domingo, 31 de março de 2013

De Rodapés e de Achados - Dia 31 de Março de 2013


Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS

Quando um tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode explicar tudo e ir um pouco além
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Cravo neles!
Cientistas do Inpa desenvolvem inseticida feito com cravos-da-índia (do G1). 60 cravos misturados em uma xícara grande água, tudo batido no liquidificador, resultam num produto que matou, em laboratório, larvas do Aedis em 24 horas.

Só restará a iniciativa
A Comissão da Verdade, que teve prazo fixado em dois anos para concluir seus trabalhos, se encontra sob fogo cerrado. Antes, o acesso a documentos se tornava o entrave maior; hoje, nem tanto. Algo já veio à tona. Mas, muito tímida a sua atuação até agora.

Pelo andar da carruagem o legado deixado estará no âmbito de ter sido criada. E pouco realizado.

Neste caminhar pouco saberemos do muito que ocorreu. Razão por que ter existido se tornará algo “do outro mundo”.

Laico, mas nem tanto
O argumento de o Estado Brasileiro ser laico, ou seja, desvinculado da intervenção das religiões, ou de uma em particular, como ocorreu durante o Império, tem levado a situações como a de alguns questionarem até o uso do crucifixo em ambientes públicos.

Uma guinada pode estar em andamento: o reconhecimento das entidades religiosas, entendidas como esta ou aquela igreja organizada em nível de representação.

Tal correrá se aprovada pelo plenário – como já o foi na Comissão de Justiça e Justiça e Cidadania, da Câmara dos Deputados – a admissibilidade da proposta de emenda à Constituição nº 99/11, de autoria do deputado João Campos (PSDB-GO), incluindo as entidades religiosas no universo daquelas que podem propor ação direta de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade junto ao Supremo Tribunal Federal. (Do sítio da Câmara).

Hoje a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil e a Convenção Batista Nacional estariam entre as entidades com legitimidade para questionar uma lei junto ao STF.

Falta avançar em outra vertente: cobrar tributo dos templos, como ocorre em alguns países civilizados.  

Difícil de explicar
Muito difícil de explicar, já que justificativa não há sob a ótica da redução de custos. Na Paraíba, o Ministério da Integração Regional, através do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca), decidiu utilizar cisternas de plástico em lugar das tradicionais de placas de cimento. O detalhe fica no custo de uma e outra, com equipamento e instalação: a de polietileno 5,9 mil reais; a de cimento, 2,2 mil. Detalhe: as de polietileno já instaladas já deram problema técnico, como rachaduras etc.

A denúncia vem de famílias e organizações de agricultores da região do Polo da Borborema, do sítio Aspta.org.br.

Resolvemos transformar em números o absurdo cometido: como o universo de beneficiados nos municípios a ser atendido consumirá 300 mil cisternas temos uma diferença entre 1,5 bilhão de reais (polietileno) e 660 milhões (de cimento). Praticamente um gasto desnecessário de 840 milhões de reais, o que possibilitaria a construção de outras 420 mil cisternas.

Registre-se que a instalação de cisternas de placas de cimento concentra na região, beneficiando diretamente a população local, os recursos financeiros que ora passam a se destinar à indústria de plástico.

O expressado por José Camelo, coordenador da Aspta-Agricultura Familiar e Agroecologia, “Até 2011, 7.146 famílias foram beneficiadas nos 14 municípios da região do Polo da Borborema, isso significa 14 milhões de reais injetados na economia local; se essas cisternas fossem de polietileno, este recurso iria, na sua maior parte, para uma única multinacional com sede em São Paulo”.

A moderna indústria
A denominada “indústria da seca” se notabilizou por utilizar a tragédia em fonte de enriquecimento para a casa-grande, nordestina em particular.

Pequenos açudes a aguadas que davam trabalho e mísera remuneração ao sacrificado retirante que perambulava em busca de comida naturalmente eram construídos em terras que não lhe pertencia.

Na modernidade do plástico as cisternas de polietileno passam a se constituir a contemporânea “indústria da seca”.

Cisma
Declara o senador Cássio Cunha Lima SUS preferência pela candidatura do colega Aécio Neves, pelo PSDB (Do PBAgora). Opinião que poderia ser interpretada pela proximidade geográfica e, talvez, um certo ranço retirante diante de José Serra, paulista de costados. Sua complementação, no entanto, não deixa dúvidas quanto ao que ora acontece no seio do tucanato: “há um constrangimento quase generalizado dentro do PSDB com a postura recente de do ex-governador e ex-presidenciável José Serra”.

