quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Da crise

Ao espetáculo

Há pouco, com aquela considerada última aparição de Ratzinger como Bento XVI, consumada a renúncia papal. Em meio aos profundos conflitos de que emerge, o gesto do agora Papa Emérito, tornou-se não a explosão de fatos graves, mas um espetáculo midiático.


Da crise ao espetáculo fica, no entanto, com o gesto concreto, a denúncia de que a Igreja Católica Apostólica Romana não tem somente a Fé que transmite aos seus fiéis como suporte para enfrentar as mazelas terrestres, mas - e principalmente - a Cúria do Vaticano. Ou seja, um lado de pouca fé.

 

Talvez seja este o maior legado da renúncia papal: mais que promover as reformas - que poderiam emperrar-se no próprio processo de execução - mostrar quão difíceis são para um homem comum, investido no poder temporal por um conclave, mudar o que existe como fundamentos do próprio poder. Confessa que tal desiderato é trabalho para a Divindade.

 

Papa humanum est. Como muito da natureza humana os podres encerrados no Vaticano.


Ultrapassado o espetáculo, o retorno à crise.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Solução

De sempre
Volta ao noticiário a peça ensaiada há meses: o Shopping Jequitibá "estuda" a possibilidade de cobrar pelo estacionamento. Não seria iniciativa local, mas uma tendência nacional.

Sinal de novos tempos. A oferta de estacionamento sempre foi a melhor propaganda e o chamamento para levar o consumidor a tais espaços. Pode-se afirmar que se constituía numa das ferramentas mais convincentes.

No caso itabunense a oferta de vagas no Jequitibá cai a cada expansão, como se houvesse madeireiro capixaba na administração munido de serra elétrica; para mais lojas e mais público consumidor menos espaço para estacionar; e não se diga que tal não ocorre quando pretende ampliar a oferta de serviços. Para construir a torre comercial não dispensou ocupar o espaço do solo, antes destinado aos que o buscavam.

Mas, é da essência do capital quando não encontra freio estatal, dentro da concepção do livre mercado, a força invisível que nos "ampara" a todos: possibilidade de mais ganho, ganhe-se. E dane-se o resto, pruridos e quejandos tais.

Nos vem à mente, a propósito, uma proposta embutida no acordo MEC-USAID, no imediato do golpe militar (idos 1965-1966 para as batalhas campais) já consolidado com a "eleição" de Castelo Branco, trazendo de roldão a redenção nacional e a abertura ao capital que se tornou amplamente especulativo/explorador com o aperfeiçoamento da teoria, que deram de denominar neoliberalismo.

A grande meta do MEC-USAID (Ministério da Educação e Cultura-United States Agency for International Development) - que se dizia destinado à reforma do ensino brasileiro - estava em privatizar o ensino universitário. Tudo começaria - para não espantar a freguesia - com o pagamento de taxas simbólicas que visavam desenvolver a cultura da cobrança em torno do que antes nada custava até alcançar a glória de as universidades públicas cobrarem mensalidades para os cursos oferecidos.

Na época não deu certo. Os estudantes enfrentaram a repressão, muito cassetete choveu no lombo da turma, mas a proposta não vingou.

Apenas aguardou o neoliberalismo de FHC para a consumação do ideário.

Como aguardaremos a solução de sempre que será trazida pelo Jequitibá. Uma virtude dos tempos atuais, no entanto: não haverá necessidade de distribuição de "fanta" porque a freguesia já está acostumada.


Lugar comum

Idolatrado
A visita de Yoani Sanchez ainda faz notícia. Ontem vimos parte de sua entrevista no Roda Viva, da Tv Cultura. Mudamos de canal, refletindo em torno de dois aspectos: o primeiro, o que motiva uma rede pública a exibir a cubana que repete chavões de décadas, apenas travestidos de "liberdade de expressão"; o segundo, o que a torna musa de uma encantada parcela da imprensa e da elite (a simbiose é plena) que já conhece o discurso há décadas.

Simplesmente por dispormos das mesmas respostas, conhecidas há décadas, o controle remoto se mostrou de imensa utilidade.

De Rodapés e de Achados- 24 de fevereiro de 2013


AdylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

Mantendo a natureza

Bento XVI voltará a ser Joseph Ratzinger na próxima quinta 28. Assim antecipou. No vácuo entre o anúncio e o dia aprazado, assegurou novo dirigente para o Banco Vaticano e mesmo transferiu para a Colômbia, como Núncio Apostólico (embaixador), bentoum de seus braços direitos, Ettore Balestrero, então subsecretário de Estado do Vaticano, em meio às especulações sobre o contido em relatórios que se referem a escândalos da Santa Sé.
Para quem se dizia com a saúde em frangalhos, a ponto de a fé não mais ajudar a carregar a cruz, podemos entender o lapso entre o anúncio e a efetivação da renúncia como suficiente para promover alguns lances no tabuleiro de xadrez que temia não poder fazê-lo se permanecesse.
O tempo dirá se jogou a contento da Igreja ou dos interesses dos que alegou enfrentar. Ou, quem sabe, apenas manteve a sua natureza, como o escorpião da fábula.

Omissão

A presença de Yoani Sanchez, a blogueira cubana exibida como paradigma de luta pela liberdade de expressão etc. etc. etc., esconde uma circunstância omitida pelo noticiário das grandes redes do escrito, do televisado e do radiofonado: ainda que vivendo em Cuba – destino de todas as críticas por ainda manter um regime socialista, o que faz há mais de 50 anos – se encontra desancando o que entende por desancar, para gaudium et spes (em tempos de Vaticano em evidência maior, nada melhor que lembrar de uma encíclica, cujo título se faz da própria expressão que inicia o texto, então promulgada por Paulo VI em 1965) dos que anseiam o retorno da ilha às maravilhas de antes da revolução triunfante em 1º de janeiro de 1959.
Diferente, muito diferente, de Bradley Manning, soldado do exército estadunidense no Iraque que andou denunciando atrocidades cometidas pelos Estados Unidos (dentre elas o ataque de um helicóptero a civis em 2007, em Bagdá), “enjaulado” em condições subumanas na base de Quantico, na Virgínia, desde maio de 2010, e que corre o risco de, simplesmente, ser condenado à morte.

Utilidade pública

Pesquisa na Grã-Bretanha revela que o mosquito da dengue aparenta haver desenvolvido resistência a um princípio ativo presente na maioria de repelentes comercializados no mundo, incluindo o Brasil. A substância conhecida como DEET, ou dietiltoluamida, que age interferindo nos receptores sensoriais de mosquitos, pernilongos, muriçocas e borrachudos inibindo-os do desejo de picar. (BBC Brasil).
A pesquisa, publicada na Plos One analisou a reação de mosquitos da espécie Aedes aegypti, observando que, apesar de inicialmente repelidos pelo composto químico os insetos o ignoraram na segunda investida. Já haviam criado resistência depois do primeiro contato, tornando inócua a atuação da substância.
Não custa adotar a experiência cabocla de repelir os inconvenientes com cravo-da-índia e limão rosa ou folhas de cidreira ou eucaliptos queimadas. 

Alvíssaras

Localizamos a informação abaixo, refletindo a participação dos salários no PIB que, em 2009 já alcançava o percentual de 51,4%, depois de haver chegado a 46,3% em 2003. De lá para cá o crescimento é constante e demonstrando estar ampliando a diferença crescente a partir de 2006.
Evidente que contribuiu para tal recuperação – a participação do salários no PIB já esteve próximo dos 60% em fins da década de 50 e início dos anos 60 – os aumentos reais que tem beneficiado a classe trabalhadora com a atual política para o salário mínimo.
Ainda assim, com todos os méritos para a política governamental voltada para a recuperação do salário mínimo, hoje em 678 reais (em torno de 340 dólares), longe está do salário real que corresponderia às necessidades fixadas na Constituição para atender a uma família média (marido, mulher e dois filhos), que o levariam hoje ao patamar 2.398 reais segundo o DIEESE.
grafico

Ouriçando

O senador Fernando Collor apresentou proposta de emenda à Constituição (PEC 3/2013) para aumento do número de Ministros do Supremo Tribunal Federal (para 15) e mandato fixo de 15 anos.
O tema – mandato para o Judiciário – tem ocupado espaços nos últimos anos, ainda que sem a devida repercussão. Caso venha a ser aprovada em relação ao STF abrirá caminho para alcançar, no futuro, outros estágios judiciários.
Aguardemos as reações. O senador ouriçou, com certeza, a turma da toga.

Afago

A morte de um garoto torcedor em estádio de futebol, decorrente do disparo de um morteiro/rojão/sinalizador por torcida futebolística, não pode ser considerada uma fatalidade, como alguns querem fazer crer.
Não nos importa aqui nomes, seja do garoto, do estádio, do torcedor e mesmo da torcida, e sim o fato. É que o comportamento de muitos criminosos travestidos de torcedores sob o “manto” de torcida organizada deste ou daquele time ocupa estádios e espanta espectadores.
Como tais “expressões” da estupidez sempre encontram apoio de dirigentes e mesmo da imprensa esportiva (para quem duvidar veja programas de rádio e televisão) não custa punir, em defesa da coletividade, o próprio time, afastando-o dos gramados por um razoável espaço de tempo. Sem o time jogando a torcida “organizada” não terá o que assistir.
Seria um exemplo. Que cremos difícil de por em prática diante da espúria relação entre dirigentes e torcidas organizadas. Razão por que o “manto” sagrado deste ou daquele time continuará comandado por tais expressões da primitividade humana.
A decisão, em sede cautelar, da Conmebol nesta quinta 21 determinando que, por 60 dias, os jogos do Corínthians em casa o sejam com portões fechados e que nas partidas fora do Brasil não haja venda de ingressos para seus torcedores nos soa como “freio de arrumação”, uma premiação. Quando nada um afago.
Uns dois anos, pelo menos, suspenso de suas atividades futebolísticas internacionais e uns seis meses internamente seriam um sinal de que não se pode alimentar leões para lançá-los na arena repleta de inocentes.
No fundo a proteção existe: para os patrocinadores.

Possível razão

mandiocaO preço da farinha disparou na região. A alegação dos comerciantes é de que há falta de mandioca, segundo os produtores. A região produtora mais tradicional, a de Buerarema, não mais consegue atender à demanda diante da escassez da Manihot esculenta.
A escassez – atribuem alguns observadores – pode estar vinculada a atuação de indígenas que não só reivindicam área no entorno da serra do Padeiro como trazem insegurança e incerteza ao futuro dos proprietários e posseiros que estão há décadas cultivando na região, utilizando-se de invasões e depredações como instrumento de pressão, o que afasta agricultores tradicionais do exercício da atividade.

Silogismo

Foi lugar comum no noticiário o aumento da violência no curso dos festejos carnavalescos onde não havia programação momesca. Efetivos da Polícia Militar são deslocados para reforçar o policiamento ostensivo nos espaços das festas, o que vem ocorrendo com o contingente sediado em Itabuna desde que por aqui não se promove carnaval.
Uma dedução contrária emerge da constatação: onde presente a Polícia Militar, reduzidos os índices de violência. Tal fato é palpável, basta que se perceba que maior presença de contingentes da PM obviamente afasta a presença de marginais.
Tal ponderação, comparativa, nos permite uma conclusão lógica: mais polícia nas ruas, menos bandidos em ação, o que resulta em mais segurança para a população. Por fim, a segurança da sociedade está vinculada diretamente a uma maior presença de policiamento nas ruas.
Assim, como muitas das nossas cidades encontram-se nas estatísticas negativas pelos altos índices de violência, não custa deduzir que há policiamento reduzido.
Resta saber se tal ausência decorre de falta de efetivo policial (quantitativo) ou de decisão em retirá-lo da ostensividade para deixá-lo no quartel.

Crédito

Registramos que bela foto de Eduardo Anunciação, ilustrando a imagem de “Gaguinho” nos texto da semana passada, se origina da lente do premiado itabunense Geraldo Borges.

Maria Creuza

A baiana de muitos álbuns, nascida em Esplanada, voz de segura personalidade, encantou gerações a partir de seu surgimento nos anos 60. Nunca alcançou o estrelato como outras de igual vertente conseguiram, apesar de reconhecida e parceira de mitos, como Vinicius de Moraes e Toquinho, e de haver conquistado espaço no exterior. Tampouco encontrou na crítica nada além que o reconhecimento aos seus méritos vocais. Intérprete não se pode dizer que tenha sido, no sentido mais profundo do termo, se a comparamos com uma Elis Regina. Sua interpretação limita-se ao intimismo formal, se assim podemos dizer em relação à estética de seu canto. Cantar é de sua essência e soube fazê-lo através de primoroso repertório.
Aqui, com “Cantador” (Nelson Motta-Dori Caymmi).

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Metáfora

Da prisão à liberdade
Nenhuma reação ao texto ontem por nós aqui publicado sob o título "Servindo a todos", onde dito que a blogueira cubana Yoani Sanchez fora libertada recentemente e liberada para sair do país.

É que o impedimento à sua saída não decorria das críticas que fazia ao governo, mas pela circunstância de depender de autorização prévia as autoridades, o que acontecia em relação a qualquer cubano.

Com a edição de lei recente, em janeiro, a lei migratória foi alterada possibilitando a saída de qualquer cubano sem autorização prévia das autoridades.

Em que pese a informação que fazem difundir - de prisão e negativa a sair do país - parece, no geral, que o assunto não encontra tanta repercussão além dos que têm forte interesse em seus desdobramentos.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Servindo

A todos
Os setores anticastristas brasileiros – os há não somente encastelados nos Estados Unidos – encontram-se em êxtase. A blogueira Yoani Sanchez – como se fosse embaixadora de novos tempos no planeta – circula pelo país para denunciar a ausência de liberdades democráticas em Cuba, onde esteve presa e foi libertada recentemente e liberada para deixar o país.

Parcela da imprensa se debruça sobre seu lugar-comum como coisa recente, quando o tema da cubana só não é mais antigo porque Fidel Castro se declarou marxista-leninista no início dos 60, instante em que se tornou inconveniente para os Estados Unidos, país que abrigava a escória nativo-caribenha que alimentou a jogatina, a máfia e a prostituição sob o beneplácito do amigo Fulgêncio Batista, que para lá fugira assim que a triunfante revolução ocupou Havana em 1º de janeiro de 1959.

Yoani é exibida – melhor que apresentada – como voz e expressão da liberdade de expressão, quiçá da liberdade planetária. Este o mote para esconder o muito de nebuloso que existe em sua atuação. Inclusive de que serve a dois senhores: Estados Unidos e a própria Cuba.

Em tempos de aproximação entre Estados Unidos e Cuba (recentemente congressistas visitaram a ilha trocando ideias com o próprio Raúl Castro) entender que Yoani é o que querem exibir somente fica na cabeça da esquerda ultrapassada e daqueles que, em nível de Brasil, preparam discurso para 2014 amparados no apoio da diplomacia aos governos “comunistas” da Venezuela, Cuba, Equador, Bolívia e assemelhados.


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Consistente

E arrasador
O texto de Antonio Luiz M. C. Costa ("O Papa dos Lobos") para a sessão Nosso Mundo da Carta Capital n. 736 certamente não agradará (muito menos convencerá) os que encontram em quisquer dos que se investem no tratamento como Sua Santidade a expressão absoluta e peremptória da infalibilidade e sustentação para sua Fé.

No entanto a lúcida abordagem, alimentada em amplo leque de informações, ampara-se em conclusão inquestionável para quem transitou, ou se omitiu, em favor de parcela da Cúria, ainda que a tenha denunciado de forma subliminar no imediato de sua estranha renúncia como "a hipocrisia religiosa, o comportamento dos que querem aparentar, as atitudes que buscam os aplausos e a aprovação".

Textua M. C. da Costa, ao final:

"E como sua renúncia evidenciou, também é incapaz de controlar o conluio de interesses empresariais, políticos e clericais que ajudou a alimentar e hoje travam as tentativas de reforma tanto do Vaticano quanto da Itália - a corrupção secreta que viceja  à sombra de qualquer autoritarismo. Provavelmente, será sucedido por um europeu igualmente conservador e intransigente para com os pecados da massa, mas mais tolerante para com os da Cúria, que manterá a Igreja no caminho firme, reto e seguro da decadência".

Leitura imperdível, para um título que foi pinçado da própria fala de Sua Santidade, quando da primeira homilia como Papa em 2005: "rezai por mim, para que eu não fuja, por receio, diante dos lobos".

Mais uma vez, como vem ocorrendo nos últimos tempos, na Igreja e no Mundo, os lobos continuam vencendo.

Difícil é entender porque a Fé não ajudou Ratzinger a carregar a cruz de enfrentar os lobos.


Em cogitação

O inusitado
Na China a campanha para reduzir a poluição atmosférica tem levado a medidas enérgicas. Algumas bizarras, como proibir churrasco em área urbana.

O que entre nós pareceria absurdo está em cogitação dentre as medidas estudadas pelas autoridades locais para atacar o problema, como afirmou a agência governamental Xinhua nesta quinta 21.

Por lá, onde corrupto é condenado à pena de morte e a família ainda é obrigada a pagar a despesa com a bala, nem o churrasco escapa!

Para os que estranhem a possibilidade levem em consideração o fato de mais de um bilhão de chineses fazendo churrasco simultaneamente.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Descarte

Quando não há utilidade
A pretensão de Marina Silva de liderar a criação de um novo partido político está sob fogo cerrado. Dentre os franco atiradores parcela da grande imprensa, aquela que exerce a oposição – como disse Judith Brito – diante da fragilidade da dita cuja, até o momento em frangalhos e sem perspectiva de ofertar uma candidatura que enfrente o PT em 2014.

Estranha-nos Marina relegada por quem a incensou às alturas em 2010, alçada à condição de esperança última deste Brasil varonil. Naquela oportunidade tornara-se única solução para desbanque do poder – leia-se PT – assim como Heloisa Helena o fora em 2006. Utilidade havia. Afinal, para gáudio da casa-grande, tirava parcela significativa de votos do partido encastelado no poder e poderia viabilizar a candidatura própria que interessava às elites (José Serra, em 2010). 

Hoje caem de pau sobre Marina. Ainda que seu projeto careça de sustentação na dimensão que a política exige, deveria receber da imprensa melhor conceito. Até porque, dentro do moralismo que norteia ditos arautos da verdade – por eles construída – seria ela, por sua história pessoal, uma vertente satisfatória.

No entanto, não é isso que se vê e lê.

Para quem enxerga atrás da serra sabe que a verdade é bem outra: Marina, como Heloisa Helena, não tem utilidade neste instante. Para derrotar o governo os olhos da “oposição” recaem, melosos como os de adolescente apaixonada, em Eduardo Campos. A bola da vez. Até que seja útil.

Depois... Marina, João, José, qualquer cavalo que passe selado e aparente sustentar a corrida até o fim será o sonho de consumo da oposição.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

DE RODAPÉS E DE ACHADOS- Dia 17 de Fevereiro de 2013


DE RODAPÉS E DE ACHADOS

AdylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

500 anos

A recém descoberta Terra de Santa Cruz embrionava a sanha que a fariaterra brasilis, primeiras expedições descortinando acidentes geográficos e a dimensão territorial da conquista portuguesa que alimentaria brevemente a partilha em favor dos senhores da fidalguia portuguesa.
Naqueles idos, mais precisamente em 1513, escorraçado das bandas da Florença retomada pelos Médici e refugiado em San Casciano, o historiador, poeta, diplomata e músico Nicolau Maquiavel elabora (a partir de sua experiência como Secretário de Negócios Diplomáticos e de Guerra durante os quatorze anos anteriores), trazia a público, exatamente no dia 19 de fevereiro, o que ainda é considerado bíblia da Ciência Política e da governança.
São 500 anos de O Príncipe, o clássico que perdura sob os mais convenientes vieses da interpretação, conforme os interesses do príncipe de plantão, ainda que o autor, em sua pretensão, se limitasse a oferecer elaborado princípio da separação da política, moral e religião em um mundo que saía da Idade Média embalado na Renascença.
Leitura que continua obrigatória. Inclusive para este Brasil de quinhentos anos depois.

Fernando, o Lyra

fernando lyraMorreu na quinta-feira 14 uma das vozes políticas que constituíram a resistência à ditadura militar ao lado de Lysâneas Maciel, Chico Pinto, Alencar Furtado, Amaury Muller, integrando o denominado “MDB autêntico” na Câmara dos Deputados. Dele a famosa frase – ainda que tenha sido ministro em seu governo – “Sarney é a vanguarda do atraso”. Seu livro “Daquilo que eu sei – Tancredo e a transição democrática” traduz, sob sua visão, um dos significativos instantes da recente história do país.
Para ele o erro na política era perdoável desde que houvesse rumo de propósitos e não fosse este levado de roldão. O que anda faltando em muita administração na região.

Benefícios

Há estudos, realizados pela consultoria Ernst & Young em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, que analisam os impactos sócio-econômicos da Copa de 2014 afirmando que para um gasto que supera 22 bilhões de reais outros 142 bilhões serão injetados na economia.
Resta saber com quem ficará a maior parte da diferença. Ou seja, os reais beneficiados.

Mensalão em versões I

ayresMerval Pereira, o último incesto da Academia Brasileira de Letras, como o escorpião da fábula, exercita sua natureza em livro (Mensalão). Não se discute sua natureza, tampouco seu compromisso com a obscuridade.
Estranha na obra, no entanto, quem a prefacia: o ex-ministro Ayres Britto, que presidia o STF durante o julgamento.
Não à toa o ministro perdeu o bonde da história, sacrificou sua biografia e o confessa subscrevendo prefácio em defesa de um lado.
Que não é o do Supremo Tribunal Federal como ente e muito menos o do primado da Justiça.

Mensalão em versões II

livro mensO jornalista Paulo Moreira Leite, que passou pelas redações da Época e da Veja, traz ao leitor, ainda no frescor do inconcluso julgamento da AP 470 (falta publicação dos acórdãos), “As contradições de um julgamento político”, subtítulo de “A Outra História do Mensalão”.
Para o autor os acusados estavam previamente condenados por aquilo que denomina de “opinião publicada” antes mesmo de o julgamento começar – o mais midiático do Brasil e, talvez, do mundo, transformado em típico reality show.
A obra, prefaciada por Jânio de Freitas, editada pela Geração Editorial, integra a coleção História Agora, é o 7º título de uma série que tem no “A Privataria Tucana” o grande sucesso de vendas.
A leitura de “A Outra História do Mensalão – As contradições de um julgamento político” é recomendada a todos que busquem informações desprovidas de maniqueísmos políticos e, certamente, será um documento para o público compreender que o Supremo Tribunal Federal, guardião da Constituição, cometeu injustiças e gerou, para alguns condenados, uma versão de “O Processo” de Frans Kafka, quando condenou acusados sem que contra eles houvesse prova, justamente porque cometeu a heresia jurídica de, em matéria penal, transferir para o acusado o ônus de provar a inocência, isentando a acusação de sua função primordial.

Solução à vista

papaOs comandantes das três armas (Marinha, Exército e Aeronáutica) avaliam a forma de divulgação de informações sobre discos voadores.
Pode ser que através delas venham as verdadeiras razões da renúncia do Papa Bento XVI.
Não conseguindo, recomendamos apurar no âmbito das “forças ocultas” que fizeram Jânio Quadros trilhar idêntico caminho.

Desfaçatez

Chegam até a anunciar a queda do lucro da Petrobras como prejuízo. Não desistiram da luta pela privatização plena.
Enquanto isso os especuladores vão ganhando seu trocado. É do sistema.

Memórias a descoberto

dudaEduardo Anunciação – o “Gaguinho”, o “Bode Rouco”, “Bacurau”, “Duda”, “Bacurau de Terraço” – levou para o túmulo segredos muitos, os que envolviam particularidades das muitas personalidades locais, oriundos da convivência com a sua cinquentenária atividade.
Poucos lembraram da importância de EA na história do jornalismo itabunense, ele que viveu o divisor de águas ocorrido nos anos 60.
Testemunhos ocorreram, à beira do túmulo, desde a bela e pungente oração de Paulo Lima ao depoimento sensibilizado de Eduardinha.

Ausências injustificadas

Sem explicação a ausência de um registro condizente com sua importância nas emissoras de televisão e de rádio. Não fora a ausência de vereadores no velório na Câmara Municipal (como já ocorrera com o de Flávio Simões), casa onde Eduardo exerceu mandato quando o mais jovem vereador do Brasil, eleito em 1966, aos 18 anos.
Como explicar a inexistência de artistas em massa na última homenagem ao agitador cultural que marcou época criando centros culturais, estudantis, políticos e, principalmente, teatros?
Nenhuma moção da ABI, nem fala de Geraldo Simões (presente ao sepultamento), para quem Eduardo representa uma perda irrecuperável, já que se tornara o último bastião de credibilidade a defendê-lo em texto.

Alerta

Descobriu-se, no curso do velório, que não poderia ser retardado o sepultamento (ainda que aguardando a sobrinha Sheila) porque o Campo Santo da Santa Casa de Misericórdia tinha hora para cerrar as portas no sábado (11:30h).
A inusitada circunstância gerou uma provocação em relação ao Poder Público Municipal – para que pense urgentemente em administrar tal situação – e do Cabôco Alencar – para quem “defunto não faz serenata”, razão por que não há como retardar sepultamento.

Registro histórico

Bebíamos Eduardo – inclusive literalmente – em roda de prosa memorialista com Paulo Lima, Ederivaldo “Bené” Benedito e Eva Lima e conhecemos uma das facetas de Eduardo, nunca por ele a nós revelada: a de ativista em defesa da liberdade de imprensa, até as últimas consequências.
Tal circunstância pode ser aferida a partir do seguinte fato:
Quando da inauguração do edifício que abrigaria o todo poderoso Conselho Consultivo dos Produtores de Cacau (tornado “Nacional” posteriormente), com a pompa e circunstância que a oportunidade exigia, onde presentes cinco Ministros de Estado e o próprio Vice-Presidente da República, Eduardo Anunciação, então Assessor de Imprensa do CCPC, era o responsável pelo cerimonial, a quem cabia acompanhar o ingresso de jornalistas.
Houvera a exigência de traje passeio completo para os integrantes da imprensa, o que faltava a um deles, José Carlos Teixeira.
Tudo correria bem, não fora a ingerência dos Órgãos de segurança incumbidos da proteção às autoridades federais, que já haviam espalhado duas centenas de agentes nas proximidades do evento e controlavam o acesso ao CCPC.
Surgido o incidente (Teixeira sem o passeio completo), os agentes que vigiavam o acesso, e tornaram-se assustadora e intimidadora presença, negaram espaço ao jornalista.
Primeiro corte: a intervenção de Eduardo Anunciação foi decisiva para o acesso de Teixeira. Diante da peremptória postura dos agentes federais em manter a proibição afirmou ele que “a festa é nossa” e se o colega não entrasse não haveria nenhuma cobertura da imprensa regional, já que todos tirariam o paletó em solidariedade ao colega. Para ele, acima de qualquer segurança, o respeito à imprensa.
Segundo corte: isso em plena ditadura militar.

Fogo amigo

O que circula em conversas pela cidade, a partir de “informações” oriundas do centro do poder municipal, é de que faltaria comando à administração e de que haveria profundo cisma no cerne do poder.
Não é o que nos informa uma fonte do primeiro escalão: comando há – afirma; e, também, ao que parece, um centro de divulgação do que não existe.

Miltinho

Completou 85 anos no 31 de janeiro Milton Santos de Almeida, o Miltinho, um dos grandes intérpretes da música brasileira, destacado por sua forma de conduzir a melodia, “adiantando” e “atrasando” a divisão. Nos anos 60 (apesar de militando no universo musical desde os anos 40) constituiu-se uma referência e, por seu estilo, imitado por todos os que ensaiávamos agradar as namoradas nas serenatas.
Seu primeiro grande sucesso “Mulher de 30” (Luiz Antônio) tornou-o reconhecido, a partir do início dos anos 60. Aqui ofertamos “Eu e o rio” (Luiz Antônio).  

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

Alguns destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS

Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.


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500 anos
A recém descoberta Terra de Santa Cruz embrionava a sanha que a faria terra brasilis, primeiras expedições descortinando acidentes geográficos e a dimensão territorial da conquista portuguesa que alimentaria brevemente a partilha em favor dos senhores da fidalguia portuguesa.

Naqueles idos, mais precisamente em 1513, escorraçado das bandas da Florença retomada pelos Médici e refugiado em San Casciano, o historiador, poeta, diplomata e músico Nicolau Maquiavel elabora (a partir de sua experiência como Secretário de Negócios Diplomáticos e de Guerra durante os quatorze anos anteriores), trazia a público, exatamente no dia 19 de fevereiro, o que ainda é considerado bíblia da Ciência Política e da governança.

São 500 anos de O Príncipe, o clássico que perdura sob os mais convenientes vieses da interpretação, conforme os interesses do príncipe de plantão, ainda que o autor, em sua pretensão, se limitasse a oferecer elaborado princípio da separação da política, moral e religião em um mundo que saía da Idade Média embalado na Renascença.

Leitura que continua obrigatória. Inclusive para este Brasil de quinhentos anos depois.

Fernando, o Lyra
Morreu na quinta-feira 14 uma das vozes políticas que constituíram a resistência à ditadura militar ao lado de Lysâneas Maciel, Chico Pinto, Alencar Furtado, Amaury Muller, integrando o denominado “MDB autêntico” na Câmara dos Deputados. Dele a famosa frase – ainda que tenha sido ministro em seu governo – “Sarney é a vanguarda do atraso”. Seu livro “Daquilo que eu sei – Tancredo e a transição democrática” traduz, sob sua visão, um dos significativos instantes da recente história do país.

Para ele o erro na política era perdoável desde que houvesse rumo de propósitos e não fosse este levado de roldão. O que anda faltando em muita administração na região.

Benefícios
Há estudos, realizados pela consultoria Ernst & Young em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, que analisam os impactos sócio-econômicos da Copa de 2014 afirmando que para um gasto que supera 22 bilhões de reais outros 142 bilhões serão injetados na economia.

Resta saber com quem ficará a maior parte da diferença. Ou seja, os reais beneficiados.

Mensalão em versões I
Merval Pereira, o último incesto da Academia Brasileira de Letras, como o escorpião da fábula, exercita sua natureza em livro (Mensalão). Não se discute sua natureza, tampouco seu compromisso com a obscuridade.
Estranha na obra, no entanto, quem a prefacia: o ex-ministro Ayres Britto, que presidia o STF durante o julgamento.

Não à toa o ministro perdeu o bonde da história, sacrificou sua biografia e o confessa subscrevendo prefácio em defesa de um lado.

Que não é o do Supremo Tribunal Federal como ente e muito menos o do primado da Justiça.
  
Mensalão em versões II
O jornalista Paulo Moreira Leite, que passou pelas redações da Época e da Veja, traz ao leitor, ainda no frescor do inconcluso julgamento da AP 470 (falta publicação dos acórdãos), “As contradições de um julgamento político”, subtítulo de “A Outra História do Mensalão”.

Para o autor os acusados estavam previamente condenados por aquilo que denomina de “opinião publicada” antes mesmo de o julgamento começar – o mais midiático do Brasil e, talvez, do mundo, transformado em típico reality show.

A obra, prefaciada por Jânio de Freitas, editada pela Geração Editorial, integra a coleção História Agora, é o 7º título de uma série que tem no “A Privataria Tucana” o grande sucesso de vendas.

A leitura de “A Outra História do Mensalão – As contradições de um julgamento político” é recomendada a todos que busquem informações desprovidas de maniqueísmos políticos e, certamente, será um documento para o público compreender que o Supremo Tribunal Federal, guardião da Constituição, cometeu injustiças e gerou, para alguns condenados, uma versão de “O Processo” de Frans Kafka, quando condenou acusados sem que contra eles houvesse prova, justamente porque cometeu a heresia jurídica de, em matéria penal, transferir para o acusado o ônus de provar a inocência, isentando a acusação de sua função primordial.
 
Solução à vista
Os comandantes das três armas (Marinha, Exército e Aeronáutica) avaliam a forma de divulgação de informações sobre discos voadores.

Pode ser que através delas venham as verdadeiras razões da renúncia do Papa Bento XVI.

Não conseguindo, recomendamos apurar no âmbito das “forças ocultas” que fizeram Jânio Quadros trilhar idêntico caminho.

Desfaçatez
Chegam até a anunciar a queda do lucro da Petrobras como prejuízo. Não desistiram da luta pela privatização plena.

Enquanto isso os especuladores vão ganhando seu trocado. É do sistema.

Memórias a descoberto
Eduardo Anunciação – o “Gaguinho”, o “Bode Rouco”, “Bacurau”, “Duda”, “Bacurau de Terraço” – levou para o túmulo segredos muitos, os que envolviam particularidades das muitas personalidades locais, oriundos da convivência com a sua cinquentenária atividade.

Poucos lembraram da importância de EA na história do jornalismo itabunense, ele que viveu o divisor de águas ocorrido nos anos 60.

Testemunhos ocorreram, à beira do túmulo, desde a bela e pungente oração de Paulo Lima ao depoimento sensibilizado de Eduardinha.

Ausências injustificadas
Sem explicação a ausência de um registro condizente com sua importância nas emissoras de televisão e de rádio. Não fora a ausência de vereadores no velório na Câmara Municipal (como já ocorrera com o de Flávio Simões), casa onde Eduardo exerceu mandato quando o mais jovem vereador do Brasil, eleito em 1966, aos 18 anos.

Como explicar a inexistência de artistas em massa na última homenagem ao agitador cultural que marcou época criando centros culturais, estudantis, políticos e, principalmente, teatros?

Nenhuma moção da ABI, nem fala de Geraldo Simões (presente ao sepultamento), para quem Eduardo representa uma perda irrecuperável, já que se tornara o último bastião de credibilidade a defendê-lo em texto.

Alerta
Descobriu-se, no curso do velório, que não poderia ser retardado o sepultamento (ainda que aguardando a sobrinha Sheila) porque o Campo Santo da Santa Casa de Misericórdia tinha hora para cerrar as portas no sábado (11:30h).

A inusitada circunstância gerou uma provocação em relação ao Poder Público Municipal – para que pense urgentemente em administrar tal situação – e do Cabôco Alencar – para quem “defunto não faz serenata”, razão por que não há como retardar sepultamento.

Registro histórico
Bebíamos Eduardo – inclusive literalmente – em roda de prosa memorialista com Paulo Lima, Ederivaldo “Bené” Benedito e Eva Lima e conhecemos uma das facetas de Eduardo, nunca por ele a nós revelada: a de ativista em defesa da liberdade de imprensa, até as últimas consequências.

Tal circunstância pode ser aferida a partir do seguinte fato:

Quando da inauguração do edifício que abrigaria o todo poderoso Conselho Consultivo dos Produtores de Cacau (tornado “Nacional” posteriormente), com a pompa e circunstância que a oportunidade exigia, onde presentes cinco Ministros de Estado e o próprio Vice-Presidente da República, Eduardo Anunciação, então Assessor de Imprensa do CCPC, era o responsável pelo cerimonial, a quem cabia acompanhar o ingresso de jornalistas.

Houvera a exigência de traje passeio completo para os integrantes da imprensa, o que faltava a um deles, José Carlos Teixeira.

Tudo correria bem, não fora a ingerência dos Órgãos de segurança incumbidos da proteção às autoridades federais, que já haviam espalhado duas centenas de agentes nas proximidades do evento e controlavam o acesso ao CCPC.
Surgido o incidente (Teixeira sem o passeio completo), os agentes que vigiavam o acesso, e tornaram-se assustadora e intimidadora presença, negaram espaço ao jornalista.

Primeiro corte: a intervenção de Eduardo Anunciação foi decisiva para o acesso de Teixeira. Diante da peremptória postura dos agentes federais em manter a proibição afirmou ele que “a festa é nossa” e se o colega não entrasse não haveria nenhuma cobertura da imprensa regional, já que todos tirariam o paletó em solidariedade ao colega. Para ele, acima de qualquer segurança, o respeito à imprensa.

Segundo corte: isso em plena ditadura militar.

Fogo amigo
O que circula em conversas pela cidade, a partir de “informações” oriundas do centro do poder municipal, é de que faltaria comando à administração e de que haveria profundo cisma no cerne do poder.

Não é o que nos informa uma fonte do primeiro escalão: comando há – afirma; e, também, ao que parece, um centro de divulgação do que não existe.
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DE RODAPÉS E DE ACHADOS é uma coluna do autor publicada semanalmente em www.otrombone.com.br

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Na orfandade do texto

Eduardo flana
“Preocupados os que conhecemos Eduardo ‘Duda’, ‘Gaguinho’ Anunciação, pela circunstância de submetido ao tacão médico. Afirmado tal procedimento sob a égide da química, que o torna absorto da realidade imediata que o cerca e o faz distante”.

Escrevemos o parágrafo acima para o título, como intróito, quando tomamos conhecimento de que Eduardo sofrera um infarto e se encontrava em coma induzido em hospital ilheense. E prosseguíamos, enxergando com outro olhar o périplo de Eduardo à luz do instante em que vive a região, sempre aguçadamente analisada por ele em seus textos:

“Vemos, mui particularmente, estágio a que se fez submeter o estimado ‘Gaguinho’. Assim deduzimos porque (escolheu isolar-se da terra grapiúna) descobre no liame do inconsciente toda a realidade que o cotidiano não recobraria para o imediato de sua vulcânica percepção”.

“Atropelado pela humanidade de suas convicções; usado e abusado por todos que só nele encontram existir, Eduardo melhor está enquanto flana como Ícaro realizado".

"Lamentamos, tão somente, que a consciência imediata faça-o retornar à escravidão do servir... por servir, a quem não está preparado para encontrar em Eduardo a grandeza do porvir que só Castro Alves cantaria”.

Logo soubemos que fora retirado do coma, o que víamos com bons olhos, sinal de que voltaria muito depressa à sua intimorata (assim denominava Stanislaw Ponte Preta a sua máquina de escrever) peça integrante de seu organismo vivo, que dava, através dela, as lições de seu observar à fauna humano-regional. E retivemos a publicação do texto, aguardando as próximas análises de sua “Política, Gente, Poder”, uma marca, como poucas, do jornalismo regional, órfã neste instante de seu criador.

A bissexta figura humana que sepultaremos antes que caia o meio-dia sepulta parcela da credibilidade jornalística desta terra e leva com ela lições que estes novos tempos não querem aprender: o homem acima de tudo, como ser, deve ser o objeto deste universo terráqueo. Tudo o mais é nada.

Por isso Eduardo Anunciação – polêmico que fosse – será lembrado: pelas virtudes que seu frágil corpo soube guardar, hercúleo em sua grandeza humana.

Avis rara esse “Gaguinho”! Que agora nos olha a todos dos píncaros que não alcançamos.


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Do sonho de lucro

Ao negócio ruim
Escrevemos em algum instante afirmando que a festa em que se tornara Joaquim Barbosa para a oposição e a mídia que a capitania (afinal, de forma descarada, proclamou Judith Brito – presidente da Associação Nacional de Jornais-ANJ – que diante da fragilidade da oposição ao Governo e ao PT a imprensa estava assumindo o seu papel – de oposição), que ao ministro nada restaria além de tornar-se máscara carnavalesca (naquele instante exibíamos foto de máscaras de JB). Perdoe-nos o caro leitor, mais ainda nos falta competência técnica para o domínio da tecnologia de que dispomos, razão por que não conseguimos encaminhar o leitor ao texto e terá ele que fazer árdua busca nos arquivos.

Escrevemos hoje, quinta-feira, quando o Carnaval oficial se esgotou e nada mais há além do que existiu. E, sinceramente, talvez porque tenhamos pouco acompanhado a festa que a televisão realiza como se do povo fosse, não vimos ninguém usando máscaras carnavalescas com a efígie de Joaquim Barbosa, o ministro da salvação nacional.

Como não há informação de que Sua Excelência, na condição de Ministro-Presidente do Supremo Tribunal Federal, tenha lançado algum édito proibitivo a tal uso, ficamos com a singular impressão de que o sonho capitalista dos que pretendiam aumentar a poupança própria com um dinheirinho a mais vendendo máscaras de Joaquim Barbosa redundou em péssimo negócio.

Aguardemos a queima do estoque. Pode ser que a máscara encontre outras utilidades, como espantar aves predadoras para a agricultura.

Ou, quem sabe, a mídia e a oposição adquiram o estoque para distribuí-las na próxima eleição.


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

DE RODAPÉS E DE ACHADOS - Dia 10 de Fevereiro de 2013


Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

Vinho tinto e chá verde

Pesquisa realizada na Universidade de Leeds, no Reino Unido, confirmou haver encontrado substâncias químicas naturais no chá verde e no vinho tinto capazes de quebrar o efeito da proteína causadora do mal de Alzheimer. (Fonte: O Globo).
A proteína beta-amiloide (produzida pelo próprio organismo) quando dissolvida no sistema nervoso em forma de aglomerados, denominados oligômeros, danifica os neurônios, impedindo a comunicação entre eles e matando a célula tempos depois.
Os testes efetivados em laboratório mostraram a destruição da beta-amiloide e aguardam comprovação clínica.

Segurança...

Encontramos no Luiz Nassif On Line o registro de uma entrevista do ministro Celso Amorim concedida à rádio Voz da Rússia, onde expõe a possibilidade de desenvolvimento conjunto de equipamentos de defesa, o que inclui negociações para aquisição de sistemas de defesa antiaéreos com transferência de tecnologia dos russos para o Brasil, não fora a implantação de indústrias em território brasileiro para a produção de equipamentos. Empresários brasileiros já participam das conversas. Na seara das negociações cibernética, área espacial e equipamento militar.
Antes da visita da presidente Dilma Roussef à Rússia por lá estivera o general José Carlos de Nardi, chefe do Estado-Maior, construindo os detalhes do acordo.

...e mais autonomia

De nossa parte esperamos sucesso nas negociações. Não pela circunstância de o serem com a Rússia, mas com um país que admite transferência de tecnologia.
Ficamos a observar, atrás da linha tênue do horizonte, se os Sukov/Sukhoi ainda podem entrar na conversa. Os caças com maior autonomia de vôo e tecnologia avançada que são o sonho de consumo da Força Aérea Brasileira. Inclusive por causa da transferência tecnológica.
Registre-se que o governo brasileiro já adquiriu helicópteros russos.

Em queda

A relação dívida pública e PIB continua em queda no Brasil. Beirando 60% em 2002 tende a estar inferior a 35% em 2012. É a expectativa dos especialistas para o anúncio em breve.
O Governo Federal já alimenta a possibilidade de ampliar o investimento em educação para 25%, sete pontos percentuais acima do que determina a Constituição.
E tem “analista” defendendo o aumento da SELIC.

Lei e Justiça

Condenado o ex-senador Luiz Estevão e sua mulher a 4 anos e 8 meses de reclusão por sonegação fiscal, que montou a 57 milhões de reais, em valores atualizados.
Quatro aninhos e alguns meses, caro leitor. E como é primário não será recolhido ao xadrez.
Já o desgraçado que cair na besteira de roubar por aí, ainda que um sabonete ou uma lata de sardinha, não escapa dos rigores da lei.
Lei que é feita pelos Luiz Estevão da vida.

carnavalOutros carnavais

Como visto o Carnaval pelo “Almanach do Paiz”, com desenho de Rafael Bordalo Pinheiro, no século XIX: “Pleno reinado da Besta, verídico império do Homem Animal”.
O que escreveria hoje?

Mudando de leito

Tempos houve, tempos outros. De Cachoeira valente, mostrando força e invadindo a cidade. Reagindo profético, como premonizando o que aquela lhe faria no futuro. Assim, invadiu-a em várias oportunidades.
Ultimamente, para ser invadida dispensa o Cachoeira. Impermeabilizada e sem canais para escoamento pluvial na dimensão necessária torna-se a cidade de Itabuna em rio quando alguns milímetros de chuva caem por mais tempo.

Porque é Carnaval

Algumas avaliações se fazem axiomáticas, não sabemos por que razões. Uma delas: uma idolatração pouco vista no plano de reconhecimento a composições musicais no samba-enredo “Aquarela Brasileira” (Silas de Oliveira), da Império Serrano para o carnaval de 1964, onde presente aquele verso “terra de Irapuã, de Iracema e Tupã”.
A espécie de abelha admitimos ou mesmo nome indígena para algum personagem de obra nativista; a personagem alencarina não há por que negar; mas aquele “e Tupã” se nos afigura como a mais grotesca e apelativa das possibilidades de construir rima (não fora limitar ao Ceará o Olimpo para a deidade indígena do nativo brasileiro).
Zé Limeira, o poeta do absurdo (obrigado Orlando Tejo) – mestre no estilo de privilegiar a rima como instrumento da sua arquitetura cordélica – certamente não a utilizaria.
Não compreendemos tanta mediocridade aplaudida – não pelo valor do compositor, mas pela pobreza de um mestre em um instante de fraqueza intelectual.

Velhos(?) carnavais

Provavelmente seremos repudiado ao negar valor estético-histórico ao atual processo momesco divulgado como expressão das saturnálias contemporâneas.
É que somos do tempo da “careta” como forma de sublimação. Mais autêntica, certamente.
Primeiro, porque nós mesmos as fazíamos (alguns outros até com conotação comercial). Segundo, porque realizavam o que se propunham: transmudar pessoas e gêneros, tudo descompromissado de outro visar/objetivo que não gerar alegria e ser motivo de fazer a festa
Ainda que – como salienta Graciliano Ramos em crônica no “Viventes das Alagoas” – pudessem contribuir para outros resultados.
Mas, afinal falamos de “velhos carnavais” ou fomos nós que envelhecemos?

Pobreza mental

Enquanto ocupávamos espaço em restaurante local (alimentado com essa doença de ter a televisão sintonizada na Globo) tivemos que engolir o vinho como vinagre e a comida como veneno. Ingerimos o que nos era empurrado goela abaixo através de olhos e ouvidos.
Mas nos ficou uma certeza: Xuxa comandando carnaval não tem Diogo Nogueira que salve. É como esperar de Malafaia texto ovacional ao momesco simbolizado na “rainha”.
Ficamos a meditar/refletir: talvez por isso, como contraposição estética condizente com tal nível cultural, muita gente esteja a ouvir arrocha, delicadamente ofertado naquele não menosdelicado volume (que deram de denominar de som).

Em defesa da saúde

Joel Silveira, quando instado a dizer/responder sobre o que não levaria para uma ilha deserta, gastou poucos segundos para decidir que o faria não levando João Gilberto e seu violão ou, como retificou, levá-lo e abandoná-lo sem o violão ao tempo em que ele – Joel – o deixaria sozinho.
Não estamos aqui para concordar com Joel sobre como o repórter maior via o baiano João. Até porque começamos a descobrir que há em Gilberto algumas fobias, onde a menor é a claustrofobia.
Mas aproveitamos o mote da solução imaginada por Silveira para remetê-la a uma parcela significativa da programação cotidiana e da carnavalesca “oficial”, em particular, das redes de televisão aberta: não bastaria desligar, mas jogar tudo no lixo.
Se não fosse prejudicial à saúde (do planeta).

Buxixos

Os tempos apresentam-se instáveis para a nova administração de Itabuna quando o tema é a condução da base política diante do imaginário de parcela da população que elegeu os novos dirigentes.
O discurso da reformulação de conceitos não demonstra estar se materializando no que se apresenta de mais sensível ao observador: a formulação do quadro funcional através do preenchimento de cargos comissionados a partir do segundo escalão.

Máscara Negra

A marcha-rancho marcou o ritmo dos festejos de Momo em priscas eras. A tradicional “Ô abre alas” de Chiquinha Gonzaga ilustra este interpretar. Sempre encontrou espaço, mesmo depois que a cadência rítmica desaguou na marcha propriamente dita.
Dentre grandes sucessos de marcha-rancho “Pastorinhas” (Noel Rosa-João de Barro), “Anda Luzia” (João de Barro), “Bandeira Branca” (Max Nunes-Laércio Alves) e, para nós, o mais belo exemplo do romantismo carnavalesco: Máscara Negra (Zé Kéti-Pereira Matos).
A que dedicamos aos nossos leitores.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum