quarta-feira, 31 de julho de 2013

Decisão judicial

Drena recursos para a Saúde
Gostaríamos que ocorresse em todos os níveis de governo (federal, estadual e municipal): drenar os recursos destinados à publicidade para a saúde. Foi o que determinou o juiz Marcos Vinicius, da comarca de Currais Novos, no Rio Grande do Norte, ao bloquear todos os recursos destinados à publicidade institucional.

Temos defendido - quixotescamente, pois os moinhos são mais fortes, não fora poderosos - o corte de gastos com publicidade oficial (afastada apenas a imprescindível, como aquela voltada para campanhas de vacinação etc.) toda a vez que se tornassem necessários cortes orçamentários, os denominados contingenciamentos, para reduzir despesas.

A decisão do juiz potiguar bem que poderia abrir caminho para fazer sobrar um dinheirinho para coisas mais úteis.


Médicos combatem vinda de estrangeiros

Enquanto isso...
A "cívica" mobilização de parcela da classe médica contra o Programa Mais Médicos, do Governo Federal, não encontra explicação que a justifique, mormente parando de atender à sociedade, quer aquela que lhes paga 'com os olhos da cara' através dos planos de saúde privados ou aquela que os remunera com recursos públicos pelo SUS. 

O Governo Federal busca corresponder às necessidades imediatas de assistência médica para a população oferecendo condições financeiras para quem queira se inscrever no Programa Mais Médicos. Milhares de municípios encontram-se inscritos à espera deles. A carência de profissionais médicos, por baixo, supera 15 mil. Caso os preferidos brasileiros não atendam as necessidades médicos estrangeiros poderão ocupar as vagas.

A mobilização de representações da classe médica beira o nonsense ao ser contra que 'mais médicos' atendam as populações, o que hoje não ocorre com os existentes no país. Limitam-se a confundir este fato com a disponibilização de recursos para equipamentos.

Matéria ontem veiculada no Jornal do SBT bem demonstra os desencontros entre os que desejam contribuir para a melhoria da saúde pública e os que pura e simplesmente a tratam como gigolôs e vulgares exploradores. 

Clique o leitor o link a seguir para ver uma das razões por que os recursos destinados à saúde não são suficientes. Que bem se ajusta ao título desta postagem. http://tvuol.uol.com.br/assistir.htm?video=medicos-batem-ponto-sem-trabalhar-em-hospital-publico-de-sp-04028C983366C4B14326&orderBy=mais-recentes&edFilter=all&time=all&q=medico&originalQuery=m?ico&

Entre o velho

E o novo mundo
Ocupam espaço justificado no noticiário os dados recentemente publicados do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - o IDHM - de acordo com o Atlas do Desenvolvimento Humano Brasil 2013, elaborado pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), que apontam avanço de 47,8% nos últimos 20 anos. Os destaques ficaram à conta da longevidade e da renda, sacrificada, ainda, a educação.

Para os que acompanhamos estes vinte anos observados - diferentemente de parcela da geração atual que somente viveu uma parte deles, visto estarem nas ruas no fulgor de seus 15 a 25/26 anos de idade - sabemos que o grande salto efetivamente ocorre - se desdobrado o período em duas décadas - a partir das políticas públicas implantadas no segundo quartel da primeira década deste século, mais precisamente de 2004 em diante.

A político-partidarização encontrará para cada grupo argumento: os defensores dos governos petistas de Lula nele encontrarão o grande instrumento das mudanças e os tucanos afirmando que tudo aconteceu porque prepararam o terreno, em que pese no período analisado outros dois presidentes terem ocupado o Planalto: Fernando Collor de Mello, até setembro de 1992, e Itamar Franco - o esquecido implantador do Plano Real - daquela data a 31 de dezembro de 1994.

Estamos distante do ideal. Muito falta. Especialmente na educação, visto que as inovações e investimentos trazidos na última década ainda não produziram frutos e o farão somente em 20 ou 30 anos. Mas não se negue o salto que representa a ampliação de oferta em graduação e na forma de acesso.

Na escala de 0,0 a 1,0 saltamos de 0,493 em 1991 para 0,727 em 2010. Palpável nas três referências amostrais a melhoria de renda. Nela vemos, quando mais se acentuar - e a política econômica não atrapalhar - meio de alcançar mais longevidade (hoje em 73,9 anos) e melhor participação na educação.

Enquanto vivemos este momento a Europa, em especial, e outros terras de primeiro mundo definham. Hora de rever estereótipos: novidade há no aumento de pobres na Europa e na distribuição de renda no "país de São Saruê".

O que não muda mesmo são as visões das elites, lá e cá. Entre o velho e o novo mundo o mal a enfrentar está nos seio de suas elites, cada dia mais concentradoras de renda.



terça-feira, 30 de julho de 2013

Discurso

Vazio
A Ordem dos Advogados do Brasil já teve momentos mais nobres na construção deste país, especialmente na defesa das instituições democráticas e do pleno Estado de Direito, tendo sido, ao lado da CNBB, uma das organizações da sociedade civil que nunca temeram enfrentar a ditadura militar - para apenas lembrarmos fatos mais recentes. 

Tem se tornado, lamentavelmente, uma das mais corporativas instituições, defendendo típica reserva de mercado tão somente para profissionais que passem pelo crivo de um famigerado 'exame de ordem" que é a negação de princípios inerentes ao Estado de Direito, como a igualdade de todos perante a lei.

Em declaração recente o atual presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coelho, passou a defender a ampliação do tempo de estudo, chegando a afirmar que o curso de Direito "pode ter ampliação da carga horária, de disciplinas, e pode ter estágio obrigatório em comunidades carentes, e não estágio faz de conta".

Mais disse: "“A grade curricular do curso de Direito é ainda do século 19, e a metodologia e o sistema de avaliação são precários. Queremos um curso de Direito que prepare cidadãos conscientes de seu papel no mundo e não meramente burocratas ou tecnocratas”.

As belas palavras do presidente da OAB o são para os muitos de sua geração, que entendem dominar a "processualística" não somente por compreenderem os fundamentos da lei processual e das tantas outras que embutem tal natureza, mas através do domínio de recursos contemporâneos como o "processo eletrônico".

Melhor diria o sr. Marcos Vinicius se traduzisse a angústia da categoria enfrentando um Judiciário moroso e cada dia mais distante da premissa básica de respeito ao advogado, reconhecido constitucionalmente como imprescindível à Justiça. 

E não será com esse discurso vazio de aumentar de quatro para cinco anos a graduação em Direito, fato há muito concretizado na maioria das instituições educacionais que a oferecem.

Mais para a demagogia barata uma reformulação para tornar o graduando em efetivo aprendiz, falando-se do exercitamento pleno de seus estudos na forma de estágio. Em tempos não tão distantes - quando o estudante de Direito exercia concretamente o desiderato, também respeitado e reconhecido pelos magistrados em razão do nobre papel social que exercia - a população carente esteve bem melhor servida.

Que aprendizado pode ter, na prática, um estagiário de Direito que peticiona e não vê seu pleito apreciado? Que motivação pode ter para fazê-lo além da contagem de tempo e de pontos para a sua graduação?

O que o presidente da OAB - e os que pensam como ele - precisa defender é que o advogado possa usar plenamente seus conhecimentos em qualquer foro, dispensado de buscar escritórios que assegurem sucesso à demanda, não pelos méritos e razões nela contidos, mas pela expressão profissional de contar em seus quadros com ilustrados parentes de membros das altas cortes.

Por fim, que na reforma que pretender encaminhar faça incluir a supressão do Exame de Ordem - para que todas as graduações sejam iguais perante a lei - começando, enquanto tal não ocorrer, por extinguir as onerosas "inscrições" para o acesso à avaliação, assim como os "cursinhos", apostilas e quejandos para viabilizá-lo.

Quanto ao que se torna jargão na linguagem de muitos dirigentes da OAB - a precariedade das avaliações na universidade e a formação de cidadãos conscientes para seu papel no mundo - muito poderia ser feito: bastando que as legítimas provocações ao Judiciário encontrassem resposta e o próprio Exame de Ordem alterasse o sistema avaliatório, repleto de pegadinhas, quando não de erros crassos.

Isso, enquanto existir Exame de Ordem.



Mais disse

Mas não publicaram
Inegavelmente o contexto da mensagem do papa Francisco não se afina com os propósitos das elites mundiais, particularmente as brasileiras. Para os que acompanharam sua fala no instante em que a proferia e buscaram reescutá-la através dos noticiários televisivos e jornais perceberam que muito do que disse não foi repetido. Editaram, simplesmente, o que disse o papa, para que não conflitasse com suas "mensagens" cotidianas, manipuladoras.

Já aludimos neste espaço ao dito na comunidade de Varginha (O social e o político nas falas de Francisco), onde com todas as letras defendeu os esforços da sociedade brasileira (não podia dizer 'governo brasileiro') no "combate à fome e à miséria".

Descobrimos na rede uma outra fala manipulada pela grande imprensa, expressada durante o encontro com a sociedade civil no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, quando expôs três pontos, dentre eles "a responsabilidade solidária para construir o futuro", adiante expressa:

""O segundo elemento que queria tocar é a responsabilidade social. Esta exige um certo tipo de paradigma cultural e, consequentemente, de política. Somos responsáveis pela formação de novas gerações, capacitadas na economia e na política, e firmes nos valores éticos. O futuro exige de nós uma visão humanista da economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza. Que ninguém fique privado do necessário, e que a todos sejam asseguradas dignidade, fraternidade e solidariedade: esta é a via a seguir. Já no tempo do profeta Amós era muito forte a advertência de Deus: «Eles vendem o justo por dinheiro, o indigente, por um par de sandálias; esmagam a cabeça dos fracos no pó da terra e tornam a vida dos oprimidos impossível» (Am 2, 6-7). Os gritos por justiça continuam ainda hoje". Íntegra do discurso em http://bit.ly/1ch0tE5

Ao omitir o que disse o papa Francisco, ou negar divulgação a pontos importantes de sua mensagem, a denominada grande mídia mostra a sua cara. Uma cara que não é a do povo.

Não à toa o papa tanto falou em manipulação. Deve ter incomodado. 

Vencido o prazo

Minguaram médicos
No último minuto do domingo encerrou-se o prazo para a regularização de inscrições para o Programa Mais Médicos. Dos 18.450 inscritos apenas 3.891 com diploma brasileiro finalizaram o cadastro e habilitaram-se ao programa. Dos diplomados no estrangeiro 766 dos 1.920 inscritos entregaram a documentação exigida, podendo esse número aumentar uma vez que têm até o dia 8 de agosto para fazê-lo. (Da Agência Brasil).

Segundo dados da Agência, os municípios que aderiram ao programa somam 3.511 e juntos precisam de 15.460 médicos.

Por mais que neguem a iniciativa de boicotar o programa os 21% dos inicialmente inscritos - com 8.307, dos 18.450, fornecendo registros inválidos nos respectivos CRMs - confirmam a "cívica" contribuição de organismos vinculados aos "senhores de branco" para com a população carente.



segunda-feira, 29 de julho de 2013

"Todo lobby

É ruim"
Entrevista concedida em pleno voo, quando do retorno a Roma. Respondendo o papa Francisco ao modo como via o lobby gay mais respondeu ao que perguntado. Afirmou, peremptório, que "todo lobby é ruim". 

Vemos na resposta um recado direto, sem possibilidade de ser questionado, de natureza axiomática. Porque há lobby da indústria de armamentos, do sistema financeiro, da concentração da riqueza, da indústria farmacêutica, do agronegócio, da mineração, de agrotóxicos etc.; há lobby para tudo. Nunca em benefício do Homem.

Não deixou espaço para o contraponto: de que pudesse existir lobby para o Bem. Naturalmente o Bem o é em essência, dispensa conclamações e conchavos, articulações e propinagens.

Considerando os que se beneficiam dos lobbies não será difícil alcançar o sistema destinatário da resposta do papa Francisco.

A lição do Bispo de Roma, levada ao pé da letra, é o maior ataque à indústria lobista, que busca regulamentação por uma de suas ramificações nesta "terra de São Saruê".



O social e o político

Nas falas de Francisco
Inegavelmente o papa Francisco surpreendeu. Mais por corresponder às expectativas dos que esperavam ouvir uma Igreja que esquecera de dizer as lições a que está obrigada a lecionar, todas elas pautadas a partir da mensagem de Cristo.

Ainda que veículos de comunicação tenham "editado" a dimensão política do discurso papal - por confundi-lo, em seu maniqueísmo, com a política partidária a que estão acostumados a defender - a dimensão filosófica da expressão esteve presente em todos os momentos em que se manifestou. 

Menos espiritual e mais material, assim podemos dizer, afastou-se da vocação à conversão espiritual pela comiseração e pobreza e criticou um sistema que prioriza o dinheiro e os bens materiais em detrimento do bem estar de todos.

Afastou das ambições individuais, individualistas e concentradoras de riqueza, a possibilidade da construção de um mundo mais igualitário para remeter ao estado laico a responsabilidade por conduzir tal processo. Afinal, como não poderia ser compreendido de outra forma, ao Poder instituído tal responsabilidade pesa sobre os ombros como dever. 

A dimensão teológica não se fez presente como sonhavam muitos que o escutaram. A defesa da luta por melhores condições, dentro dos postulados democráticos, sinalizaram a recomposição de valores do cristianismo sob a leitura da Teologia da Libertação, a que encontra no povo, em cada dos seus miseráveis e oprimidos o semblante de Cristo chamando à conversão como exemplo de existir.

Dirão os que controlam a informação que o papa Francisco rezou e convocou para a reflexão pura e simplesmente. Mas quem o ouviu - e o escutou - pode afirmar que o Santo Padre cá esteve e fez política. A boa política.

Para quem não o ouviu ou não leu a íntegra de seus pronunciamentos tire suas conclusões a partir de trecho de sua fala na comunidade de Varginha:

"Quero encorajar os esforços que a sociedade brasileira tem feito para integrar todas as partes do seu corpo, incluindo as mais sofridas e necessitadas, através do combate à fome e à miséria. Nenhum esforço de pacificação será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma. Uma sociedade assim simplesmente empobrece a si mesma; antes, perde algo de essencial para si mesma. Lembremo-nos sempre: somente quando se é capaz de compartilhar é que se enriquece de verdade; tudo aquilo que se compartilha se multiplica! A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como esta trata os mais necessitados, quem não tem outra coisa senão a sua pobreza!"

Igualdade

Nem tanto!
Insculpido como primado basilar da democracia o princípio da igualdade de todos perante a lei, que encontra gênese histórica na Atenas de Sólon e no princípio da eunomia por ele instituído no início do século V a.C. A Constituição o reflete com todas as letras no art. 5º, que abre o Título II - Das Garantias e Direitos Individuais.

O Decreto Federal 980/1993 - que regula a cessão de uso dos imóveis residenciais de propriedade da união - afirma com todas as letras que o permissionário o utilizará para fins exclusivamente residenciais, como dever.

O ministro Joaquim Barbosa utiliza-se de imóvel da União como residência, direito que lhe é assegurado em lei.

Portanto, colocar o endereço residencial como sede da empresa que criou como instrumento para obter vantagem em transação comercial em Miami, nos Estados Unidos, na compra de um apartamento, leva à elementar conclusão de que Sua Excelência - por residir em imóvel da União - violou a legislação brasileira o que exige a devida apuração, em nível administrativo, sujeitando-o a penas que vão de advertência à exoneração, conforme apuração, como o afirmou a Controladoria Geral da União ao GGN  http://jornalggn.com.br/blog/barbosa-poderia-ser-destituido-por-uso-indevido-de-apartamento-funcional

A apuração, no entanto, considerando a função exercida pro Joaquim Barbosa, exige iniciativa da Procuradoria-Geral da União e posterior julgamento pelos próprios pares da Corte.

Caso viesse a ocorrer descobriríamos que todos são iguais perante a lei, porém uns mais iguais que outros ou nem tanto.

domingo, 28 de julho de 2013

Alguns destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS*

Quando um tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além

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A primeira breada
A realeza inglesa custa milhões de libras aos súditos. No entanto, mais importante se tornou não pelo que representa em razão do processo histórico – iniciado em 1215 – que desaguou no quadro atual a partir do século XVII e sim pelo muito que contribui para a arrecadação, mormente via turismo.

Tudo nela é motivo para fazer girar dinheiro, incluindo apostas sobre tudo, como no caso do nascimento do último rebento na linha ascendente ao trono. A criança nasceu sem que ninguém soubesse o sexo (ainda que a Ciência viabilize tal conhecer a partir dos primeiros meses de vida em gestação) e “estudavam” o nome que receberia. As casas de apostas no centro de atenções.

Não sabemos se apostaram na primeira breada.

Nova versão
Mal o papa Francisco chega ao Brasil para comandar a Jornada Mundial da Juventude e uma das obras projetadas pelo Poder Público do Rio de Janeiro se reveste do que há de melhor do macunaímico caráter nacional: a picaretagem.

O Dia denunciou, a partir de ata do Conselho Municipal de Meio Ambiente originada de reunião realizada em 17 de abril deste ano, de que as áreas 2 e 5 do Loteamento Vila Mar “eram frágeis e com presença de mangues” o que exigia – não fora as preocupações ambientais – grandes somas para terraplenagem a fim de viabilizar edificações. (íntegra em http://odia.ig.com.br/noticia/jornadamundialdajuventude/2013-07-27/obra-em-guaratiba-beneficiou-empresarios.html).

Não é que o Comitê Organizador Local escolheu justamente as duas áreas para instalar o Campo da Fé da Jornada Mundial da Juventude?

Como previsível, ali aplicou 22 milhões de reais em terraplenagem, tendo a Prefeitura gasto outros R$ 6 milhões na infraestrutura no entorno do campo”.

O terreno é propriedade de Jacob Barata Filho, aquele empresário de ônibus da festa de casamento nababesca que ocupou o noticiário social recente.

Nordestino que somos, conhecemos este filme com outro cenário: as barragens, açudes e aguadas construídos pelos flagelados dentro dos programas de obras contra as secas com recursos do Poder Público.

Naturalmente em benefício dos latifundiários nordestinos e suas propriedades.

Os tempos forçam mudanças. Mudam-se os latifundiários, não as obras. O que não muda são as fontes dos recursos.

Henfil tem razão
O fato constrange autoridades do Rio de Janeiro. Um pedreiro de 47 anos, Amarildo, pai de 6 filhos, foi abordado, no dia 14 de julho, por uma equipe de policiais integrantes da UPP da Rocinha. Desde a data está desaparecido. Nas ruas a campanha “Onde está Amarildo?”

Essa coisa de polícia abordar e fazer desaparecer é ainda rescaldo da ditadura militar. Falta a investigação da história reconhecer o que Henfil detectara ao vivo e em cores nas forças policiais da época.

Indigência
Na santa ignorância que nos acomete, mais pautada em certo complexo de vira-lata, nos imaginávamos, como país, a maior expressão do analfabetismo funcional. Debruçado sobre texto, de igual título, de Thomaz Wood Jr., na Carta Capital 758, descobrimos que a preocupação não é recente (sobre ela estudos nos Estados Unidos, nos idos de 1975) tampouco privativa dos que ingressam no mundo universitário através de cotas – como querem fazer crer os agitadores da elite dominante.

A chamada da matéria do pesquisador da Fundação Getúlio Vargas diz muito: “Alarmante! A dificuldade para interpretar textos e contextos, articular idéias e escrever está presente em seletos ambientes do mundo corporativo e da academia”, razão por que “afeta alunos de MBAs, mestrandos e mesmo doutorandos”.

Relata que um professor de universidade estadunidense deu-se ao hábito de exigir dos alunos tarefas como escrever um texto curto, através do qual avaliava a capacidade analítica dos autores. Foi chamado às falas pela instituição, diante da revolta dos pupilos com o procedimento magisterial.

A conclusão de Wood Jr. é dolorosa: “Na academia, multiplicam-se textos caudalosos, impenetráveis e ocos. Se aprender a escrever é aprender a pensar, e escrever for mesmo uma atividade em declínio, então talvez estejamos rumando céleres à condição de invertebrados intelectuais”.

Como todo escrever tem passo inicial no ler ficou-nos um alento: encontramos a razão por que nos cansamos de ministrar aula, numa das instituições onde ensinamos há 32 anos. Sem generalizar, nos apropriamos do expresso pelo professor Jorge de Souza Araujo em entrevista ao ABXZ Caminho da Letras: “Um professor que não lê não pode estimular o aluno a fazê-lo”.

Estamos encaminhando pedido de aposentadoria. Faltou-nos o espírito da caridade cristã para a convivência com o indigente processo de alienação das gerações.

Tidas como culpadas por nada aprenderem!

Gurgel não se emenda
O quase ex-Procurador-Geral da República inscreve mais uma página em seu currículo que tende à mediocridade no âmbito do caráter funcional; ainda que dispondo dos indícios suficientes para pedir a instauração de processo criminal contra o ministro Ari Pargendler junto ao STF optou pelo pedido de arquivamento.

O fato que motivava a manifestação ministerial diz respeito ao ocorrido numa agência bancária, em outubro de 2010, entre o então ministro do STJ e um estagiário, confirmado testemunhalmente, que ficou nas gavetas do procurador durante três anos e delas sai para o gran finale da carreira. Caso o leitor deseje mais detalhes do fato, além dos conhecidos, acesse http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2013/07/27/estagiario-negro-cinismo-de-gurgel-foi-longe-demais/

Sendo negro o estudante e ex-estagiário, pode Sua Excelência sabê-lo também petista, praga a ser arrancada a fórceps do planeta sob o condão de sua chibata.

Coincidências
Em 1963 – há 60 anos, portanto – assumia o papado Giovanni Montini (1897-1978), tornado Paulo VI naquele 21 de junho, em inusitado conclave que gerou informações de quem seria o sucessor de João XXIII e o nome que adotaria antes mesmo de a fumaça branca aparecer. Assegurando continuidade ao ConcílioVaticano II (interrompido com a morte do antecessor que o instalara) ofertou à Igreja um dos instantes de expressivo reformismo a partir dos muros da Santa Sé.

Não somente no plano litúrgico mas também nas relações com outras religiões a Igreja Católica de Paulo VI se abria para conhecer o mundo.

Reconheceu as mazelas do planeta, exigindo mudanças concretas na América Latina e ofertou à África dimensão até então inimagináveis para o continente que acolhera o pequeno Filho de Deus e sua Sagrada Família.

Em evento no curso da Jornada Mundial da Juventude o papa Francisco, que se despe da pompa para ouvir, recebeu representantes vários, inclusive do candomblé.

Coincidência ou não há afinidades no que dizem um e outro.

Legado
Da passagem do papa Francisco – resplandecente de simpatia e carisma – cabe investigar se alcançará os resultados que a Igreja Católica precisa em nível de Brasil, um deles fundamental: recompor sua base de fieis.

Tudo parece estar as mil maravilhas. No entanto a (re)aproximação com o povo depende de uma proposta firme de Fé. Não aquela que se sustenta pura e simplesmente na recomendação à reclusão interior para encontrar o Paraíso como destino último.

Não são os dogmas em si mesmos o que afasta muitos da Igreja. Quando lutávamos por romper tabus nos anos 50 e 60 (dentre eles o da virgindade) não significou afastamento da juventude dos templos católicos, ainda que os valores defendidos pela Igreja à época se equivalessem aos de hoje no que diz respeito à castidade como virtude.

O contraponto que nos levava – os que o desejassem – à procura da Igreja era uma mensagem concreta que havíamos encontrado com a Mater Magister e a Pacem in Terris, que nos remetia a conhecer documentos mais pretéritos como a Rerum Novarum e a Quadragésimo Ano.

E na esteira de tudo a conversão acompanhada de uma esperança de mudar o mundo como proposto pelo Cristo, amparando os pobres e desvalidos de bens materiais que os fazia “de espírito” por não poderem acreditar em Deus se tinham a “barriga vazia”, como acentuava Dom Hélder Câmara lembrando Santo Agostinho.

Os sinais são positivos. Para a atual geração peregrina. Mas não se recupera o que foi destruído em quatro décadas num passe de mágica.

Até porque, se o carismatismo e o pentecostalismo fossem o caminho a Igreja Católica no Brasil hoje teria quase tantos fieis quanto habitantes. 

A maior dificuldade que encontra a missão do Papa Francisco é o reencontro da Igreja com a América Latina marginalizada. Que antes nela encontrava a Teologia da Libertação, despedaçada e estuprada pela visão doutrinária dos que responderam pelo Vaticano recentemente.

Em penitência
De tanto acompanhar o papa Francisco em sua programação alguns já imaginam estar a Globo fazendo mea culpa com vistas a ser perdoada pelo que faz.

Começando por criticar a política fiscal do Governo Federal quando a ele deve bagatela que hoje supera 1 bilhão de reais.

Eventos
Paralelamente às comemorações pelos 103 anos de emancipação político-administrativa de Itabuna dois ventos marcaram a semana: a exibição de documentários sobre a cidade na quinta-feira dentro da programação do Cineclube Grapiúna Mário Gusmão e os 81 anos do ABC da Noite, no Beco do Fuxico, antecipado para o sábado.

No Beco o Cabôco Alencar foi homenageado com uma placa alusiva ao instante.

Itororó
A velha Itapuhy ainda não acordou do sonho de ver em Pierre um dos poucos baianos campeões da Taça Libertadores da América.

Há ensaio para Marrocos.

Mensagens e mensageiros
Há 40 anos ocupava espaço na música popular uma música religiosa que superava o canto litúrgico por um toque nos corações de quem a ouvia.

Destituído de vocação comercial, a harmonia de Padre Zezinho apenas evangelizava as gerações que conviviam com os porões da ditadura militar.

Há mensagens e mensageiros. Em tempo de viagem do papa Francisco ao Brasil, um brasileiro cantando a mensagem de “Um Certo Galileu” em http://www.youtube.com/watch?v=OlzHfUddSkA

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* Coluna publicada aos domingos em www.otrombone.com.br

Segredo

De Estado
Transformaram em quadrinhos a história de como o processo chegou ao conhecimento do público. Que processo? O da sonegação bilionária da Globo (em valores atuais), onde se descobre estarem nela participando instituições várias.

Detalhes que o leitor não sabia em 16 quadrinhos 

sábado, 27 de julho de 2013

Mais municípios

Mais Médicos II
O número de municípios inscritos para receber profissionais pelo Programa Mais Médicos já chega a cerca de 3.230, o que corresponde a 92% daqueles 3.511 considerados prioritários pelo Governo, superando os 2.552 revelados ontem neste espaço.

No entanto há evidentes sinais de boicote ao programa. Chama a atenção o alto número de inscritos que estariam fazendo residência (1.270) - incompatível com a oferta existente no país - não fora o alto índice (8.307) dos que aparecem com registros inválidos nos CRMs, que chega aos 45% do total de inscritos (18.450).

A confirmar-se a suspeita fica a triste surpresa: mais que carência de médicos no Brasil fica evidente faltar-nos (na classe médica - parte dela, parte dela!) caráter humanístico-humanitário, o que deveria nortear a categoria.

Já que Juramento de Hipócrates é só para garantir fotografia em solenidade de conclusão de curso, o melhor boicote era não se inscrever e não boicotar a inscrição.

Caso haja quem se preocupe em não esquecer o que fazem muitos dos "senhores de branco", que o povo, no silêncio da ironia, lhes prepare a devida ascensão ao troféu "judas" da década.

Itabuna
A propósito, o anunciado novo secretário de Saúde do município, médico e hoteleiro Eduardo Fontes, estava entre os que protestavam contra o projeto do Governo Federal.

Terá a oportunidade ímpar de administrar pelo menos a saúde básica com os profissionais disponíveis em Itabuna, a maioria encastelada em atendimento a planos de saúde privados ou na parte nobre das especialidades que asseguram faturamento.

Para tanto não falta dinheiro, já o afirmou o prefeito Claudevane Leite ao justificar a exoneração do anterior secretário.

Festa

No Beco
Como motivo basta existir. Isso o que assegura pleno sucesso a aniversário do ABC da Noite. Neste sábado, a antecipação da solenidade de comemoração dos 51 anos do ícone do Beco do Fuxico levantará a gandaia a partir das 10 horas, sabendo que o tempo de duração do 'gandaiar' estará limitado à vontade do filósofo do Beco.

A data oficial é 28 de julho, que este ano deu de cair em domingo, exigindo a antecipação, uma vez que o ABC respeita "dias santos e feriados". 

Na rede circula convite da Associação Cultural Amigos do Cabôco Alencar-ACACAL para o evento.

Cumpre ressaltar que Cabôco Alencar - Presidente e único membro da diretoria da ACACAL - pode condescender e convocar sessão extraordinária da Academia de Letras Garrafais, instalada no ABC da Noite, "onde os acadêmicos entram para trocar ideias e saem com as ideias trocadas".

Sob produção de Eva Lima e Ari Rodrigues o "aniversário do ABC da Noite" integra a programação não oficial dos festejos alusivos ao dia da cidade de Itabuna


Dúvida

Sendo esclarecida
O papa Francisco andou falando na comunidade de Varginha: "Quero encorajar os esforços que a sociedade brasileira tem feito para integrar todas as partes do seu corpo, incluindo as mais sofridas e necessitadas, através do combate à fome e à miséria. Nenhum esforço de pacificação será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma".

Intérpretes variados entenderam o dito como aprovação às políticas desenvolvidas pelo governo petista, fato que ouriçou a oposição.

Também falou contra a corrupção. A oposição exultou. Afinal, mensalão petista (lembre o leitor que o tucano é candidamente chamado de "mensalão mineiro") não sai do noticiário.

O que poucos sabem, na oposição, ou fingem não saber, é que os caminhos de lavagem de dinheiro pelo sistema financeiro vêm sendo enfrentados pelo papa a partir da limpeza iniciada no Banco do Vaticano e talvez estivesse ele a se referir, em nível de Brasil, a escândalos como o do propinoduto tucano em São Paulo, aquele envolvendo trens e metrô, que desviou a bagatela de 425 milhões de reais, segundo o CADE e o Ministério Público. Clique em http://www.conversaafiada.com.br/economia/2013/07/26/propinoduto-tucano-sumiu-com-r-425-milhoes/

Sem descurar desta tragédia brasileira - a corrupção, em todos os níveis - para não assumirmos posição em defesa deste ou daquele grupo, apenas ofertamos opções para esclarecer dúvidas.

Ou, pelo menos, deixar a certeza de que estando em terra de muito santo do pau ôco cumpre-nos contribuir para que todos sejam conhecidos.


Hábito

Do cachimbo
Difícil compreender como uma autoridade, com larga experiência administrativa, político de costado, candidato que congregou todas as esperanças de sua gente sofrida e maltrada por duas gestões desastrosas, em tão curto espaço de tempo se torna um exemplo do que pior pode acontecer a uma administrador público. Não pode ser outra a interpretação para a situação ora vivida por Jabes Ribeiro, prefeito de ilhéus.

Temendo agressões de grupos organizados que clamam por uma atuação condizente do prefeito para com as coisas da praieira nem mesmo na sede da prefeitura Jabes Ribeiro tem despachado. Isso quando está em Ilhéus, visto que uma das críticas contra sua atuação reside justamente no abandono da residência local em benefício da de Salvador.

A indagação gira, portanto, em descobrir a razão por que Jabes Ribeiro se encontra nesse fundo de poço.

Uma delas - desconhecemos outras, mas queremos crer que existam - é se encontrar aposentado de uma função: a de professor do Curso de Direito da UESC.

Dirá o leitor o que tem a ver uma coisa com outra. Aparentemente nada. Mas a aposentadoria jabeana é daquelas singulares, pelas circunstâncias em que ocorreu, a partir de uma típica sinecura. Afinal, aposentou-se por tempo de serviço sem prestar serviço algum à unidade uesquiana há mais de vinte anos, tanto que alguns o têm como beneficiário e precursor de uma figura inovadora no jargão da previdência: a aposentadoria por tempo de não-serviço.

E lembrando a sabedoria dos mais antigos, expressada por Tormeza, o hábito do cachimbo põe a boca torta.

O detalhe que azara Jabes Ribeiro é que a prefeitura de Ilhéus não é o Curso de Direito da UESC e o povo ilheense não é o reitor Joaquim Bastos, que assinou a inusitada aposentadoria por tempo de não-serviço.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Mais municípios

Mais Médicos
Eleva-se a 2.552 o número de municípios inscritos no Programa Mais Médicos (867, no Nordeste; 652, no Sudeste; 620, no Sul, 207, no Norte e 206 no Centro-Oeste), o que corresponde a 46% dos municípios brasileiros, conforme divulgado pela Agência Brasil. 

Enquanto a realidade clama em consonância com o Governo Federal parcela da classe médica protesta.

Diante do número de municípios pedindo "mais médicos" - que exigirá muito mais profissionais, uma vez que não bastará para cada um deles uma unidade profissional - e se tratando de uma circunstância imediata gostaríamos de ouvir dos "senhores de branco" que protestam qual a resposta que oferecem ao clamor da população.

Utilizando o método atual, tende a classe médica a angariar antipatia da população menos favorecida, que deixará de compreender as carências efetivas, embutidas nos protestos (mais recursos etc.), para vê-la como preenhe de "inimigos do povo".

Uma amostra está na forma como reagiu Maria José Pinheiro, da ONG Mães Precoces Fragilizadas, diante do protesto de médicos: "É revoltante ver o protesto contra um Governo humanitário, que está tentando resolver o problema da falta de médicos". E foi mais incisiva: "Os médicos estão lavando as ruas de sangue em vez de ajudar e buscar atitudes para ajudar jovens e crianças" depois de jogar na cara dos manifestantes, entre lágrimas: "Não é protesto, é baixaria. Não é justo vocês ficarem agitando, desqualificando o programa do governo".

O número de municípios até agora inscritos no Programa Mais Médicos dá razão às 'Marias" e vai tirando dos médicos o justo argumento envolto no pedido de mais recursos para a Saúde que, reconheça-se, está na pauta do Governo. 

Mais municípios para o Mais Médicos embute outra contradição para os que são contra o programa do Governo: dispõe o Brasil de profissionais para atender a carência imediata de profissionais?

Caso negativa a resposta a classe médica que protesta precisa justificar, e convencer, porque é contra a vinda de profissionais estrangeiros.


quinta-feira, 25 de julho de 2013

Deixai vir

Os mansos
A imagem que deixa o Papa Francisco é de ternura e mansidão. Como a mostrar que o exemplo é o melhor discurso. Mostra-se afastado da pompa vaticana. Até incomoda a segurança pedindo para se aproximar do povo.

Sua visita ao Brasil, território da Latina América, de onde emergiu a Teoria da Libertação, pode sinalizar, mais que a presença no evento que transita pela juventude mundial, uma retomada de valores cristãos próximos aos dos primeiros seguidores, na primitiva Igreja. 

Da comiseração como convocação ao Reino, conflitante com a proposição protestante - que o afirma a partir daqui, possível com a convivência com os bens materiais - a Igreja Católica tem visto na contemporaneidade se aprofundar uma diáspora de fieis que se aproximam, convencidos, de que começar pela terra está mais próximo da realidade celestial.

A imagem que o Francisco papa vai gerando em nosso imaginário pode ultrapassar a simples gestão das coisas materiais do Vaticano e de posturas censuráveis que nortearam últimos papados.

Não sabemos se seu exemplo de conduta realinhará em suas fileiras os muitos desgarrados nas últimas décadas.

Todos o observam. A ternura que expressa já é um avanço significativo.

Que o sigam os mansos de coração.



Disputa

Particular
O prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, declarou com todas as letras sua adesão ao Programa Mais Médicos, do Governo Federal, quando assinou convênio pedindo 120 profissionais. "E se tiver mais 20 mil aceito" - disse o prefeito - para quem a polêmica sobre o programa está restrita à classe, uma vez que a população e prefeitos o defendem.

Este escriba indaga se algum dos que protestam já se habilitou a trabalhar em Belo Horizonte. 

Não fora o apoio midiático, de quem vê na reação da classe médica um motivo para atacar o Governo Federal, os senhores médicos teriam que explicar melhor - ao povo - seus argumentos.

Começando por colocar-se em sua defesa, disponibilizando os seus serviços,  como forma de contra argumentar. E simplesmente deixando nos limites onde deve estar a disputa particular.


Leia

Onde possa vomitar
Nenhum comentário, caro leitor. Apenas a tristeza de saber que essas coisas acontecem. De nossa parte, a generalização de tal procedimento, vemos como velada forma de voyeurismo. E em nova vertente para a pedofilia.
http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2013/07/24/crianca-na-chuica-assiste-a-revista-vexatoria/

Pedimos desculpa por recomendar a leitura. Mas não contivemos com tanta degradação. Cuidamos apenas de recomendar ao leitor buscar um espaço para ler onde possa vomitar.

Enquanto isso...
Desconhecemos a existência de revistas nos próprios agentes do Estado, que faturam com a intermediação direta de drogas, armas e celulares para os chefões do crime.



Itororó

Na América
Provável que ainda não tenha caído a ficha na velha Itapuhy. Muitos de seus habitantes certamente não ouviram a quem dedicado o título conquistado pelo Atlético quando já 'raiara' a quinta-feira. Pierre, filho da terra, o fizera à cidade e aos seus habitantes.

Itororó está no mapa do futebol das Américas. Tem filho titular do time campeão da Taça Libertadores.

Resta torcer pelo título mundial.

Estar lá não é para qualquer um!


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Perdas

E lembranças
Ontem à noite Dominguinhos, aos 72 anos, mais tarde, Djalma Santos, aos 84. De Dominguinhos, a sua produção e interpretação, toda ela disponível. De Djalma Santos, a genialidade, que bem pode ser lembrada revendo a memorável conquista da seleção Brasileira de 1958, quando Djalma assumiu, na final, o lugar de Di Sordi, disponível no YouTube.

As perdas são irrecuperáveis. Mas as lembranças só trazem lições.

Utilidade

Inquestionável
Mobilizações de representantes da classe médica contra o Programa Mais Médicos tem nos permitido descobertas bastante interessantes, especialmente através das fotografias e filmagens que registram as mobilizações.

É que descobrimos vestidos "de branco" profissionais que nem mais sabíamos que exerciam a profissão. Alguns pelo exercício de outras atividades, tanta a exposição em relação a elas; outros pela incompetência comprovada, a não ser quando exercitam a medicina como atividade empresarial.


No fundo, há uma utilidade inquestionável nestas mobilizações.

Ainda

Muito o que falar
O Programa Mais Médicos ainda vai dar muito o que falar. Menos pela importância e oportunidade de seu lançamento e mais pela reação de parcela da classe médica. Em meio aos "de branco" há quem defenda o programa, ora em minoria diante da classe dirigente, amplamente reforçada pela mídia, que vê no confronto uma forma de atingir o Governo Federal, leia-se Dilma Rousseff e o PT.

Lemos, dia desses, um comentário na rede de um médico que afirma "adorar" o SUS e haver trabalhado de graça durante anos, como a maioria de médicos formados em faculdades públicas, o que observa a partir de internatos e residências médicas.

Razão tem o comentarista. E nos alimenta o argumento de que a iniciativa do Governo Federal - que pode não ser as mil maravilhas - tem pertinência com a realidade brasileira, pautada na necessidade de populações periféricas (no campo e nas cidades) por atendimento médico.

Sob esse prisma vai ficando difícil entender a reação do corporativismo diante de uma situação que existe - como o disse o profissional do comentário - e apenas se encontra a caminho de regularização e algumas definições, o que inclui remuneração.

Sobre esse particular - a remuneração - temos defendido que o Programa Mais Médicos a vincule ao erário federal, para evitar os sabidórios provincianos em muito habituados a "transferir" recursos repassados para a saúde pública para a "saúde" particular.

 

Alerta

Aceso
Todos conhecemos a ação - tão antiga quanto o tempo de existência da escola - de pessoas que levam colega(s) a constrangimento(s). Em tempos pretéritos "inticar", "mangar", "atentar"; hoje, bulling. O comportamento tem encontrado reflexões em torno do quanto pode afetar ou prejudicar psicologicamente uma criança ou adolescente, vida em formação.

Exige acompanhamento especializado. Por ser mais visível no ambiente escolar as instituições de ensino - recomenda a lógica - devem dispor de profissionais especializados em detectar, acompanhar e prevenir/coibir o problema.

No entanto - como ocorre em relação ao assistente social - tem havido uma resistência da organização classista que agrega as denominadas "carreiras do magistério" em reconhecer a importância da presença de um psicólogo ou psicopedagogo no ambiente escolar.

O resultado é o aprofundamento do processo de estafa que acomete o regente de classe e, naturalmente, a repercussão de seu estado na atuação escolar.

O prefeito Fernando Haddad, de São Paulo, sancionou lei que exige a presença de psicopedagogo nas escolas do município, cabendo regulamentar como tal ocorra. A iniciativa do vereador Antônio Goulart encontrou resposta da gestão.

Que outros municípios repercutam a iniciativa. Que bem poderia ser acrescida da presença de assistentes sociais.

Afinal, o alerta está aceso há muito. Sobrecarregar o professor para corresponder à funções para as quais não está habilitado tecnicamente tem sido um dos modos de desqualificar a educação.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Um dia

Depois do outro
A compra de um apartamento em Miami pelo ministro Joaquim Barbosa começa a levantar questionamentos. Tanto a teor do Estatuto dos Funcionários Públicos como da Lei Orgânica da Magistratura.

Mas, não bastassem possíveis irregularidades ou incoerências à luz do famoso 'não basta à mulher de César ser honesta, mas parecer honesta', o ministro se vê às voltas com uma contradição existente entre a iniciativa de criar uma empresa para adquirir o apartamento e o acolhimento de tese de Gurgel contra o deputado João Paulo Cunha na AP 470 buscando condenação por peculato. As situações são idênticas, como observou o Brasil 247 em "Juiz Barbosa condenaria eventual réu Barbosa". Leia a íntegra clicando em http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/109369/Juiz-Barbosa-condenaria-eventual-r%C3%A9u-Barbosa.htm

Imagine o leitor que beleza de campanha eleitoral, caso Joaquim Barbosa saísse candidato em 2014 como paladino da moralidade!

ONU

Não entende de Brasil
Essa tal de Organização das Nações Unidas dá de meter o bedelho em problemas que devem ser discutidos exclusivamente por nossa classe médica e distribui comunicado da Organização Pan-Americana da Saúde dizendo que o Programa Mais Médicos do Governo Federal "está em conformidade com as recomendações da organização em questões de saúde para a população" - detalhes no GGN em  http://jornalggn.com.br/blog/onu-solta-comunicado-atestando-a-coerencia-do-programa-mais-medicos

Certamente não ouviram os conselhos dos profissionais itabunenses. Foram ouvir logo o protesto dos moradores do Jorge Amado.

Dá nisso não entender o Brasil!

Explicar

Não ofende
O Trombone veicula reação contra o Programa Mais Médicos de parcela da classe médica itabunense (afirmamos parcela porque não nos cabe generalizar, até que todos assumam posição), exibindo foto de próceres, engrossando a defesa da saúde brasileira atual, no que diga respeito à atuação profissional.

O Pimenta na Muqueca relata protesto de moradores do Jorge Amado, em razão da falta de médicos no posto de saúde bairro.

Os médicos todos são de Itabuna; os moradores, também.

Caso aproveitemos a reação dos senhores médicos, contra o programa do Governo Federal, e o protesto dos moradores do Jorge Amado, deixa entrever que ambos (médicos e moradores) não residem no mesmo município e cidade.

Os médicos não esquecem do que lhes interessa; os moradores é que se esqueceram do que interessa aos médicos.

Cremos, à guisa de exemplo, que o Posto Médico do Jorge Amado não tem como assegurar a boa saúde - financeira - de muitos homens de branco.

Não fora isso, civicamente estariam atendendo nos postos e cobrando nos muitos jantares dos quais participam os recursos que faltam à saúde da periferia.

Certamente uma gripe, ou coisas tais, não dependem de complexidades laboratoriais para serem diagnosticadas. E sim, de médicos atendendo.

Razão por que, considerando o posicionamento dos senhores médicos e a ausência de um mísero profissional no Jorge Amado, perguntar não ofende: algum deles (os que protestam) atende em algum posto médico de Itabuna?

Falta

Melhor delimitar
O Governo Federal anunciou mais cortes para alimentar a sanha dos especuladores. Afinal, para tê-los mais cordeiros, precisa cumprir o pactuado: pagar regiamente os juros da dívida.

Como não pensa em tributar heranças e fortunas, como o fazem terras civilizadas, e já que os cortes tornam-se necessários por que não os faz também na publicidade?

Feriado
Desenvolvem campanha para o DIA DOS TIAS E TIAS. Não nos debruçamos sobre as razões da proposição.

Apenas imaginamos se teremos campanhas como aquelas do DIA DAS MÃES, DIA DOS PAIS, DIA DOS NAMORADOS etc.

Certamente o comércio agradecerá.

Quem sabe não seja ele o mentor da campanha?

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Servindo

A dois senhores
Frei Leonardo Boff levantou em seu blogue, no texto "Equívocos conceptuais no governo do PT", pontos que estrangulam as políticas públicas da administração petista, pondo o dedo na ferida: "Não conseguindo se desvencilhar das amarras do sistema neoliberal imperante no mundo e internalizado, sob pressão, em nosso país, os governos do PT tiveram que conceder imensos benefícios aos rentistas nacionais para sustentar a política econômica e ainda realizar alguma distribuição de renda, via políticas sociais, aos milhões de filhos da probreza".

Para o que pretendemos neste instante, o fecho perfeito: "Passando por todos os ciclos econômicos, o nível de concentração de riqueza, até a financeirização atual, se manteve praticamente inalterado. São 5 mil famílias extensas que detem 45% da renda e da riqueza nacionais. São elas, via  bancos, que emprestam ao governo; segundo os dados de 2013, recebem anualmente 110 bilhões de reais em juros. Para os projetos sociais (bolsa família e outros)  são destinados apenas  cerca de 50 bilhões. São os restos para os considerados o resto".

O Governo Federal anunciou nesta segunda 22 o contingenciamento de mais 10 bilhões de reais para assegurar o superávit primário, a excrescência que faz a alegria imediata dos sempre insatisfeitos especuladores. Ministros com os dentes no coarador - como dizia Tormeza - anunciam a proeza como se o índice de desemprego estivesse zerado e não mais houvesse miséria no país, para não falarmos do quanto ainda carecemos de investimentos em outras áreas da gestão como educação, saúde, infraestrutura.

Entendemos - e aí enfrentamos em parte a ponderação de Leonardo Boff - que Lula fizesse o jogo que sempre denominamos como a inversão do 'dar os aneis para não perder os dedos' quando o ex-presidente pôs em prática o dar os dedos para não perder os aneis, considerados estes as políticas sociais e de distribuição de renda que veio a implantar. Se não o fizesse não teria governado seis meses. Poderia ir ao fim do mandato, mas governar não governaria. E nem os aneis existiriam.

Mas não entendemos como o discurso da Presidente Dilma se sustenta em fugir dos postulados do neoliberalismo e sua equipe econômica põe em prática justamente o contrário. Assegurar grana para especulador é retirar recursos dos investimentos.

Mantendo esta linha de morder e soprar, o Governo parte para servir a dois senhores.

Deveria preferir um deles: o país e seu povo.

Ciência

E turismo
Os avanços da Ciência permitem identificar o sexo dos bebês ainda nos primeiros meses de vida uterina.

Tal não é permitido, no entanto, aos súditos ingleses. Que precisam aguardar o nascimento da criança.

Fotografias, apostas e tudo o que possa trazer libras esterlinas para a terra da Rainha.

Por lá a indústria do turismo fatura até  com o sexo de bebês reais.

Autoestima

À vista
Algumas iniciativas da prefeitura de Itabuna podem trazer uma imagem melhor do espaço urbano do centro.

Ajudará a autoestima. Uma cidade mais bonita, melhor cuidada, alegra.

Fritura

Em fogo alto
O ministro Joaquim Barbosa adquiriu um imóvel em Miami, Estados Unidos, em valor que oscila entre 546 mil a 1 milhão de reais, conforme o critério de avaliação posto. Utilizou-se de uma pessoa jurídica que criou, sob orientação jurídica, para evitar maior carga tributária, que poderia chegar a 48% se o fizesse através de sua pessoa física.

A Folha de São Paulo trouxe a público a transação, ocorrida em 2012, em velada insinuação de que haveria algo irregular no negócio.

Temos que o ministro Joaquim Barbosa se encontra em estágio de fritura. Está deixando de ser o dândi da moralidade. Como já dissemos, seu prazo de validade já passou, quando exercitou os dotes do absurdo para assegurar condenação ao núcleo político petista da AP 470.

É essa nossa conclusão, diante do alarde com a aquisição do ministro. Afinal, se não emperdenido perdulário, jogador inveterado, o que recebe (inclusive aquele dinheirinho da UERJ) mais que lhe permite dois ou mais imóveis no preço divulgado.

Mas, diante da "valiosa" contribuição da Folha em fiscalizar Ministros, aguardamos a fonte dos recursos de outro ministro do STF, Gilmar Mendes, para justificar a propriedade de uma escola em Brasília e a "indenização" de 8 milhões ao sócio para tornar-se dela proprietário único.

Sem esquecer de indagar a licitude de ser Ministro do STF, antes Advogado da União, e possuir empresa que presta serviço ao Governo Federal, através de dispensa de licitação, para cursos e orientações.

Contra o Mais Médicos

Vale tudo
Estranha a insistência com que parcela da classe médica se levanta contra um programa voltado para melhor atender a população, como o Mais Médicos. Todos os métodos são utilizados à sobeja. De campanhas apoiadas na mídia à inscrição que não se efetivará e sim para boicotar.

Em matéria a Folha de São Paulo, sob a lavra da repórter Cláudia Corbucci, chega a afirmar que um médico (Cesar Câmara) teria se inscrito no Programa Mais Médicos e dele declinara etc. etc.

O detalhe fica à conta de que o profissional atende na "favela" de Higienópolis, em clínica particular, onde cobra irrisórios 450 reais por consulta. E o mais importante: o "inscrito" desmentiu o jornal.

Tanta campanha  faz-nos lembrar Gamaliel (Atos 5:38-39)) argumentando diante da ação que pretendia o Sinédrio contra os cristãos: se não for de Deus não prosperará; se o for, nada impedirá.

No combater por combater, ser contra por ser contra - já que não se vê proposta de aperfeiçoamento, apenas de defesa do status quo - assistimos a típico vale tudo contra o Programa Mais Médicos.

domingo, 21 de julho de 2013

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS *

Quando um tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além

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Paladinos da moralidade
As denúncias, fartamente documentadas, trazidas pela revista IstoÉ, sobre o propinoduto desenvolvido e mantido pelos governos tucanos de São Paulo durante 20 anos, levantam apenas uma indagação: por que as apurações não chegam aos tribunais?

Pelo menos 50 milhões de dólares (de DÓLARES), do excedente de preços superfaturados, retirados da educação e saúde de São Paulo, alimentaram próceres e campanhas tucanas no período.

Não custa o leitor (re)ler A Privataria Tucana, de Amaury Jr. Ou acompanhar o resumo do caso paulista em http://www.conversaafiada.com.br/politica/2013/07/20/istoe-tucanos-de-sp-construiram-num-propinoduto/ para conhecer o íntimo hipócrita de alguns paladinos da moralidade incrustados na oposição.

Vídeo montado contra a Globo
O sistema Globo, por seu rótulo mais visível, tornou-se alvo predileto de campanhas pela democratização dos meios de comunicação. Briga pra cachorro grande – dirão muitos. A internet tem sido o espaço para a campanha e se utiliza de todos os meios para lembrar o passado da platinada.

Mas, não deixa de ser interessante relembrarmos de fatos que estavam esquecidos, em que pese sua importância, como o direito de resposta de Leonel Brizola, por determinação judicial, “declamado” por Cid Moreira em pleno Jornal Nacional, feito inserir na montagem inserida em 

A favor de revoluções e golpes
A psicologia cognitiva o denomina de viés de confirmação (confirmation bias), que ocorre quando as pessoas só são sensibilizadas por informações que pareçam confirmar suas crenças ou hipóteses, ignorando qualquer evidência em sentido contrário.

Nossa mídia o utiliza à exaustão.

A propósito dele, nossa postagem “Confirmando o que interessa”, na quinta 18.

Trabalho intelectual ou prestação de serviços
Na premiação de Fernando Henrique Cardoso, pelo Congresso dos Estados Unidos, em 2012, podemos enxergar, sem qualquer maniqueísmo, uma relação com a espionagem estadunidense denunciada recentemente. O Brasil, a partir de 1998, ficou a mercê de controles externos no que diz respeito à segurança de seus meios de comunicação. Não são somente os particulares bisbilhotados, mas – e aí em jogo interesses de Estado – o próprio país, que hoje não dispõe de um mísero satélite sob seu controle, uma vez que transferidos com a privatização da Embratel.

O Senado pretende abrir uma CPI para investigar a espionagem estrangeira. É caso de Segurança Nacional. Não sabemos se convocará FHC para explicar o porquê de a privatização/entrega das comunicações haver incluído nossos satélites.

É caso para convocar e, havendo recusa, conduzir debaixo de vara o ex-presidente.

Não sabemos se a premiação a FHC o foi por méritos do trabalho intelectual ou por prestação de serviços.

Negócio
O Ministério Público de São Paulo dispõe de informações sobre o “suposto” esquema de corrupção envolvendo policiais do Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico (Denarc) de Campinas em crime de extorsão a traficantes, o que pode ter rendido, apenas em um ano, o equivalente a 2 milhões de reais à quadrilha.

Afastado o “caso de polícia” em que está envolvida a própria polícia (apenas em uma cidade desta “terra de São Saruê”) podemos afirmar que o tráfico de drogas se tornou um grande negócio. Também para a polícia, observada esta no comportamento de alguns de seus integrantes.

Razão
Sob esse viés não é difícil concluir onde está a dificuldade para reduzir a tragédia do consumo de drogas a patamares mais toleráveis. Reside justamente em “reduzir” os ganhos obtidos por personalidades centrais: inicialmente, a indústria da droga e os traficantes; e, agora, aqueles aos quais caberia a defesa da sociedade, uma vez que agentes do Estado ganhando para tal mister.

A sabedoria do povo bem reflete a situação: se qualquer um de nós sabe onde estão as bocas por que elas existem?

Campinas, caro leitor, é o Brasil.

Espírito de corpo
Médicos espanhóis desejam trabalhar no Brasil (Estadão). Médicos suíços estagiam em Cuba (do swissinfo.ch).

Para os espanhóis a remuneração oferecida supera a média do que ganham na Espanha; para os suíços ‘faltam recursos’ materiais em Cuba (afinal, o boicote sobre o país já supera 50 anos) mas “sobra atenção”.

No Brasil, ainda que faltem recursos, mais falta-nos “atenção”.

Argumento estúpido
Certos estão os profissionais da Medicina praticada no Brasil – assim o afirmamos, para melhor compreensão – em se posicionarem contra as recentes iniciativas do Governo Federal, centradas na ‘importação’ de profissionais de outros países e determinação, a partir de 2015, de que os estudantes em final de cursos, gradua(n)dos pois, exercitem a atividade junto a comunidades deles carentes.

Para ditas lideranças, de classe e de pensamento, faltam no Brasil recursos suficientes, tanto que sem equipamentos etc. não teria o profissional como trabalhar, este o argumento mais utilizado.

Leia-se por equipamentos os recursos tecnológicos auxiliares como laboratórios etc. tudo aquilo que alimenta a denominada “medicina de grupo”. Sob seu primado um médico (no Brasil, assim parece) somente o é, ou era, se pedir uma bateria de exames para concluir aquilo que sabe de antemão na maioria dos casos (ou tem obrigação de saber).

Sob esse viés lhes sobra razão.

A razão se esvai, no entanto, em não compreender que em muitos rincões não há um só médico para alimentar a autoestima do miserável em ser atendido, o que pode curá-lo, em certos casos, até pela fé e pelo placebo.
Registramos, então, a indagação: que mal fará à população colocar mais médicos à sua disposição?

Por outro lado, considerando a cobrança por mais recursos – no Brasil, segundo a Organização Mundial de Saúde, foram gastos, em 2011, 477 dólares per capita enquanto na Argentina 869,4, no Uruguai 817,8 sem irmos ao Reino Unido com seus 2,477 – resolve a transferência pura e simples de dinheiro para ser roubado descaradamente em aquisições de medicamentos que não chegam (a não ser nas notas fiscais “frias”) ou superfaturamento de laboratórios, adicionando serviços que não foram realizados, para não falar em tratamentos de média e alta complexidade “criados”?

O assunto é por demais complexo. Assim como a solução. Que poderia se iniciar com a disponibilização de mais médicos para a população.

Tornaria o argumento da classe médica menos estúpido e abriria espaço para a sociedade discutir mais aprofundadamente a utilização dos recursos disponíveis para a saúde.

Sugestão
A resistência à vinda de médicos estrangeiros, diante da carência de profissionais em vários locais do Brasil, nos remete a uma contradição, vivenciada pelas populações carentes: o médico lá não vai porque alega falta de recursos e incentivos e o curandeiro não pode exercitar suas mezinhas porque não tem curso de medicina.

O carente ou morre por falta de médico ou na mão do curandeiro (se consideramos o conceito que sobre ele faz a Ciência).

Considerando que no lombo do carente só pancada, que se lhe dê a oportunidade de pelo menos escolher como morrer/viver.

Razão por que de nossa sugestão: ou vão os médicos ou os senhores médicos liberem o charlatão.

Homenagem
A AGRAL e a ACATE realizaram, na sexta 26, evento comemorativo aos 30 anos de teatro da atriz Eva Lima, levando ao Teatro Sala Zélia Lessa uma centena de amantes das artes para ouvir música e poesia, onde destacada a audição do coral Cantores de Orfeu.

Na oportunidade, onde presente Monsenhor Moisés, foi anunciada para agosto a reinauguração do órgão de tubos da Catedral de São José.

Música
A crítica em torno da qualidade da música ouvida pela geração atual, onde algumas expressões nos permitimos não declinar por considerá-las obscenas – seja-o em nível de letra, de arquitetura e de harmonia – está diretamente vinculada à formação do código apriorístico (aquele que nos permite deduzir em torno do que ouvimos a partir do que conhecemos e a recusar o que nos seja estranho), alimentado na mediocridade transformada em mercadoria de consumo por quem a divulga em emissoras de rádio e televisão.

A denominada “boa música” para quem ouve o é ainda que erudita (muitas vezes apresentada como se fosse coisa estranha ao povo) o que afasta a mediocridade de integrar dito panteão, basta ouvir o que nos seja possível.
Dentre o que de melhor há, por demais conhecida, “Bolero”, de Maurice Ravel, aqui ofertada em vídeo com guia de audição, permitindo acompanhar o que está acontecendo – instrumento(s) a instrumento(s) – no curso da execução, aproveitado da apresentação da Filarmônica de Berlim regida pelo argentino Daniel Barenboim.