sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Para ouvir

E compreender
Nós deste intimorato espaço, limitado pelas circunstâncias todas, temos nos postado ao lado dos que defendem o Programa Mais Médicos. Não por ser ele fruto materializado no atual Governo Federal (José Serra, nos idos de ministro da Saúde pensou em semelhante iniciativa, particular e exclusivamente com médicos cubanos), mas por se tratar de uma das mais humanistas propostas de gestão pública ocorridas nas últimas décadas.

Nossos argumentos podem ser pinçados nos vários textos até aqui escritos. Mas hoje resolvemos recomendar a fala de uma figura que, por ser da sistema Globo, afasta qualquer vertente xenófoba (em que pese sua fala ter sido expurgada do programa e retornada depois de protestos).

Menos verso e mais depoimento. Do jornalista Jorge Portugal para a Globo News em http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=Sigtj8LaLV0#t=14


Nova bomba

Sobre o tucanato
Fernando Henrique Cardoso, tornado pela imprensa "baba ovo" em "O príncipe dos sociólogos" acaba de se tornar personagem (real) de uma outra biografia: "O Príncipe da Privataria". Lá estão "cabeludos" casos, da compra de votos para a reeleição à "bolsa pimpolho". 

O recente livro de Palmério Dória, lançado nesta sexta 30 pela editora Geração (a mesma de "A Privataria Tucana", de Amaury Jr.), está amplamente documentado, inclusive trazendo o nome da testemunha e informante da compra de votos para a reeleição, antes simplesmente denominado de "Senhor X". Para mais detalhes, rápida entrevista de Palmério Dória em http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2013/08/30/quem-e-o-sr-x-que-gravou-a-compra-da-reeleicao-de-fhc/

Certamente um novo sucesso de vendas.


Imagem

Arranhada
A lamentável atitude de alguns profissionais da Medicina, que se entendem o máximo por serem brasileiros, não depõe a favor do respeito e do reconhecimento que a categoria merece pela importância de sua existência. 

O comportamento xenófobo, acentuado mais em relação aos médicos cubanos - mais em vertente racista - escancara a imagem do país (não somente da minoria que protesta), pelo nonsense e descompasso com a realidade.

Mais que a imagem do Brasil esvai-se pelo ralo, no imaginário da população carente, a imagem do próprio médico e da Medicina.

Uma tristeza!

Não são estrangeiros
Atribui-se à imperícia a morte de bebês em maternidade itabunense. Um deles logo depois de ter o bracinho fraturado no ato médico de trazê-lo à vida.

Saiba o leitor que não foi nenhum médico estrangeiro. Ou cubano em particular. Tampouco profissional que integra o Programa Mais Médicos, do Governo Federal.

Como também não, o que cobrava de pacientes quando deveria atendê-los gratuitamente.

Depoimento
O que temos dito nestes últimos dias está quase tudo relatado no depoimento abaixo, que circula no YouTube http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=HjjmphNNhMk#t=102



A força

Da insensatez
A decisão do desembargador presidente do Tribunal Regional Federal da 1a. Região mostra quão descompassada é a visão de um gabinete da realidade. A reintegração concedida pela Vara Federal de Ilhéus - por quem está próximo da realidade - é suspensa por quem certamente nem conhece a região.

Tanto que o fundamento da medida suspensiva se baseia justamente na grande fonte do conflito: a versão posta nos estudos da Funai, que trabalham sob uma vertente que não condiz com o que existe na região.

Uma Funai que vem sendo contestada em muitas de suas atitudes até por integrantes do alto escalão do Governo Federal.

Como já escrevemos neste espaço, é típica política ou decisão de gabinete. Tudo aquilo realizado nos estritos limites dos escaninhos da burocracia.

A decisão de Sua Excelência - no estado em que e encontram as coisas - é uma convocação à luta. Para não dizer que é uma provocação à centenas de famílias e milhares de mulheres, crianças e idosos.

Mais sensato fosse o Presidente do TRF1 e teria designado uma vistoria judicial no local. Mas, isso dá trabalho. Melhor prevalecer a insensatez.


quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Grave denúncia

Contra a Globo
A dimensão dos números assusta. Ainda que não queiramos admitir - duvidar não podemos - o Wikileaks denuncia que a Globo somente repassa para a UNESCO 10% do que arrecada com o Criança Esperança. http://folhacentrosul.com.br/geral/1680/globo-repassa-so-10-do-crianca-esperanca-para-a-unesco-afirma-wikileaks

Os documentos revelados demonstram que desde 1986 a Globo retém para si 90% do arrecadado. A emissora não quer falar sobre o assunto.

Os fatos foram denunciados pela Folha Centro Sul no domingo 25. Pela gravidade já merecia uma resposta da Globo, até porque a fonte é o Wikileaks.

Metáfora que seja, parece-nos semelhante à exploração do trabalho infantil. Ou exploração de imagem infantil.

E uma perguntinha: por que a UNESCO aceita legitimar a arrecadação através do Criança Esperança para beneficiar uma empresa particular?




Cavaleiros

De Granada
Os brasileiros médicos que enfrentam a iniciativa do Governo Federal de dotar comunidades desassistidas de atendimento através de estrangeiros tendem a um desgaste desnecessário. Afinal, temos repetido, caso haja alguma inconveniência fruto da atuação de médicos estrangeiros, caberá ao próprio usuário - o povo - gritar contra e levar ao desgaste a iniciativa governamental.

A cada reação contrária ao Programa Mais Médicos cresce a indignação. Difícil, muito difícil, entender a postura da classe médica brasileira. Mais ainda, de mobilizações anárquicas vaiando colegas de outros países - particularmente cubanos, a bola da vez.

A Organização Pan-Americana de Saúde, órgão vinculado à Organização Mundial de Saúde abre loas à iniciativa do Governo brasileiro http://jornalggn.com.br/blog/onu-solta-comunicado-atestando-a-coerencia-do-programa-mais-medicos

Todos estão de acordo com a necessidade de ampliar a oferta de médicos à população, especialmente porque tal ocorre em relação à populações de rincões distantes norte-nordestinos ou de periferias de grandes centros urbanos. 

Esvai-se, aos poucos, no curso do desgaste porque passará a classe médica, o argumento de que faltam condições para que os médicos atuem com dignidade.

Afinal, sob tal espatafúrdio argumento - ou falta de argumento - que dirão os professores da rede pública Brasil a fora? Deixariam de ministrar aulas?

Desgaste desnecessário. Os médicos criam uma imagem negativa para quê?

Para nada - como diz Cervantes em relação aos seus cavaleiros de Granada, que em alta madrugada saíam em louca disparada...

Campanha

Contra
José Serra diz acreditar que venceria prévias no PSDB. Próceres do partido - entre eles FHC e Sérgio Guerra - afirmam que não alcançaria 3% dos votos tucanos.

Clara está a fritura de Serra em andamento no seio do PSDB. José Aníbal, provável candidato ao senado por São Paulo, em 2014, atribui a Serra a "fragorosa derrota" nas municipais.

Leitura simples: Serra não é mais aquele para os tucanos da cúpula. Engraxam a folha de bananeira para oferecê-la como assento ao ex-governador, ex-prefeito, ex...

Não bastasse, há campanha aberta contra Serra. A ponto de um deputado estadual paulista, Antônio Souza Ramalho, tucano, recomendar a José Serra a candidatura a uma vaga na Assembleia Legislativa paulista.

Ironia à parte, o colega só não recomendou uma candidatura a vereador porque a eleição de 2014 não é municipal.


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Perdendo

As estribeiras
Na linguagem popular mais tradicional 'perder as estribeiras' leva-nos à compreensão de que alguém está destituído do mínimo da lucidez que se exige dela. De que o bom senso não norteia seu pensar. Comumente a reação que leva à expressão reside no destempero no falar. 

Ou no escrever. Como acaba de ocorrer com Eliane Catanhêde (Folha de São Paulo), caricata consciência de uma elite nacional que não admite ser contrariada em seus propósitos. O Programa Mais Médicos, do Governo federal, está levando a paroxismos não apropriados para uma nação civilizada, se tomamos o que dizem os acólitos desta elite. Que, no caso específico, ora se concentra na absurda reação de parcela considerável da classe médica contra a vinda de profissionais estrangeiros para ocupar espaços onde não pretendem ou não querem ir muitos dos seus integrantes.

Pois não é Catanhêde escreveu que o o avião que trouxe a primeira leva de médicos cubanos era um "avião negreiro"?

Efetivamente preconceituosa a afirmativa. Como outra que girou pelo mídia de que as médicas cubanas mais pareciam com "domésticas".

De Catanhêde queremos crer que a deselegância posta tem um sentido mais profundo: o temor de que a iniciativa do Governo Federal enterre pretensões oposicionistas em 2014.

Afinal ela é uma das porta-vozes da oposição. A ponto de, em defesa dela, perder as estribeiras.

Sensatez

Ainda há tempo
O deputado estadual Augusto Castro, traduzindo sua preocupação com o conflito decorrente do decreto que reconhece quase 50 mil hectares para uma reserva indígena que desalojará 3 mil moradores (entre mulheres, idosos e crianças) nos municípios de Buerarema, Una e Ilhéus, pretende reunir os pares da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia para debater a crise com o ministro Eduardo Cardozo. (Pimenta).

Também Marcelino Galo, da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa baiana, que pretende visitar a região no início deste setembro.

O deputado Geraldo Simões reitera suas preocupações com o problema, novamente pugnando da tribuna da Câmara dos Deputados pela imediata revogação do decreto demarcatório para que estudos mais apurados e menos parciais sejam realizados e seja encontrada uma solução justa para o problema.

O isolado Geraldo Simões começa a encontrar parceiros na luta por uma solução equilibrada. Certamente o enfrentamento da população regional, particularmente de Buerarema - no exercício de típica legítima defesa - acendeu o alerta de quem anda brincando com fogo.

Ainda há tempo para que não se cometa uma injustiça - tanto para com os verdadeiros índios como para com a população. Não erá manu militari - como o ato demarcatório - que se fará a justiça necessária.

De nossa parte, a revogação proposta pelo deputado Geraldo Simões é o melhor caminho. Exigirá estudos e análises mais aprofundadas, a partir de todos os interesses em jogo.

E tudo poderia começar com uma análise do DNA de muitos dos que se dizem tupinambás. Descobrir-se-á origens além-mar em muitos.

Homenagem
Destoa em tudo a postura dos deputados federais Félix Júnior e Daniel Almeida, buscando ver acelerada a demarcação.

Para eles recomendamos indicação da Câmara de Vereadores da velha Macuco para a outorga de título de Cidadão de Buerarema aos dois. O mais rapidamente possível.

E o convite para que venha recebê-los imediatamente.

domingo, 25 de agosto de 2013

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS *

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Acredite!
Oficiais da inteligência de determinado país invadiram a redação de determinado jornal e simplesmente destruíram discos rígidos de computadores que, em princípio, conteriam informações que desagradariam ao governo. O incômodo assunto, a ser divulgado, dizia respeito ao mundo da espionagem e bisbilhotice sobre a vida de cidadãos do mundo inteiro.

Não pense o leitor que estejamos tratando de algum regime totalitário, um desses “comunistas” que tanto incomodam a democracia ocidental. O nome do “determinado país” é Inglaterra e do “determinado jornal”, The Guardian. Para mais detalhes http://www.jornalggn.com.br/blog/oficiais-britanicos-destroem-discos-rigidos-do-%E2%80%9Cguardian%E2%80%9D

Tentativa
Diante das incertezas que norteiam a sucessão presidencial no ninho dos tucanos, o presidenciável José Serra vê possibilidades de vencer prévias (diz o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, que não alcançaria 3%), afastando Aécio Neves da disputa.

Para tanto, o sonho de uma noite de verão seria, tornando-se o candidato tucano, capitalizar os votos de Marina Silva, diante da dificuldade da ex-verde emplacar seu partido político a tempo de disputar a majoritária de 2014.

Falam da tentativa de namoro em andamento.

Inclinação
Outra não poderia ser a leitura. O Governo Federal transita por entre propostas da melhoria de vida da população, incrementando políticas sociais que são um sucesso, sem perder o mote de agradar a banca internacional, a especulação por excelência.

Não sabemos se a contradição ocorre em decorrência da “governabilidade” ou de inclinação por um certo guru.

Nosso justiceiro
A retomada da apreciação dos embargos declaratórios na AP 470 pelo Supremo Tribunal Federal se encontrava sob o crivo do suspense, depois que o presidente ministro Joaquim Barbosa encerrou a sessão anterior interrompendo e agredindo quem estava com a palavra.

O que se viu na última quarta beirou o ridículo, em que pese para muitos jornalistas ter sido o ápice da democracia em nosso singular Estado de Direito, com a confirmação do “óbvio ululante” (obrigado Nelson Rodrigues!): ministros pondo panos quentes para esconder a grosseria de Joaquim Barbosa na sessão anterior, afirmando ser o STF uma casa de respeito às idéias e aos debates.

A resposta de Joaquim Barbosa foi precisa e singular: assim que encerrado o beija-mão, e logo depois de apreciação de matéria de menor importância, convocou os pares com um singelo “agora vamos ao trabalho”.

E saiu vitorioso, como bom justiceiro, prestes a usar das armas de que dispõe no momento que entender necessário, como quando o fez na indigitada sessão, ao jogar para a plateia o que não tinha como contrariar.  

Para não falar em xenofobia
A falta de médicos é uma constante no Brasil. Que o digam as localidades que os tem como o “caviar” de Zeca Pagodinho. O Programa Mais Médicos do Governo Federal enfrenta corajosamente o problema, o que implica em tocar na ferida: o “sistema” médico do país e seu desejo de manter a “medicina de grupo” como paradigma de atendimento à população.

Sabido e consabido que o que falta mesmo é médico para trabalhar nas localidades periféricas, rurais ou urbanas, razão por que soa estranho que muitos se levantem contra a vinda de médicos cubanos.

A nós, particularmente, cheira àquele ranço de que sendo Cuba uma sociedade administrada sob o prisma do socialismo, que dão de chamar de comunismo, os cubanos – especialmente os médicos – são comedores de criancinha.

Que não tome o leitor por provocação, mas não custa perguntar: agiriam assim se os médicos fossem dos Estados Unidos?

Assim caminha a humanidade
Não tratamos aqui, apesar do título, do clássico drama dirigido por George Stevens (um dos poucos estrelados por James Dean) em 1956. Mas de um outro drama: o do PSDB e seu centro pensante, São Paulo. Que, apesar dos ingentes esforços da grande mídia, não consegue sair do noticiário.

Ou da charge.

E agora, José?
Dois expoentes da medicina estadunidense reconhecem a existência de Um Modelo Diferente – Atenção Médica em Cuba. São eles Edward W. Campion, M.D. e Stephen Morrissey, Ph.D., em matéria publicada em 24 de janeiro deste 2013, no The New England Journal of Medicine, principal jornal médico dos Estados Unidos

 “Para um visitante dos Estados Unidos, Cuba desorienta. Automóveis norte-americanos estão em todo lugar, mas todos datam dos anos 50. Nossos cartões bancários, cartões de crédito e telefones inteligentes não funcionam. O acesso à internet é praticamente inexistente. E o sistema de saúde também parece irreal. Há médicos demais".

"Todo mundo tem um médico da família. Tudo é de graça, totalmente de graça — e não precisa de aprovação prévia ou de algum tipo de pagamento. Todo o sistema parece de cabeça para baixo. É tudo muito organizado e a prioridade absoluta é a prevenção. Embora Cuba tenha recursos econômicos limitados, seu sistema de saúde resolveu alguns problemas que o nosso [dos Estados Unidos] ainda nem enfrentou”. Acesse, para todos os detalhes em http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/sistema-de-saude-cubano-e-elogiado-por-medicos-dos-eua

Dentre muitos aspectos revelados, o de que, já em 2008, 37 mil médicos cubanos trabalhavam em 70 países do mundo. Muitos, antes do Programa Mais Médicos, já trabalham no país.

Por aqui alguns pretendem barrar o ingresso de médicos cubanos. 

Que ninguém se engane: o que está em jogo é a manutenção do atual sistema, através do qual o poder público financia a iniciativa privativa para atender mal, na esperança de ver todos com um “plano de saúde”, o sonho de consumo.

A dimensão do problema
Afirma-nos fonte fidedigna de que os 48 mil hectares reservados para os tupinambás apenas aguardam a chancela ministerial. Em outras palavras, a confirmação pelo Governo Federal do que foi engendrado há anos por técnicos que esqueceram de relatar a realidade na região “mapeada” e “estudada”.

Mais nos diz a fonte, que teve acesso aos “estudos” que alimentaram a demarcação: nenhuma informação há sobre os cerca de 3 mil moradores na área ora em conflito – onde inúmeros pequenos produtores rurais e assentamentos –  nem mesmo de que parte dela é uma região urbano secular, a turística estância hidro-mineral de Olivença.

Disse-nos certa vez, no início dos anos 70, um agente do Funrural em Itapetinga, que uma das desgraças deste país é a cúpula decidir “pelo mapa”. Ou seja, dos gabinetes o país planejado sem que seja conhecido em sua realidade.

A situação, inversamente, está presente nos “estudos” e “mapeamento” da área indígena. Levou-se ao ministério um estudo adredemente agendado, para não dizer-se criminosamente elaborado, onde Suas Excelências da cúpula do Governo conhecem apenas uma versão, onde propositadamente desconhecida a de milhares de produtores e familiares, instalados há mais de século na região.

Dois pesos
Nos escaninhos ministeriais repousa a ignomínia perpetrada em defesa de interesses onde os de menor alcance são o de indígenas (e quando citamos o nome indígena o fazemos em relação aos que realmente o sejam originários da região, e índios, porque dentre eles há evidentes picaretas).

De seus gabinetes, organismos nacionais e internacionais em defesa de povos indígenas pressionam, utilizam-se de todos os meios de que dispõem para a defesa de tais demarcações.

Gostaríamos de vê-los atuando, com igual intensidade, nos Estados Unidos, onde a área delimitada para povos indígenas nem de longe se aproxima da usurpada dos “peles vermelhas”. 

O desdobramento do problema
Em jogo uma área superior a 2.400 alqueires, envolvendo os municípios de Ilhéus, Una e Buerarema. E, mais que isso, seus cerca de 3.000 moradores, sob risco imediato de desalojamento, sem ter para onde ir, tendentes a engrossar as periferias dos centros urbanos para sobreviver com bolsa-família, porque não há emprego para atender a tantos criados e habituados às lides roçarianas.

O preço da farinha de mandioca alcança na região até 8 reais, valor antes inimaginável. O custo está inflado pelos riscos, dentre eles o de produzir e fazer sair escondida a produção para evitar os assaltantes travestidos de índios.

Que se utilizam da agressão como forma de pressão.
Por mais que sejamos contra a violência a solução ora existente é a tomada pela população vítima: reagir contra os que pensam fazer deste Brasil a casa de seus estudos e mapeamentos.

Falta que a eles se unam os moradores de Olivença e seu entorno, que certamente terão seus imóveis tomados para abrigar a antiga aldeia tupinambá.

Estranho
Estranha, muito estranha, que de tantos políticos eleitos na região – com mais ou com menos votos – somente o deputado Geraldo Simões tenha assumido uma posição equilibrada, para evitar o conflito. Pede – como o tem feito da tribuna da Câmara dos Deputados – que seja suspensa a demarcação para que estudos mais amplos e aprofundados possam traduzir a efetiva realidade.

Não queremos crer que os demais estejam simplesmente esperando contar com os votos indígenas, como agradecimento pelo mérito de suas omissões.

“A Coleção Invisível”
O premiado trabalho de Bernard Attal, inspirado em conto homônimo de Stephen Zweig, foi exibido no sábado 24 em praça pública de Itajuípe. De imediato ressalte-se que o filme, primeiro longa metragem de Bernard, valoriza atores e produtores regionais. Como já o fizera no documentário “Os Magníficos”, a sensibilidade do diretor se volta para compreender e registrar a dimensão e profundidade da crise na região cacaueira no imaginário de todos que dela participam direta ou indiretamente.

Bernard Attal vai se tornando o leitor contemporâneo da Bahia, como o foi o conterrâneo fotógrafo e etnólogo Pierre Verger. Seu último trabalho faz leitura entre a literatura de Zweig e a crise da região cacaueira, primando de poesia a realidade pautada num velho produtor de cacau que ainda imagina dispor da coleção que se esvaiu para cobrir a sobrevivência quando os frutos de ouro se tornaram de chumbo para a existência.

Concerto
Assim podemos definir o reencontro de Itabuna com o órgão de tubos da Catedral de São José, no próximo dia 30, 19:00 h. Que esta terra se reencontre também com a história do órgão, que precisa ser contada. Inclusive a de sua revitalização.


Em homenagem ao evento um dos símbolos musicais para a natureza do instrumento, a Tocata e Fuga em Ré Menor, de J. S. Bach. Clique em
http://www.youtube.com/watch?v=_FXoyr_FyFw 

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* Coluna publicada aos domingos em www.otrombone.com.br 

sábado, 24 de agosto de 2013

Seis décadas

Em conteúdo e forma
Nesta "terra de São Saruê" falta-nos o fundamental: poder dominar a memória. Difícil fazê-lo. Não dispomos do compromisso de que a educação seja, antes de tudo, um instrumento que nos conduza à leitura como hábito saudável e enriquecedor, tampouco que os denominados meios de comunicação cumpram com o papel de mais informar e menos manipular.

No que diga respeito à imprensa, em cada instante, ou em cada época, os fatos ocorreram e ocorrem, repetindo-se quando têm por escopo atingir governos e ideias, quando em jogo a ideologia que alimenta o topo da pirâmide. O que não muda é o centro do ataque: a possibilidade de alguém pretender melhorar o país. Se tal não ocorre sob auspícios da elite a iniciativa está fadada a ser alvo para experimentação pura e simples da arte de atirar. Coisa assim, como malhação de Judas.

Hoje poucos lembrarão que se trata de 24 de agosto. Apenas mais um dia do calendário, um 24 de agosto que se repete a cada ano. No entanto, há 59 anos um presidente da república dava um tiro no peito para não ser apeado do poder. O gesto extremo salvou, naquele imediato, as propostas nacionalistas que trazia em seus projetos de governo.

Duvidarão muitos leitores que haja uma relação entre uma data e outra, no limiar de quase seis décadas. Ilação ou vertigem deste escriba em ver coisas que talvez não estejam a acontecer - complementarão outros. 

Mas a campanha a que se lança a imprensa brasileira em relação a um simples julgamento que tramita no Supremo Tribunal Federal - alçado a "maior escândalo do país - bem dá a conta de como os fatos se assemelham.

No passado, Getúlio Vargas se tornava alvo por tudo que ocorresse à sua volta pelo sonho nacionalista que encetava; no presente, afastada a circunstância de dirigir o Governo um partido de origem na classe trabalhadora (ainda que tergiverse em relação a muitos dos princípios que nortearam a sua criação) a efetiva melhoria de camadas da população em razão de programas sociais sem que às elites seja tributada qualquer participação idealística fazem unir os mesmos de hoje aos mesmos de ontem.

Apenas para ilustrar, Getúlio era chamado de "comunista" pela Tribuna da Imprensa, de Carlos Lacerda; e de "entreguista", pela Voz Operária, "voz" do Partido Comunista". Mal começava o velório no Catete ambas as redações haviam sido empasteladas pelo povo, como também depredada a sede da rádio O Globo.

Entre o incidente da rua Toneleros e o caixa 2 do PT a diferença reside apenas na natureza de cada um deles. Em termos de objetivo midiático são um só.

Falta-nos compreender a razão por que de as coisas acontecerem. Muitas se repetindo ao seu modo. Que seis décadas as torna únicas, em conteúdo e forma.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Coisas

Da "terra de São Saruê"
Muito difícil - para não dizer praticamente impossível - a presidenciável Marina Silva conseguir partido próprio, por ela imaginado e criado, para disputar as eleições de 2014. Sua presença traria quase a certeza de que pelo menos haveria segundo turno para presidente da república.

Tinha ela exponencial papel no projeto da direita e da centro-direita (PSDB, DEM e PPS). Certamente tiraria mais votos da situação - ainda centro-esquerda com muita vontade de caminhar para o centro. Tal circunstância alimentava a esperança de uma unidade à direita viabilizar a disputa no segundo turno com candidatura própria ou de aderir a ela Marina caso fosse a delegada pelo povo para disputar o segundão. De uma forma ou de outra, caminho aberto para derrotar a situação.

Não sabemos se a coerência que tem buscado manter fará Marina Silva se deixar convencer de que deve exercer a cívica postura de concorrer por qualquer partido que lhe ofereça espaço.

Caso fique de fora - sob a visibilidade permitida pelo instante - o único nome para corresponder ao apelo originariamente destinado a Marina seria o do ministro Joaquim Barbosa.

Que uma conceituada colunista regional nele vê o anjo para o brasileiro porque teve a coragem de enfrentar a impunidade.

Lembramos, apenas, que o "anjo" tem asa torta - porque voa para um lado só - ou olho vesgo - por enxergar somente o que lhe interessa. Não fora assim, ele - que tinha em mãos o "mensalão" do PSDB de Minas Gerais, bem mais antigo que aquele ora julgado, poderia através do mesmo duto (irrigado pelo mesmo Marcos Valério com dinheiro de estatais mineiras) ter iniciado exemplar lição contra a impunidade.

Mas, a visão de Joaquim Barbosa, como a de Marina Silva - cada uma ao seu tempo e ao seu modo - são coisas desta "terra de São Saruê".

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Descobrindo

Pesadelos
As cantadas e decantadas mobilizações ocorridas em junho deixaram um rastro de consciência popular nunca antes imaginada. Não de agora, movimentos isolados defendiam aqui e ali uma postura de governante ou mesmo de particular, denunciando do descaso público à exploração privada (do buraco na rua às vistorias íntimas em fábricas etc.).

A queima de pneus e interrupção de estradas, ruas e avenidas não passavam da reação ao abaixo-assinado não atendido desta ou daquela comunidade, gerando a ação direta para que aquele fato bastante particularizado chegasse ao conhecimento do público e a consciência do administrador correspondesse às necessidades da comunidade denunciante. 

Todo o aqui dito está a significar que mobilizar e protestar não é coisa recente. Recente, assim vemos, é a tomada de consciência de que isto pode funcionar. E a resposta positiva do poder público alimenta o observador com a certeza de que se não buscar suprir suas carências através de protestos não encontrará resposta, tanto que, quando o faz, é atendido pelas administrações.

E assegura uma certeza, que muitas vezes é falsa: de que não há falta de recursos financeiros (no caso do poder público) e sim a vontade política de fazê-lo, a iniciativa de concretizá-lo. Até que a manifestação feche uma avenida.

O protesto de ontem ocorrido na José Soares Pinheiro - e os métodos utilizados, que vão se tornando corriqueiros - são sinal de que administrar a coisa pública pode deixar de ser sonho para se tornar pesadelo.

Jabes Ribeiro, em Ilhéus, parece em estado de depressão administrativa. A experiência de tantas gestões anteriores assumidas de nada está valendo.

Imagine o leitor como se sentirá a caloura administração itabunense! 

Ainda que as carentes comunidades da periferia por equipamentos e serviços públicos não tenham vindo queimar pneus na Avenida Cinquentenário.


quarta-feira, 21 de agosto de 2013

STF

No limiar de um golpe
Todos os olhos se voltam para a reabertura dos trabalhos do Supremo Tribunal Federal na retomada do julgamento dos embargos de declaração na AP 470, nesta quarta-feira. Olhos voltados não para o plenário da Corte, mas para o estrado que assenta a Mesa, onde no centro o ministro Joaquim Barbosa, atual presidente.

Não se aguarda uma retratação - como exigida pelo ministro Ricardo Lewandowski depois de lhe ser insinuado por Barbosa de que fazia 'chicana' com julgamento com vistas apenas a retardá-lo - mas os desdobramento da incontinência verbal do ministro presidente, que já incomoda muitos dos pares.

Por sua assessoria Joaquim Barbosa já mandou dizer que não se retratará. E mais disse, de forma velada, segundo um assessor: vai engrossar se houver novos questionamentos.

Inconcebível, no universo do Direito, que o debate e o confronto de teses e ideias não possam ocorrer. O que ainda está ocorrendo, em sede de embargos de declaração, são pedidos de suprimento de omissões diante do que existe nos autos e não foram contemplados nos acórdãos, o que implica até mesmo em trazer a público as criminosas omissões do relator em afastar do julgamento a apreciação em torno de provas que poderiam inocentar ou aliviar penas dos condenados.

Afastar tal possibilidade é negar vigência à própria  Constituição, que assegura ser o Brasil um Estado Democrático de Direito.

Assim, a ameaça velada do ministro Joaquim Barbosa, na cátedra de Presidente do STF, de engrossar diante de novos questionamentos pode ser entendido simplesmente como típico golpe manu militari na instituição.

Resta saber como se comportarão os demais ministros. 

Masoquismo
Entendemo-nos masoquista quando acompanhamos o noticiário televisivo - que em nada contribui para uma visão isenta dos fatos - e manuseamos o controle de canal em canal vendo e ouvindo singulares comentaristas.

Como ontem, no Jornal do SBT, onde o singular José Nêumane Pinto "Direto ao Assunto" sugeriu, como contraponto à grosseria do ministro Joaquim Barbosa que levou ao encerramento da sessão, que o ministro Ricardo Lewandowski se retratasse e pedisse desculpas ao povo pelo que faz ao apreciar os embargos de declaração.

Para o indigitado, as manifestações de Lewandowski são longas, desnecessárias. (Esquece das gongóricas erudições de Gilmar Mendes e assemelhados). 

Só não nominamos o ilustre comentarista de toupeira em respeito ao reino animal dito irracional.

A quem

Proteger
A Força Nacional de Segurança - ainda não institucionalizada nos moldes ideais, como a Guarda Nacional nos Estados Unidos - está na região centro dos conflitos. Tem por objetivo impor a ordem pública, o respeito às leis.

Chegou no preciso instante em que a população dita não indígena (vemos muito dela na indígena, que nem DNA mitocondrial afirmará integração à etnia tupinambá) iniciou a reação contra o processo de intimidação e agressão que ocorre há meses, desdobradas em invasões de propriedades e expulsão de pequenos produtores rurais, a totalidade dos prejudicados.

Caso a Força Nacional de Segurança, cumprindo ordem judicial, não retome as propriedades para seus proprietários - e assegure nelas a sua permanência - não terá feito nada mais que proteger os atrabiliários invasores.

Razão por que resta a dúvida: a FNS está protegendo a quem? 

Política e políticos
No caso específico dos conflitos e de uma tomada de posição somente temos visto a defesa do deputado Geraldo Simões, tanto na denúncia dos desmandos cometidos contra a população como no sentido de que os estudos em torno da reivindicada demarcação sejam suspensos para uma criteriosa avaliação.

Dos demais e muitos políticos da região escuta-se o silêncio da omissão. Estão fazendo política contra a ordem pública.

Inclusive o governador Jacques Wagner, como mandatário maior do Estado.


terça-feira, 20 de agosto de 2013

Apertando

O cerco
Não sabemos como tudo chegará ao fim. Ou como será o decupado para o roteiro final escolhido. Estamos nos referindo a AP 470, tantos são os vícios formais materiais e doutrinários que alimentam as provas encontradas para condenar muitos dos réus. 

Há, por exemplo, um inquérito instaurado pela Polícia Federal (o famoso 2474-1/140), solicitado pelo ministro Joaquim Barbosa, que rastreou toda a movimentação financeira da Visanet, o qual demonstra que não houve desvio de dinheiro público - móvel de inúmeras condenações por corrupção ativa e passiva.

Dito inquérito - pasme o leitor - não integrou os autos da AP 470, justamente porque a 'justiçaria' pretendida pelo então Procurador-Geral da República Roberto Gurgel e o ministro relator Joaquim Barbosa ficariam sem as "provas" que pretendiam para alcançar as condenações finais.

No particular da Visanet - em vez de procurador-geral e relator se utilizarem do inquérito da Polícia Federal - a prova consistiu no depoimento de uma funcionária, Danevita de Magalhães, que afirmava ter Pizzolato mandado que ela assinasse documentos para campanhas publicitárias que serviriam de simulação para desvio de recursos para campanhas políticas. Clique para ler a denúncia do fato em novembro do ano passado, no Rede Brasil Atual em http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/helena/2012/11/pagamento-suspeito-a-testemunha-chave-pode-causar-reviravolta-no-mensalao

Consta do inquérito da Polícia Federal que a referida funcionária recebeu em sua conta bancária 25 mil reais.

Ora, diante do depoimento de uma funcionária que provavelmente pretendia salvar a própria pele (fato que Joaquim Barbosa tinha conhecimento através do inquérito 2474-1/140) e o inquérito da Polícia Federal o ministro relator Barbosa (nem mais se fale do procurador-geral Roberto Gurgel) preferiu o primeiro. Porque servia à sua pretensão justiceira. 

Reitere-se que o inquérito foi solicitado pelo próprio ministro Joaquim Barbosa à Polícia Federal. No entanto manteve em segredo suas conclusões até dos demais ministros, levando-os mesmo a cometer injustiças, a partir do depoimento suspeito da dita funcionária da Visanet. 

Alguém, assinado Tomi, em comentário ao texto "Sobre o depoimento da ex-gerente de mídia do Banco do Brasil" publicado no www.advivo.com.br, assim se expressou: "Em um país com um Judiciário menos corrupto e mais civilizado, diante de tantas manipulações e falsificações, quem iria para a cadeia seriam juiz e procurador".

Caso reconheçamos a "corrupção" de que trata o comentarista como falta de caráter, tem toda a razão. 

Razão por que podemos entender o que leva o ministro Joaquim Barbosa à postura que exerce como presidente do STF quando confrontado em seus 'deslizes'.

A ponto de encerrar sessão quando o cerco se aperta.

Ou, quem sabe!, para confirmar o dito pelo cientista político da USP, Celso Roma, em entrevista ao Estadão: "Suprema Corte Americana é um mundo secreto e a brasileira um reality-show.


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Justiça

Ou justiçamento
O cavalo de batalha do ministro Joaquim Barbosa e dos demais que o seguem (não por respeito aos seus conhecimentos jurídicos mas à conduta de vingador da sociedade, quando os criminosos são petistas), incensado por ilustrados jornalistas, é de que não cabem embargos infringentes como recurso na AP 470. 

Dizem basear-se os ilustres e ilustrados intérpretes no fato da existência de lei que disciplina o procedimento recursal no STF (lei 8.038/90) da qual qual não há referência a embargos infringentes (aqueles que possibilitam revisão do julgado).

O detalhe reside no fato de que a dita lei também não fala em embargos de declaração. Ora, a interposição de declaratórios foi aceita. Por que não os infringentes?

Para o Parágrafo Único do art. 609 do Código de Processo Penal, "quando não for unânime a decisão de segunda instância, desfavorável ao réu, admitem-se embargos infringentes e de nulidade...".

Restará à desesperada interpretação joaquina (de Joaquim Barbosa) defender que a AP 470 foi julgada no Supremo Tribunal Federal. O que lhe daria um toque especial de definitude, ainda que os erros sejam flagrantes e até mesmo infantis. Razão por que a vontade joaquina passa a ser lei.

Se tal ocorrer, para o beleléu os princípios que alimentam o Direito Pátrio. 

Consumado o escândalo substitua-se STF por STI - Supremo Tribunal Federal por Supremo Tribunal de Inquisição. E, para não perder a oportunidade, também a nomenclatura de seus integrantes, de ministros para justiceiros.

domingo, 18 de agosto de 2013

Alguns destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS *

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Pena para todo lado I
Matéria de capa da IstoÉ que está nas bancas, da lavra de Alan Rodrigues, Pedro Marcondes e Sérgio Pardellas, dá nome a muitos dos bois do propinoduto paulista.

Caso o leitor comece a ver penas azuis voando por aí não duvide que tenham origem nos fatos do trensalão tucano, o novo tsunami sobre o paradigma da moralidade oposicionista. 

O leitor poderá visualizar a ilustre e ilustrada fauna clicando em http://www.tijolaco.com.br/wp-content/uploads/2013/08/mi_6048224748093164.jpg .

Pena para todo lado II
Clássica a observação de que, em casos de corrupção, descobre-se tudo seguindo o dinheiro. Ou seja, acompanhe o transitar dos recursos e verá que eles chegam a algum lugar: bolso de político ou paraíso fiscal (que é a mesma coisa).

No caso do propinoduto tucano – as coincidências o confirmam – alcançará fatalmente FHC. Versão há – a partir de investigações e de leituras à época, idos de 2000 (Folha de São Paulo e Veja) – de que recursos da Alston, na ordem de 3 milhões de reais, que chegaram ao tucanato através de Andrea Matarazzo, irrigaram o ‘caixa 2’ da reeleição de 1998. Pelo meio, como organizador de cartéis, o genro de FHC, Gilberto Zylberstajn. Detalhes em http://www.brasil247.com/ (PF e MP já investigam a conexão metrô-FHC).

Registremos, apenas, que quando o ‘caixa 2’ é petista passa a ser denominado “mensalão”, ainda que não comprovado que recursos públicos o tenham irrigado, como ocorre com o tucano, tanto em Minas Gerais como em São Paulo.

Pagando para ver
Ainda que tenhamos de esperar para confirmar as expectativas – afinal a força avassaladora da mídia para transformar factóides em dogma de fé não pode ser desprezada – soa-nos positiva a postura demonstrada pelo ministro Roberto Barroso. “Não há corrupção do bem. A corrupção é um mal em si e não deve ser politizada”. “Não existe corrupção do PT, do PSDB ou do PMDB. Existe corrupção”.

Ponderou Sua Excelência que a lista de casos recentes de envolvimento de políticos em esquemas de corrupção é uma consequência do modelo político eleitoral brasileiro. Tocou fundo na ferida.

Estamos jogando as fichas na retomada do equilíbrio de julgamentos no STF. Pelo menos a partir de posicionamentos como o do ministro Roberto Barroso.

Recado direto
O expressado pelo ministro Roberto Barroso na retomada do julgamento da AP 470 é um recado direto não somente à classe política, mas à própria sociedade. Não se combaterá a corrupção simplesmente com passeatas (não que se lhes negue importância, entendemos). 

Enquanto não alterarmos o modelo político-eleitoral – dentre muitos aspectos a atual forma do financiamento de campanhas – culpar este ou aquele individualmente é simplesmente politizar os fatos, corresponder a interesses meramente eleitorais e imediatos, porque os que se dizem arautos da moralidade são autores de seus próprios sistemas de desvio de recursos públicos.

Dentre esses interesses, talvez um recado direto também ao ministro Joaquim Barbosa, com ambíguas posições em torno de um mesmo tema.

Não falta dinheiro
A Forbes é dessas publicações que cuidam de mostrar a grandeza material dos grandes como se tal fosse dádiva divina, tamanha a importância que atribui à acumulação financeira. Tal não deixa de agredir em planeta onde vivem miseráveis e famintos, milhões morrendo por falta de um mísero prato de comida por semana.

Por estas bandas do “país de São Saruê” – certamente dentre os aquinhoados que integram alguma lista da Forbes ou a ela queiram chegar – há quem critique um certo ex-presidente da república que sonha com a possibilidade de que todo brasileiro faça três refeições diárias.

O preâmbulo tem o propósito apenas de preambular o divulgado por Miguel do Rosário (o atual calo da Globo) em www.tijolaco.com.br – “Família Marinho tem fortuna de 52 bilhões de reais, diz Forbes”. Em valores exatos, 51,64 bi.

Os filhos do Dr. Roberto (cada um deles com pouco mais de 17 bi) são a sétima fortuna do país. Apenas para comparar: a família de Sílvio Berlusconni, todo poderoso magnata da mídia italiana, ex dirigente máximo da Itália, possui o equivalente a 13 bilhões de reais e a de Murdoch, em torno de 23 bi.

E os meninos da Globo não pagam bagatelas como 1,5 bi ao ECAD ou 1 bi (valores atualizados) a Receita Federal.

Ao contrário, chegam até mesmo à premiação com vultosas verbas publicitárias do Governo Federal, ainda que suas “audiências” não andem lá essas coisas.

Como encontram sempre um apoio aqui e acolá não temem por não pagar. Medo de arrepiar mesmo é perceber que a sociedade começa a acordar. E que 71% de entrevistados pela Fundação Perseu Abramo querem reforma da mídia.

Da omissão à conivência I
A ação governamental, em nível federal e estadual, não corresponde à dimensão do que está a ocorrer na região reinvindicada por indígenas no entorno de Olivença, que envolveria não só o município de Ilhéus mas também os municípios de Buerarema (o mais atingido) e Una. A omissão das autoridades gera uma terra de ninguém e abre perigoso precedente.

Particularmente – não tememos afirmá-lo – temos profundas dúvidas sobre a legitimidade dos que hoje se dizem descendentes do povo tupinambá, trucidado no curso dos séculos, ainda na fase do Brasil Colônia. Um ou outro pode sê-lo. Não aquela maioria que anda expulsando proprietários e trabalhadores das propriedades da região.

Nossas dúvidas se aprofundam quando tentamos encontrar a origem de todo este movimento. Que vemos articulado para fins nada nobres. Que se utiliza da extinção da etnia tupinambá (pouquíssimos serão os seus sobreviventes) para exercer uma vingança que não cabe, voltada contra quem não tem nada a ver com a história e envolve parte de uma das mais ricas biodiversidades do planeta, existente no Bioma Mata Atlântica (mais de 440 espécies por hectare).

Da omissão à conivência II
Para tanto – o que mais agrava a situação – o que está em andamento é uma luta pelo domínio de propriedades ora particulares, violando elementares princípios do Estado Democrático de Direito: o respeito às autoridades constituídas, às instituições do Estado e à igualdade de todos perante a lei.

Acompanhamos todos no curso de 30 anos o desenrolar da ação reivindicatória da área que integrava a antiga reserva Paraguaçu-Caramuru em Itaju do Colônia e Pau Brasil. 

Como sói acontecer em democracias coube ao Poder Judiciário dirimir o conflito e sua decisão foi respeitada e acatada, ainda que desagradando os que perderam terras, que lhes parecia legitimadas porque adquiridas sob a égide do estado da Bahia, que delas se apropriou na primeira metade do século XX e as transferiu através de questionáveis títulos de propriedade para particulares mais adiante, jogando ao léu os nativos.

Da omissão à conivência III
A situação hoje centrada em Buerarema é por demais grave. Gravíssima. A reação da população local esta semana não podia ser outra. Declarada a guerra por aqueles que se dizem titulares de toda aquela região, invadindo e depredando propriedades produtivas e expulsando seus moradores, sem qualquer amparo em decisão judicial, não podia levar posicionamento diverso do tomado pela população macuquense. 

É a sobrevivência. O clima na zona rural, com reflexo na urbana, é de terror.

Testemunhamos há poucos dias – temos nome e endereço da vítima, porque registrados no colégio onde estávamos – uma desesperada mãe buscando vaga na escola porque tivera de sair com os filhos apenas com a roupa do corpo, expulsos por “nativos”.

Gente simples que não tem para quem apelar.

Da omissão à conivência IV
Não podemos imaginar que as autoridades não tenham conhecimento do que está acontecendo, porque há muito acontece.

As denúncias levadas recentemente pelo deputado Geraldo Simões ao Brasil através da tribuna da Câmara dos Deputados não encontraram de logo a resposta que cabia às autoridades. Clamou em vão o deputado e nenhuma atitude teria sido tomada – como não ocorre há muito – caso não tivesse havido a ‘ação direta’ que configurou a reação de uma população acuada e amedrontada, que se viu forçada ao exercício da legítima defesa.

Não se pode conceber que quem quer que seja se veja no direito de expulsar manu militari residentes com o beneplácito da omissão das autoridades constituídas. Fato que vem acontecendo há meses.

A omissão das autoridades torna-as coniventes e co-responsáveis por tudo que venha a acontecer.

Da omissão à conivência V
Pedido de intervenção federal teria ocorrido há um mês. Cabe perguntar o que espera um ministro da Justiça (ou da ‘injustiça’) para acionar os dispositivos de que disponha para evitar agravamento de uma situação.

Não podemos imaginar que seja o derramamento de sangue de patrícios.

Não deixa saudade
Já vai tarde. Que Deus tenha pena de sua alma quando chegar à planície. É que do planalto há um senador que está em seus calcanhares e que o chama simplesmente de prevaricador.

Há de onde tirar
O Governo do Estado aperta o cinto e economiza contingenciando gastos com comissionados (10%), aluguel de veículos (20%) e autorizações de passagens (50%), estimada a economia em torno de 250 milhões de reais.

Bem que poderia ampliar a economia, de forma substanciosa, reduzindo a propaganda institucional desnecessária, como a de placas mostrando a barragem do rio Colônia quando não paga a dívida para com com a empresa que a constrói.

Afinal, melhor propaganda é a conclusão da obra e não simplesmente anunciá-la.

Eduardo
Justíssima a homenagem da Câmara Municipal de Itabuna a “Gaguinho”, com óculos, sem óculos, com binóculos, sem binóculos, agora em um lugar chamado Eternidade. Afinal, o homenageado expressara em vida todas as virtudes reunidas que o fazem merecedor da atenção: jornalista, comentarista político e ex-vereador.

Mais que isso, permitiu-nos a inauguração da Sala Eduardo Anunciação, a homenagem ao jornalista recentemente falecido, destinada à assessoria da Câmara e aos jornalistas que cobrem os trabalhos da Casa, descobrir inusitadas figuras – falamos das estranhas – que hoje integram o “jornalismo” local, famosas pelo escancarado jabá que exigem para que as vítimas não sejam vilipendiadas pelo português de analfabetos não tão funcionais assim, o que contraria, em tudo, o exemplar comportamento do homenageado.

E que, para escândalo de muitos, ainda se dão à ousadia – tolerada pela Mesa da Casa – de transitar pelo recinto do Plenário como se fossem pares de Suas Excelências.

Itororó
Não podemos afirmar que sejamos o primeiro a informar. Mas temos a certeza de que a fábrica aguardada em Itororó está com a documentação jurídica praticamente regularizada. 

Caso dependa apenas disso e a instalação das máquinas ocorrer na mesma velocidade, muito brevemente as mil vagas oferecidos serão ocupadas na produção de calçados femininos.

Itapetinga
Quando militávamos no mundo da música, no conjunto Os Apaches, final dos anos 60 e início dos 70, agredindo o contrabaixo eletrônico ao lado de Aderbal Duarte, Aladino e Carmélio, conhecemos a figura simpaticíssima de Getro Guimarães, um típico mestre de cerimônia para todo e qualquer evento que ocorresse em Itapetinga. Possuía o dom de levar alegria onde estivesse. Polarizava as atenções, sempre gentil e afável.

Exímio contador de causos, também transitava pela poesia e foi na sua Gráfica Moderna que imprimimos os primeiros materiais para nosso escritório de contabilidade, instalado no imediato da extinção de Os Apaches.

Somente esta semana soubemos da morte do paraibano que alegrava nossas conversas, quando prestes a completar 85 anos, ocorrida em meados de julho.

Tomado de profundo pesar só nos resta rezar ao Criador para que mantenha em seu seio o estimado Getro, que deve andar por lá contando seus causos.

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* Coluna publicada aos domingos em www.otrombone.com.br 

sábado, 17 de agosto de 2013

Do céu

Ao inferno
Muitos enxergam na postura do ministro Joaquim Barbosa a intransigência como tônica. Estaria a defender com unhas e dentes suas questionadas posições dentro da AP 470, algumas que o tornam defensor de absurdos jurídicos para alimentar típica sanha de vingador da sociedade.

Não fica bem - assim vemos - que Sua Excelência esteja a se apresentar como justiceiro, quando lhe compete a mais alta das funções, a de julgar. O ato de julgar exige, acima de tudo, equilíbrio e desapego das paixões. Não é o que demonstra Joaquim Barbosa, que age como apaixonado torcedor, a ponto de desequilibrar-se quando questionado.

Não nos surpreende a conduta do ministro como móvel de um desgaste que constrói para sua imagem. Tudo porque tem lhe faltado a grandeza, como virtude, para reconhecer razões em posicionamentos contrários, o que não está a significar que tenha de mudar suas convicções.

Transita entre o céu e o inferno o ministro Joaquim Barbosa. O desequilíbrio sacrifica a sua imagem e enodoa a própria Corte que preside.

A falta de serenidade, de temperança e de urbanidade avançam para que possamos afirmar que Sua Excelência não passa de um mal educado.


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Filme

Medíocre
Caso tenhamos que ver o ministro Joaquim Barbosa como um diretor de cinema e considerando a sua atuação como coordenador e dirigente dos trabalhos do STF, a quem cabe expressar equilíbrio e respeito aos pares, às partes e ao público (as sessões são televisadas) não nos sentimos a cavalheiro para afirmar que constrói uma obra de arte.

Sua reação deselegante e grosseira para com o ministro Ricardo Lewandovsky e o imediato encerramento da sessão nos termos e circunstâncias em que ocorreu mostra-o como somente capaz de dirigir filmes medíocres. 

Preferencialmente de terror, centrado em sadismo de inquisição para levar bruxas à fogueira, não importa o método para tão abjeto roteiro. 

Cai-lhe bem a toga. Que deixa de sê-lo símbolo da Corte para tornar-se capa de vampiro.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O ataque

Como defesa
O governador paulista Geraldo Alckmin anuncia processar a Siemens por cartel em licitações de obras em São Paulo.

Risível a iniciativa de encontrar cartel em uma só empresa. Afinal, já público e notório, que outras empresas estão envolvidas, como a Alstom, a Bombardier. Cheira a iniciativa a calar as demais.

As revelações que vão surgindo alimentam um escândalo que tende a tornar-se um dos maiores já montados no Brasil, que pode ultrapassar a casa de bilhões de reais em recursos desviados para o bolso de políticos e de dirigentes de empresas estatais paulistas, todos vinculados às "vestais da moralidade" tucana.

Vemos a iniciativa de Alcmin tão somente como um procedimento de defesa. Afinal, a clássica expressão futebolística de que 'o ataque é a melhor defesa" parece estar sendo aplicada ao propinoduto paulista. No caso, os fatos revelados pela Siemens embutem desdobramentos ainda não palpáveis.

Já se fala, por exemplo, em recursos do esquema denunciado pela multinacional irrigando a famosa "lista de Furnas", montagem mineira para formar caixa 2 com recursos da estatal. Não fora recursos da Usiminas, para avivar a memória.

Não nos esqueçamos que o então deputado Roberto Brant (PFL) afirmara haver recebido diretamente da Usiminas, e não da DNA de Marcos Valério, os 100 mil reais que o jogavam na "lista".

Processar a Siemens por cartel não responde à pergunta fundamental: para onde foi o dinheiro da corrupção em São Paulo, ocorrida nos últimos 20 anos de vários governos do PSDB?

Aí o centro do problema. Esconder o destino do dinheiro criando o factóide da apuração por cartel.

Simplesmente atacando para se defender.



domingo, 11 de agosto de 2013

Alguns destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS *

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Resistência
O senador José Sarney anda dodói. Bactéria resistente à maioria de medicamentos afeta o cacique maranhense, ou amapaense conforme a conveniência. A turma da charge descobriu a razão da resistência. "Pra aguentar o Sarney tem de ser muito resistente mesmo" (Duke)

A doença I
Continuamos na seara dos que não entendem a postura da classe médica contra a vinda de estrangeiros para atuar no em rincões brasileiros, de periferias aos grandes centros urbanos. A contradição mais se sustenta – assim a vemos – na circunstância de que, faltando médicos, negue-se a oportunidade de tê-los.

O argumento, teimoso como o exagero da teimosia, está centrado na dificuldade que o médico estrangeiro teria para compreender nossa realidade – de patologias à língua – o que não corresponderia à pretensão do Governo Federal, de ver atendida a população que carece do SUS.

A súbita e oportuna defesa dos interesses da população de imediato esbarra na contradição de que a carência de mais de 15 mil médicos não pode ser tributada pura e simplesmente ao Governo Federal. Fatores vários contribuem para a aberração, dentre eles o da apropriação do Sistema Único de Saúde pela denominada ‘medicina de grupo’. Para essa turma, a Saúde Pública se resolve com investimentos – que devem ser repassados para a iniciativa privada através de convênios, como ocorre atualmente numa construção de décadas.

Ainda sob este prisma – o do investimento – faltariam equipamentos nas muitas localidades para onde se destinariam os médicos solicitados. Não se negue tal fato – que, entendemos, será corrigido com o tempo (assim como no curso do tempo a “medicina privada” se apropriou da pública) – cabendo à sociedade fiscalizar melhor os gastos públicos, em muito desviados para encher as burras da corrupção, parte dela alimentada por próceres da medicina de grupo (superfaturamento, exames desnecessários, cesarianas em excesso – apenas para ilustrar).

A doença II
Não fora isso, e como perguntar não ofende, interessante saber-se, por exemplo, se os equipamentos que municiam parte dos hospitais que alimentam a “medicina privada” foram adquiridos pelos profissionais médicos que deles se beneficiam.

Nesse particular aspecto não precisamos sair de Itabuna. Basta que se chegue à Santa Casa de Misericórdia sem dinheiro ou sem um convênio. Ainda que seus equipamentos tenham origem em recursos públicos, sem falar nas contribuições da população em tempos idos.

A doença III
Por fim, a contradição maior reside no fato singular: se o médico estrangeiro é inconveniente (pelo que sinalizam no expressar seria “incompetente”) sobre quem recairá a culpa por tê-lo trazido? Naturalmente sobre o Governo Federal, que teria de assumir o ônus.

Deixem-no assumir o que tenha de assumir. Porque insinuar que a população pode morrer ou não se curar nas mãos de médicos estrangeiros não é pior do como está ela hoje: sem direito a ser assistida por um profissional, dentre estes os que criticam o Mais Médicos.

Falando para o Cosmos
A presidente Dilma Rousseff, inaugurando universidade federal em Varginha-MG, diante dos números recentemente divulgados não perdeu a oportunidade de afirmar que a inflação está controlada.

Independente de estar ou não, dizê-lo em Varginha por ser coisa para ET.

Dados
O sempre combalido futebol brasileiro, olhado sob a ótica da competência dirigente, encontrou uma interessante avaliação, onde se destaca o tempo, em meses, que seria suficiente para pagar as dívidas contraídas utilizando o clube tudo que arrecade para o pagamento.

Considerando os times baianos que integram a relação, a situação do Bahia justifica a intervenção por que passa, carecendo de 21 meses para saldar as obrigações. Já o Vitória precisaria de apenas um mês para quitar sua dívida.

A PEC e o guardião
A denominada PEC 37 caiu no fragor das manifestações de rua. Pretendia limitar a função do Ministério Público no âmbito da investigação, para que não fosse confundida a sua atuação com a das polícias.

Descobre-se que o Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, teria ciência e controle sobre um “sistema guardião”, destinado ao monitoramento e interceptação telefônica e de dados, que anda sendo utilizado sem autorização judicial. Ou seja, bisbilhotice e escuta ilegal para fins que só Deus sabe quais!

A denúncia foi trazida pelo senador Fernando Collor, da tribuna do Senado na quinta 8 http://www.conversaafiada.com.br/tv-afiada/2013/08/09/collor-suspeita-de-arapongagem-de-gurgel/ e abordada ironicamente neste espaço (Gurgel não descansará em paz).

Assim que confirmados os fatos muita gente vai pedir outra PEC 37.

De coadjuvante a expressão eleitoral
Geddel Vieira Lima – registramos na semana passada neste DE RODAPÉS E DE ACHADOS – considerando os números apontados pela pesquisa da Sócio Estatística, mais estava para coadjuvante na sucessão baiana, no patamar de 15%.

Como pesquisa é o retrato de um instante e considerarmos a possibilidade concreta de PFL/DEM e PSDB não aglutinarem um nome de suas hostes e o fizerem em torno de Geddel não será exagero dizê-lo futuro governador da Bahia.

Nossa dedução parte de dois fatos: o primeiro, se considerarmos que não interessa a ACM Neto candidatar-se agora e que a Paulo Souto melhor fica uma vaga no Senado somente restaria, em nível de oposição, Geddel no primeiro plano e José Ronaldo (DEM) alimentando pretensão; o segundo, a base que apóia Jacques Wagner pode migrar, retornando às origens.

Claro que no caminho está presente a decisão do PT quanto ao nome que pretende indicar. Caso aglutine a base, tudo bem. Porque se depender apenas da imagem de Jacques Wagner pode afundar.

Orçamento impositivo
Intenção antiga, e sonho de todo e qualquer parlamentar autor de emendas a Orçamento, de que tal iniciativa encontre natureza impositiva e não meramente autorizativa como sói acontecer há muito. O conflito entre uma e outra reside na circunstância elementar – sob a ótica do Poder Executivo – de que a execução orçamentária é prerrogativa privativa do Executivo, a quem cabe – diante da realidade da arrecadação – controlar o fluxo de gastos, priorizando o de mais necessidade. Deputados buscam a impositividade, considerando-se desrespeitados em suas indicações financeiras para atender redutos eleitorais.

Mais razão tem o Poder Executivo. Afinal, a aplicação pura e simples da impositividade seria negar a condição do gerir e do administrar, que são da essência da gestão.

Não fora isso, a impositividade está a exigir a plena arrecadação da receita estimada e absoluto equilíbrio fiscal. O que não se pode dizer que esteja a ocorrer neste “país de São saruê” há décadas... séculos.

Por fim, o comportamento da base aliada, por exemplo, sem orçamento impositivo já depõe contrariamente a que o mesmo venha a ser aprovado.

A não ser como golpe branco.

Dia dos pais
Para os que tornaram o consumismo razão de existir, nada melhor que dia das mães, dos pais, dos namorados etc. Sempre há um dia para presentear – ou seja, para gastar.

Como agosto apenas está começando recomendamos “passear” no Jequitibá e descobrir quanto de dinheiro o leitor precisa só para atender aos muitos “dias” do mês. Uma loja, muito criativa, destacou uma dezena deles para justificar compras.

Perdendo o sentido I
Ao que parece estão errados os que viram com olhar de reprovação a atitude de um vereador – espelho de todos, com raríssimas exceções – que alardeou, com direito à exposição midiática, estar devolvendo cargos ao Poder Executivo por haver com este rompido.

A indecorosidade reside nesta relação espúria, que vai se acentuando nas últimas décadas, pelo menos em nível de transparência recente, onde um representante do povo se vê no direito de ratear indicações para cargos comissionados como se fosse a coisa mais ética e natural do mundo.

Natural pode até sê-lo, na ótica dessa gente. Afinal, para isso gastam tanto dinheiro para se eleger. Sob o viés da Ética nunca o será. A não ser que Sócrates, Platão, Aristóteles – entre outros – tenham se convertido à corrupção.

A reação desta coluna diz respeito a quase nehuma análise em torno do fato – sob dimensão crítica – na imprensa regional.

Perdendo o sentido II
Itabuna padece de compreensão sobre os valores que a alimentam. Edificações antigas e históricas vão ao chão como se permanentemente fôssemos atingidos por trombas d’água ou tsunamis. Não bastasse, deram de desconfigurar projetos arquitetônicos, como ocorreu com a pintura recente da Praça Rio Cachoeira.

O projeto da arquiteta Clara Kauark promovia plena integração entre a natureza e a obra física às margens do símbolo maior de Itabuna, onde as cores traduziam aquela plenitude, na leveza com que se integravam à natureza alada que a frequenta.

Transformada está em um grande e insignificado sinal de trânsito.

Definitivamente estamos perdendo o sentido das coisas construídas por nossa gente.

Secos & Molhados
Passados 40 anos. Ouvi-los nos remete ao frenesi que foi o seu surgimento. Dois álbuns lançados bastaram para que fossem inseridos no imaginário da música brasileira. Para nós, particularmente, bastaria o primeiro elepê com suas cabeças expostas em bandejas.


Neste agosto que exige não esquecer a estupidez do lançamento das bombas sobre Hiroshima e Nagasaki o poema de Vinicius de Moraes (musicado por Gerson Conrad, do próprio grupo) sofrido pelo Secos & Molhados, em “Rosa de Hiroshima”, se impõe. http://www.youtube.com/watch?v=j11OYO0abGo
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* Coluna semanal publicada aos domingos no www.otrombone.com.br