terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Fim de ano

Fim de era
O 2013 vai vai chegando ao fim. Para uma civilização sustentada na relação espaço-tempo o cronômetro e o calendário se lhe tornam basilares. Na esteira dessa relação, o progresso a elevou a píncaros inimagináveis. E não precisamos retomar tempo tão distante. Basta compararmos o instante com 20, 30, 40 ou 50 anos passados. 

A passagem de ano - que se limitou em tempos mais idos à virada de uma pagina do calendário - ora se tornou no instante de confraternização universal (não só no plano individual, em pensamento) reunindo multidões em torno de um evento.

Para melhor compreensão do fenômeno, necessário conferir o que leva a tanto, o que faz milhares se buscarem em torno de um só propósito. Uma das mais soberbas realidades é a percepção em tempo real do que ocorre em qualquer espaço do planeta Terra. Instantaneamente, se dispomos dos instrumentos à disposição.

A conclusão natural é que para acompanhar o mundo já não se dispõe tão somente das ondas descobertas por Hertz. Não somente a audição, como sentido, é utilizada; também a visão. 

Assim, televisão tornou-se o veículo ideal para conhecermos a realidade imediata ao vivo e em cores. Convoca pares que a assistam para ver o que lhe interessa seja visto. Assim controla a convocação, e a festa programada para determinado espaço pode não ser veiculada pelo chamamento, apesar de interessante, conhecida e tradicional.

Nessa tecitura a televisão passou a ser instrumento de vaidade. Desta forma uma rede em especial orgulha-se em convocar o seu telespectador para estar em sua tela. Assim nasceu o "estou na Globo", por exemplo. Dezenas, milhares passaram a se postar em frente às suas câmeras exibindo cartazes, chamando a atenção por "estar" na telinha. Não podemos descurar de que desenvolveu uma cultura: a de 'estar na Globo'. Com isso muita gente passa a se ver na platinada, onde ela estiver.

A propósito, dela especificamente, quando se espalham festas por todo este Brasil, algumas "alegrias" deixaram de integrar a sua grade de matérias. Vemos, então, que a Globo trabalha contra o seu ibope. 

Ela que criou a cultura do "estar na Globo", se não se faz presente ou não anuncia o festejo, leva o "viciado" em estar na tela a buscar/sintonizar a tela que cobriu o festejo onde esteve.

Desta forma, muita gente não sintonizará a Globo em algumas localidades. Justamente porque não se verá na "tela" da platinada.

Não se trata de um estudo, mas de uma especulação: pode estar aí um dos meios que contribuiriam para a queda de audiência da Globo.

O 2013 vai chegando ao fim. Para a Globo - e sua seletividade espacial - pode não ser apenas um fim de ano, mas de uma era. Não como leitura do tempo, mas de negócios. Por uso indevido da cultura que criou.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Péssimo

Final de ano
Caso os desdobramentos venham a ocorrer - instauração da ação penal competente - este final de ano não será dos melhores - se não o pior - para o tucanato paulista. O ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal federal, pediu à Procuradoria-Geral da República parecer sobre as investigações que envolvem as denúncias de corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro oriundos do cartel que burlou licitações de trens e metrô de São Paulo.

Como não bastasse, o Ministro determinou "que o nome completo dos investigados conste da lista de consulta processual do STF. Antes da decisão do ministro, o processo era identificado pelas iniciais dos envolvidos. A decisão foi assinada no dia 20 de dezembro". (Da Agência Brasil).

O procedimento chegara ao STF e ficou sob comando da ministra Rosa Weber que o remeteu a Marco Aurélio por ter sido este provocado anteriormente em relação ao mesmo tema.

Caso o Procurador-Geral da República Rodrigo Janot emita parecer pela instauração do inquérito o PSDB - a partir de seu centro maior de expressão - poderá se tornar vítima do veneno que destilou no denominado "mensalão petista" (não esquecer que há o "mineiro", justamente do PSDB).

Certamente a notícia não pode ser traduzida como um "boas festas". Muito menos um "feliz ano novo".



Não só a oposição

Também o povo
A presidente Dilma Rousseff lançou desafio mortal à oposição por via indireta. Dirigindo-se ao povo brasileiro neste domingo perguntou se nossa vida melhorou. Poderia mais ainda provocar: como o era há dez anos, há cinco...

Para a Presidente estamos “Construindo a base para que a expressão ‘melhorar de vida’ deixe de ser, em um futuro próximo, um sonho parcialmente realizado, torne-se a realidade plena e inegável da vida de cada brasileiro e de cada brasileira.

E tocou no âmago de quem permanentemente sonha e tem esperança: “É para isso que você pega duro no batente todos os dias”.

Como desafio à oposição deixa-a encurralada para trabalhar pelo quanto pior melhor, única forma de ver reação no resultado eleitoral a partir da construção de uma memória recente para fins imediatos. Coisa do nível – já programado, desejado e divulgado – do que ocorreu em junho 2013.

Na outra vertente – ainda no plano de desafio – deixa aos adversários o discurso da proposta de melhorar o que existe. Outra encurralada. Afinal, entre aventurar acreditando nas promessas e permanecer com o que vê e dispõe tende o eleitor a ser conservador.

Isso já demonstrou em outros instantes. Inclusive reelegendo Fernando Henrique Cardoso que acabava de enterrar o Brasil e evitara mostrar – até que passasse a eleição – o atestado de óbito escrito com a imediata desvalorização do real, sob o qual se elegera.

Eis onde pecará a oposição: imaginar que somente ela é conservadora. O povo também o é. Pragmaticamente.


domingo, 29 de dezembro de 2013

Alguns destaques


DE RODAPÉS E DE ACHADOS *
__________

Questão de conceito
Circula na rede a montagem pondo Fidel Castro e Barack Obama juntos. Sem proselitismos – a um ou a outro – é preciso reconhecer que o que os separa não passa de um conceito, pautado na liberdade restrita, observada sob o plano de instituições democráticas. Nada mais que isso, maciçamente alimentado pela propaganda controlada.

O Homem humanidade é peça estatística para o país de Obama – que o diga sua busca por tentar melhor distribuir o atendimento médico – enquanto para Fidel era a busca. O que difere as pretensões nacionais reside na dimensão econômica: EUA cerceando o direito de Cuba exercitar relações comerciais com o resto do mundo, enquanto arma ditaduras.

Aí resta a diferença: um espalha médicos; outro, armas, golpes e soldados vítimas.

Campanha
Vendas de eletrônicos subiram 41% no Natal, superando os 4,3 bilhões de reais entre 15 de novembro e 24 de dezembro, ante 3,5 em 2012 (Estadão), devendo faturar 28 bi no ano. O comércio dos shoppings 5%, alcançando R$ 132,8 bilhões, com aumento de 8% em relação a 2012 (Agência Brasil).

Ainda que haja crescimento por onze anos seguidos a Folha de São Paulo preferiu a manchete “Comércio tem Natal mais fraco em 11 anos”.

Futuro
O Brasil deve se tornar a 5ª economia do mundo até 2023 – afirma a BBC Brasil – a partir de levantamentos realizados pela consultoria Centre for Economics and Business Research www.cebr.com (Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios) puxada pelo crescimento da população e pelo comércio oriundo da agricultura, considerando que o país se beneficiará da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio.

Perderam o bonde
Faltou ao governo FHC e ao PSDB no poder a firmeza diante de propostas que interessariam ao povo. Poucas, por sinal, como a de José Serra, então ministro da Saúde, de trazer médicos cubanos. Sucumbiu e desistiu de assistir o povo com o mínimo de dignidade em atendimento médico. Que é justamente disponibilizar um médico e nada mais, como pode ser traduzido no registro abaixo:

“247 - A jornalista Vera Paolani visitou Melgaço, na Ilha do Marajó, que tem o pior Índice de Desenvolvimento Humano do País; lá, não há saneamento básico e a população sofre com micoses, contaminações genitais, hipertensão e gravidez precoce; essa realidade começou a mudar com a chegada de médicos cubanos, que atendem, no mínimo, 24 pessoas por dia, em consultas médias de trinta minutos; a cubana Maribel Saborit relata uma experiência: ’Fomos a uma comunidade ribeirinha, fizemos travessia de barco e na casa de um senhor diabético de 86 anos ouvimos, depois do exame: quatro médicos aqui, quatro médicos me visitando em casa, meu Deus posso morrer feliz. Nunca tinha visto um médico’".

Não só nos rincões de Marajó: no instante em que enchentes ocupam o noticiário em regiões do Sudeste lá estão os médicos cubanos, em trabalho voluntário. É costume deles atender dificuldades pelo mundo.

Por isso o Mais Médicos tende a se tornar uma referência para o Governo. Que pode com ele colher dividendos eleitorais. Que o PSDB poderia ter colhido e deixou perder o bonde quando este passou.

Aprendendo
Dentre coisas positivas no curso deste ano que se esvai a tomada de consciência de que parte considerável da imprensa tornou-se um partido político.

Perdendo a compostura
A Globo sinaliza em seu jornalismo haver assumido, de forma plena, sua função histórica de partido político. Até o Globo Repórter – caso tomemos por referência a edição de sexta 27 – perdeu o tino e repetiu o que vem fazendo o Jornal Nacional: distorção de informação.

Em relação ao que era dito do Brasil não dava para convencer nenhum brasileiro. Parecia falar de outro país, um de terra arrasada.

O padrão da platinada está indo para o brejo. Vai fazer miséria durante o período eleitoral.

Perdeu a compostura. Resta saber se para se igualar a uma parcela da concorrência que lhe vem tomando alguns pontinhos ou se por desespero mesmo.

Ou talvez tenha desistido de dispor das burras oficiais com em tempos não tão distantes – dos bons tempos do “bolsa pimpolho” – quando detinha mais de 80% da publicidade governamental.

Pedagogia da desgraça
Localizado em comentário que circulou na rede: “Tem uma novela em rede nacional... seu nome é ‘Amor à vida’... mas muita coisa estranha acontece no ar... em horário nobre... filho roubando pai... marido traindo esposa e vice-versa... amante de sobrinha matando e esta enterrando a tia... tio tentando matar sobrinha recém nascida... ensinamentos de como traficar drogas... esposa dosando medicamentos para cegar marido, como vingança e para obter vantagem financeira. Alguém pode me dizer como manter as famílias estruturadas com esses ensinamentos? Ou alguém pode me explicar que amor à vida é esse?”

Gatas borralheiras
Um título pouco repercutido. Afinal este esporte em si ainda não faz parte dos negócios de quem o transmite. Mas as meninas do handebol – campeãs do mundo – deram o troco. Na quadra e em entrevistas. Desancaram a imprensa que as tratou como gatas borralheiras

Surpresa
2013 nos trouxe a surpresa de que a indústria da guerra não se concentra apenas nos Estados Unidos e na Rússia. Também na Suécia, de quem compraremos caças para a Força Aérea Brasileira. Com a possibilidade de nos tornarmos agente no negócio, além de desenvolvermos tecnologia e indústria própria.

Como sempre
Mais um ano em que o consumidor sofreu sob o cutelo das operadoras de telefonia. A confirmação de que a endeusada privatização do sistema Telebras não resultou nas melhorias – para o consumidor – tanto anunciadas.

Saiu do armário
O ano escancarou as mazelas do Judiciário, expressado em sua mais alta cúpula: o STF. Os absurdos cometidos falarão mais que a repercussão de suas decisões.

Ironias
Ricaços de uma hora para outra viram cair os castelos de areia construídos sobre pântanos. Eike para confirmar.

Sebastianismo
Afinal, para quem somente tinha sacis e curupiras e caaporas como símbolos criamos um herói nos moldes que atendem aos anseios colonizados. Não conseguimos – ainda – dar-lhe outras formas de voar (além das páginas) para assegurar-lhes espaço no sebastianismo tupiniquim. Como acontece com Joaquim Barbosa com as asas que lhe dão a mídia.

Promessa
Para uma Itabuna que repercute pouco no quesito positivo a melhor notícia do ano vem do esporte: a possibilidade de uma grapiúna competir na Olimpíada de 2016. Pelo menos já está relacionada para a pré-seleção pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.

Carnaval
Não deixa de ser louvável a iniciativa municipal de realizar o Carnaval antecipado de Itabuna. 

No entanto, ainda que disponha de uma matriz singular – a Lavagem do Beco do Fuxico – com tradição reconhecida e peculiaridades que lhe asseguram autonomia e identidade já anunciam a vinda de figuras de proa da música baiana para animar a festa.

A experiência tem demonstrado que o carnaval itabunense pode muito bem se transformar numa referência regional às expensas próprias. Ou seja, independente de “atrações” que custam os olhos da cara. Tem público cativo que dispensa arroubos midiáticos.

Apenas tem faltado planejamento e publicidade para atrair mais e mais foliões para viverem um típico carnaval antigo, que atende a todas as idades.
No quesito planejar a coisa se complica. Afinal, mais fácil o trivial.

Uns banquinhos e uns violões
Os coreanos trouxeram banquinhos no sentido estrito. Os violões parecem maiores que os instrumentistas. Estes, em particular, ainda que tenra a idade, já demonstram haver enfrentado – e dominado – aulas de técnica.

O resto é ouvir e ficar encantado.


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Coluna publicada aos domingos em www.otrombone.com.br


sábado, 28 de dezembro de 2013

!8 milhões

Para começo
Nas Ilhas Cayman, 3 milhões, entre o final de 2009 e 2010; na Malásia foram 6 mil entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011;. Em Juazeiro - já alcançando Jacobina - a partir de fevereiro de 2011, 18 milhões. Trata-se da infestação de mosquitos transgênicos para conter o avanço das populações do Aedes aegypti e controlar o vetor da dengue. Colhemos as informações no www.jornalggn.com.br, onde destacamos:

"A técnica é a mais nova arma para combater uma doença que não só resiste como avança sobre os métodos até então empregados em seu controle. A Organização Mundial de Saúde estima que possam haver de 50 a 100 milhões de casos de dengue por ano no mundo. No Brasil, a doença é endêmica, com epidemias anuais em várias cidades, principalmente nas grandes capitais. Em 2012, somente entre os dias 1º de janeiro e 16 de fevereiro, foram registrados mais de 70 mil casos no país. Em 2013, no mesmo período, o número praticamente triplicou, passou para 204 mil casos. Este ano, até agora, 400 pessoas já morreram de dengue no Brasil.
Em Juazeiro, o método de patente britânica é testado pela organização social Moscamed, que reproduz e libera ao ar livre os mosquitos transgênicos desde 2011. Na biofábrica montada no município e que tem capacidade para produzir até 4 milhões de mosquitos por semana, toda cadeia produtiva do inseto transgênico é realizada – exceção feita à modificação genética propriamente dita, executada nos laboratórios da Oxitec, em Oxford. Larvas transgênicas foram importadas pela Moscamed e passaram a ser reproduzidas nos laboratórios da instituição.
Os testes desde o início são financiados pela Secretaria da Saúde da Bahia – com o apoio institucional da secretaria de Juazeiro – e no último mês de julho se estenderam ao município de Jacobina, na extremidade norte da Chapada Diamantina. Na cidade serrana de aproximadamente 80 mil habitantes, a Moscamed põe à prova a capacidade da técnica de “suprimir” (a palavra usada pelos cientistas para exterminar toda a população de mosquitos) o Aedes aegypti em toda uma cidade, já que em Juazeiro a estratégia se mostrou eficaz, mas limitada por enquanto a dois bairros."
Considerando ser a iniciativa do Governo da Bahia ficamos - os itabunenses - aguardando o teste em nosso município.

Bem que precisamos!


Ausência

De discurso
Às vésperas do pleito/ano eleitoral Geddel Vieira Lima foi exonerado da sinecura que o mantinha sob remuneração significativa na Caixa Econômica Federal. Busca transformar sua saída – que afirma ter sido a pedido – em factóide para faturamento político-eleitoral.

Seria mais honrado politicamente se não houvesse aceitado o cargo. Quando já em conflito aberto em relação ao plano estadual, enquanto aproveitando o que lhe oferecia - pelos acordos - o federal, faltou-lhe, na verdade, grandeza de oposicionista.

No viés pretendido por Geddel - de representar o ideal oposicionista na Bahia - não sabemos se o inusitado gesto de pedir encarecidamente a sua exoneração reflete ganho eleitoral.

Mais tem se sustentado no lugar comum de hoje criticar o governo Jacques Wagner, que se desgasta por si mesmo como se implorasse encarecidamente à oposição que vença a eleição.

Como discurso eleitoral o gesto de Geddel Vieira Lima pode não passar de uma mensagem limitada ao twitter.

Ou - quem sabe? - a confissão da ausência de um discurso consistente.


Depois

De Garrincha...
Duas expressões do conservadorismo que afeta órgãos da imprensa nacional mostram a quantas andam certos “desejos”. Segundo Nelson Sá, em sua coluna na Folha, na última sexta 27, Myriam Leitão, no Bom Dia Brasil, pediria a Papai Noel “Que as ruas sejam de novo ocupadas, para exigir educação” e Carlos Alberto Sardemberg, no jornal O Globo, “Queria protestos vigorosos, mas pacíficos, na Copa”.

Leitura deste articulista: na falta de discurso consistente para a oposição, tudo vale. Para Leitão, como o mundo não acabou – o país não quebrou, apesar de haver anunciado o apocalipse – nada melhor que protestos (certamente durante a Copa) e para Sardemberg, que sejam “vigorosos” e durante a Copa.

Ambos sabem que caso alguém venha a ser preso será mais um morador de rua portando perigosíssimos Pinho Sol e cloro.

Por essas e outras alguém andou postando na rede: “Depois de Garrincha a direita no Brasil só tem perna de pau”.


sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Céu

Não tão de brigadeiro
A oposição na Bahia se diz unida em torno do projeto sucessório, faltando definir o nome que a encabeçará. Unida – o dito – não sabemos se bem unida. A unidade remete a desprendimento, caso o projeto seja especificamente derrotar a situação. Não importaria o nome – dentre os que se habilitam ao ‘sacrifício’ – todos unidos para jamais seriam vencidos.

Aí vemos um outro problema. Caso seja Geddel o escolhido. Há uma disputa particular em relação ao futuro, razão por que determinado nome pode inviabilizar um outro para a próxima, em 2018 (caso não haja alteração no calendário).

Temos profunda dúvida – certeza o analista não pode ter – de que ACM Neto não sairá candidato. No entanto, como eleitor de expressão, tudo fará para que a cabeça de chapa saia do DEM. Afinal, mais fácil para ele influenciar e controlar parcela da administração. 

Não fora manter a certeza de caminho assegurado para a sua candidatura em 2018. Para tanto, o senado para Paulo Souto em 2014 não deixaria Neto a cavalheiro, como o seria em 2018. 

Assim, Geddel não corresponderia ao ideal, justamente por refletir caciquismo do qual Neto lembra muito bem.


Leão

Insaciável
Entre os anos de 1996 e 2001 a Receita Federal deixou congelada a tabela do Imposto de Renda. Voltou a corrigi-la nos anos seguintes. No entanto, em que pareça algo positivo o é meia-boca, uma vez que a correção tem se dado em percentual abaixo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Para 2014, por exemplo, enquanto a inflação transita pelo universo de 5,83% em 2013 a correção automática permanecerá na faixa de 4,5% (no centro da meta).

 Base de cálculo mensal (R$)
 Alíquota (%)
 Parcela a deduzir do imposto (R$)
 Até 1.787,77
 --------
 ----------
 De 1.787,78 até 2.679,29
 7,5
 134,08
 De 2.679,30 até 3.572,43
 15
 335,03
 De 3.572,44 até 4.463,81
 22,5
 602,96
 Acima de 4.463,81
 27,5
 826,15

O método permite ao leão comer pelas beiradas cada vez mais sobre rendas mais baixas – frise-se, do assalariado. 

Para o leitor melhor entender a extensão da garfada basta verificar que em 1996 a isenção alcançava quem recebia o equivalente a 6,55 salários mínimos e em 2014 ficará em 2,47. 

Apenas comparando, o avanço do IR sobre salários pode ser medido tendo-se por referência o novo mínimo, que será de 724 reais, o que equivale a um aumento superior a 6,78% sobre os atuais 724. Há, portanto, uma defasagem que supera 60% em relação à diferença para o IR.


Como política histórica de confundir salário com renda o insaciável leão do Imposto de Renda continua esquecendo dos lucros e dividendos, das heranças e da riqueza. Os primeiros, segundo o Sindifisco, continuam isentos até 60 mil reais.

O único alívio no período foi a criação das faixas intermediárias de 7,5% e 22,5%.

Registre-se, outrossim, que a redução da distância entre SM e tabela do IR encontra apoio nos aumentos reais do mínimo, atualizados acima da inflação, que corresponde percentual em torno de 70% nos últimos dez anos.


quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Razão

Invisível
Evidente que a oposição ao Governo Federal - leia-se PT/Dilma, sem esquecer PT/Lula - enfrenta problemas, visíveis até em análises feitas por estrangeiros (ver, neste blog, "Da Bahia para a Argentina"). Há um lugar comum de atribuir ao Bolsa Família - nominada de 'bolsa esmola' - o sucesso do Governo.

Muito tem sido escrito para realçar que outros fenômenos da política governamental nestes últimos 11 anos se fazem presentes. Em entrevista concedida ao Estado de São Paulo, publicada hoje, o cientista político Vitor Marcheti assim pondera: 

- O que tem impacto eleitoral é um conjunto de políticas públicas que começaram a ser adotadas no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que são focadas em regiões onde a presença do Estado sempre foi muito fraca, como o Norte e o Nordeste do País. Falam do Bolsa Família mas esquecem do Luz Para Todos, que leva energia elétrica para o sertão nordestino, para as regiões mais esquecidas da região Norte. Esse programa é um exemplo do movimento que intensificou a presença do governo federal nas regiões mais carentes. O fenômeno político importante a ser analisado no momento é esse: o gigantesco aumento das parcerias do governo federal feitas diretamente com os municípios. Isso aconteceu porque os municípios tinham assumido várias prerrogativas que não tinham condições de cumprir. (…) Os municípios assumiram a responsabilidade, entre outras coisas, pela construção de creches e os serviços básicos de saúde. Mas eles não têm condições para isso. O que o Lula fez, então? Intensificou as alianças do governo federal com os municípios. O repasse direto de recursos federais para eles, nas áreas da saúde e educação, aumentou muito. Quase todos os municípios estão construindo creches atualmente, mas quem verificar com atenção a origem dos recursos irá constatar, quase invariavelmente, que provêm de algum programa específico do governo federal para o setor. Eles revelam o quanto o governo federal pegou atalhos para se tornar mais presente na vida do cidadão, no seu cotidiano. Isso aconteceu principalmente em municípios do Norte e Nordeste.

Não custa lembrar de programas vários voltados para o transporte escolar - inclusive individual, como as bicicletas oferecidas pelo Caminho da Escola - criação e ampliação da oferta de vagas em cursos médio e superior, o Brasil Sorridente, o recente Mais Médico, sem falar na redução das desigualdades sustentadas no quase pleno emprego e na distribuição de renda, o que inclui aumentos reais para o salário mínimo.

Sob este viés fica difícil compreender o que tem ocorrido no país se as análises continuarem sob a ótica urbano/metropolitana.

É imperativo conhecer o Brasil invisível, que hoje é um Brasil real.

Da Bahia

Para a Argentina
O Pagina 12, da Argentina, publicou matéria versando em torno das eleições presidenciais de 2014, destacando os nomes em evidência como pré-candidatos pela oposição e com o singular título “Una oposición sin rumbo”.

Ao tratar da aliança entre Campos e Marina Silva põe a nu os conflitos ideológicos entre um e outro e ironiza: “Armonizar agua y aceite es un desafío milenario que todavía no llegó a solución alguna”.

Não sabemos se o editor argentino consultou César Borges, o baiano do água e óleo não se misturam, quando combatia o PT em Itabuna, nos idos de 1994.

Claro, em tempos em que não aderira ao governo do PT.


quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Rescaldo

De feriado
Manhã desperta em silêncio de uma cidade que sobrevive ao blim-blão que norteou família e amigos reunidos em ceia – os que a têm – para lembrar – pouco – o nascimento do símbolo maior da Cristandade.

Preguiça de feriado e pensamento matutando em torno do que virá no dia seguinte. Afinal, ainda que pouco reconheçamos, o day after a qualquer feriado nesta sociedade contemporânea mais está para concentrar em busca de soluções para os problemas que dormitaram na rede da fereança.

Nada na mente para escrever. Talvez – melhor dizendo – deixado para depois o que escrever. Solução para ocupar o tempo: leitura. E lá no Jornal GGN são mostrados resultados – e esperanças – advindos de uma experiência científica alimentada em pesquisa a partir um método de nome um tanto estranho – eletroconvulsoterapia (ECT) – voltada para apagar memórias ruins. De lá pinçamos:

“A um grupo de voluntários foram exibidas histórias traumáticas por meio de um slideshow. Em seguida, o grupo foi convidado a narrar os episódios vistos na apresentação. O passo seguinte foi submeter parte do grupo à terapia de ECT. No dia seguinte, em um teste, os pacientes submetidos ao experimento tiveram maior dificuldade de recordar os acontecimentos exibidos um dia antes, ao contrário dos demais que não passaram pelo ECT.

Como o nome do nominado método o diz cuida de trabalhar convulsões através de estímulos elétricos que levaram ao despertado interesse dos pesquisadores para solucionar problemas que afetam os sucumbidos à depressão grave.


Tivéssemos intimidade com Tia Zulmira – ermitã conselheira de Stanislaw Ponte Preta – certamente dela ouviríamos: “É, meu filho, ainda que a coisa cheire ao velho eletrochoque seria bem vindo ao Brasil, que anda precisando esquecer muita coisa. Inclusive a passagem de alguns políticos pelo poder. Com o risco de alguns ficarem inteiramente sem memória, no caso de parcela considerável dos analistas econômicos”.


terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Crônica de Natal

Epifania
  Adylson Machado

Uma certa nostalgia beira a depressão profunda. E se nos acomete quando se aproxima o Natal, anunciado sob o condão de que o mundo real é o recôndito que emana do encravado no Ártico de Papai Noel. E tudo conspira contra o resgate da alegria, no divulgar o “espírito” de menos fraternidade e mais materialidade, menos irmandade e mais consumo como saída mágica para as mazelas do planeta e de sua gente, elaborado no axioma mercantilista de que o ter, pelo poder da compra, realiza o ser.

Ao contrário de “Bate o sino pequenino, sino de Belém, já nasceu o Deus menino para o nosso bem”, a “Boas Festas” – de Assis Valente – melhor compreende esse estado de espírito, refletindo a contradição entre a esperança da igualdade inspirada no nascimento do Menino Jesus vocacionando o Homem à Felicidade e a que “inspira” as burras dos que ofertam um mundo melhor, sempre adiado, alimentado na concentração e não na distribuição das dádivas da riqueza.

Por outro lado, temos que um “raso da Catarina” da dura realidade há muito desmoralizou os versos de “O Velhinho”, de Octávio Filho, aquele do “Botei meu sapatinho na janela do quintal” porque “seja rico ou seja pobre o velhinho sempre vem”, singular utopia socialista, só não tachada de comunismo comedor de criancinha porque alimenta o capitalismo.

Afinal, quando despenca a distribuição da riqueza, quando o desemprego ainda existe, a senilidade do Papai Noel se acentua e torna-o mais seletivo, conduzindo o trenó somente para endereços de quem disponha de castelos com reluzentes luminárias que lhe sirvam de farol em noite de tempestade.

No entanto, o talento para idear meios cada vez mais capazes de exaurir poupanças manipula o espírito natalino-cristão em benefício do natalino-comércio. O sentimento da afetividade aflorada no imaginário, seduzida por música angelical, dispara o processo do compre-compre-quanto-mais-comprar-mais-feliz-será.

Nos últimos anos concebeu de instalar árvores de Natal em agências dos Correios e centros comerciais “enfeitadas” de cartões com pedidos de crianças que não possuem endereço com estacionamento para o trenó do cidadão da Lapônia.

Não deixa de ser comovente folhear tais pedidos, que sensibilizam certamente. “Já faz tempo que eu pedi, mas o meu Papai Noel não vem, com certeza já morreu ou felicidade é brinquedo que não tem”, declama Assis Valente, ecoando em nós mais pela melodia internalizada no imaginário do “compre” do que pela mensagem que expressa, elaborada para todas as idades.

E se nos alcança o Quixote redentor de que fazendo a minha parte contribuo para mudar o mundo. A universal “Noite Feliz” – letra original de Joseph Mohr para melodia de Franz Gruber, que se atribui composta no 25 de dezembro do distante 1818 – embala os sonhos de um mundo melhor lembrando que “O Senhor, Deus de amor, pobrezinho nasceu em Belém”, razão por que a doação que se fizer nasce na manjedoura divina alcançada pela estrela guia.

Mas, dizíamos, não deixam de sensibilizar tantos pedidos para crianças que se encontram sob cuidados e atenções alheias dedicadas à prática do amor ao semelhante. Particularmente, os olhos marejam nas lembranças da infância sertaneja do autor, causticada a vida como a terra pelo sol, quando sapatinhos e meias eram postos bem arrumadinhos no compasso da espera e ficávamos retardando o sono na venial curiosidade de aguardar o velhinho para agradecimento pessoal e morrer de felicidade num abraço daqueles que só as crianças com sonhos satisfeitos podem dar.

E na desperta manhã quando nos debruçávamos sobre a realidade compreendíamos como punição o nada haver recebido – criança desobediente dá nisso mesmo. E púnhamos as mãos postas em oração silenciosa de mea culpa, ajoelhado ao lado de meias e sapatinhos vazios pedindo indulgências pela curiosidade. E antecipávamos o pedido implorado de que não fôssemos esquecido no ano seguinte e que continuaríamos um bom menino, rezando ao levantar e ao deitar para papai, mamãe, vovô, vovó, titio, titia, irmãozinhos e também “para você”, Papai Noel. Então corríamos para nos pendurar no batente da janela bebendo na ânfora da alegria alheia, olhar fundo, distante e comprido, brotado de foto de Sebastião Salgado.

É por isso que marejamos diante destas árvores pendidas de esperanças, sonhos e tantas expectativas com uma indagação: se não aliviadas de todos aqueles pedidos postarão as destinatárias mãozinhas vazias em oração, adiando a esperança? Terão voz para “Noite Feliz”, compreendendo a crueza da existência na realidade pautada em desigualdades?

Afinal, para o comércio, apenas algumas unidades a menos nas estatísticas dos negócios. Para a infância, a quem só resta o ano próximo, uma frustração que pode marcá-la para sempre, como ao gado sob o ferro em brasa, indelével para existência.

Mas nos vem Máximo Gorki: “tempo virá em que os homens se admirarão uns aos outros, em que cada qual brilhará como uma estrela, em que escutará a voz do seu semelhante como se fosse uma música” (A Mãe).

Por causa disso nos inclinamos a rogar que a epifania se faça e alguém tenha tomado o cajado de Papai Noel e guiado o seu trenó para evitar o desencanto de uma criança. Que é a coisa mais triste de se ver.

E de compreender!


segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

São Paulo

Não é Brasília
Esta a dedução a que se pode chegar quando os arautos da moralidade encastelados principalmente no PSDB vetam qualquer iniciativa de apurar denúncias que os envolve. Trazemos aqui matéria veiculada no Brasil 247, nesta segunda 23, que bem ilustra a postura esquizofrênica (por conveniência, necessidade e sobrevivência) do tucanato paulista.

247 – Se depender da base aliada do governador Geraldo Alckmin (PSDB) na Assembleia Legislativa de São Paulo, o escândalo da formação de cartel em contratos de trem e metrô em governos tucanos desde Mario Covas (1998) não sairá do papel.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pediu "rapidez" e "seriedade" nas investigações sobre o esquema de cartel.
No entanto, até agora, a abertura da CPI do caso não obteve adesão suficiente de deputados. Desde 2008, esta é a quarta tentativa do PT para instalar uma CPI sobre o conluio de empresas nos contratos do Metrô paulista. As propostas anteriores não passaram pelo mesmo motivo: bloqueio da maioria governista. Para existir, a comissão precisa de 32 assinaturas. Até o momento, a atual proposta conta com 26 adesões.
Além disso, dos 28 requerimentos da oposição para convocar autoridades e envolvidos no esquema, apenas três foram ouvidos pelos deputados. São eles: o secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, e os atuais presidentes do Metrô, Luiz Antonio Pacheco, e da CPTM, Mário Manuel Bandeira.
Figuras importantes, como os presidentes do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), Vinicius Carvalho, e da Siemens, Paulo Stark, e o vereador Andrea Matarazzo (PSDB) não responderam à convocação.
A comissão ainda não acatou o pedido para ouvir um dos delatores do esquema, Everton Rheinheimer. Ele acusa três secretários de Alckmin – Edson Aparecido, Rodrigo Garcia e José Anibal – de receber propina do esquema. Além disso, envolveu o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) e o estadual Campos Machado (PTB).
Outro nome vetado foi o de João Roberto Zaniboni, ex-diretor da CPTM que recebeu US$ 836 mil numa conta na Suíça.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Alguns destaques


DE RODAPÉS E DE ACHADOS *

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Caças
Naufragaram os interesses da indústria estadunidense de vender aviões à Força Aérea Brasileira. Viram a bisbilhotice do “império” afastá-los da concorrência e os suecos levarem o negócio.

O mais importante da negociação reside na transferência de tecnologia, produção de componentes em território brasileiro e a abertura dos mercados da América do Sul e da África e onde mais tenha o Brasil penetração comercial.

Ou seja, abrimos um flanco para a indústria nacional e uma fatia no mercado aeronáutico de defesa.

Muito mais que a simples reposição de equipamento trata-se de expressiva ocupação de espaço na logística mundial.

Natal
Para Carlinhos Cachoeira – condenado a 39 anos de prisão – arrasta-se o processo no exercício do direito a recursos. Trabalha tranquilamente e mesmo ensaia lançar a atual mulher na carreira política.

Para Rafael Braga Vieira, continuar na prisão. O catador e morador de rua foi detido, no dia 20 de junho, com duas garrafas plásticas – uma com Pinho Sol e outra com cloro. Acusado de portar coquetéis molotov terminou condenado a cinco anos de reclusão (não era primário). 

O único dentre milhões que protestaram no período. (Sua história integra a edição 200 da Caros Amigos).

O primeiro sabe de tudo o que fez. O segundo desconhece o que lhe aconteceu e nem mesma sabia o que ocorria em volta, pois apenas retornava ao local onde costumava dormir.

Um e outro terão direito aos mesmos carrilhões natalinos, em tempos de solidariedade cristã.

Caiu no laço I
Sem o perceber o ministro Joaquim Barbosa caiu no laço armado por aqueles que não dispõem de pernas próprias para avanços político-eleitorais. Na falta de propostas concretas para enfrentar a situação a oposição tem se valido de todos os meios para encontrar um caminho. Encontra apoio – se não conivência – na grande mídia, que há muito esqueceu seu compromisso com a informação jornalística para assumir plenamente seus contornos políticos.

A espetacularização alimentada pela mídia – onde aí o próprio Joaquim Barbosa se tornou conivente (haja vista até antecipar para jornais decisões que publicaria no dia seguinte) – servia ao desiderato da construção do personagem heróico que lhe foram atribuindo, de salvador da pátria. Que o ministro aceitou, caso não tenha provocado.

Tornou-se Joaquim Barbosa a figura imprescindível aos interesses mais conservadores. Como contraponto ficou refém dos que o incensaram.

Caiu no laço II
A decisão do ministro, de respaldar decisão oriunda do Tribunal de Justiça de São Paulo, mantendo a suspensão dos efeitos de liminar concedida para sustar a cobrança do IPTU em áreas específicas, alcançadas pelo princípio da afetação da mais-valia, é um exemplo.

Em sua manifestação afirmou que não podia agir de forma diversa porque não dispunha de informações em torno do orçamento da capital paulista. Caso fosse essa a razão, não lhe custaria pedir cópia da peça orçamentária. Afinal, um julgador não pode decidir com base no que diz desconhecer e poderia conhecer.

Resultado: aliou-se aos interesses da elite paulistana em detrimento das vantagens que chegariam às parcelas menos favorecidas da população.

Caiu no laço III
O prefeito Fernando Haddad ao estabelecer um aumento diferenciado para o IPTU não estava cometendo absurdo. Apenas cumprindo a lei municipal que autoriza o município a atualizar, através de ajuste, a planta genérica do IPTU da cidade.

Por dita lei a afetação da mais-valia deve corresponder à responsabilidade do sujeito da obrigação tributária, beneficiado por valorização que ultrapassa os limites a serem alcançados pura e simplesmente por Contribuição de Melhoria.
Como contrapartida, a redução do IPTU em áreas não alcançadas por iniciativas do poder público que beneficiaram camadas mais aquinhoadas de contribuinte e o custeio da redução da tarifa de transporte urbano.

Nesse sentido, nenhuma crítica a empresários, industriais e ricaços paulistas em defesa de seus interesses pessoais. A crítica reside a quem cumpre contornar os conflitos, buscando a promoção de Justiça.

Aí sobrou – no fim – para Joaquim. Assumiu a postura de defensor de ricos e abonados.

Candidaturas
A informação – que pode ser uma afirmação – é de Dora Kramer, em sua coluna no Estado de São Paulo: efetivamente o ministro Joaquim Barbosa tem pretensões político-eleitorais. (Pretensões político-ideológicas o demonstrou sem constrangimentos desde que julgou/acusou a AP 470). Assim como a possibilidade cerca a ministra Ellen Grace, que assinou ficha de filiação no PSDB no início de outubro.

Joaquim – segundo Kramer – pode não sair candidato a presidente, justamente porque confirmaria – escancaradamente, dizemos nós – a atuação político-propagandística de seus mais recentes atos no STF.

Ao que parece, dos partidos políticos, o PSDB muito se interessaria na candidatura de Joaquim Barbosa. Como senador pelo Rio de Janeiro.

Não sabemos se interessa à mídia que o incensou uma candidatura que não seja para presidente. Afinal, não tira o ilustre nome votos de Dilma Rousseff, tampouco asseguraria um segundo turno.

Quanto a Gracie, o tempo dirá em torno do que pretende com a filiação ao PSDB.

Resta esperar pelo futuro. Dos candidatos! Em razão da escolha entre fazer política no STF, julgando, ou pelas vias legais, concorrendo a um mandato.

De nossa parte já os temos como suspeitos em julgamentos que digam respeito a aspectos político-eleitorais.

Quando a má fé impera I
A chamada do Jornal Nacional desta terça 17 não perdeu o mote de estabelecer detalhe a ser desmentido pela matéria: anunciou a privatização da rodovia BR-163 e informa que a concessão o foi para trinta anos. Ou seja, subliminarmente – portanto, propositadamente – vai jogando no imaginário do telespectador menos avisado que privatização e concessão são sinônimos.

Na mesma terça anunciou inverdade, no que diz respeito ao direito de passageiros de avião terem de volta, integralmente, o custo da passagem paga, em caso de desistência.

Quando a má fé impera II
Criando uma singular semântica para erro ou manipulação da informação, no caso das passagens, cuidou de pedir desculpas  pela “falta de precisão”, o que ocorreu na edição desta sexta 20.

No que diz respeito à confusão que lança no ar para estabelecer privatização e concessão como sinônimos nenhuma palavra.

Faz o jogo e o discurso dos partidos de oposição ao governo. Só que ela (a Globo) não é um partido político.

Ao que parece o padrão global, no plano jornalístico, vai perdendo espaço para a distorção da verdade/realidade.

Perdendo espaço na mesma velocidade com que perde audiência.

Quando a má fé impera III
Como distorce a verdade factual perde credibilidade até para por no ar um editorial que a defenda das acusações de sonegação.

Mas, como soaria bem uma chamada da Globo anunciando que foi instaurado inquérito, na Polícia Federal para apurar dita sonegação!

Mesmo que dissesse ser perseguição do Governo.

Que dificuldade!
Quando a economia brasileira tropeça é alimento do noticiário contra o Governo. A linha editorial de Economia da Globo não pode ser considerada favorável ao Governo. Suas análises sempre estão recheadas de um “mas”. Tem dificuldade em explicar sucessos da política economia – ainda que não seja uma das sete maravilhas do mundo. 

Como ocorre com a análise em torno da redução da concentração de renda no Brasil. Gagueira é a tônica, como visto em vídeo por nós localizado através do Conversa Afiada http://www.conversaafiada.com.br/tv-afiada/2013/12/20/a-dificuldade-da-urubologa-para-boas-noticias/

Gesto simbólico
O mandato do presidente deposto João Goulart foi devolvido simbolicamente pelo Congresso na última quarta 18. Presentes todas as autoridades da República.

Simbolicamente todos aplaudiram. Menos os chefes das três Armas. Não sabemos se por respeito ao golpe que depôs o presidente ou se por artigo presente no código de disciplina militar.

Distante da mídia
Cai a inadimplência, assim como o desemprego. Descoberto mais petróleo no pré-sal – agora no Rio Grande do Norte – e a refinaria Abreu Lima deve entrar em funcionamento em 2015. Em pleno vapor a indústria naval, lançando plataformas, como a recente P-62. Notícias alvissareiras.

Difícil é uma análise, na mídia, que as reconheça como originárias e positivas dentre as políticas do atual governo.

Lugar comum
O ano caminha para o término. Mais que suficiente o tempo para avaliações das administrações que iniciaram suas gestões no 1º de janeiro. Muitas ainda não disseram por que assumiram. Outras patinam no lugar comum da escassez de recursos.

Quase todas – se não todas – pautam(ram)-se no mais comum dos lugares comuns: incharam a máquina e as folhas de pagamento.

Itororó
Quem mais sentiu o desastre do Atlético Mineiro no Marrocos foi a cidade de Itororó. Lá nasceu Pierre, o combativo meio campista do galo.

Não pode esquecer, no entanto, que dificilmente, no curso de uma ou duas décadas, um itororoense chegará tão longe em nível de conquista e de participação no futebol mundial.

Saudade
Ainda que a sintamos com coisas muito recentes e sabendo quão difícil será para as gerações últimas compreendê-la em seu mais profundo significado, brindamos a todos com Francisco Petrônio e “Baile da Saudade” (Palmeira- Marinozo). Muitos poetas de hoje desconhecerão muito do que nela se encontra expresso. Em palavras e sentimentos.


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* Coluna publicada aos domingos no www.otrombone.com.br 

sábado, 21 de dezembro de 2013

Vestais

Em chamas
O moralismo faz o moralista se revestir de atribuições que o tornam a referência para os demais vis mortais. De sua boca saem os clamores em defesa da ordem, da moralidade. Gritam contra a corrupção, contra atitudes de governantes. Sentem-se imunes e isentos, exemplo a ser seguido. Não à toa atribuir-lhe a sinonímia de vestal, simbolizada no vestalato da Roma Antiga, que de cada uma delas exigia dedicação extrema no âmbito da castidade para tonar-se sacerdotisa de Vesta.

De governos ditatoriais a opositores deste ou daquele governante, ou de sua forma de governar, trazem a lume o discurso como instrumento absoluto para a solução dos problemas da sociedade. Exibem-se arautos da moralidade pública, símbolos de retidão.

O PT tem comido o pão que o Diabo amassou às custas do caixa 2 que resolveu instituir nos moldes desenvolvidos pelo PSDB mineiro, tanto que lá foi buscar o seu coordenador Marcos Valério. O custo é o que vemos, transformado o irregular e ilegal custeio de campanhas políticas em 'mensalão'. 

De arrebanhamento de recursos viu de uma hora para outra tornada a prática comum em corrupção. E paga por isso. Porque assim definiram inúmeras vestais da política nacional. Algumas andam despencando, aos poucos que seja, como exemplos mais imediatos o ex-senador do DEM Demóstenes Torres e na esteira vão surgindo os integrantes de outra frente, a que integra o tucanato paulista.

Têm, ditos moralistas, encontrado o beneplácito da denominada grande imprensa. Que passa ao largo de ruas e avenidas onde estejam integrantes do PSDB, DEM ou PPS. E apoiados em clássicos engavetadores encastelados em instituições que convivem com o dever de desengavetar, a exemplo alguns titulares da Procuradoria-Geral da República.

Não sabemos os desdobramentos. Mas uma esquecida investigação- guardada com carinho nos escaninhos de Roberto Gurgel - parece que será desengavetada pelo atual titular da PGR, Rodrigo Junot. Algumas evidências(?) envolvendo o DEM do Rio Grande do Norte, onde pode estar envolvido o paladino Agripino Maia.

Tudo contido em matéria da IstoÉ que está nas bancas. Melhor, para o leitor, conhecer a origem acessando http://istoe.com.br/reportagens/340577_CAIXA+2+DEMOCRATA?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

Ainda que pareça precipitação, pelo menos por enquanto podemos anunciar que as vestais estão em chamas.

à espera dos bombeiros de sempre.


sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Samba

Doido
Stanislaw Ponte Preta, no segundo quartel da década de 60, protagonizou aquilo que o tropicalismo denominaria no imediato de 'Geleia Geral' (1968) -expressão de Décio Pgnatari, título de composição de Torquato Neto e Gilberto Gil - a partir do "Samba do crioulo doido" (1968). Já não bastava a Stan o Febeapá - Festival de Besteiras que assola(va) o país. A coisa desandara para pior. O samba era a profecia e Stanislaw o seu profeta.

Nos vem à oportunidade essa 'geleia' a propósito de uma declaração do governador e presidenciável Eduardo Campos proferida em terras baianas quando filiava Eliana Calmon ao PSB. O ilustre personagem criticou veementemente o governo Dilma Rousseff por considerá-lo guinado ao conservadorismo diante da aliança que estaria a sustentá-lo.

Sentimos de imediato a cabeça zunir e uma nuclearização de estrelas e pirilampos no entorno deste pobre escriba. Transtornado fomos buscar registros recentes de alianças.

Procuramos expoentes conservadores antes encastelados no PSDB, no DEM, no PPS liderados por ideólogos da estirpe de um Heráclito Fortes e Jorge Bornhausen.

Onde estão? Onde? Onde? No PSB de Eduardo Campos!

Um pouco aliviado nos acalmamos e estamos em transe para tentar (re)compor um novo samba: o "samba do Eduardo doido".


Raízes

Da desigualdade
A relatora especial das Nações Unidas para Água e Saneamento, Catarina de Albuquerque, manifestou sua estupefação com a desigualdade presente no Brasil no que diz respeito à sua área de atuação. Num mesmo país a cobertura de esgoto com tratamento varia entre 93% e 5,5%.

Para uma economia que apresenta índices civilizados de oferta de emprego (atualmente em 4,6% os desempregados), situando-se no patamar de sétima ou oitava do planeta, não deixa de ser grotesca a realidade posta no quesito saneamento básico. 

Mas, antes de qualquer observação mais exigente, veremos que a desigualdade é um fenômeno de natureza atávica no país de 500 anos. Desigualdade há na distribuição de renda, entre a menor e a maior remuneração paga, na tributação etc.

Cobra-se das autoridades políticas públicas concretas para reduzir tal absurdo. Entretanto se uma ou outra enfrenta o problema de imediato é atacada justamente por aqueles que mais se beneficiam da desigualdade que criam.

Temos uma ordem normativa elaborada para manter desigualdades, quando a maioria do Congresso corresponde à representação justamente das minorias que as alimentam.

O prefeito de São Paulo resolveu administrar aquilo que se denomina afetação da mais-valia. Para o leigo melhor entender: o poder público investe em áreas que traduzem maior agregação de valor aos imóveis particulares; ou seja, com investimentos de toda a sociedade algumas áreas são mais beneficiadas ao traduzirem valorização - às vezes desmedida - a imóveis sem que haja correspondência no âmbito da arrecadação tributária. A lei geral admite instrumentos como a Contribuição de Melhoria para corrigir tais distorções. Mas a CM não é o único meio.

O recadastramento imobiliário detecta as distorções. Razão por que reformulações no Código Tributário dos municípios se impõem através da viabilização de majoração das alíquotas de IPTU.

O que ora ocorre em São Paulo no início deste milênio repercutiu em Itabuna. A administração de Geraldo Simões (2001-2004) promoveu um recadastramento imobiliário e detectou absurdos como determinado contribuinte recolher aos cofres do município sobre apenas a área nua do terreno quando sobre ele havia construção que variava de térreo a dois, três pavimentos aéreos.

O ajuste de tais irregularidades gerou uma campanha de que havia um aumento "abusivo" do IPTU, quando não era verdade. Um punhado de beneficiados, muitos da classe média alta, engrossavam o coro de descontentes.

Em São Paulo o coro declara a existência de um aumento no IPTU como se fora generalizado, quando não o é. Apenas aqueles que entendemos integrarem áreas que correspondam a beneficiárias de investimentos públicos que estejam alcançadas pela afetação da mais-valia não suscetível de correção pela Contribuição de Melhoria.

Tenha o leitor a certeza de que o choro não vem de pequenos ou médios proprietários. 

Com este último exemplo podemos ilustrar como caminham as desigualdades no país. Um país que escolheu o Sudeste - posteriormente o Sul - para aplicar a riqueza arrecadada e negou às demais regiões o mínimo que lhes possibilitasse ingressar no 'primeiro mundo'.

Enquanto não houver uma reforma tributária que determine a tributação da renda, da riqueza e da herança para contribuir com a desoneração do consumo não deixaremos de conviver com absurdos como os observados pela relatora da ONU para Água e Saneamento.

Escandalizada ficou com a ponta do iceberg. Caso descubra mais uma parte do fenômeno certamente não terá coração para resistir.