segunda-feira, 30 de junho de 2014

Lições

Não aprendidas
De imediato assumimos a posição de que o que ocorre com parte considerável de nossa imprensa não está vinculada a sua função informativa (no plano ético) mas à conformação ideológica em razão de suas origens de comprometimento com a classe dominante e, naturalmente, de defesa das ideias e interesses desta mesma classe.

Sob esse viés enviesado deixa de analisar com a isenção exigível determinados fatos, principalmente se deles pode resultar reflexo político-partidário. Mormente em período eleitoral.

Dispensado fica o que foi dito por ela em relação à competição da FIFA ora em andamento no Brasil. Falar disso é pancadear cachorro morto.

No entanto, um aspecto se torna necessário aventar: o da satisfação e o que pensa a imprensa estrangeira sobre esta Copa do Mundo em terras tupiniquins.

Uma pesquisa da UOL encontra a Copa no Brasil como "a melhor Copa". 'O Brasil fez a melhor Copa' é a conclusão.


Vem-nos à lembrança o expressado pelo então presidente Lula em relação à crise financeira de 2008, denominada por ele de "marolinha" em razão dos fundamentos da economia brasileira. Foi um escândalo! Uma ignomínia! O primeiro mundo, capitaneado pelos Estados Unidos, em derrocada e o presidente do Brasil dizendo ser para nós marolinha o que lá fora era tsunami.

O tempo deu razão a Lula.

O detalhe é que as lições não são aprendidas. Porque não há em parcela de nossa imprensa compromisso em estudar para fazer a lição.

domingo, 29 de junho de 2014

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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Destaque
A ONU reconheceu, em premiação que ocorreu entre 23 e 26 de junho em Seul, na Coreia do Sul, três projetos brasileiros – um do Governo Federal e dois estaduais, de Pernambuco e Rio Grande do Sul – como inovadores no combate à pobreza e na promoção do desenvolvimento sustentável. (Da ONU Brasil – http://www.onu.org.br/tres-iniciativas-brasileiras-vencem-premio-global-da-onu-de-servico-publico/).

O Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão, do Governo Federal, foi agraciado pela iniciativa do ‘Fórum Interconselhos’, que estimula a população a participar no monitoramento dos Planos Plurianuais (PPA), o que permitiu, no último PPA, uma participação social que apresentou 629 contribuições, das quais 77% foram acolhidas integralmente.

A finalidade do ‘Fórum Interconselhos’ é reunir-se periodicamente para avaliar o cumprimento de metas e objetivos fixados no PPA. Ou seja, a sociedade participa e fiscaliza o poder público em suas ações de investimentos (o que está contido no PPA).

Destacamos a premiação em razão da oportunidade: enquanto a ONU premia a iniciativa brasileira que envolve a sociedade civil organizada (conselhos, associações etc.) na atuação direta junto ao Governo em suas ações administrativas levantam-se alguns políticos e a imprensa que lhes está a serviço contra um decreto deste mesmo Governo que regulamenta esta participação popular.

Para nós, quem não gosta de  ou não quer povo fiscalizando  tem alguma coisa a esconder. 

'Churumelas'
A campanha ora encetada contra a Petrobras (mais uma) sustenta que a empresa estaria admitindo mais espaço para exploração de petróleo sem ouvir o Conselho de Administração.

Em jogo – em benefício da Petrobras e do país – pelo menos 20 bilhões de barris de petróleo. Que ficam aqui. E não serão entregues à turma de fora.

O ultramegacampo de Búzios, objeto da autorização do Conselho Nacional de Política Energética, pode alcançar o dobro das reservas de petróleo de Libra. Ou seja, o Governo autoriza a Petrobras a explorar o maior campo de petróleo do século, que pode superar (só ele) as reservas da Líbia.

Os daqui que defendem a turma de fora estão p. da vida. Por isso são contra o sistema de partilha. Que assegura recursos para o país a serem obrigatoriamente aplicados em educação e saúde. No caso específico, Búzios gerará dinheiro também para a brasileira Petrobras.

Como não podem mais combater a lei da partilha, já em vigor, criam o factóide do contrato.

