM SALVADOR, AÉCIO COBRA DE MARINA RESPOSTAS SOBRE SUSPEITAS EM USO DE AVIÃO

Maria Lima

Passado o susto inicial com a mudança de rumos da disputa presidencial, o candidato do PSDB, Aécio Neves mostrou neste sábado que não assistirá calado ao crescimento da candidata do PSB, Marina Silva, sem alertar para o risco de uma escolha emocional no momento de crise que o Brasil atravessa. Mesmo com o cuidado de não atacar a herdeira de Eduardo Campos, ele iniciou a polarização em um grande ato político que reuniu todas as lideranças aliadas do Nordeste em Salvador para o lançamento de seu plano de recuperação da região. No discurso, o tucano contrapôs o perfil apolítico de Marina e o “sonho” dos marineiros com a “realidade”
Aécio também disse que, assim como teve que responder a questionamentos sobre a construção do aeroporto de Cláudio, se questionada, Marina Silva, deve estar preparada para responder sobre o ainda mal explicado caso do jatinho usado em sua campanha com Eduardo Campos, quando vivo. A suspeita é que o avião cedido para a campanha, sem registro no Tribunal Superior Eleitoral, pertença a usineiros. Perguntada hoje sobre o assunto, Marina não respondeu. (…)
De nosso canto, observando, resta perguntar: o que fará o deselegante entrevistador Bonner quando levar Marina Silva ao Jornal Nacional?


Emoção e realidade
A semana que finda ficou marcada politicamente por dois fatos: a confirmação/consagração de Marina Silva como candidata do PSB e o início do programa eleitoral no rádio e na televisão. 

Tais fatos vão diluindo a emoção como instrumento político-eleitoral de quem esperou capitalizar a morte trágica de Eduardo Campos. A realidade vai ocupando os espaços.

Coincidentemente, Marina estreou no programa eleitoral. Tendo o “Não vamos desistir do Brasil” transformado em mantra.

Resta esclarecer quem neste país ‘desistiu’ dele.

Tomando posse I
Não há como descurar que o desentendimento entre o coordenador-geral da campanha enquanto Eduardo Campos estava vivo e Marina Silva sinaliza uma ocupação de espaço dentro da cúpula do PSB que cheira desafio ou, quando menos, demonstração de quem controla o quê. Na esteira do fato algo cristalino: compromissos assumidos por Eduardo podem ser desrespeitados por Marina. Isso o que percebeu Carlos Siqueira, secretário-geral do PSB, afastado das funções que exercia na campanha.

Tudo começou com a escolha, por Marina, de nomes de sua confiança pessoal para a cúpula da campanha: Walter Feldman, para a coordenação da campanha, e Bazileu Margarido para o comitê financeiro.

Definitivamente Marina já demonstrou a que veio: herdeira nata da candidatura viável, e todos dependendo dela, tomou posse do espólio de Eduardo dispensando inventário.

Tomando posse II
Tanta posse tomou que até a deputada Luiza Erundina passou a aceitar aquela que andou criticando como "deseducadora" (clique em https://www.youtube.com/watch?v=mU3MxvxkExM).

Para Erundina, que defende o socialismo, o Rede de Marina "não é uma proposta que atende o socialismo". Referindo-se a Marina, nela vê "uma pessoa que entra no senso comum da sociedade do ponto de vista de negar a política, de negar o partido político", tanto que o dela "é Rede, não é partido". Marina 'desorganiza e deseduca a sociedade'.

Erundina, como solução, coordenando a campanha presidencial de Marina demonstra, mais uma vez, capacidade para engolir cobras e lagartos. Como já o fizera diante do ingresso de Jorge Borhhausen e Heráclito Fortes no PSB.

Salto no escuro I
Obviamente não veremos nenhuma matéria, comentário ou campanha na mídia falando da falta de experiência de Marina Silva, fato que foi exaustivamente explorado em relação a Dilma em 2010.

Ainda que não tenha conseguido se entender com um só coordenador de campanha do PSB, no qual foi acolhida e, na esteira de uma tragédia, por ele se tornou candidata a governar um país continental, fica-se a imaginar administrando um congresso comandado por partidos (que nega) e ideologias várias.

Salto no escuro II
A História deve ser observada como lição. Messianismos políticos trouxeram ao Brasil crises, assim que os ‘ungidos’ alcançaram o poder.

Quando Juscelino Kubitschek pretendeu alternar o poder com a UDN, apenas condicionando a candidatura que sucederia ao nome de Juraci Magalhães, Carlos Lacerda (preterido na proposta) contribuiu para que a UDN apoiasse Jânio Quadros. Deu no que deu: uma crise aberta a partir da renúncia que desaguou na ditadura civil/militar que durou 21 anos.
Collor ainda está na memória. Ainda que tivesse experiência administrativa como governador, politicamente deu no que deu.

Agora ensaiam Marina.

Para nós não é um salto no escuro. E sim um salto no despenhadeiro em pleno dia de sol e céu sem nuvens.

Com a broxa na mão

O PSB, caso Marina se eleja, ficará com a broxa na mão. A escada será puxada, como já começou.

Inclusive pelas alianças nada relacionadas com o socialismo do PSB.

Cabo eleitoral
Somente um louco deixaria de utilizar o que lhe fosse permitido na propaganda eleitoral em que seja candidato. Até jogador de futebol já foi 'útil' quando possível.

O risível neste instante é o posicionamento de Fernando Canzian, editor da TV Folha, para quem Lula aparecer no "programa de Dilma" é 'jogo sujo'.

Considerando a oportunidade deveria ter sugerido nomes como o de Fernando Henrique Cardoso e José Serra pedndo votos para Aécio Neves em seu programa Eleitoral.

Mais simples e menos ridículo.



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