O desgaste é grande e pode levar Serra a deixar a sigla (por não ser o candidato a presidente pelo PSDB). É o que afirmam analistas. Pode sê-lo a Governador de São Paulo. Não pelos tucanos, que tentarão reeleger Alckmin.
Para quem já foi absoluto não deixa de ser um desgaste.

Que mais fragiliza os tucanos, às vésperas do pleito de 2014.

E como o pentecostal José Serra é dado a segurar imagens de Nossa senhora Aparecida, ou mesmo proferir orações de fazer inveja a Malafaia em templos evangélicos, sua saída não se constituirá em divisão, mas cisma.

Outros tempos
Ronaldo Nazário, o Ronaldinho, comentará, para a rede Globo, a Copa de 2014. Caso João Saldanha estivesse vivo certamente perderia espaço para o artilheiro da Copa de 2002, quando prevalecesse a lógica da mídia de resultados (financeiros).

A distância entre ambos, no entanto, é de anos-luz. Mais a registrar a descredibilidade que vai ocupando o jornalismo esportivo.

Família, a nova empresa
A antipática declaração da então senadora Benedita da Silva (PT), de que quem não pudesse não contratasse domésticas, vai adquirindo realidade.

A unidade familiar, como tal, torna-se similar à empresa no que toca aos direitos oriundos da relação de emprego, incluindo FGTS e horas extras.

O detalhe fica na circunstância de que, diferentemente da empresa, a família não tem como repassar o custo para o consumidor.

Editor no horizonte
Mal dormita Eduardo Anunciação nas planícies da Eternidade e já anunciada a publicação de livro sobre ele, a ser lançado no próximo dia 28 de julho. É o que nos disse Marco Wense. O autor da façanha de descobrir e publicar segredos de “Gaguinho” é o nosso valoroso escriba – escrevendo em regime de escala – Daniel Thame.

Vai precisar de editora. Não tarda a montar.

Ainda há tempo
As críticas à administração municipal, às vésperas dos 100 dias da posse, devem ser encaradas como um alerta, acendida a luz amarela. A admirada construção do primeiro escalão, que não mais repercute como antes, nestes três meses não encontrou correspondência nos segundo e terceiro. E estes são os que realizam a gestão.

A relação com a Câmara de Vereadores pode destruir o projeto, ainda não trazido a público, do prefeito eleito como esperança de melhores dias.

Que neste instante aparece como persona distinta. 

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DE RODAPÉS E DE ACHADOS é uma coluna do autor publicada semanalmente em www.otrombone.com.br

sábado, 30 de março de 2013

Oportunidade

Para manter a tradição
Nos idos em que a comunidade mais se aproximava e mais se conhecia o ‘testamento de Judas” era elaborado a cada dia, ansiado pelas testemunhas que o ouviriam para conferir se fora justo e tudo traduzira.

Não faltava uma delicada troca de tapas, em fez de farpas, quando algum segredo – comumente de alcova – vinha à tona e o fato, já tornado público e notório, encontrava a escancarada assunção da autoria no dito cujo que não aceitava a “insinuação” ou “tomava as dores” do nominado.

Particularmente, as administrações e gestores tornaram-se o prato cheio no correr dos anos, destinatários de atenção especial. Olheiros e puxa-sacos do administrador de plantão contorciam-se na indignação de verem as chefias alvo do testamento. Comumente por serem eles a razão.

A tradição da Malhação do Judas, introduzida no Brasil por espanhóis e portugueses (não temos como afirmar que o “testamento” tenha a mesma origem, na dimensão adquirida no Brasil), encontra em Câmara Cascudo - nos vem à mente aleatoriamente - a conclusão de conter uma manifestação tradicional a inserir-se no contexto cultural sob um ritual de extrema significação e complexidade, onde presente a expressão do mal e a liberação do homem para fazer destinos.

Nele, assinala Cascudo, há de ser ressaltado o aspecto dionisíaco, a folia, a festa. Certamente aí a força do "testamento", ocupando o espaço antes limitado a lembrar a traição de Iscariotes relatada nos Evangelhos.

Mas, como o vinho na França, a “Queima de Judas” não mais repercute com a força de antanho no sábado de Aleluia. Não mais atrai multidões. Prende-se, onde e quando ocorre, no anedótico da oportunidade.

No entanto, torna-se imperativo, quando fatos há que reforçam a indignação e entalam a garganta do povo. O “testamento” é a válvula de escape, a resposta comum, unitária e indistinta.

Em Itabuna, ao que parece, não falta motivo para manter a tradição.


sexta-feira, 29 de março de 2013

Tradição

Em queda
Da BBC News em Paris, nos chega através do Luiz Nassif OnLine no www.advivo.com.br a informação de que a França começa a refletir sobre algo que entende grave, porque vinculado às suas raízes: o consumo de vinho está em queda.

Os estudos sinalizam para o fato de que nas três últimas décadas os francesas saíram de um patamar de 51% de adultos que consumiam diariamente o néctar dos deuses (em 1980) para 17% na atualidade. Com o agravante de que hoje a proporção de franceses que nunca bebem vinho dobrou no mesmo período, alcançando os 38%.

Os dados são do FranceAgriMer, órgão que supervisiona as políticas do Ministério de Agricultura e Pesca e remetem à possibilidade de que aquela gente, por demais exigente (para não dizermos intransigente) na defesa de seus valores e tradições, esteja a perdê-los, o que pode configurar uma ferida aberta na identidade nacional.

Pelo menos, essas as preocupações imediatas. De nossa parte, queremos entender que, naturalmente, quem mais se ressente não é a cultura de França mas a indústria vinícola.

Essa a leitura que fazemos, a partir de dados contidos na matéria: em 1965 o consumo per capita estava em 160 litros/ano, decrescendo para os atuais 57 e despencará para 30 nos próximos anos.

Como elemento da identidade cultural o consumo de vinho deixou os ambientes frequentados pela nobreza e o clero em torno da monarquia com a Revolução de 1789, que o estendeu ao povo, retirando dele a imagem aristocrática e, inegavelmente, impulsionou a economia francesa nos séculos seguintes. 

Não neguemos que, sob este aspecto, contribuiu para a afirmação do movimento na construção do imaginário popular de uma autoestima amparada na igualdade, como ideal revolucionário, ao lado da liberdade e da fraternidade.





Oportunidade

Tecnológica
Não perdendo a oportunidade, ao custo de 20 dólares, o mercado disponibiliza um típico iBafômetro, através do Breathometer, um sensor para ser plugado na entrada para fones de ouvido de um iPhone ou mesmo um telefone Android para medir o nível de álcool de quem o usa.

Em nível de Brasil perdeu utilidade em relação à direção veicular, a partir da nova legislação, que não mais admite qualquer teor alcóolico no sangue, por mínimo que seja.

Pode ser útil em outras circunstâncias, como a que aqui sugerimos: aprender a controlar a bebida, utilizando a variação do índice na roda de prosa e consumo. Para os casos de dor de cotovelo, melhor ainda; para evitar o suicídio, no caso de paixão irreversível em fase de superação pela terapia do copo ou da taça.

Não podemos afirmar se dará certo, além da ludicidade que a iniciativa enseja.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Euforia

FHC na ABL
O tucanato está eufórico. Fernando Henrique Cardoso tem tudo para se tornar membro da Academia Brasileira de Letras. Nada contra, diante das últimas espécies da fauna que passou a ocupar a casa de Machado de Assis. Tampouco é exigida firmeza idealístico-ideológica.

A euforia que ora registramos – ou, diríamos, a vingança tucana tarda mas chega – reside no fato de que um tal nordestino e metalúrgico, que deu de se tornar presidente da República e anda muito elogiado mundo a fora, nunca alcançará o laurel.

O detalhe fica na voz rouca da turma que está a lembrar que FHC nada tem escrito ou dito que justifique a indicação depois daquele “esqueçam o que escrevi”.


quarta-feira, 27 de março de 2013

Haja em nós

A luz
A editoria de O Trombone descobriu, assim nos parece, uma forma bastante interessante de chamar a atenção para notícias que não nos interessam diretamente: um título. Na esteira da descoberta trouxe para sua manchete na terça 26 texto publicado por Ederivaldo “Bené” Benedito que envolve sonho de muito itabunense, ilheense etc. etc., com a chamada que exige leitura imediata: “MPF aciona ex-prefeito e ex-secretário de Saúde por desvio de quase 2,4 mi”.

Cai-se no laço, sem mesmo dimensionar o valor posto no título, e descobre-se que o lide não nos diz respeito. Ex-prefeito e ex-secretário de Saúde são de município inteiramente fora de nossa área de influência e sabemos de sua existência mais porque o time de futebol que leva seu nome ocupa às vezes espaço na mídia que divulga o campeonato baiano de futebol.

Só então percebemos que o que nos interessa envolve valores de 7 a 17 milhões para uns, de bem mais para outros.

Mas, depois do impacto, a esperança. De que o MPF, lucífero, descubra que somos filhos de Deus também.



De piadas e de abastecimento

Piada de sergipano
Sergipe, leia-se sergipano, já foi – não afirmamos que ainda o seja – fonte de anedota. Algumas até de cunho preconceituoso. Há algum tempo pouco se ouve em torno do tema. Até que surgiu uma nova peça a instruir o anedotário.

Alimenta o folclore recente a informação de que uma juíza sergipana (ou do Judiciário sergipano) acatou denúncia do Ministério Público contra um jornalista pelo crime de haver escrito um texto ficcional, ainda que reconheça em seus despacho estar ele (o texto) na primeira pessoa e não fazer qualquer referência a nomes, locais, datas, cargos públicos etc.

Mas, por presunção (só assim seria possível) o jornalista estaria a se referir ao governador Marcelo Déda.

Para nós tudo não passa (na cabeça da magistrada) de inversão do ônus da prova em matéria penal ou mesmo de alguma interpretação em torno do domínio do fato.

Coisa assim de STF e não de piada de sergipano.

Mas, tem gente afirmando que é piada!

Abastecendo o mercado
A Polícia Federal desvendou um esquema de policiais do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) de São Paulo, alvo de investigação por desvio de 3 toneladas de cocaína apreendida. Alguns estão presos. (Do Estadão).

O esquema funciona(va) desde 2004 através de um processo elementar: “homens do Denarc atraíam traficantes internacionais para São Paulo para sequestrá-los e achacá-los, além de roubar a droga e revendê-la a bandidos amigos”.

Naturalmente não havia melhor fornecedor! (Não esqueçamos que aquele traficante colombiano já dera a pista!).

Ainda bem que na Bahia tais coisas não acontecem! Graças ao Senhor do Bonfim!


terça-feira, 26 de março de 2013

Ocupando espaço

E fazendo o nome
A administração municipal de Salvador, leia-se ACM Neto, não se vê planejando e atuando com o olhar no retrovisor. Em que pese  haver herdado uma das mais caóticas gestões (pelo menos o alardeado em prosa e verso), já no primeiro mês disse a que veio e ocupa espaço positivo no imaginário do soteropolitano.

Com ações inteligentemente voltadas para conquistar a população acaba de lançar o "Domingo é meia", programa de governo através do qual a população aos domingos pagará apenas meia passagem. ACM Neto será cantado e decantado.

Com justiça.

Melhor exemplo o de Itabuna
Em Itabuna a administração Geraldo Simões, tanto na primeira gestão (1993-1996) como no início da segunda (2001-2004) implantou - a partir das reformas que realizou no trânsito e no tráfego, incluindo licitação para nova empresa de ônibus - um sistema de transporte gratuito nos domingos e feriados.

O itabunense utilizava o transporte coletivo sem pagar qualquer tarifa. Obviamente, tudo estava embutido no custo da tarifa oficial. Mas a população que usa o transporte público era a grande beneficiada.

Deixou de oferecer o transporte gratuito quando o vandalismo passou a ocupar e depredar os veículos, o que ocorreu no início da segunda gstão.

Ficou um detalhe, inserido na planilha de custos das empresas: a remuneração pela oferta de transporte gratuito em domingos e feriados. Que hoje o povo paga sem utilizar.

A realidade é que enquanto ACM Neto fará nome com a meia passagem (apenas nos domingos), o feito de Geraldo Simões nem mesmo é lembrado.

Injustiça.

E o povo paga, injustamente, por aquilo que não recebe.


Lamentável

Vocação
Tempo houve em que o munícipe acompanhava direta ou indiretamente a atuação de seus legítimos representantes no Legislativo Municipal, para vê-los discursando em defesa de soluções para a comunidade, apresentando propostas e indicações que repercutissem em obras para a sociedade, não fora o natural exercício da função fiscalizadora. Na história do legislativo municipal houve os que se fizeram eternamente lembrados pela força de seus discursos e defesa de suas opiniões, ideias e convicções.

Os tempos mudaram. Para pior. Discurso de parcela significativa de vereadores é em defesa de interesses individuais. A Câmara Municipal de Itabuna, por exemplo, à luz do que lemos e ouvimos, tornou-se um apêndice do Poder Executivo, através da qual cargos são distribuídos a Suas Excelências como se fora cesta básica em tempo de calamidade pública.

Pedir cargos junto ao Executivo tornou-se assim sinônimo de vereança. Em decorrência, de prestígio, visto que quem mais pede e atendido seja demonstra força.

Nesta lamentável vocação, eleger-se vereador na atualidade não mais é discursar e postular em defesa do povo mas abrir espaço para pedir e ocupar cargos no Poder Executivo para amigos e apadrinhados.

Passaram a agir como "famélico abutre junto a pombas de paz!", como textua o portugues Silva Gaio (1830-1870), em Mário - Episódios das Lutas Civis Portuguesas (p. 146, da edição de 1924). 

E diante da famélica conduta, de padrinhos e apadrinhados, haja pomba para tanta fome! Ainda que pombas sejamos todos os que alimentam o erário que os sustenta.


segunda-feira, 25 de março de 2013

Mortes

Anunciadas
A morte do professor de dança Moab Andrade, no último sábado 24, eletrocutado no distrito de Ferradas, esconde um segredo, que ainda não ultrapassou os limites de onde ocorreu o acidente.

Segundo informações oriundas de moradores o professor se deslocara com amigos para jogar bola na quadra do colégio Lourival Ferreira e, por falta de iluminação, costumavam os frequentadores colocar lâmpadas nos postes. Um deles, com fiação a descoberto, eletrocutou Moab.

Nada de mais haveria, além de uma fatalidade, se o fato não houvesse ocorrido em espaço público. Frequentado por crianças.

O sacrifício de Moab Andrade, no fulgor de seus 26 anos, pode ter evitado a morte de crianças e adolescentes que frequentam a escola e brincam na quadra.

Caso alguém não lembre disso, a morte do professor pode ser apenas uma de muitas anunciadas.

Pensamento externo

E interno
Texto do Banco Mundial, divulgado por Adir Tavares no Luiz Nassif OnLine no www.advivo.com.br (Banco Mundial: o mundo pode aprender com o Brasil) sinaliza para o inimaginável há dez anos: "Desde el 2003, el país sacó 20 milones de personas de la probreza, y con el programa Brasil Sem Miséria, pretende erradicarla para el 2015".

E prossegue: "El mundo, y América Latina, parecen mirar más a Brasil, especialmente en temas de economia, sociedad y desarrollo".

Enquanto lá fora os analistas enxergam o Brasil como o "país de referência" e que "el mundo puede aprender mucho de Brasil", essa a terra brasilis na leitura do atual projeto de Estado, o 2014 que se avizinha traz pérolas como a do candidato Aécio Neves, que anseia reencontrar o falido neoliberalismo da era Fernando Henrique Cardoso (por sinal, seu inspirador) como farol de sua campanha.

Aqui é assim: a turma confunde a busca pela alternância do poder com a busca pelo retrógrado.

Greve

À vista
Pode até não vir a ocorrer. Mas parcela do funcionarismo público estadual sinaliza a possibilidade de paralisar as atividades. Nenhuma surpresa. Afinal, os barnabés baianos acabam de saber, através de seu governador, que o aumento que deveriam ter recebido em janeiro está em banho-maria.

Sua Excelência afirma não dispor de recursos financeiros para implementar o aumento - que não passa de reposição de perdas salariais em decorrência da inflação passada. E como não bastasse a má notícia pôs em dúvida não só a data de envio de projeto de lei à Assembleia legislativa para tal desiderato como admitiu a possibilidade de o reajuste não ser retroativo à data base.

A oposição gargalha com a adesão de Jacques Wagner à sua campanha. E Lula continuará preocupado com o quadro da sucessão baiana. Que ora fragiliza o PT.

domingo, 24 de março de 2013

DE RODAPÉS E DE ACHADOS-Dia 24 de março de 2013



AdylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

 

 

Ativismo omitido

Ahmadinejad se encontra com judeus nos Estados Unidos. Judeus protestam, em Israel, contra atitudes cometidas pelos dirigentes do país contra o povo árabe. Os vídeos encontram-se disponíveis no Luiz Nassif Online nowww.advivo.com.br, postado por Diogo Costa (O encontro de Ahmadinejad com judeus nos EUA), incluindo outros mostrando a recusa de judeus em deixarem o Irã, como proposto por Israel.
Não perguntem a este provinciano escriba para explicar as razões por que a existência de tais fatos não encontra apoio da divulgação massificada da mídia. Diria, apenas para provocar, que devem os leitores que venham a nos questionar buscar a diferença entre judaísmo e sionismo.

 

 

Opção pelos pobres

A Igreja viveu momentos singulares na segunda metade do século XX. Da vocação latinoamericana para torná-la menos pompa e circunstância e mais próxima da mensagem de Cristo. Menos Cúria e mais ação e obras (“A fé sem as obras é morta”, Tiago 2,17).
A opção pelos pobres e excluídos ocupou os sermões em muitos templos e encheu de alegria e esperança milhões de fieis que passaram a viver a experiência das Comunidades Eclesiais de Base. A promessa do paraíso no Céu podia começar aqui, a partir de uma melhor distribuição da riqueza material.
Ultrapassado João XXIII chegamos a João Paulo II e Bento XVI. Nada a comentar. Além da nova opção pelos pobres... de espírito.

 

 

Ainda sobre o PNUD

O Governo brasileiro criticou os dados que sustentaram a classificação do país, mantido na 85ª posição, entre os 187 avaliados. “Não é aceitável que as nossas estatísticas, reconhecidas mundialmente, sejam ignoradas”, estrilou a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello. O esbirro levou o PNUD, através do escritório local da ONU, onde Jorge Chediek o chefia, a fazer uma simulação com base nos indicadores sobre renda, educação e saúde, para concluir, com o índice simulado, “que, de fato, o Brasil estaria na posição 69”. (“O globo revirado”, na Carta Capital n. 740).
Afastados os trocadilhos e anedotas que a nova posição pode ofertar a situação é bem mais confortável e condizente com os avanços reconhecidos pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, alimentado pela ONU.

 

 

Sem domínio

As aberrações jurídicas perpetradas em muitos votos que alimentaram muitas das condenações na Ação Penal 470, festejado mensalão para gáudio das forças que enfrentam o Governo Federal e o PT mais especificamente, envergonham não só o STF – mesmo porque alguns de seus pares não se fazem virtuosos para tanto. Inversão do ônus da prova em matéria penal, teoria do domínio do fato distorcida para corresponder ao que não existia etc.
No particular há denúncia de que Suas Excelências tendem a retirar dos votos as expressões canhestras que proferiram, em tardio mea culpa. O ministro Luiz Fux, por exemplmuroo, já sinalizou para tanto. Razão por que os advogados de alguns dos réus pretendem requisitar as gravações da TV Justiça dos votos proferidos durante o julgamento – antes que apaguem tudo.
Conhecemos uma colega de magistério que nos revelou que o que dizia o tinha como escrito com grafite, que facilmente apagava com uma simples borracha. Assim Suas Excelências, que deram de mandar fossem apagadas suas intervenções orais durante o julgamento, para justificar a exclusão dos votos proferidos.
Tanto aventaram para encontrar fatos onde não havia que perderam o domínio do fato. E para não atestarem a burrice passam a dizer que não disseram. Para tanto, apague-se a gravação.
Em memória de Agripino Grieco, reconhecem que a burrice foi tal que justificaria, quando publicados os anais do julgamento da AP 470, serem “encadernados em couro de jumento para fazer jus ao conteúdo”.

 

 

De periódicos e anedóticos

Quem se debruça sobre a Constituição Brasileira e o fizer comparando o texto original e o mais atual (porque nunca definitivo) entenderá a seguinte anedota.
Um brasileiro, destes da linha Afonso “porque me ufano de meu país” Celso, recolheu as economias e comprou o sonho de viajar a Europa. Por lá descobre a existência de uma livraria em algum lugar do Velho Continente, famosa por disponibilizar constituições de todos os países do planeta.
Envaidecido como nunca, ao ser atendido pelo proprietário (que fazia questão de ser ele mesmo o primeiro vendedor a se apresentar) perguntou se realmente era verdade que ali estavam dispostas todas as Cartas Magnas deste sofrido planeta Terra, encontrando resposta positiva, e afirmando ser esta a especialidade da empresa. Então inflou o peito, como pombo arrulhando, e disparou o que entendia ser o tiro de misericórdia em nível de importância: se o ilustre dispunha de uma constituição brasileira; ouviu, por resposta, que, infelizmente não, porque a livraria se especializara em constituições e não em periódicos.
Se publicada a íntegra das discussões e da defesa de certas teorias durante o julgamento da AP 470 muitos dos senhores ministros farão jus não só à encadernação recomendada por Agripino Grieco, mas ao título de autores do que há de melhor em anedota judiciária.
Ainda que para vergonha nacional!

 

 

Merece encadernação

“O autor de uma série de romances, entre eles Auto da Compadecida...”. Assim textua determinado observador na primeira página de conceituado sítio brasileiro. Para ele, Auto da Compadecida é romance.
Permitimo-nos não fazer referência ao sítio (pelo respeito que lhe temos), tampouco ao autor da pérola que transforma a poesia teatralizada e cordelística de Ariano Suassuna em romance na peça reconhecida como “o texto mais popular do moderno teatro brasileiro”, como o vê Sábato Magaldi.
No entanto, para ele, autor – não Ariano – dedicamos o troféu Agripino Grieco, conterrâneo de Suassuna, que certamente recomendaria o texto editado no sítio à encadernação em couro de jumento para fazer jus ao conteúdo.

 

 

Estranho! Ou “minha vingança será malígrina”

A última pesquisa Datafolha de intenções de votos para presidente em 2014 (realizada entre os dias 20 e 21 de março) omitiu na estimulada o nome de José Serra entre os prováveis candidatos, disponibilizando aos entrevistados apenas Aécio Neves como nome do PSDB, que oscilou de 12% para 10%.
Ainda que haja a probabilidade de Serra não ser candidato é – no presente instante e até que declare expressamente não sê-lo – um nome conhecido, além de vinculado ao tucanato, muito mais forte para fins de pesquisa que Aécio, não fora a evidência de estar nos últimos processos eleitorais, a partir de 2002.
bentoDuas especulações: ou a Folha de São Paulo, espaço sempre aberto a José Serra, está queimando-o ou o faz em relação a Aécio.
Ou, muito provável, que esteja antecipando algum acordo secreto do qual tomou conhecimento. Não à toa, apenas ainda especulando, Eduardo Campos (que oscilou de 4% para 6% na estimulada) andou conversando secretamente com José Serra e Geraldo Alckmin. Nesta de buscar um palanque em São Paulo pode servir ao propósito de Serra de responder ao que ele considera traição de Aécio em 2010.
Tido para os chargistas e gozadores como “cocheiro de vampiro” José Serra bem pode estar tirando uma de Bento Carneiro e pondo em andamento uma “vingança malígrina” contra Aécio Neves.

 

 

Sucesso

Nessa de o ministro Joaquim Barbosa candidatar-se a presidente da república ficamos a imaginá-lo eleito e comandando uma reunião ministerial ou participando da composição do governo para assegurar a governabilidade.
Caso gravada em vídeo será sucesso internacional!

 

 

Caixa de bondades

MacDonald’s não é caixa de bondade, com coisas como Mac dia feliz – ajudando crianças com câncer quando mais ajuda a difundir o mal com sua gordurama – e acaba de ser condenado na Justiça do Trabalho, em Recife, em decisão que se estende a todo o país, atendendo à ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho por várias irregularidades, dentre elas obrigar os funcionários a consumirem como lanche apenas os “lanches” do restaurante.

 

 

Referência I

Itororó oscila no termômetro da história. De reduto gerador de políticos (chegou a ter dois deputados estaduais e um federal, simultaneamente, no final dos anos 70 e início dos 80) à construção de uma marca – a carne-de-sol – vive o torvelinho e o astral negativo decorrente da perda de empregos diante do encerramento de atividades de três pólos da Azaleia instalados no município, não fora a influência que nele repercutia um quarto, em Bandeira do Colônia. Tal realidade retirou do mercado de trabalho cerca de três mil moradores que dependiam da indústria com graves consequências para o comércio.
No entanto, há alguns anos, Itororó tem sido referência no surgimento de mesatenistas quando por lá iniciou um trabalho o dedicado Ednaldo Fernandes de Souza, premiado baiano no ranking nacional, onde conhecido como mestre “Didi da Bahia”.
Não fora outros alunos que deixaram a carreira pelo caminho, como Ueslei Néri, Itororó hoje ostenta o orgulho de possuir, no ranking nacional, um dos 15 melhores mesatenistas na categoria Juventude, Rafael Rocha, e o imbatível mestre Didi da Bahia, na categoria Veterano.
Desta vez, pelo menos, a Prefeitura tomou a louvável iniciativa de patrocinar Ednaldo Fernandes para que dê continuidade ao seu trabalho, voltado para a formação de novos mesatenistas para o ranking baiano e nacional.

 

 

Referência II

tenistas de mesaAinda que uma referência reconhecida, o trabalho de Ednaldo encontra a maior dificuldade na inteira ausência de patrocínio, o que dificulta o aperfeiçoamento dos atletas, visto precisarem não só de centros de treinamento mais aprimorados, como mais disputas em torneios oficiais, o que demanda recursos, que na maioria das vezes, não dispõem. São viagens e equipamentos.
Rafael Rocha, 19 anos, por exemplo – medalhista na primeira etapa do Circuito Copa Brasil, ocorrida em Brasília neste início de março, com a de ouro (foto da premiação, ao lado) – teria tudo para defender a equipe brasileira na Olímpiada de 2016 se encontrasse apoio para treinar em centros internacionais, a exemplo da China, hoje a maior referência em tênis de mesa do mundo.

 

 

Imbatível

tenis de mesa2
Nos últimos anos o tênis de mesa de Itororó ostenta uma outra referência, ainda que não reconhecida na dimensão merecida: Ednaldo Fernandes é o campeão brasileiro na categoria Veterano V6 desde o início dos anos 2000.
O imbatível Ednaldo “Mestre Didi da Bahia” Souza (ao fundo), aqui enfrentando Rafael Rocha (respondendo à jogada).

Para o mestre Ednaldo a criatura (Rafael) já supera o criador.

 

 

 

A serviço de que e de quem I

A Lei Federal 6.454, de 24 de outubro de 1977 veda a atribuição de nomes de pessoas vivas a bens públicos de qualquer natureza pertencentes à União. De imediato deduz-se que a vedação respeita a autonomia dos denominados entes que integram a Federação, dentre eles os municípios, o que significa dizer, no âmbito municipal, que a matéria está adstrita aos limites dos interesses locais e como tal, suscetível de legislação própria. Em outras palavras: cabe a cada município legislar sobre o assunto, visto que a lei federal não o obriga a tal.
Polêmica surge no âmbito do município de Itabuna, partindo de atuação do Ministério Público Estadual, voltada para retirar nomes de pessoas vivas de espaços e entidades vinculadas à municipalidade.
Por exemplo, visado está o denominado Teatro Sala Zélia Lessa.

 

 

A serviço de que e de quem II

Registramos em nota no nosso Rastilhos da Razão Comentada, emhttp://adylsonmachado.blogspot.com, que muitos começam a questionar em torno do que leva “o Ministério Público Estadual, como custos legis, a investigar ou atuar em torno do (des)cumprimento de legislação municipal (caso exista) que em nada afeta interesses coletivos amplos como a Saúde e o Saneamento, o Transporte Urbano, a Educação ou o Meio Ambiente”.
A considerar, dois aspectos em nível de especulação: caso não exista lei municipal disciplinando o tema o Ministério Público não encontra respaldo legal através da lei federal; caso exista legislação municipal cabe verificar se houve alguma provocação de munícipe ou se o MP age como fiscal da lei municipal.
Partimos do pressuposto de que há lei municipal em torno do tema, ou seja, proibindo atribuir o nome de pessoas vivas a bens públicos de qualquer natureza pertencentes ao município.
Até que encontremos uma razão plausível, e diante de tanta coisa que há para o Ministério Público fiscalizar em Itabuna, parece-nos mais falta do que fazer. Ou, como especulam alguns, rescaldo do período eleitoral. À época os candidatos que se tornaram os atuais dirigentes quase chegaram a ser presos em plena campanha política.    
De uma coisa muitos estão certos: o menos interessado com a iniciativa do MP é a população. Que não está nem aí! Mesmo porque em nada será beneficiada e vê na iniciativa do MP pura bizantinice, assim como discutir sexo dos anjos.

 

 

Para dizer que temos música

Antológicas gravações em quatro raros discos de vinil, dos quais tínhamos “Do Romance ao Galope Nordestino” (1974), “Aralume” (1976) e “Quinteto Armorial” (1974), faltando-nos “Sete Flexas” (1980), todas pela Marcus Pereira.
A iniciativa de Ariano Suassuna no início dos anos 70 voltada estava para uma música de câmara, de caráter erudito, centrada em raízes populares do Brasil, mais especificamente nordestinas, traduzindo a preocupação com os valores culturais que enriquecem o Nordeste, em sua dimensão provençal-bachiana, estendido o movimento a outras artes como gravura, pintura, tapeçaria, cerâmica, escultura, poesia, romance, teatro e dança. Dele participou, em sua formação inicial, o multiinstrumentista Antônio Nóbrega, ao lado de Antônio José Madureira, Egildo Vieira, Fernando Torres e Edson Cabral.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum