sábado, 31 de maio de 2014

As razões

São outras
Em texto publicado  em O Tempo (O petróleo tem de continuar sendo nosso), Sandra Starling, aborda luta histórica para conquistar o direito de explorar o ouro negro diante "dessa novela chamada CPI da Petrobras'”. 
Sua ponderação inicial é por demais racional: "É difícil imaginar que numa empresa como a Petrobras não possam ocorrer irregularidades, que não haja traços de tráfico de influência em suas rotinas, uma vez que interesses políticos motivam as indicações de seus diretores. Quem não se lembra das dificuldades de FHC em afastar Joel Rennó de sua Presidência por conta das resistências do PFL? Será que já nos esquecemos do ex-presidente da Câmara dos Deputados Severino Cavalcanti, reivindicando o direito de apontar o responsável por aquela diretoria 'que fura poço'?"
E expõe o que de imediato a preocupa (como a todo brasileiro que conhece um pouco de sua história): "O que mais me irrita é que toda essa trapalhada dos governos Lula e Dilma em torno da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, sirva para alimentar os interesses dos oligopólios internacionais, como sói acontecer".
Observa o 'gosto' recém descoberto pelos brasileiros por manifestações e passa por breve análise conclusiva sobre a atual política da estatal (partilha, em contraposição à 'concessão' dos tempos de FHC): "Tudo isso posto, creio que as multidões que tomaram gosto por ir às ruas deveriam pautar a defesa de uma Petrobras genuinamente voltada para os interesses de nosso povo. Tenho dúvidas se o acerto entre nossa estatal, os chineses e duas petroleiras ocidentais para a exploração do pré-sal, como vimos no primeiro leilão sob regime de partilha, nos proporcionará os melhores resultados. Mas é melhor do que a concessão pura e simples."
E finaliza: "Enfim: que possa o povo se articular novamente em comitês populares na defesa do petróleo e ir maciçamente às ruas para proteger a Petrobras da cobiça externa e de políticos inescrupulosos. Como foi feito na memorável jornada 'O petróleo é nosso', de que apenas ficou, como registro – lamentável – a perseguição sofrida pelo comitê mineiro, quando à época governava Minas Gerais Juscelino Kubitschek! Que ninguém se esqueça de nossa história."
Em razão dos fatos lembrados por Starling ficamos na busca do real motivo e das circunstâncias que levam ao ataque contra a Petrobras. Isso afirmamos porque o que está em jogo, pura e simples – como querem demonstrar algumas vestais da moralidade política – não é a estatal em si, mas o controle das reservas do pré-sal. Justamente o que deveria motivar mobilização para evitar que se percam como conquista.
No fundo, o mesmo jogo, as mesmas cartas, os mesmos interesses. Como há mais de meio século. Como ontem não faltam hoje os que exercitam a sabujice como política, em favor do colonizador.
Uma diferença, no entanto, entre uma e outra época (a anterior e a presente): tínhamos espírito cívico para compreender o que era interesse nacional. Hoje as 'vestais' e os meios de comunicação (repetindo o mantra daquela época) e toda a malha financeira que as sustenta, impingem no povo a ideia de que os que defendem os interesses nacionais são lepra.
Daí porque tanto discurso de candidatos querendo fazer da CPI da Petrobrás mote de campanha. Porque se estes ganharem a presidência lavrarão, como primeiro ato de gestão (já prometeram isso) a entrega do pré-sal.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Fugiu

Da raia
O que tem lhe faltado no âmbito jurídico, quando o leva à prática decidindo monocraticamente na execução dos condenados na AP 470 – ou seja, aplicar inteligentemente o direito – o ministro Joaquim Barbosa pôs a funcionar a massa cinzenta e descobriu que, abandonado como está pela mídia – para a qual perdeu o prazo de validade/utilidade –, não tem como enfrentar em plenário os erros recentemente cometidos e corre o risco de mais ‘decepções’ como a que viu quando do julgamento dos embargos infringentes.

Anunciou que vai deixar a Corte. No embalo do recesso forense. Quando retornar à atividade o STF não o veremos interrompendo votos e tentando impor seu ponto de vista. Todos – pares e telespectadores da TV Justiça – estaremos dispensados de suas grosserias.

Não deixa saudades. A não ser para os que nele sublimavam o regime de exceção pretendido. Do ilustre desconhecido que era, recomendado por Frei Beto a Lula, foi guindado ao STF. Tornou-se foco dos holofotes na condução da AP 470.

Vemos tudo muito claro e bem explicadinho: Joaquim Barbosa acabara de encaminhar ao Procurador-Geral da República o pedido de José Dirceu pelo semiaberto – mesmo que a PGR já tivesse antes se manifestado (favoravelmente ao pleito). Mantendo o passo de cágado nas decisões que envolvem alguns condenados na AP 470. Ganhava tempo, mantendo Dirceu em regime fechado. 

Sabe Barbosa que sua decisão não se sustenta. Criticada o foi pela CNBB, setores da OAB, juristas. Até mesmo por Roberto Jefferson, que não poupou ferino comentário em carta a Folha de São Paulo: "Sobre o Dirceu, penso que o JB está exagerando e vitimizando a turma do PT”... "Você sabe que eu não gosto do José Dirceu, mas a coisa está demais".

Temos que – para manter sua natureza, de escorpião – prefere se aposentar a reconhecer o direito que os réus da AP 470 tenham. Porque prefere ser carcereiro a juiz.

Dispensar dez anos no STF não é problema de saúde física. É de saúde mental.

Certo – e o sabe muito bem – que manter-se no colegiado que julgará a revisão criminal da AP 470 é ter a certeza de que a “decisão sólida e extremamente bem fundamentada” – como salientou quando do julgamento dos embargos infringentes – cairá por terra quando for avaliada sob a égide dos princípios e normas jurídicas, o que será demais para ele. Porque a decisão que encantou o país e o tornou ídolo está sustentada em pés de barro, assim que venha à tona o inquérito que absolveria muitos – o 2474 – que ele Joaquim Barbosa escondeu dos pares.

Muitos aplaudirão Barbosa; outros desejarão que saia da vida pública e entre na privada de cabeça erguida. Se a coluna deixar. (Essa, a coluna, é e será sempre o seu alter ego, aquele anjinho para lembrar o que fez e o que deixou de fazer. No caso dele, o que fez mal e de mal).

Muita água há por baixo da ponte chamada Joaquim. Muita, mesmo! E vai aparecer. E pode virar tsunami. Que lhe assegurará o sinônimo de ‘falso moralista’.

Esse falso moralismo comprometeu – isso ficará claro com o tempo – o judiciário (STF em particular), o ordenamento jurídico e a segurança jurídica. 

Os conluios que engendrou para efetivar absurdos não se sustentarão com sua saída. Perseguições, defesa de aumento para magistrados, supressão de direitos como o de Lewandowski assumir a presidência do CNJ quando ausente sua augusta pessoa etc. Tudo virá à tona, na onda do tsunami.

Numa tentativa de unir os fatos – ninguém duvide – a aposentadoria de Joaquim Barbosa (antecipada em dez anos) torna-se reflexo do seu isolamento, do desastre que desenvolveu com sua passagem pelo comando do STF. Premeditado lampejo de consciência, típico de um Simão Bacamarte, quando finalmente percebeu que há algo de estranho no instante em que todos em sua volta estão errados e somente ele está certo.

Tornara-se público e notório, vazando para a sociedade: o isolamento do Joaquim Barbosa presidente do STF alcançava os comentários no cafezinho e nos bastidores da Corte, a ponto de perder apoio não somente entre seus pares, mas também das entidades de magistrados – que sempre enfrentaram seu macartismo  do Ministério Público, da OAB, das faculdades de Direito, da imprensa conservadora e mesmo de uma entidade como a CNBB, que não pode ser considerada, em seu opinar, como politicamente interessada. Até de Roberto Jefferson.

Construiu um isolamento que o enclausurou. Percebeu que o tempo é mais senhor do que quem o imagina a si (como ele, Barbosa).

Deixando a imagem de xerife também transfere responsabilidade aos pares que ficam – perante a opinião pública/publicada – quando consertarem os absurdos que cometeu. Na saída deixa esse desserviço: quando se fizer justiça será dito que destruíram o que fizera Joaquim, o probo, o carrasco de corruptores.

Mostra-se inteligente ao jogar sua última cartada. Que pode catapultá-lo à vida política. Caso escape dos desmandos que cometeu e que virão à tona, fugir da raia pode ter sido a solução ideal para o candidato Joaquim Barbosa.


quinta-feira, 29 de maio de 2014

A rede

Na Copa
Em audiência pública no Senado o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, informou que não há no Brasil legislação que obrigue as prestadoras de serviço a oferecerem serviço dentro dos estádios, nem que faça os estádios liberarem as áreas para instalação dos equipamentos de telefonia celular, afirmando, portanto, que “Este problema é de natureza privada, não cabendo ao poder público intervir” (do Valor).

Por tal razão 50% dos estádios devem apresentar  problemas na telefonia móvel sendo eles o Itaquerão (São Paulo), Mineirão (Belo Horizonte), Arena da Baixada (Curitiba), Arena Pernambuco (Recife), Arena Castelão (Fortaleza) e Arena das Dunas (Natal).

Os problemas residem no fato do não entendimento em relação aos preços cobrados pelos estádios das empresas de telefonia, que variaram de R$ 2,5 a C$ 10 mil por mês. Os contratos para aluguel de áreas para instalação de equipamentos envolvem apenas o serviço de celular razão por que o acesso à rede sem fio (tecnologia Wi-Fi) estará comprometida onde não houve negociação. Tal circunstância repercutirá nos torcedores que comparecerem aos estádios.

De nossa parte, por coincidência ou não – nessa coisa de observar em torno daquilo que outros não atentariam – descobrimos que os seis estádios que terão problema “e o serviço ficará de pior qualidade” – segundo o ministro – localizam-se em estados administrados pelo PSDB (São Paulo, Minas Gerais e Paraná), PSB (Pernambuco), DEM (Rio Grande do Norte) e PROS (Ceará).

Sob esse viés, a exploração política ‘contra a Copa’ não pode atribuir ao Governo Federal qualquer responsabilidade. No fundo, onde o ‘deus mercado’ se faz presente impõe a disputa para ver quem paga mais. Quem não aceita fica de fora.


quarta-feira, 28 de maio de 2014

Ainda que cansado

Torçamos
Estivemos – e estamos – dentre os que se empolgaram civicamente – coisa bissexta nos tempos atuais – com a conquista do direito de sediar a Copa e as Olimpíadas. Sempre vimos – como todos viam – quão importante é receber tais eventos. Afinal, todos querem fazê-lo. Tanto que FIFA e COI fazem 'beicinho'  e trejeitos vários para se tonarem mais importantes a cada ano que se expressam para o mundo – a plateia.

Todos que albergaram as competições delas se utilizaram para promover-se. Cada país sede fez/faz convergir os olhos do mundo para seus 'encantos'. Natural que o seja. Assim festejamos a Copa do Mundo e as Olimpíadas conquistadas pelo Brasil. E sentimos uma melhorazinha na autoestima. Coisa que somente acontecia quando de vitória do vôlei, do futebol, da ginástica etc. Mas nenhuma delas representa sediar a própria competição universal.


Vinha a oportunidade de nos exibirmos sem dependermos de outras searas. Nós e nós mesmos, os atores e intérpretes da festa. 


De um instante para outro – no limiar do primeiro evento – eis que surgem os 'do contra'. Não quisemos admitir que tudo podia estar 'mobilizado' pelo processo eleitoral. No preciso instante em que poucos (que se dizem muitos) se viam em dificuldades para retomar o espaço que controlaram com garras de águia/carcará durante décadas/séculos e na falta de discursos e propostas convincentes para reverter o quadro criava-se o quadro que desejavam.


Mesmo assim toleramos tudo. Mas a coisa foi ficando insuportável. Pela insistência em mostrarem só o que de menor valia dispúnhamos. E, de um instante para outro, nos sentimos triste, com vontade de largar o mundo 
 esta Terra – e arranjarmos um cantinho num foguete imaginário para Marte.

A Copa do Mundo está para acontecer – duas semaninhas nos separam do primeiro pontapé – inexorável em sua existência. Mouca para os que falam dela. Indiferente.


E olhamos em volta. E vemos que alguma coisa de bom ocorreu. Mesmo que não o desejável, o sonhado. Ou mesmo o prometido.

Fica, quando nada, a Copa. O país exposto e visto por este mundão de Deus, por causa da Copa.

Então nos despertamos para realidade. Que não pode ser perdida. 

Razão por que, ainda que cansado, ansiamos pela abertura da Copa. Com um orgulho danado por ser brasileiro. Para gritar goooool do Brasil!


terça-feira, 27 de maio de 2014

Mudar o nome

Não mais basta
Indignado com o que entende como não reconhecimento do de bom que tem acontecido no país – assim deduzimos – um internauta fez circular a sua reação com uma série de indagações, pautadas entre orgulho e vergonha (talvez até inspirado na 'vergonha' fenômeno-nazariana para com as obras da Copa), e disparou aos 'do contra e quejandos':

Que perguntem os 'revoltados'... aos 9,5 milhões de estudantes matriculados no Enem... aos milhares de operários da construção civil, crescente a cada dia... aos milhões de trabalhadores que compraram carro 0 nos últimos anos... aos mais humildes atendidos pelo Mais Médicos... aos jovens formados pelo Pronatec... aos mais de 50 mil trabalhadores da construção naval... aos milhares de brasileiros que foram ao feirão da Caixa comprar sua casa própria e  aos milhões de beneficiados pelo Minha Casa Minha Vida se estão sentindo Orgulho ou Vergonha”.

E inverte a ponderação indignada para concluir que quem sente vergonha do Brasil “é aquele doutorzinho que não atende os mais humildes e agora tem o Juan, a Margarida, o Pablo para fazê-lo... é a dondoca do trânsito que para seu carro importado no sinal e se enraivece ao ver parando ao seu lado um trabalhador simples com seu 0 quilômetro do lado dela... ou aquele representante da Big House que pega um avião pra Miami e que olha para o lado e lá está o porteiro do prédio vizinho indo fazer as mesmas compras que ele”.

Seu conclusivo estágio de indignação nos fez volver à época em que tínhamos mais tempo para o papo com amigos. 

Um deles – em dia de conversa jogada fora – nos provocou a atenção para o fato de que os mais ricos (incluindo os nouveau) estavam mudando o hábito e deixando de colocar nomes estrangeiros nos filhos para fazê-lo com Tiago, João, Manoel etc. 

Indagou, então, se supúnhamos a razão por quê.

Diante de nossa ignorância repercutiu sua tese: ricos puseram nomes estrangeiros quando isso afirmava sua diferença de classe em relação aos despossuídos e seus Tiagos, Pedros, Joões etc. No dia em a turma do andar de baixo passou a estrangeirar a família o retorno foi incontinenti. Para manter a distância!

Retomando a indignação posta no início, caso haja tal dimensionamento por quem se imaginava diferente por ter uma TV de muitas polegadas, um microondas, uma geladeira/freezer, um carro, ou que viajava de avião dentro e para fora do país e fazia cruzeiros em transatlânticos de luxo temos que não há solução. A não ser o espernear e sentir vergonha.


É que não mais basta mudar a nominação dos filhos para restabelecer o status.


segunda-feira, 26 de maio de 2014

Cronologia

Para o desgaste
Não fora quem é – como jogador de futebol duas vezes campeão pela Seleção Brasileira  e suas declarações nenhuma repercussão teriam. Não bastasse integrar o Comitê local de organização da Copa do Mundo o que declarou Ronaldo Nazário à agência de notícias Reuters deixam um vazio no campo do caráter e da ética. 

Certamente a sua postura constitui seu ethos, observado sob a plenitude psicanalítico-filosófica. 

As contradições no curso dos anos em que membro do COL da Copa desmerecem o que acabou de expressar e o levam ao fosso do oportunismo ou do partidarismo.

É o que pode ser observado a partir de falas, como integrante do Comitê, levantadas por Pablo Villaça, crítico de cinema, cronologizadas em seu blog, Diário de Bordo:

01/12/2011: Ronaldo aceita cargo no Comitê Organizador Local da Copa.
20/10/2011: Ronaldo celebra Copa 2014 no Itaquerão.
20/03/2012: Ronaldo: “A Copa do Mundo da FIFA é de todo o Brasil”.
10/10/2012: Ronaldo garante Brasil pronto pra receber a Copa 2014.
30/01/2013: Ronaldo pede para imprensa abraçar a Copa do Mundo.
05/11/2013: Ronaldo defende Copa de “protestos inventados” e enaltece progresso.
19/12/2013: Ronaldo minimiza desconfianças e vê Brasil acreditar no projeto da Copa 2014.
07/01/2014: Ronaldo diz que Copa está trazendo muitos benefícios ao país.
21/02/2014: “Copa é um grande negócio para o país”, afirma Ronaldo.
30/03/2014: Ronaldo está animado para a Copa de 2014.
01/05/2014Ronaldo posta foto de apoio à candidatura de Aécio Neves.
23/05/2014: Ronaldo se diz envergonhado com preparação da Copa.
A propósito: de acordo com a Ernst & Young e a Fundação Getúlio Vargas, entre 2010 e 2014, o Brasil deverá arrecadar 16 bilhões com impostos deixados pela FIFA no Brasil (entre valores dos ingressos e eventos relacionados) – um valor consideravelmente superior ao que o governo federal gastou na reforma dos estádios. Ou seja, a Copa dará lucro ao país. Que coisa".
Não cremos que o 'fenômeno' nazariano produza melhorias e ganhos para a sua imagem. Que andou abalada naquele entrevero com travestis no Rio de Janeiro, que terminou em bate-boca de delegacia na madrugada carioca.

domingo, 25 de maio de 2014

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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Trabalho de formiguinha
 
As baleias jubarte não mais estão em risco de extinção no Brasil. Em 1980, não mais que 500 indivíduos visitavam nosso litoral. Hoje já ultrapassam os 15.000. 

O fato enseja a retirada da espécie da lista de animais em risco de extinção. O trabalho de formiguinha produziu resultados. 


As jubartes estão livres  ainda que por enquanto – mas outras 1.051 espécies continuam ameaçadas no território brasileiro.
Depois da agitação...
A palavra de ordem tem sido gritos contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, sob o argumento de que altos foram os gastos custeados pelo Governo Federal. Por mais que seja negado, o mote permanece alimentando o imaginário.

Tem havido a insistência em confundir investimentos em mobilidade urbana, segurança etc.  decorrentes de compromissos com a Copa  com aqueles utilizados na construção ou recuperação de estádios.

Os primeiros permanecem e se constituem próprios e naturais ao poder público. Gastos com estádios, no entanto, são fruto de investimento privado, ainda que financiados por bancos oficias, que os tem emprestado a preços do mercado, sem nenhum subsídio.

...A verdade sobre a Copa
Edição da Folha de São Paulo deste sábado 24, da lavra dos repórteres Gustavo Patu, Dimmi Amora e Filipe Coutinho, traz a realidade: o Governo federal nada investiu em estádios. E mais: os gastos tidos como 'da Copa' (os investimentos acima referidos) não alcançam 'um mês' dos efetivados em Educação, por exemplo.

Claro está  demonstra-o a matéria  que dos 5,8 bilhões gastos diretamente com a Copa pelo Governo federal, 2,7 bilhões o foram com a ampliação e modernização de aeroportos, 1,9 em segurança pública (quase tudo destinado às políticas estaduais), 600 mil em portos, 400 mil em telecomunicações e 200 mil em outras despesas.

Em tais quesitos poderiam as mobilizações até discutir terem sido pouco, nunca que se destinaram a estádios. Não fora negarem o óbvio: tais investimentos, não bastasse serem importantes para o país (muitos ansiados há muito), geram receitas de tarifas e concessões.
 

Para não esquecer
O ministro Joaquim Barbosa vai alcançando a 'glória'. Acaba de costear pelos falares da Igreja Católica. Não por se ver indicado a um lugar nos altares. Mas por conseguir ser alvo nos púlpitos.

É que a Comissão de Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB acaba de publicar nota sobre a execução da AP 470, onde salienta a preocupação da entidade em relação às decisões judiciais que levam a "condenações sem provas", "negam a letra da lei" e promovem "interpretações jurídicas absurdas".

A considerar-se a iniciativa da CNBB (ainda que tardia não deixa de ser oportuna e atual) ficamos no aguardo da repercussão em entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (sem mugir nem tugir).

A propósito de Joaquim Barbosa: diante da nota da Comissão de Justiça e Paz da CNBB também não mugiu nem tugiu.

Novidade nenhuma
'A CBF é o Brasil que deu certo' – ilustra o ilustrado Parreira – diante dos microfones que não lhe faltam.

Que Deus tenha pena desta ‘terra de São Saruê’! 

Como se não bastasse nos vem Ronaldo  mostrando porque é 'fenômeno' –  a se dizer decepcionado com as obras da Copa.

Caso não fosse membro de um Comitê da Copa, tudo bem. Repetiria declarações naturais a grandes craques, como Pelé. Mas... é membro do Comitê Organizador da Copa. Desde 2011. 
Só falta torcer contra a Seleção Brasileira!

Ainda que sejamos contra
Seis milhares de franceses estiveram na Copa da África do Sul. No Brasil serão 17 mil. É o que afirma o jornal Aujourd'hui en France. Pesa na procura, segundo o jornal, o "fator Brasil'. O país reflete uma imagem de sonhos para os franceses.

Para tristeza de Ronaldo Fenômeno!
Brincadeira I 
A brincadeira de um internauta, ‘elegendo’ o ministério de Aécio Neves, é trazida a este espaço não pela substância em si, mas pela crítica que pode ser estendida a ministérios de governantes outros, inclusive do PT.

Por exemplo: que diferença pode fazer – no âmbito da atuação – Eduardo Cardoso em relação a Eduardo Azeredo? As relações de um e outro deixam a deseja em espaços comuns.

Brincadeira II
De nossa parte, aderindo à parte hilária, faltou o internauta indicar para o Ministério das Relações Raciais, ou coisa assim, aquela representante do movimento negro do PSDB em Roraima, Cândida Bentes, presidente do Tucanafro.

Caso alguém diga que a moça é loura... é coisa do PT.

Desatando o nó I
Recentes ações do Governo Federal dão conta da perspectiva para a nova configuração dos investimentos públicos federais e o que resultará disso.
Tempos houve em que tudo se concentrou no Sudeste. 

Os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro receberam a quase integralidade dos recursos para implantação da indústria pesada. Tornaram-se o centro da produção nacional. Não bastasse, a malha portuária também por lá se concentrava. Resulta daí o alijamento do Nordeste e do Norte no curso das décadas, trazendo para seu entorno de abandono também o Centro-Oeste.

Tudo nesse país ou era produzido e distribuído em São Paulo ou destinado a São Paulo. O porto de Santos sempre o referencial.

O primeiro salto ocorreu quando Juscelino Kubitschek transferiu a capital da República para o Centro-Oeste e iniciou a construção de estradas, como a Belém-Brasília, primeiro traço de união entre Norte e Sul.

Nas décadas seguintes pontuaram-se investimentos no Nordeste e no Sul – com a instalação de pólos petroquímicos e centros industriais – e abriu-se à industrialização Manaus, com a Zona Franca. No entanto, mantinha-se no Sudeste a concentração da distribuição para o exterior.

Desatando o nó II
Em país de dimensão continental transportar por milhares de quilômetros – especialmente por malha rodoviária – para viabilizar a exportação ou alcançar extremos internos fez gerar um significativo componente de custo que tem sido objeto de críticas durante as últimas décadas: o ‘custo Brasil’, ou seja, a ausência de uma logística compatível com a extensão territorial considerando as novas fronteiras de produção e o destino.

O nó logístico do escoamento da produção de áreas esquecidas no país começa a encontrar outro caminho: não mais o destino Sul, mas o Norte.

A duplicação da Belém-Brasília, a conclusão da ferrovia Norte-Sul e a conclusão da Hidrovia do Tocantins são corredores (rodoviário, ferroviário e aquaviário) para exportações através dos portos de Barcarena, no Pará, e Itaqui, no Maranhão.

O fluxo de grãos, por exemplo, não mais terá como destino de exportação a exclusividade do Porto de Santos.

Nessa esteira, outros portos abrir-se-ão à logística exportadora: o de Ilhéus, na Bahia, e o de Suape, em Pernambuco.

Interpretação
Julgar é por uma conclusão em relação a fatos (teses) em conflito. No entanto, imaginar que a dimensão subjetiva (o que eu vejo e como eu penso) não se faça presente é exigir a perfeição onde não o há.

Imaginar que uma propaganda político-partidária fuja de uma proposta político-eleitoral faz parte do surrealismo interpretativo a que se oferece o Judiciário brasileiro.

Há ministro do TSE querendo um novo tipo de propaganda político-partidária: a propaganda vestal; a que cuide apenas do oráculo e não do que diga a mensagem. 

Não fora isso outro motivo não haveria para a suspensão de inserções da propaganda do PT. Que está, em tese, proibido de comparar propramas e ações enquanto governo.

Por tal entender é que entendemos a decisão do TSE sob a égide do "como eu vejo e como eu penso".

Indicativo
Para a turma do não vai ter Copa não custa sujar as mãos de verde e amarelo. Afinal, faltam apenas 18 dias para Brasil x Crácia.

Mostra a planilha!
O prefeito Claudevane Leite anunciou enfrentamento à pretensão das empresas de transporte coletivo que servem ao município – e dele se servem – condicionando o aumento ansiado à melhoria do serviço prestado.

Há pelo Brasil um movimento para que a Globo mostre "o Darf' do recolhimento dos impostos referentes a operações de lavagem de dinheiro.

Ótima oportunidade para Sua Excelência convocar a sociedade para que tenha conhecimento da "planilha de custos" das empresas. 

Que, sabemos, anda muito defasada diante da realidade.

Palpite infeliz
Porque já é Copa aproveitamos para homenagear os que são contra a sua realização - depois do prestes a começar - na figura do 'Fenômeno". Que não é Afonsinho, Sócrates etc.... quando fala.

Portanto, oportuna a audição de "Palpite Infeliz" (Noel Rosa), aqui interpretada por Ivete Sangalo.

sábado, 24 de maio de 2014

1984

Admirável Mundo Novo
Ao filósofo Sócrates é atribuído o seguinte fato:  circulava por uma ágora (praça onde realizadas feiras e assembleias, na Grécia antiga) quando chamado por uma moça que lhe oferecia os produtos que vendia:  Você não me oferece nada do que preciso respondeu-lhe o pai da Filosofia.
Para quem tinha os valores morais e espirituais como referência para a existência obviamente nunca daria ao mundo das coisas materiais reconhecimento de valia.

Consciência tinha de que o que efetivamente representa nossas necessidades não se faz daquilo que a sociedade desenvolveu como tal, o ter, consumido como estágio de civilização, ainda que negue significado ao Ser que somos.
Na década de 30 do século passado Aldous Huxley publicou "Admirável Mundo Novo", para discutir criticamente uma sociedade desprovida de valores éticos e morais atrelada ao pré-condicionamento biológico e ao condicionamento psicológico centrada em divisões sociais pré-estabelecidas para corresponder à harmonia da convivência imposta.
No final da década seguinte Eric Arthur Blair, sob o pseudônimo George Orwell, retrata o cotidiano de uma sociedade totalitária sustentada na propaganda da oligarquia que a dirige, sempre perfeita sob a força de permanente fiscalização e controle dos cidadãos, ao custo da perda de suas privacidades.
Em texto publicado na Tribuna da Imprensa on line (O Estado brasileiro doou a minha vida para os bancos!) Fátima Oliveira se indigna com a 'insistência' com que é procurada para ser convencida a consumir empréstimos consignados, ainda que nunca tenha buscado tal maravilha.
Descobriram-na  diz  "desde que o INSS homologou a minha aposentadoria, em 8.1.2014, que eu soube pelos telefonemas dos bancos, não apenas de Minas, mas de vários Estados do país, muitos dias antes de receber o comunicado do INSS!".
Seu périplo de pessoa esclarecida que se vê impotente diante da invasão a que está submetida para que se 'convença' a consumir o "serviço" oferecido pelos bancos   é o calvário de todos os brasileiros que caíram na desgraça de possuir um registro em qualquer lugar (cadastros em lojas, órgãos públicos etc.).
Perderam sua privacidade e o controle sobre suas vidas para uma sociedade que desconhece o respeito ao semelhante como valor ético e moral na busca permanente por desenvolver necessidades ainda que não sejam o que precisamos.
É Sócrates perdido em 1984, o admirável mundo novo que dão de chamar civilização.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Dois fatos

Uma só notícia

Todos os candidatos cresceram no levantamento Foto: Arte/O Globo
Nesta quinta 22 dois fatos nos levaram à reflexão, pela circunstância de envolverem um mesmo personagem: a presidente Dilma Rousseff.
O primeiro deles: a inauguração/conclusão da Ferrovia Norte-Sul, projeto da época de Sarney à frente do Governo. O segundo: Dilma Rousseff recupera pontos na pesquisa Ibope.

A Ferrovia Norte-Sul é um passo significativo na integração do país por trilhos. Lembremo-nos de que a ela se vincula a Oeste-Leste, que aportará em Ilhéus, ponto inicial para a interligação Atlântico-Pacífico. Sua conclusão, tantos anos depois de iniciada, bem demonstra a preocupação do Governo Federal, em dimensão petista, nos compromissos com a infraestrutura de transportes.

Desde que reduziu a malha ferroviária o Brasil sofre sob o cutelo do transporte rodoviário, elevando seus custos a valores nada civilizados. A inversão, portanto, é caminho para redução do chamado 'custo Brasil', o que tem sido cobrado há anos. Que não encontrou, em nível de noticiário, o reconhecimento merecido quando materializada a conclusão da Norte-Sul. Ainda que com a presença da Presidente da República.


(Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

No que diz respeito ao levantamento do Ibope, realizado entre 15 e 19 de maio, um detalhe se destaca: expressiva queda na amostragem de votos brancos e nulos, que passaram de 24% para 14%, assim como o número de eleitores que dizem não saber em quem votar, que caiu de 13% para 10%.

Nesse aspecto, o que parecia profunda indecisão e indignação passa a ocupar um patamar compatível com eleições anteriores. Assim que postos na rua os programas políticos do PSB, PSDB e PT. 

Significa, ainda, que o eleitor está acompanhando o que ocorre no país (mesmo que não lhe seja cobrado conhecimento da conclusão da Norte-Sul para repercussão na pesquisa divulgada).

Sob esse viés, comparados os dois fatos, o eleitor está mais próximo de reconhecer a ação do Governo (incluindo na inauguração de obras anteriores) que a imprensa, que pouca valia deu à Norte-Sul.

Para uma parcela considerável da imprensa - aquela que age como partido político - os 40% das intenções de voto para Dilma Rousseff representam pequena subida diante dos avanços de Aécio e Eduardo Campos.

A mesma imprensa que não observa que os índices refletem uma acomodação à realidade. Dilma volta ao patamar que lhe é natural (que pode chegar a 43% ou 45%). Os adversários ocupam espaços antes controlados por indecisos.

À luz (opaca) do noticiário os dois fatos são observados de forma própria e específica pelo cidadão/eleitor. Que tende a distinguir a diferença e entre ambos. 


quinta-feira, 22 de maio de 2014

Em tempo

De eleição
Ponderávamos ontem, neste blog, sobre um típico 'o que será que se destina' para o país, tantos os questionamentos postos por caminhos que entendemos estranhos. Tratávamos na oportunidade de fatos distantes e diversos: de uma mobilização reivindicatória a expressões em casas do Congresso Nacional.
Parece-nos que muito do levado às ruas como reivindicação afina-se com o aproveitar a oportunidade. Um certo carpem diem. O dia é o de hoje, a ação é agora. Menos resultados e mais atuação. O resultado é o futuro (pouco importa que não se materialize), a atuação é o instante. Carpem diem.
E quanto mais nos debruçamos sobre o que anda por aí vamos perdendo a condição de justificar atitudes e comportamentos.
Carlos Chagas  articulista que não demonstra morrer de amores pelo Governo  em artigo publicado na Tribuna da Imprensa on line ("Entre a chantagem e o absurdo", de onde aproveitamos a charge), lembra que "Greve se faz basicamente para reivindicar melhores salários e condições de trabalho. De preferência, contra o patrão. Admite-se, também, a greve política, quando as instituições se encontram em frangalhos".
E prossegue: "Agora, de greve para exigir a formação de um banco de dados unificado ou para a criação de uma carteira de identidade única, como fizeram a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária e as Polícias Civis de 14 estados, nunca se ouviu falar. Além de greves, depredações também estão acontecendo por motivos fúteis. Em Guarulhos invadiram uma loja de fogos de artifício, soltaram foguetes para todo lado, em especial sobre a polícia, e depois informaram estar protestando porque a prefeitura local não implantou um jardim, como prometera".
Naturalmente não deixou de fora a Copa do Mundo. A menina dos olhos de muitos até o último jogo, em julho. "Como se fosse possível desmontar as estruturas materiais e morais erigidas".
Não será exagero concluir que muito do que ora ocorre está vinculado à campanha eleitoral. São criados fatos (factóides) para assegurar espaço e visibilidade a propostas de candidatos. Infelizmente o que menos vemos é proposta nos termos em que dela esperam as massas/povo. Tudo está a girar em torno do ontem e do hoje, tão vazio de ideias o processo eleitoral em curso. 
E la nave va. Em busca da utopia, do impossível: ver efetivado em meses o que alguns séculos ainda não conseguiram neste 'país de São Saruê'. E os movimentos todos se unem na desunião de sentido às coisas.
Um filme que se repete. E como história, farsa. Estamos assim, com movimentos para que algo aconteça; se acontecer, porque aconteceu.
A conclusão parece-nos óbvia: em tempo de eleição carpem diem
No fundo, que falta faz um Carnaval diário!