Que será naturalmente apreciado pelo Conselho. Afinal, o Conselho não pode analisar o que não lhe chegou às mãos. 

O que houve – e evitam dizer, daí chamarmos a má-fé de factóide – é que tão somente houve, até agora, a aprovação do Conselho Nacional de Política Energética de uma resolução que autoriza a contratação da Petrobras, pela União, para explorar o campo, em determinadas condições.

Se o Conselho da Petrobras quiser – se for louco – recusa o contrato.

A alegação de que a Petrobras terá de desembolsar R$ 18 bilhões, antecipadamente, levou à queda no valor de ações da empresa, dentro da manipulação na bolsa. (Afinal, força-se a queda para comprar barato, depois vende-se caro; volta-se a forçar uma queda, para comprar barato... e assim o ciclo da especulação financeira se alimenta).

As reservas de Búzios podem alcançar 25% a mais que as do campo de Libra, o que pode levar, com a recuperação, uma estimativa de 10 a 14 bilhões de barris na bacia. Que representam, a preços de hoje, 112 dólares o barril, entre 11,2 a 15,7 trilhões de dólares ao longo de 30 anos de produção!

Bilhões de reais ficam no Brasil, para investimentos em saúde e educação. Eis a razão das 'churumelas' dos que só enxergam futuro lá fora. A serviço dos de fora.

A culpa é dos outros!
Em relação ao jornalismo pessimista sobre a Copa no Brasil, matéria no Jornal Nacional de quinta 26, beirou o cinismo descarado. Todo um texto atribuiu à imprensa estrangeira a iniciativa e o emblematismo do “não vai ter Copa”.

Pode estar imaginando que o telespectador é idiota. Somente assim pode editar o que editou depois de ser uma das líderes da fracassomania alimentada há meses.

De nossa parte preferimos ficar com o cinismo descarado.

Clique na imagem para assistir

Prevenção
Três horas diárias em frente a TV pode antecipar a morte. É a conclusão de um estudo publicado no Jornal da Associação Americana do Coração, que acompanhou por mais de 8 anos cerca de 13 mil pessoas de idades diferentes. O estudo pretendia confirmar – o que parece haver confirmado – a existência de vínculo entre a morte precoce e o tempo passado diante da TV.

Prevenção recomendada pela coluna: caso não possa eliminá-lo reduza o hábito, especialmente em relação a programas como o do Faustão, do Datena e assemelhados, noticiários televisivos como o Jornal do SBT com Sherazade, o Jornal Nacional e quejandos, transmissões futebolísticas a Galvão Bueno.

Viva um pouco mais suprimindo o estresse e a hipertensão. Compense o tempo afastado da TV com uma boa caminhada.

Necrológio político
O anúncio de que, aos 84 anos, pretende não mais se candidatar leva o senador José Sarney a exigir de observadores uma biografia, como sói ocorrer quando finda uma existência. No caso específico, uma biografia política. Ou, como dirão alguns, um necrológio político se observamos o senador pelo Acre como o último donatário de uma capitania chamada Maranhão, de onde surgiu para a Assembleia, sob as mãos de Vitorino Freire, no início dos anos 50.

Há em Sarney o político e o escritor. No entanto é o político que o destaca, justamente pela longevidade rara, construída a partir do estado natal e assegurada no plano individual ao constituir um feudo no Amapá recém tornado estado, assim que deixa a presidência da República, assumida na esteira da morte de Tancredo Neves.

Não sabemos se a Teoria da Evolução se aplica à política brasileira. Tampouco se o darwinismo repercutirá nas futuras gerações de políticos, alimentada em vícios como os que Sarney contribuiu para sedimentar.

Compensação
Pedro Simon já afirmara que não concorreria a mais 8 anos no senado. Agora afirma-o José Sarney (84 anos).

Há quem diga que é compensação.

Maniqueísmo
A postura do sistema Globo, exposto em editorial, condenando o ministro Gilberto Carvalho de haver recebido blogueiros no Palácio do Planalto para uma conversa aberta (fato que o presidente Barack Obama pratica na Casa Branca) demonstra quão maniqueísta é a visão de nossa imprensa – entendida aí aquela que controla a informação no Brasil.

Chega a manifestar a indignação por ‘blogueiros’ receberem recursos do Governo federal. Como se o sistema Globo (e quejandos outros) não sobrevivessem de recursos públicos, seja em emissora de rádio sob seu controle, na televisão, revistas ou mesmo imprimindo/vendendo livros para o Governo.

Detalhe muito especial: a Globo recebe dinheiro público e ainda não paga os impostos que deve.

O mea culpa que não haverá
Vai se tornando uma constante o mea culpa dos que trabalharam (há quem ainda trabalhe) contra a realização da Copa do Mundo no Brasil. Incentivados por uma mídia que não corresponde aos anseios de nossa gente – porque representante de uma parcela da sociedade que dispensa o país em favor do estrangeiro – vimos nos últimos meses a detração de nossa gente e de tudo de bom que somos e poderíamos ser e fazer durante o evento.

Uma campanha sórdida alimentou até mesmo a imprensa estrangeira a ponto de manchetes sensacionalistas plantarem o caos para existir durante a realização da Copa. 

Não faltaram reações absurdas (com resultados concretos) como das embaixadas dos EUA e da Inglaterra recomendando aos seus cidadãos não se destinarem ao Brasil.

Hoje – no bojo de arrependimentos – sabe-se que, só com o turismo que não acreditou nos apocalípticos, estão sendo deixados no país cerca de 7 bilhões na economia em decorrência dos cerca de 600 mil que vieram (encantados/deslumbrados) nos visitar e fazer a festa que estão fazendo.

Estes 600 mil poderiam ser bem mais, se considerarmos que a campanha sórdida desenvolvida tenha influenciado alguns milhares. Muitos devem estar arrependidos lá fora por terem acreditado/confiado no que disseram alguns jornais ou recomendaram Estados Unidos e Inglaterra. Quando nada, perderam a singular hospitalidade brasileira.

O jornalismo nacional perdeu. E perdeu feio! Tanto que no imediato da festa iniciou seu mea culpa. Em meio ao mea culpa dos que lutaram com unhas e dentes nas hostes do ‘não vai ter Copa’ não haverá arrependimento que recupere o prejuízo causado.

A seleção pode não chegar a vencer, mas os verdadeiros desclassificados já estão na galeria. Desde o jogo com o Chile.

Só não há como ressarcir a economia brasileira pelos prejuízos causados pela turma do "não vai ter Copa".

Não vai ter Olimpíadas
Mal terminou a Copa do Mundo no Brasil – que desmentiu a imprensa pessimista por conveniência político-eleitoral – e já começou o “não vai ter Olimpíadas”.

A Folha de São Paulo já deu o primeiro passo com Olimpíada tem atraso e aumento de preço em obras, diz TCU












PNE e PONATEC
O novo Plano Nacional de Educação para a próxima década está aprovado. Na esteira o PRONATEC oferecerá mais de 12 milhões de vagas em 220 cursos técnicos a partir de 2015. A meta para 2014 é de oferta de 8 milhões, que já contabiliza 7,4  (da Agência Brasil).

Imagine o leitor se isso aconteceria antes de serem criadas cerca de três centenas de escolas técnicas!

Copa do Mundo 
Que não vejamos mais aquela “pátria de chuteiras”, expressão cunhada por Nelson Rodrigues para a seleção brasileira. Afinal, difícil manter uma paixão em sua dimensão plena se você somente reconhece os jogadores da seleção porque os vê quando acompanha os torneios e campeonatos europeus. 

De não viver a atual geração em seus clubes de coração no Brasil ficamos um tanto à margem.

Ainda assim há euforia.

Seleção I
Pouco a dizer, como pouco a esperar. Depois do jogo com o Chile ficamos naquela de não acreditar no que assistimos.

Para quem acompanhou a Copa das Confederações e viu o time encontrar-se em conjunto a ponto de acuar a campeã mundial Espanha na final não pode admitir que no quarto encontro desta Copa a seleção esteja tão desencontrada.

Seleção II
Por aquilo que (não)jogou contra o Chile  esperamos que o futuro nos faça calar/penitenciar  a seleção chegou longe demais.

É que os números, favoráveis ao Brasil (em determinado instante o Chile começou a jogar pelos pênaltis e entregou os pontos na prorrogação) não bastam para tanto sofrimento.

Seleção III
O gol de Hulk pareceu-nos legítimo.

Seleção IV
Na Copa de 2002  quando técnico o mesmo Felipe Scolari  também o time não se encontrava até ajustar a ocupação de todos os espaços já nas oitavas.

De lá para cá tivemos a Copa das Confederações e um ano todo para treinar.

Seleção V
Um time que depende em muito de Neymar não está conseguindo deixá-lo jogar. Ou permite que a defesa adversária não o deixe fazer o que sabe, porque isolado.

Seleção VI
Certamente precisaremos admitir que – do jeito que estamos jogando  dependemos da sorte. 

E, o que é mais racional, jogamos – técnica e taticamente  como joga o atual futebol brasileiro.

Distinção
Há que distinguir-se a Copa do Mundo no Brasil da seleção brasileira na Copa. A primeira, um sucesso; a segunda, estamos acompanhando, com o SAMU para nos atender.

Deu em O Globo:
"A Copa de futebol no Brasil, 15 dias após seus início, já é um sucesso nas Redes Sociais do mundo inteiro. Os dados oficiais do Twitter mostram que a Copa gerou 160 milhões de tweets, 10 milhões a mais que o de toda as Olimpíadas de Londres. O jogo de abertura entre Brasil e Croácia foi o campeão da primeira fase, com 12,2 milhões de Tweets durante a transmissão da partida."

Copa
Fechamos a coluna assim que terminado o tempo regulamentar de Costa Rica e Grécia. Empatado.

Ficamos a imaginar se o pênalti a favor da Costa Rica tivesse sido assinalado. 

Assim como imaginamos se as substituições feitas pelo técnico da México não refletissem amadorismo, tão cedo que ocorreram.

Injeção de ânimo
Tudo que hoje escrevemos sobre a seleção brasileira pode ser invertido mais adiante. Caso retomemos um padrão de jogo digno deste nome e do que vem sendo apresentado nesta Copa.

Ofertamos, como apoio, "A taça do mundo é nossa" (Maugeri Neto-Maugeri Sobrinho-Lauro Muller-Victor Dagô), interpretada pela Orquestra e Coro da RGE e ilustrado pela Copa do Mundo na Suécia, em 1958, gravada naquele ano.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Nem todos

Charge Super 25/06

Descansam
A semana deixou esta sexta-feira de folga. Ainda que reconheçamos que tal ocorre em relação aos torcedores que somos, forçados a dispensar na telinha a bola rolando.

Mas, a Copa não parou. Descansa, um pouco. E não falta assunto em torno dela.

Parte de observadores se debruça sobre o que estão a fazer as diversas seleções que ultrapassaram a primeira fase. A curiosidade permeia-os na busca por "saber" o que está acontecendo: quem sai, quem entra, como enfrentará a tática adversária etc.

Uma outra parte se vê informada de fatos que  apesar de relacionados como o futebol, e com o campo  tiveram outro palco para se desenrolar. 

É o caso de quem acompanhou o que resultou na decisão, com respeitável interesse, do comitê responsável pela disciplina do evento diante do inusitado gesto do atacante Luis Suárez, do Uruguai, no jogo em que a celeste desclassificou a Itália.

Suárez ficou impossibilitado de jogar nesta competição e em algumas outras da FIFA como punição pela conduta no jogo com a Itália, quando aproveitou uma oportunidade para manter sua 'fama de mau'.

Muitos entendem que a punição aplicada foi por demais rigorosa: nove jogos oficiais da FIFA! Mais quatro meses afastado dos gramados e multa de quase 250 mil reais.

Particularmente vemos o comportamento de Suárez afastado da irresponsabilidade cometida, flagrantemente prejudicial à celeste olímpica  diga-se de passagem!. Fará muita falta à seleção de seu país. Salvo reação uruguaia a Obdulo Varela motivando resposta à punição o raciocínio é de que o time voltará para casa assim que terminada a partida nas oitavas de final.

Como o fato acontecido no curso da Copa no Brasil não é o primeiro na carreira do competente goleador uruguaio queremos crer que o problema de Suárez está afeto à sua condição roedora (com aqueles dentes faz inveja ao lobo da vovozinha!).

Como é sabido roedor tem que roer, sob pena de ver os dentes crescerem ainda mais. 

Sob esse viés observador – ironia, que o seja! – então nos filiamos aos que entendem exagerada a punição: na condição de roedor Luis Suárez foi injustiçado. Apenas agiu como determina o instinto, conforme a espécie.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Cravo

E ferradura
Não nos importa o mérito em sua dimensão jurídica, tampouco o princípio da igualdade de todos perante a lei em particularizada hermenêutica. A isonomia expressada pelo ministro Luiz Roberto Barroso para negar o pedido da defesa de José Genoíno não encontra sustentação na própria premissa do princípio da igualdade porque o fez sob o prisma da abstração e não do reconhecimento de que cada fato é um fato a ser regido pela norma abstrata. Aí sim, submetido à regra jurídica.

Para Sua Excelência a condição de José Genoíno – no plano patológico – é idêntica a de outras centenas de presos. Sob esta vertente seria melhor juiz estender ou abrir precedente aos demais o que acatasse em relação a Genoíno. 

Naquele particular o ministro Barroso refletiu o entendimento em matéria de doença como se fosse ciência exata, matemática: como dois mais dois são quatro, elevada pressão sanguínea nas artérias traduz uniformidade hipertensiva de forma idêntica em todo e qualquer indivíduo, submetido ou não a cirurgia reparadora do sistema circulatório. 

Partiu de elementar exemplo de analogia (todo homem é mortal – José é homem – logo, José é mortal) para aplicá-lo ao caso concreto.

Para Sua Excelência todo hipertenso tem as mesmas e idênticas circunstâncias patológicas razão por que todos são iguais.

Não será demais exigir do julgador que traduza de forma simples o exercício de sua função: aplicar a lei ao caso concreto. A lei é abstrata – define uma conduta típica censurável em relação a qualquer que a viole – mas exige que cada caso seja submetido a uma análise específica, pesando e sopesando todos os senões para definir – em relação àquele caso concreto – a circunstância particular que justifique a sua aplicação. (Não fosse assim, a previsão para aplicação de pena não seria variável, tampouco haveria atenuantes e agravantes).

No caso específico de Genoíno – ainda que especialistas tratem de sua doença como de natureza grave, a exigir diferenciado acompanhamento no curso do tratamento, o qual não se afinaria com o ambiente de confinamento e segregação, ter passado por cirurgia e correr risco de embolia ou hemorragia em razão de oscilação em seu índice de coagulação – não está o ministro Barroso obrigado a acatar pareceres técnicos específicos (médicos) ou processuais (o Procurador-Geral da República entendeu factível a concessão do quanto pedido pela defesa do ex-deputado).

O que nos leva a refletir como temerária em sua postura é o fato de tomar o geral (existência de outros apenados com similar doença) para o particular (um caso/doente específico). Em outras palavras: não julgou a circunstância individual de um doente em si, mas o ponderou numa unidade de um universo estatístico.

Remonta à Atenas, na Grécia do século VI a.C. as primeiras noções do princípio da isonomia, sustentado desde alhures no tratamento desigual para o desiguais. 

No universo da doença a patologia encontra conceito universal (igualdade) mas o doente o é em cada caso, em sua singularidade (desigualdade). Daí porque razoável entender-se que a desigualdade deve ser tratada desigualmente.

E mais nos veio à análise que aqui fazemos. Volvemos a setembro de 1981, quando presente na Comissão de Direito Penal do I Congresso Brasileiro de Política Criminal e Penitenciária, em Brasília, discutindo a reforma da Parte Geral do Código Penal, que veio a se materializar em lei três anos depois.

Dentre as inúmeras teses defendidas uma nos chamou a atenção: a Do Livramento Condicional Piedoso, do então juiz federal Jones Figueirêdo Alves, de Pernambuco. Partia ele da premissa de que tendo a pena objetivo de reintroduzir o apenado no meio social não fazia sentido que, estando em estado terminal, permanecesse preso até que na cadeia morresse. Propunha, então, o ‘livramento condicional piedoso’ (por dois anos), instrumento pelo qual o condenado em tal estágio de vida pudesse sair da prisão para viver seus últimos dias fora da cela.

Não pretendemos afirmar que José Genoíno esteja em tal estado. Tampouco que faça jus ao que pretendia a sua defesa. No entanto, causa espécie que doença tenha se tornado conceito matemático.

Como tudo que envolve a AP 470 ainda se encontra submetido à pressão midiático/maniqueísta temos assim que o ministro Barroso – ora relator da dita ação – sob o olhar desta mídia, ao analisar pedidos de trabalho externo pode ter-se visto no dever de preservar o STF. Pode não ter se sentido plenamente liberto da vigilância. Para fazer mais justiça entendemos que produziu também menos justiça. Precisava de um Judas. Encontrou-o em Genoíno.

No plano da justiça preferiu dar uma no cravo e outra na ferradura.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Foge

Outra vez
Como divulga a Folha de São Paulo, está definido: Joaquim Barbosa não presidirá a sessão desta quarta 25. Na pauta de julgamentos estão os recursos de alguns réus presos da AP 470 – situação tida ao arrepio do entendimento pretório – que cobram o tratamento assegurado a outros milhares neste Brasil: direito ao trabalho, visto que condenados ao regime semiaberto.

A decisão monocrática de Joaquim Barbosa os mantém em regime fechado. Contra ela levantaram-se segmentos vários da sociedade brasileira – da CNBB a OAB – e em torno dela Sua Excelência não encontra apoio nem mesmo entre os pares que o acompanharam nas condenações proferidas. 

Diante do desafio do ministro Roberto Barroso de que iria julgar monocraticamente os processos que lhe foram destinados, por sorteio, depois da renúncia de Joaquim Barbosa à relatoria/execução da AP 470, o ainda presidente do STF pautou-os para hoje. Mas, não comparecerá/presidirá a sessão.

Mais uma fuga de Joaquim Barbosa. Esta, talvez, movida pela sensatez de quem conhece a si mesmo, com destaque para os arroubos da indelicadeza. Para quem deixou de lado o protocolo e a urbanidade como dirigente de sessões do STF para interferir e questionar votos proferidos que contrariassem suas teses seria difícil assistir ao que resultará do julgamento em termos de decisão.

Estimam os observadores que o placar (estamos em tempos de Copa do Mundo) tenderia a 10 votos contrários à tese de Barbosa. Estaria isolado, defendendo um ponto de vista que se sustenta tão somente na sede de vingança até hoje não explicada, de quem deixou de lado os postulados do direito para atender aos reclamos da paixão.

Sim, é bem provável que Joaquim Barbosa não encontrasse um só voto de "apoio moral". Sabe-o Sua Excelência.

Como lhe falta grandeza (já o demonstrou) resta-lhe esconder-se na coxia enquanto a peça que ensaiava foi retirada do espetáculo.

Diz a Folha que estará em casa redigindo o discurso de despedida que proferirá na última sessão, a ocorrer no primeiro dia de julho e último de poder, já esgarçado.

Oportunidade de se redimir. Pelo menos no plano das indelicadezas cometidas.

Afinal, somente lhe restará o que deixar escrito. Porque público não o terá, que preferirá assistir aos últimos jogos de oitavas de final, que começam as 13:00 e continuarão as 17:00 horas. 

Que não lhe falte à fala a repercussão na mídia a que serviu. Antes que se torne sombra.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Esperando

Em meio a Copa
Jogando para a plateia o (ex)ministro/presidente do STF, Joaquim Barbosa, depois de haver posto fora da tribuna e do plenário da Corte um advogado que postulava pela inclusão na pauta de recursos envolvendo réus presos, resolveu levar ao julgamento dos pares tais recursos, o que ocorrerá nesta quarta 25.

Depois da outra renúncia – a da relatoria/execução da AP 470 – o ainda presidente temeu a decisão anunciada pelo novo relator da AP 470 – ministro Roberto Barroso – de que, se preciso, julgaria monocraticamente os recursos, caso não entrassem na pauta antes do recesso do STF (julho).

Joaquim Barbosa  sabendo possível o anúncio/desafio de Barroso  percebeu perdida a batalha de sua vocação carrasca de ver a turma sem exercer o direito a trabalhar até meados de agosto e fugiu da raia outra vez. Desta vez evitando a consumação do desafio do colega Barroso.

Então o 'habilidoso' Joaquim Barbosa busca utilizar-se de um resultado (que tende a lhe ser desfavorável na condição que escolheu para si: de acusador, de julgador e de executor/carrasco/justiceiro) para dar a última cartada no jogo de lançar contra a opinião pública/publicada a justa aplicação do direito.

É parte de seu gran finalle para um público muito especial, para o qual dirigirá um “eu não disse!”, para relembrar as palavras proféticas (para ele) pronunciadas no julgamento dos embargos infringentes, no dia 28 de fevereiro de 2014: “Sinto-me autorizado a alertar à nação brasileira de que este é apenas o primeiro passo”.

Será seu último ato de desserviço à Justiça e mais uma vez joga a opinião pública contra o STF. Sabendo que perderá em sua pretensão/interpretação espera ver repercutido no universo da mídia aquele "eu não disse!", Talvez o slogan que pretende deixar criado para uma futura campanha política de candidato a 'salvador da pátria'.

Como tradutor do pensamento curto de parcela de uma classe dominante – para a qual a democracia e o estado de direito são inconveniências da contemporaneidade brasileira – quer deixar como legado para seus pósteros o de justiceiro e de profeta.

Para o mundo do direito ficará a sua imagem de quem sempre fez o melhor para violá-lo, quando lhe interessava – e aos que dele careciam – como o fez em vários instantes da AP 470.

Para nós outros ficamos na sombra tomando uma água de coco, esperando Brasil x Chile no próximo sábado, e em compasso de espera – como na animação do Google  confiando na palavra de Joaquim Barbosa de que junho é seu limite.
Grécia x Costa do Marfim


segunda-feira, 23 de junho de 2014

Tudo

Como sempre
Noticiado como singular comportamento o desembarque do PTB da coligação que apoia a candidatura de Dilma Rousseff. 
Críticas há no sentido de que tal postura depõe contra o próprio conceito de 'partido político' no Brasil.
Nada de novo no presente, tampouco no horizonte. Ainda que não se ponha no mesmo caldeirão todas as agremiações partidárias como adeptas de tal proceder tem sido comum reações como a do PTB. 
Não são os ideais, os programas ou as ideologias que norteiam muitos 'conglomerados' em torno de uma sigla, mas as oportunidades que buscam encontrar através dela. Entendidas estas na seara comum do "é dando que se recebe", na negação da lição franciscana.
Há pouco tempo Dilma fora sagrada pelo próprio PTB em regabofe a ela oferecido, onde cantada e decantada como ideal. 
Como a turma salta do trem resta apenas a pergunta: por quê?
A resposta é simples: tudo como sempre. E tão comum o é que tudo pode retornar ao decidido no regabofe anterior.
Sabe o leitor  que não é ingênuo  que "é dando que se recebe". Ou, atendendo pedidos celebramos a paz! 

Candidatos

Em campanha
São João é tempo de festa. E onde há festa há gente. Onde há gente políticos se aproximam. Onde há políticos há campanha... de hoje e de amanhã!

Registramos para a posteridade!

16 h · Editado · 
A Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania - FICC, por intermédio do presidente professor Roberto José, entregou neste sábado, 21, em Itagibá, um documento ao ex secretário da Casa Civil, Rui Costa, endereçada ao Secretário de Cultura do estado, Albino Rubim, solicitando providências urgentes em relação ao Centro de Cultura Adonias Filho (CCAF) em Itabuna, fechado há mais de um ano para reforma. Para Roberto José, um equipamento desta magnitude não pode ficar tanto tempo desativado, sendo que Itabuna carece de locais para manifestações artísticas.
Foto: ASCOM/FICC