domingo, 27 de janeiro de 2013

Alguns destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS

Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.
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Superando I
Em “Diário de um Cucaracha” (Codecri, 1976), o jornalista, cartunista e quadrinista Henrique de Souza Filho, o Henfil (1944-1988), nascido aos 5 de fevereiro e morto aos 4 de janeiro, traduziu a imensa dificuldade enfrentada por estrangeiros nos Estados Unidos (ele mesmo como exemplo), quando buscam exercer uma atividade dentro de seus matizes profissionais.

Não fora o profundo choque cultural sofreu violenta reação ao seu trabalho, tido como agressivo e ofensivo. Evidente que uma sociedade fechada e individualista, alimentada em valores puritanos, dificilmente admitiria a realidade de um país como o Brasil vivendo uma ditadura militar discutida sob a percepção de uma Graúna, muito menos de um fradim Baixinho, como postos na catarse henfiliana.

No fundo, deixa claro Henfil que, além do choque cultural, há nos Estados Unidos uma ferrenha resistência, pautada no espírito de corpo, dos órgãos de defesa dos profissionais nativos, o que levava a que cartunistas como ele não encontrassem trabalho nas redações estadunidenses.

Não bastasse a resistência ao trabalho de estrangeiros a indústria da informação, muito bem controlada a partir dos Estados Unidos, praticamente impõe ao resto do mundo a dimensão cultural estadunidense, dificultando até mesmo os nacionais em sua terra de origem, tamanha a força da intervenção.

Superando II
Em nível de Brasil os “quadrinhos” conseguem sobreviver e mesmo pautar sua identidade. Alguns até com certa longevidade. E Maurício de Souza pode ser citado como o projeto de maior sucesso editorial.

Mônica, a menina que jamais abandona seu coelhinho de estimação, brava e corajosa, completa 50 anos em março. Personagem criada por Mauricio de Sousa para homenagear a filha, inegavelmente tornou-se referência para as crianças, muitas hoje adultas, tentando transmitir às novas gerações a simpatia que nutriam menina dentuça e de vestido vermelho.

Na esteira da Mônica uma gama de personagens enche nosso cotidiano.

Sonho de uma noite de verão
Proposta do senador Pedro Taques (PDT), através da PEC 21/2011, pretende proibir a nomeação de integrantes do Poder Legislativo em qualquer nível (Senado, Câmara dos deputados, Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores) de ocuparem cargos de livre nomeação, os denominados cargos comissionados, sob simples pedido de licença.

Para o projeto, qualquer integrante do Legislativo terá de renunciar, o que impediria o retorno à Casa de origem caso percam a sinecura do Executivo.
Iniciativa oportuna e louvável em tempos de transparência e busca de controle social da classe política.

Difícil será aprová-lo.

Ah! Gilmar
Stanislaw Ponte Preta não perdia oportunidade para jactar-se da grandeza de cronista a partir da mediocridades de certo colunismo social e gozava Sued sempre que podia: “Ah! Ibrahim, se não fosse você o que seria de mim!

Uma coisa meio parecida pulula no universo do Judiciário quando o ministro do STF Gilmar Mendes se declara contra medidas fundamentais promovidas pelo governo, exercitando o seu lado político-partidário. De tucano mesmo.

O ministro Ricardo Lewandovsky manteve as regras atuais de distribuição do FPE, por 150 dias, até que o Congresso cumpra a sua função institucional. (Entenda-se que o ministro não deu prazo, ou seja, não interferiu na atuação do Congresso, simplesmente prorrogou. Diferentemente de Luiz Fux que, fazendo política em favor do Rio de Janeiro, interferiu no andamento dos trabalhos do Congresso e sustou apreciação em torno da renovação de critérios para a distribuição do Fundo de Participação dos Estados, impondo a apreciação de todos os vetos existente na Casa).

Diante da decisão do ministro Lewandovski de ajustar à realidade o que está posto em risco (para Estados por falta de regras para transferência de recursos administrados pela União através do FPM lhes retiraria meios de assegurar a gestão) sai-se o ínclito Gilmar Mendes com o raciocínio de que a decisão estaria fora do “ordenamento jurídico”.

Para Gilmar Mendes, naturalmente, “ordenamento jurídico” é soltar Daniel Dantas.

Vale tudo
Não é que o PSDB anda questionando e pretende impedir a presidente Dilma de usar roupas vermelhas em pronunciamentos em cadeia de televisão?
Entende que tal cromo faz alusão ao PT.

Resta saber se é assim que o povo entende a presença da Presidente na televisão para falar da redução nas tarifas de energia elétrica!

Não mudaram I
Caso tivéssemos de entender o assunto a partir da análise de certos comentaristas da mídia eletrônica compreenderíamos o comportamento do Governo Federal como intervencionista e autoritário quando estabelece novas regras para a renovação da concessão dos serviços de geração de energia elétrica.

A sanção da Lei 12.738, em 14 de janeiro, vincula a renovação das concessões à adesão das atuais concessionárias ao programa de redução das tarifas para residências e indústrias.

Levantam-se contra os novos critérios alguns gatos angorás da federação, dentre eles São Paulo, Minas Gerais e Paraná, alegando quebra de contrato e prejuízos, postulando pela manutenção das regras estabelecidas na prorrogação ocorrida em 1995 (de contratos celebrados há trinta anos), por mais 20, a vencer-se em 2015.

Registre-se, para entender o leitor, que o custo do megawat gira em torno 6,80 reais e é repassado ao consumidor por 96. Nele, o custo, está embutido o valor a ser recuperado pelos investimentos, o que se efetivou no curso dos anos de concessão, razão por que – entende o atual Governo – não havendo mais o que recuperar tudo estaria no limite de remuneração e manutenção, custo, naturalmente, infinitamente menor.

Não mudaram II
É que pagamos, os consumidores, durante todos estes quase cinquenta anos a amortização dos investimentos para construção e instalação, em cada conta mensal, como no crediário: o custo do investimento foi dividido em parcelas mensais para 30 anos, depois prorrogadas por mais 20. Fácil entender que nada mais há a pagar. Portanto, a redução é mais do que natural; se a conta já foi paga não podemos continuar pagando por megawat já inteiramente amortizado.

Qual a razão, então, da intransigência dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná? O diretor da Fiesp, Carlos Cavalcanti, em entrevista ao Jornal do Terra mostra o caminho da insensatez e indiferença tucana (afinal, os estados citados são todos administrados pelo PSDB, o que explica tudo).

Registre-se que os contratos de concessão, ainda que prorrogados, estão vencendo em 2015 e os equipamentos retornarão ao poder concedente – a União. Quem ganha com a pretensão tucana?

O vídeo e a íntegra da entrevista, disponível no Luiz Nassif Online no www.advivo.com.br (As Críticas da Fiesp ao PSDB) garimpados por Assis Ribeiro, do Viomundo, debulham o que há por trás do muro na aparente defesa dos “interesses públicos”, mote do tucanato para encobrir uma história muito mal contada.

Dívidas
Em início de administrações o anúncio de dívidas herdadas, postas em valor único, consolidado. Para o povo, e mesmo para o intérprete melhor informado em contas públicas, a idéia de que foi o gestor sucedido que gerou a obrigação.

No entanto, sem proselitismos a este ou aquele administrador que não deixou imagem positiva, recomenda o bom senso que tais números sejam informados de forma mais clara, precisando exatamente o deixado pelo último prefeito e aquelas obrigações que integram a denominada dívida fundada por aquele herdada de seus antecessores.

Explicamos: dívidas para com o INSS, FGTS, PASEP – principalmente – acumularam-se no curso dos anos, há décadas, parceladas em pagamentos mensais garantidos comumente com parte das cotas recebidas pelo município do Fundo de Participação dos Municípios, constituindo-se dívidas de longo prazo, as que ultrapassam várias administrações porque negociadas e renegociadas para períodos sucessivos de até 240 meses (vinte anos).

Assim, quando alguém afirmar que herdou 100,00 de dívidas pode estar incluindo nelas todas as obrigações de longo prazo, pagável ainda por vários anos. E não somente as deixadas por seu antecessor imediato.

Cremos que esta postura traduziria mais transparência. E delimitaria com precisão, para o julgamento popular, o que efetivamente se considera a herança que o povo imagina.

Itabuna
Para os que não se debruçam sobre a violência como inspiração textual Itabuna anda morna, assim como passarinho na muda. A administração tateando a mesa deixada, nela ainda presente mais as migalhas bolorentas da lauta refeição servida para alguns durante a gestão passada.

A casa também ainda sendo arrumada. Aí surgem os questionamentos, uma vez que alguns indicados não corresponderiam à imagem que dela se espera, justamente porque participaram daquele banquete e não podem trazer para a nova mesa nem a receita, por temerem que o novo anfitrião os remeta ao limbo com um sonoro vade retro.

Por isso o questionamento: que têm a oferecer além do que já ofereceram antes?

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DE RODAPÉS E DE ACHADOS é uma coluna do autor publicada semanalmente em www.otrombone.com.br

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

DE RODAPÉS E DE ACHADOS



AdylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além. 
 

Adylson Machado

Há 40 anos

O segundo Concílio da Igreja Católica realizado na cidade-estado do Vaticano, conclamado pelo Papa João XXIII através da bula Humanae salutisem 25 de janeiro de 1961 e inaugurado em 11 de outubro do ano seguinte, vindo a findar em 8 de dezembro de 1965 quando não mais vivo quem o convocou e sim o Papa Paulo VI, muito trouxe de contribuição para uma Igreja que precisava compreender o seu tempo, ainda que não se tenha como concluídas plenamente as suas proposições.
Diferentemente do Concílio Vaticano I, convocado pelo Papa Pio IX no período 1869-70, para enfrentar ideologias nascentes (Racionalismo, Materialismo) que entendia a Igreja estarem a afetar a estabilidade da instituição, mais voltou-se para os primados da fé, dele saindo, inclusive, a definição do dogma da infalibilidade papal, sem adentrar pelos fatos nascentes e suas repercussões no mundo. Nem mesmo a Encíclica Rerum Novarum no final do século (1891), do Papa Leão XIII, apenas duas décadas depois, ao defender direitos dos trabalhadores, enveredando pela nova ordem que surgia, e as que se lhe seguiram, refletiu na compreensão do prelado em torno do que efetivamente acontecia.

Dom Hélder

dom helderTrazemos à baila o Vaticano II para lembrar da importante participação de um brasileiro, objeto de um documentário – “Dom Hélder Câmara – o Santo Rebelde” (2004), de Érika Bauer – que para Roma levou sua experiência com a realidade latino-americana que o fazia pensar numa Igreja com o povo participante e não distante dela.
Integrante da ala que veio a ser denominada progressista, dela foi figura central, criando a Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), sem falarmos do destaque que teve no enfrentamento às ações da ditadura militar.

Profeta do Terceiro Mundo

profetaA voz profética de Dom Hélder é buscada no documentário. Através dela, retratada a figura incomparável de quem ajudou a trazer Cristo para o imaginário dos despossuídos e desamparados e que o tornou personagem chave no cenário internacional, fazendo todas as gentes olharem para o terceiro mundo, o mundo onde imperava a fome.
Dele lembramos a participação na “Missa dos Quilombos”, de Milton Nascimento, na exaltação que faz a Maria, que denomina de Mariana.
Para Dom Hélder a festa maior da cristandade seria assim expressa, certamente.

Sobrando terra

terrasAinda que a respeitada Nature Geoscience tenha defendido em editorial há meses a existência de uma e única Terra (One and only Earth), utilizando-se de dados do telescópio espacial Kepler (o pesquisador de planetas fora do sistema solar), posição digna de figurar no catálogo geocentrista da Idade Média, dados recentes, divulgados pela própria equipe do telescópio, concluem em torno da possibilidade de, pelo menos, um planeta poder orbitar em uma de cada seis estrelas, o que oferta a possibilidade apenas de 0,0000001% de ser a Terra único planeta, elevando o universo possível, somente na Via Láctea, da existência de 17 bilhões de terras.
Tal possibilidade reflete a existência de planetas em condições idênticas à nossa, inclusive com atmosfera e água.
Com tanta terra por conquistar, querem acabar com a nossa!

Lição pouco seguida

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, está desagradando a gregos e troianos (começando por petistas), incomodando movimentos sociais e criando verdadeiro suspense na Câmara Municipal. Recusa-se à pressão por cargos. Leia-se como tais pressões as indicações políticas.
Para Haddad a indicação pode até corresponder a alguma ligação política, mas isso será por coincidência e não por pressão de quem quer que seja. A qualificação técnica deve prevalecer.
E ficamos a espera de que o exemplo frutifique. E de que o prefeito paulistano mantenha-se firme no propósito.

Região Metropolitana

Vemos com satisfação o aprofundamento da idéia que temos defendido com ênfase nestes últimos 10 anos: a criação da Região Metropolitana de Ilhéus-Itabuna. Lemos n’ O Trombone que na sexta 18 os prefeitos Claudevane Leite (tendo ao lado o vice Wenceslau Júnior), de Itabuna, e Jabes Ribeiro (de Ilhéus) reuniram-se em torno do assunto buscando aprofundar iniciativas conjuntas para que tal ocorra.

Itabuna perdendo

O prefeito Claudevane Leite precisa estar alerta neste instante – já que mantém relações amistosas com Jabes Ribeiro – para provocar a revisão dos limites entre Ilhéus e Itabuna, visto que a lamentável decisão legislativa recente limitou-se a aviventar rumos e não a cumprir com sua função institucional de analisar histórica e economicamente a atual relação territorial entre os dois municípios.

Abre o olho Vane!

De nossa parte o amor roxo de Jabes Ribeiro pela implantação da Região Metropolitana está vinculado a criar os mecanismos que obriguem a autarquia que a alimentará a resolver problemas que Ilhéus terá com a manutenção dos limites nos atuais critérios. Temos que o súbito “amor roxo” já poderia ter acontecido em outras oportunidades em que Jabes foi prefeito, inclusive aliado da situação à época, em nível estadual.
Afinal, como fornecer água aos equipamentos que estão sendo instalados nos exatos limites de Itabuna e distante quase 30 quilômetros de Ilhéus, que estaria obrigado a fornecê-las?
Para nós essa a jogada: ficamos com arrecadação que naturalmente está vinculada a Itabuna e a Região Metropolitana define o custeio daquilo que a nós (Ilhéus) particularmente caberia cobrir.

EMBASA x EMASA I

Chega-nos informação de que há evidente interesse político do Governo do Estado em assumir dois equipamentos públicos em Itabuna, atualmente sob controle do município: a captação e distribuição de água e o Hospital de Base. Pretenderia o Estado administrar o Hospital de Base tornando-o Regional, nos moldes que faz com outros no Estado. No que diz respeito à captação e à distribuição de água pesaria o argumento de que somente o Estado comportaria o universo de investimentos de que carece o sistema itabunense para corresponder às necessidades de consumo municipal (leia-se aí não somente doméstico, mas também o industrial).
A barragem do rio Colônia, por exemplo, nos disse o interlocutor, demandará por mais de 40 milhões de reais somente para que a água seja trazida da fonte à distribuição e tal obrigação estará a cargo do município de Itabuna.

EMBASA x EMASA II

É notório, junto aos técnicos dos sistemas de distribuição de água, que a obrigação do Estado de fornecer água tratada a populações de pequenas localidades resulta em prejuízo (avaliação que vemos como própria do neoliberalismo e sua noção de que saúde e saneamento são despesa e não investimento), considerando o custo do investimento e a sua remuneração, o que é coberto pelo controle da mesma distribuição em grandes centros populacionais, razão por que há uma compensação entre uns e outros para a contabilidade geral.
Sob este aspecto Itabuna torna-se menina dos olhos para a EMBASA.

Hospital de Base

No que pertine ao Hospital de Base prevaleceria o argumento de que, cabendo ao Estado a sua gestão administrativa, mais facilmente ocorreriam as coberturas financeiras devidas pelos municípios que lhe são tributários em nível de demanda.
Hoje, por exemplo, a rede hospitalar itabunense assume a concentração da demanda regional e como, em nível de atendimento hospitalar, não dispõem os pequenos municípios de meios pra corresponder à demanda própria fazem encaminhar Itabuna uma gama de seus problemas sem que paguem por tais serviços, em que pese receberem do SUS os recursos para atendê-los.

Ponderações I

No que diz respeito à estadualização do Hospital de Base, considerando que ao município é dificultado o controle da pactuação com outros municípios e difícil seria a recusa, por não-pactuação, a atender pacientes deles originados, a provável proposta do Governo Estadual parece mais passível de análise.
Difícil é o município perder cargos para atender às indicações da base de sustentação.

Ponderações II

No que diz respeito à captação e distribuição de água defendemos a permanência do Município à frente da gestão, a partir de um elementar raciocínio: se interessa ao Estado é porque não é ruim.
Cumpre à administração local tão somente ser competente para evitar o que Ricardo denunciou esta semana em entrevista: desperdício e cabide de emprego.

Contribuição

aedesConsiderando que a dengue é a única doença tropical autônoma que se expandiu na última década, e sua incidência se multiplicou por 30 nos últimos 50 anos, tem potencial para se transformar em epidemia mundial, tendo sido a presença do mosquito detectada na Europa desde 2010, estando presente em 150 países, onde entre 50 e 100 milhões de pessoas contraem a doença anualmente, 500 mil delas em sua dimensão mais grave, a hemorrágica. É o alerta da Organização Mundial de Saúde. (Do Terra).
Não falta quem admita, diante da velocidade da expansão, que não tarde o surgimento de uma vacina. Afinal, a indústria farmacêutica vive de explorar doença. Quanto mais gente precisando de remédio, mais motivo para desenvolver a fórmula salvadora.
De nossa parte fica a ironia: alguns destes Secretários de Saúde de Itabuna nos últimos oito anos seriam acionistas da indústria farmacêutica?

Dedicando a Ousarme Citoaian

De nossas leituras obrigatórias e imprescindíveis o Universo Paralelo, do heterônimo Ousarme Citoaian, que, como já explicou à plebe ignara (nos damos muito bem, ele e este escrevedor, com o sobrinho de Tia Zulmira), foi buscar na Marselhesa o verso de chamamento à luta para traduzir suas intenções (dele, autor) de enfrentar esta bissexta época onde escrever mal e ouvir coisa ruim passou a ser o máximo; tempo em que reproduzir release e sinopses é sinônimo de jornalismo.
Tratou Ousarme, em sua edição dominical desta semana no Pimenta na Muqueca “Luiz Gonzaga fazia acordes, não versos”), de retomar Luiz Gonzaga no imediato às comemorações do centenário, para lembrar dos grandes letristas que lhe foram parceiros e comumente alijados das comemorações.
(Do titular do heterônimo Ousarme, já registramos em duas ou três oportunidades neste DE RODAPÉS E DE ACHADOS, a montagem de um vídeo circula no YouTube, editado sobre a primeira gravação gonzaguiana de “Vozes da Seca” (Luiz Gonzaga-Zé Dantas), que mereceu, diante do primor de edição, um registro e comentário nosso, justamente a partir da sensibilidade de Luiz Gonzaga na elaboração do arranjo e da introdução, em perfeita consonância com o tema, por nós lembrada como natural ao excepcional melodista que foi Gonzaga, uma vertente que não vemos reconhecida nos textos sobre ele escritos).
Em sua grandeza e generosidade nos cita (costuma fazê-lo de vez em quando – por nosso “Amendoeiras de Outono” ou por conhecermos, ambos, o grande taquista Vivi – não diríamos por piedade, mas para motivar-nos), referindo-se justamente a este aspecto que fazemos sempre frisar em relação a Luiz Gonzaga: o melodista e musicista que foi, influenciando todas as gerações que lhe sucederam.
A Ousarme Citoaian, apreciador e cultor da Música (dispensamos adjetivação – boa, excelente etc. – necessária somente para incensar erudição menor do que andam fazendo por aí, atribuindo à Arte da deusa Euterpe, da qual, no plano do significado, fazem restar apenas as provocações à libido), dedicamos este rodapé, através da brasileira Luciana Souza, indicada ao Grammy por três vezes, filha de Walter Santos, que andou por Juazeiro em tempos idos no grupo Enamorados do Rítmo “ao lado de um certo João Gilberto”, como diz Tárik de Souza na CartaCapital 731, ao se referir ao “Duos III” e “The Book of Chet”, aqui amostrado.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

domingo, 20 de janeiro de 2013

Alguns destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS

Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.
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Há 40 anos
O segundo Concílio da Igreja Católica realizado na cidade-estado do Vaticano, conclamado pelo Papa João XXIII através da bula Humanae salutis em 25 de janeiro de 1961 e inaugurado em 11 de outubro do ano seguinte, vindo a findar em 8 de dezembro de 1965 quando não mais vivo quem o convocou e sim o Papa Paulo VI, muito trouxe de contribuição para uma Igreja que precisava compreender o seu tempo, ainda que não se tenha como concluídas plenamente as suas proposições.

Diferentemente do Concílio Vaticano I, convocado pelo Papa Pio IX no período 1869-70, para enfrentar ideologias nascentes (Racionalismo, Materialismo) que entendia a Igreja estarem a afetar a estabilidade da instituição, mais voltou-se para os primados da fé, dele saindo, inclusive, a definição do dogma da infalibilidade papal, sem adentrar pelos fatos nascentes e suas repercussões no mundo.

Nem mesmo a Encíclica Rerum Novarum no final do século (1891), do Papa Leão XIII, apenas duas décadas depois, ao defender direitos dos trabalhadores, enveredando pela nova ordem que surgia, e as que se lhe seguiram, refletiu na compreensão do prelado em torno do que efetivamente acontecia.

Dom Hélder
Trazemos à baila o Vaticano II para lembrar da importante participação de um brasileiro, objeto de um documentário – “Dom Hélder Câmara – o Santo Rebelde” (2004), de Érika Bauer – que para Roma levou sua experiência com a realidade latino-americana que o fazia pensar numa Igreja com o povo participante e não distante dela.
Integrante da ala que veio a ser denominada progressista, dela foi figura central, criando a Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), sem falarmos do destaque que teve no enfrentamento às ações da ditadura militar.

Sobrando terra
Ainda que a respeitada Nature Geoscience tenha defendido em editorial há meses a existência de uma e única Terra (One and only Earth), utilizando-se de dados do telescópio espacial Kepler (o pesquisador de planetas fora do sistema solar), posição digna de figurar no catálogo geocentrista da Idade Média, dados recentes, divulgados pela própria equipe do telescópio, concluem em torno da possibilidade de, pelo menos, um planeta poder orbitar em uma de cada seis estrelas, o que oferta a possibilidade apenas de 0,0000001% de ser a Terra único planeta, elevando o universo possível, somente na Via Láctea, da existência de 17 bilhões de terras.


Tal possibilidade reflete a existência de planetas em condições idênticas à nossa, inclusive com atmosfera e água.

Com tanta terra por conquistar, querem acabar com a nossa!


Lição pouco seguida
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, está desagradando a gregos e troianos (começando por petistas), incomodando movimentos sociais e criando verdadeiro suspense na Câmara Municipal. Recusa-se à pressão por cargos. Leia-se como tais pressões as indicações políticas.


Para Haddad a indicação pode até corresponder a alguma ligação política, mas isso será por coincidência e não por pressão de quem quer que seja. A qualificação técnica deve prevalecer.

E ficamos a espera de que o exemplo frutifique. E de que o prefeito paulistano mantenha-se firme no propósito.

Região Metropolitana
Vemos com satisfação o aprofundamento da idéia que temos defendido com ênfase nestes últimos 10 anos: a criação da Região Metropolitana de Ilhéus-Itabuna. Lemos n’ O Trombone que na sexta 18 os prefeitos Claudevane Leite (tendo ao lado o vice Wenceslau Júnior), de Itabuna, e Jabes Ribeiro (de Ilhéus) reuniram-se em torno do assunto buscando aprofundar iniciativas conjuntas para que tal ocorra.

Itabuna perdendo
O prefeito Claudevane Leite precisa estar alerta neste instante – já que mantém relações amistosas com Jabes Ribeiro – para provocar a revisão dos limites entre Ilhéus e Itabuna, visto que a lamentável decisão legislativa recente limitou-se a aviventar rumos e não a cumprir com sua função institucional de analisar histórica e economicamente a atual relação territorial entre os dois municípios.

Abre o olho prefeito!

De nossa parte o amor roxo de Jabes Ribeiro pela implantação da Região Metropolitana está vinculado a criar os mecanismos que obriguem a autarquia que a alimentará a resolver problemas que Ilhéus terá com a manutenção dos limites nos atuais critérios. Temos que o súbito “amor roxo” já poderia ter acontecido em outras oportunidades em que Jabes foi prefeito, inclusive aliado da situação à época, em nível estadual.

Afinal, como fornecer água aos equipamentos que estão sendo instalados nos exatos limites de Itabuna e distante quase 30 quilômetros de Ilhéus, que estaria obrigado a fornecê-las?

Para nós essa a jogada: ficamos com arrecadação que naturalmente está vinculada a Itabuna e a Região Metropolitana define o custeio daquilo que a nós (Ilhéus) particularmente caberia cobrir.

EMBASA x EMASA I

Chega-nos informação de que há evidente interesse político do Governo do Estado em assumir dois equipamentos públicos em Itabuna, atualmente sob controle do município: a captação e distribuição de água e o Hospital de Base.

Pretenderia o Estado administrar o Hospital de Base tornando-o Regional, nos moldes que faz com outros no Estado.

No que diz respeito à captação e à distribuição de água pesaria o argumento de que somente o Estado comportaria o universo de investimentos de que carece o sistema itabunense para corresponder às necessidades de consumo municipal (leia-se aí não somente doméstico, mas também o industrial).

A barragem do rio Colônia, por exemplo, nos disse o interlocutor, demandará por mais de 40 milhões de reais somente para que a água seja trazida da fonte à distribuição e tal obrigação estará a cargo do município de Itabuna.

EMBASA x EMASA II

É notório, junto aos técnicos dos sistemas de distribuição de água, que a obrigação do Estado de fornecer água tratada a populações de pequenas localidades resulta em prejuízo (avaliação que vemos como própria do neoliberalismo e sua noção de que saúde e saneamento são despesa e não investimento), considerando o custo do investimento e a sua remuneração, o que é coberto pelo controle da mesma distribuição em grandes centros populacionais, razão por que há uma compensação entre uns e outros para a contabilidade geral.

Sob este aspecto Itabuna torna-se menina dos olhos para a EMBASA.

Hospital de Base

No que pertine ao Hospital de Base prevaleceria o argumento de que, cabendo ao Estado a sua gestão administrativa, mais facilmente ocorreriam as coberturas financeiras devidas pelos municípios que lhe são tributários em nível de demanda.

Hoje, por exemplo, a rede hospitalar itabunense assume a concentração da demanda regional e como, em nível de atendimento hospitalar, não dispõem os pequenos municípios de meios pra corresponder à demanda própria fazem encaminhar Itabuna uma gama de seus problemas sem que paguem por tais serviços, em que pese receberem do SUS os recursos para atendê-los.

Ponderações I

No que diz respeito à estadualização do Hospital de Base, considerando que ao município é dificultado o controle da pactuação com outros municípios e difícil seria a recusa, por não-pactuação, a atender pacientes deles originados, a provável proposta do Governo Estadual parece mais passível de análise.

Difícil é o município perder cargos para atender às indicações da base de sustentação.

Ponderações II
No que diz respeito à captação e distribuição de água defendemos a permanência do Município à frente da gestão, a partir de um elementar raciocínio: se interessa ao Estado é porque não é ruim.


Cumpre à administração local tão somente ser competente para evitar o que Ricardo denunciou esta semana em entrevista: desperdício e cabide de emprego.

Contribuição

Considerando que a dengue é a única doença tropical autônoma que se expandiu na última década, e sua incidência se multiplicou por 30 nos últimos 50 anos, tem potencial para se transformar em epidemia mundial, tendo sido a presença do mosquito detectada na Europa desde 2010, estando presente em 150 países, onde entre 50 e 100 milhões de pessoas contraem a doença anualmente, 500 mil delas em sua dimensão mais grave, a hemorrágica. É o alerta da Organização Mundial de Saúde. (Do Terra).

Não falta quem admita, diante da velocidade da expansão, que não tarde o surgimento de uma vacina. Afinal, a indústria farmacêutica vive de explorar doença. Quanto mais gente precisando de remédio, mais motivo para desenvolver a fórmula salvadora.


De nossa parte fica a ironia: alguns destes Secretários de Saúde de Itabuna nos últimos oito anos seriam acionistas da indústria farmacêutica?

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DE RODAPÉS E DE ACHADOS é uma coluna do autor publicada semanalmente em www.otrombone.com.br

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Carnaval

Bom senso
Não mereceu o destaque necessário a informação do prefeito Claudevane Leite (durante a entrevista concedida na quarta) de que a Lavagem do Beco do Fuxico ocorrerá, sob planejamento da administração municipal.

Para os que imaginam festejos populares somente existindo se sustentados em expressões musicais externas certamente a informação do prefeito será frustrante. No entanto a confirmação da Lavagem do Beco é a afirmação de que uma tradição itabunense, desde o início dos anos 80, se manterá ativa.

Já repercutimos neste espaço que o verdadeiro Carnaval itabunense é aquele evento. Como verá a população, mais uma vez, uma festa para o povo a partir do próprio povo.

E, o mais importante, sem desperdícios às custas do erário municipal.

Acima de tudo a prevalência do bom senso.



quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Água

Futuro
O prefeito Claudevane Leite, respondendo a perguntas deste blogue durante a entrevista concedida na manhã desta quarta, afirmou existir boa vontade política do Governo do Estado em encontrar uma solução jurídica para o impasse que existe desde 2009, quando findou o contrato de comodato entre o Estado e o Município de Itabuna, pactuado no imediato da municipalização do sistema de abastecimento de água (1989), quando este ficou com todo o equipamento da empresa baiana para a manutenção da oferta do serviço, o qual deveria retornar ao comodante no término dos 20 anos pactuados.

Sinalizou o prefeito que tal disposição lhe foi assegurada pelo governador Jacques Wagner no encontro recente, quando da presença de Sua Excelência em Itabuna para a assinatura da ordem de serviço para a construção da barragem do rio Colônia.

Ainda, respondeu o prefeito, que há intenção de fazer-se condutor do processo de recomposição das nascentes da bacia do Cachoeira, aproveitando-se, inclusive, de estudos realizados pela Universidade de Santa Cruz.

A resposta à indagação do blogue, em sendo concretizada, responderá a uma das angústias refletidas no rio Cachoeira, em especial nos limites do perímetro urbano itabunense, uma vez que a crise decorre muito mais da redução do nível de água (comparado com o de 20 a 30 anos), ainda que toda a culpa venha sendo posta na ausência de  tratamento dos esgotos que nele são despejados.

Sabemos, os que conhecem dita realidade, que as nascentes dos principais formadores do Cachoeira (rios Colônia e Salgado), especialmente a do Colônia, sobrevivem ao descampado, diante do brutal desmatamento para atender às exigência da pecuária. Circunstância que se agrava em seus afluentes.

Neste particular cremos que a liderança do município de Itabuna tende a deslanchar uma política concreta de efetivação de projetos para reforçar o reflorestamento de alguns hectares das cabeceiras, o que contribuirá para o fortalecimento do lençol freático que alimenta as nascentes.

Neste sentido a intenção manifestada pelo prefeito Claudevane Leite abre uma expectativa de que nosso rio não fique dependente tão somente dos investimentos no tratamento dos esgotos, como também no asseguramento dos níveis da própria barragem do Colônia no futuro.

Afinal, imaginar que a barragem do Colônia venha a existir tão só para atender a segurança do abastecimento humano é pensar menos, uma vez que o complexo intermodal tende a ofertar uma dinâmica à industrialização grapiúna que muito dependerá de água.


segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

DE RODAPÉS E DE ACHADOS -Dia 13 de janeiro de 2012


Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  

Adylson Machado

Estimulante

Não deixa de ser exultante e alvissareira para muitos a notícia de que um trabalho realizado por pesquisadores da Queen Margaret University, de Edimburgo, na Escócia, envolvendo 58 voluntários de idades entre 21 e 64 anos, concluiu que o suco da romã (punica granatum) estimula uma gama de atividades do organismo, inclusive a sexual. Neste particular, os índices da testosterona aumentaram entre 16% a 30%, com a pressão arterial despencando, após o uso contínuo durante 15 dias, em ambos os sexos. (Informações do Daily Mail)
romãEm pesquisas anteriores o suco da romã – originária do Irã, onde conhecida por volta de 2000 a.C. – já acusara a presença de antioxidantes, além de combater várias formas de câncer, não fora aliviar sintomas da osteoartrite, problemas de estômago e até conjuntivite.
Ainda que a amostra da pesquisa escocesa seja pequena, nada mal, para todas as intenções, cultivar um pezinho de romã no quintal.  Especialmente para a turma que anda meio alquebrada e olhando comprido para o sexo oposto.

Vitória boliviana na ONU

A luta contra o uso e difusão das drogas tem levado a distorções, como o de intervir na dimensão cultural afeta a povos e nações. Algumas tribos indígenas utilizam a maconha em seus rituais há séculos; os povos andinos – em particular os bolivianos – têm o hábito de mascar folhas de coca in natura como forma de evitar distúrbios no organismo em decorrência da altitude.
A campanha contra o uso e a difusão das drogas tornara a canabis sativa droga ilícita no início do século XX, a partir dos Estados Unidos (alguns analistas entendem que tal ocorreu porque o consumo à época estava adstrito a negros e latinos), bem como incluir o mascar folhas de coca como crime, o que era reconhecido pelo ONU, em flagrante desconhecimento da cultura local da gente boliviana.
Decisão recente da ONU descriminaliza o uso da folha de coca in natura, como postulara a Bolívia, reconhecendo o seu uso como legal, na forma de exceção para a convenção de narcóticos. (detalhes em http://www.bbc.co.uk/mundo/ultimas_noticias/2013/01/130111)
Mais que uma vitória da Bolívia, a prevalência do bom senso, diante da ideia de que criminalizar é a solução para tudo.

O que deveria ser atacado

No caso particular das drogas a maioria dos países recusa a reconhecer o fato como um problema de saúde pública, e como tal cuidá-lo. Muito menos dimensionar que tal ocorre por consequência da apropriação capitalista do negócio das drogas ilícitas, o que também acontece com a prostituição e o tráfico de mulheres.
Entendem mais fácil construir prisões. Enquanto isso o tráfico agradece e nossos jovens mais se enveredam no errôneo caminho, levados pelos interesses financeiros que alimentam o tráfico.
Interesses que, quando aprofundados em torno dos beneficiários, enchem as burras de muita gente grande e importante. Inclusive países. Sejam como consumidores, sejam como fornecedores de equipamentos para o combate.

Contrapondo

O dinheiro oriundo da Visanet foi o carro-chefe para a Procuradoria-Geral da República vincular como recursos públicos (tema questionável) aqueles que também irrigaram o caixa 2 petista, denominado mensalão, o que teria ocorrido através do operador Marcos Valério, que o PT foi buscar nas hostes do PSDB mineiro, tamanha a experiência adquirida nas campanhas tucanas em 1998.
Como o chifre na cabeça de burro foi aceito pelo STF torna-se imperioso aprofundar as operações do mesmo Marcos Valério com recursos da mesma Visanet. O que fez, em matéria veiculada emwww.conversaafiada.com.br, assinada por Lia Imanishi, a revista Retrato do Brasil, sustentada nas peças da própria AP 470, mostrando que o operador transferiu da empresa, no período apurado como de desvio para o mensalão, milhões para a Globo (ESCÂNDALO?! A rede Globo ficou com o dinheiro desviado do Banco do Brasil?), concluindo e demonstrando que os serviços efetivados pela DNA de Valério realmente foram prestados e pagos e não desviados. A matéria questiona justamente os argumentos do STF de vinculação de “recursos públicos” da Visanet para o caixa 2 petista.
valérioO fato que levantaria suspeita não está em a Globo receber dinheiro da Visanet, mas que tenha ocorrido através de Marcos Valério, operador de caixa 2 de tucanos e petistas, no período de ocorrência do denominado mensalão. No entanto, o que a matéria comprova é a que a documentação que alimentou a sanha punitiva do STF a partir da Visanet não oferece nenhuma sustentação para condenação de quem quer que seja e foi utilizada em flagrante violação ao conceito de prova.
A dedução é de que o STF – se não reconheceu a Globo como integrante da “quadrilha” – ultrapassou os limites da prova judiciária para enxergar desvio de recursos públicos onde houve pagamento à empresa de televisão e, em decorrência, a correspondente remuneração do percentual contratado à DNA.
Não nos esqueçamos que o mesmo STF dispensou compreender que qualquer empresa de propaganda fatura a partir dos serviços que veicula. Desta forma, o dinheiro veiculado em inserções na Globo voltaram em percentual para a DNA como faturamento e não como desvio.
Não ocorrendo desvio inexiste o crime que somente o STF “enxergou”.

Quebrando a cara

O vazamento de dados pessoais do ex-presidente Lula, atribuídos a um destes hackers que pululam por aí, ouriçou setores conservadores que querem ver “o cara” longe da política brasileira, incomodados com as últimas inconveniências do retirante nordestino. (Afinal, o cara deu de erigir “postes” e tem se dado bem na empreitada).
Matéria do Financial Times, assinada por Joe Leahy, nesta sexta 11, a partir da “informação”, vê os imóveis de Lula como “mal pintados”, além de “localizados em subúrbios perigosos”, revelando, no fundo, que o que possui o ex-presidente não tem nada demais para quem convive há trinta anos com a vida pública.
Cabe-nos aguardar o próximo capítulo assinado pela turma!

Itabuna de fora

A Secretaria de Turismo do Estado da Bahia analisa a possibilidade de um novo roteiro turístico para a denominada Costa do Cacau. Destaca tudo que nele possa estar inserido, inclusive as locações da novela Renascer. Não lemos uma só nota sobre a inclusão de Itabuna no roteiro.
O prefeito Claudevane Leite precisa colocar os órgãos da administração (competentes para a demanda) na trilha para lembrar ao secretário de Turismo, Domingos Leonelli, que o cacau tem uma história também interiorana e divulgada mundialmente o foi através da ficção de Jorge Amado.
Como produto, a obra amadiana, muito tem de palco o universo itabunense. Não só em decorrência de ser a terra onde nasceu, e viveu parte da infância, o próprio escritor (o que nunca negou), a bicentenária Ferradas, como pelo palco das lutas das terras-do-sem-fim, centradas entre Mutuns, Pirangi (Itajuípe) e a própria Ferradas.

Curingas

Em texto publicado em nosso Rastilhos da Razão Comentada nohttp://adylsonmachado.blogspot.com (Melodia e concerto – Por tema a incerta herança) levantamos hipótese, a partir de considerações traduzidas por prócer petista local, de não confiabilidade do atual arco de alianças que sustenta o governo estadual com vistas a 2014.
Aventamos que a origem de parcela de integrantes do bloco de apoio à governabilidade estadual está representada em raposas até pouco tempo carlistas que, apesar de se dizerem unidas em torno do projeto de Wagner, mantém acesos os nomes em oferta à cabeça de chapa da majoritária.
Não fora isso, acrescentamos para aprofundar o raciocínio, encontram-se neste arco de alianças siglas que Vladimir Safatle denomina de “partidos-curinga”, como o PDS e o PSB (“Os impasses do lulismo”, em Carta Capital 730), que “podem estar em qualquer jogo, fazer qualquer tipo imaginável de alianças, até porque não representam, de maneira estruturada, setor algum da sociedade civil” – a não ser os próprios interesses individuais de suas lideranças, deduzimos.
No particular do PSB o governador Jacques Wagner não tem como se preocupar em nível de comando, uma vez que a atual direção estadual está sob controle progressista, o que não ocorre, no entanto, com a base em muitos municípios, hoje ocupadas por também egressos do carlismo.
No caso do PSD a situação é de incerteza, assim a vemos. Para compreender o leitor a dimensão de nossa avaliação basta percorrer quem hoje o integra e confirmar a origem dos políticos que comandam os municípios “conquistados” nas eleições de 2012.

Diferenças

escadariaDivulgada a morte de Jorge Selarón, no último dia 10, artista chileno conhecido mundialmente especialmente por seu trabalho na escadaria da Lapa, no Rio de Janeiro.
Justifica a presença do trabalho de Selarón neste DE RODAPÉS E DE ACHADOS para compararmos com o que acontece nesta sofrida Itabuna: enquanto espaços históricos são reconhecidos e ampliados em sua dimensão estética em outras plagas, por aqui derruba-se o histórico e enterra-se a memória para atender à especulação imobiliária. (As fotos de mais uma tragédia com a memória itabunense foram capturadas no Pimenta na Muqueca, de “Casarão de Gutemberg Amazonas é demolido”).
casarão gutemberg

EMASA em foco

Oportuna a iniciativa da administração municipal em convocar a imprensa para apresentar problemas e soluções envolvendo a EMASA, o que anuncia para a próxima terça 15, às 10 horas, no próprio gabinete do prefeito. Há coisas na empresa muito mal explicadas e que não são tratadas por escalões inferiores na forma que exige, carece e merece o consumidor.
O absurdo que vem alcançando o valor das contas a partir de outubro tem sido transferido para o consumidor sem as explicações devidas. Que se virem para provar que o problema não é deles – dizem, gentilmente, alguns de seus prepostos aos desesperados consumidores que se veem achacados de um instante para outro, como se todas as residências tivessem a consciência da iniciativa de aumentar abruptamente o consumo.
A qualidade que a população exige passa não só pela qualificação do atendimento ao consumidor, atualmente mais para integrar manual de deselegância, como pela transparência nas relações entre a empresa e aqueles que são sua razão de existir.

Recados e ações

O governador Jacques Wagner, ao discursar na visita que fez a Itabuna para assinatura da ordem de serviço da barragem do Colônia, conclamou os correligionários na vitória a abraçarem a humildade e dispensarem a arrogância ao passo que aos derrotados cabe a grandeza da luta para melhorar. Recado dirigido mais particularmente a Geraldo Simões, todos entenderam. Ou assim interpretaram.
Repercutiu na disputa interna, quando da reunião do PT para discutir apoio ou não à atual administração itabunense.
Entre mortos e feridos salvaram-se todos: os que pensaram apoiar encontraram o álibi de que não houve convite; aos que imaginaram partir para o ataque com todo o gás, o conselho do governador acomodou as ações no seio do bom senso.
Para nós, mais uma derrota de Geraldo. Que deu de entrar descalço em terreno minado.

Crônica

Dos tempos em que malandragem trazia dimensão romântica e a boemia permitia a um Millôr Fernandes conviver com Sérgio Porto no heterônimo Stanislaw Ponte Preta nas noites cariocas de Copacabana e Ipanema a gafieira ocupou espaços hoje nominados de clubes de dança (para todas as idades, que seja) porque a tais lugares não dá se imaginar a presença de algumas guturalidades que deram de chamar música.
A propósito, hoje trazemos Jorge Veiga (1910-1979) e “Estatutos da Gafieira”, de Billy Blanco (registro de 1957, pela Copacabana), que pode muito bem ser ouvida concomitantemente com “Piston de Gafieira” (1959), do mesmo Billy, para conhecermos a outra regra da instituição, tudo editado na crônica do compositor da noite carioca.

_________________
Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

domingo, 13 de janeiro de 2013

Alguns destaques

Detalhes

DE RODAPÉS E DE ACHADOS

Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.
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Estimulante
Não deixa de ser exultante e alvissareira para muitos a notícia de que um trabalho realizado por pesquisadores da Queen Margaret University, de Edimburgo, na Escócia, envolvendo 58 voluntários de idades entre 21 e 64 anos, concluiu que o suco da romã (punica granatum) estimula uma gama de atividades do organismo, inclusive a sexual. Neste particular, os índices da testosterona aumentaram entre 16% a 30%, com a pressão arterial despencando, após o uso contínuo durante 15 dias, em ambos os sexos. (Informações do Daily Mail).

Em pesquisas anteriores o suco da romã – originária do Irã, onde conhecida por volta de 2000 a.C. – já acusara a presença de antioxidantes, além de combater várias formas de câncer, não fora aliviar sintomas da osteoartrite, problemas de estômago e até conjuntivite.

Ainda que a amostra da pesquisa escocesa seja pequena, nada mal, para todas as intenções, cultivar um pezinho de romã no quintal.  Especialmente para a turma que anda meio alquebrada e olhando comprido para o sexo oposto.

Vitória boliviana na ONU
A luta contra o uso e difusão das drogas tem levado a distorções, como o de intervir na dimensão cultural afeta a povos e nações. Algumas tribos indígenas utilizam a maconha em seus rituais há séculos; os povos andinos – em particular os bolivianos – têm o hábito de mascar folhas de coca in natura como forma de evitar distúrbios no organismo em decorrência da altitude.

A campanha contra o uso e a difusão das drogas tornara a canabis sativa droga ilícita no início do século XX, a partir dos Estados Unidos (alguns analistas entendem que tal ocorreu porque o consumo à época estava adstrito a negros e latinos), bem como incluir o mascar folhas de coca como crime, o que era reconhecido pelo ONU, em flagrante desconhecimento da cultura local da gente boliviana.

Decisão recente da ONU descriminaliza o uso da folha de coca in natura, como postulara a Bolívia, reconhecendo o seu uso como legal, na forma de exceção para a convenção de narcóticos. (detalhes em http://www.bbc.co.uk/mundo/ultimas_noticias/2013/01/130111)

Mais que uma vitória da Bolívia, a prevalência do bom senso, diante da ideia de que criminalizar é a solução para tudo.

O que deveria ser atacado
No caso particular das drogas a maioria dos países recusa a reconhecer o fato como um problema de saúde pública, e como tal cuidá-lo. Muito menos dimensionar que tal ocorre por consequência da apropriação capitalista do negócio das drogas ilícitas, o que também acontece com a prostituição e o tráfico de mulheres.

Entendem mais fácil construir prisões. Enquanto isso o tráfico agradece e nossos jovens mais se enveredam no errôneo caminho, levados pelos interesses financeiros que alimentam o tráfico.

Interesses que, quando aprofundados em torno dos beneficiários, enchem as burras de muita gente grande e importante. Inclusive países. Sejam como consumidores, sejam como fornecedores de equipamentos para o combate.

Contrapondo
O dinheiro oriundo da Visanet foi o carro-chefe para a Procuradoria-Geral da República vincular como recursos públicos (tema questionável) aqueles que também irrigaram o caixa 2 petista, denominado mensalão, o que teria ocorrido através do operador Marcos Valério, que o PT foi buscar nas hostes do PSDB mineiro, tamanha a experiência adquirida nas campanhas tucanas em 1998.

Como o chifre na cabeça de burro foi aceito pelo STF torna-se imperioso aprofundar as operações do mesmo Marcos Valério com recursos da mesma Visanet. O que fez, em matéria veiculada em www.conversaafiada.com.br, assinada por Lia Imanishi, a revista Retrato do Brasil, sustentada nas peças da própria AP 470, mostrando que o operador transferiu da empresa, no período apurado como de desvio para o mensalão, milhões para a Globo (ESCÂNDALO?! A rede Globo ficou com o dinheiro desviado do Banco do Brasil?), concluindo e demonstrando que os serviços efetivados pela DNA de Valério realmente foram prestados e pagos e não desviados. A matéria questiona justamente os argumentos do STF de vinculação de “recursos públicos” da Visanet para o caixa 2 petista.

O fato que levantaria suspeita não está em a Globo receber dinheiro da Visanet, mas que tenha ocorrido através de Marcos Valério, operador de caixa 2 de tucanos e petistas, no período de ocorrência do denominado mensalão.

No entanto, o que a matéria comprova é a que a documentação que alimentou a sanha punitiva do STF a partir da Visanet não oferece nenhuma sustentação para condenação de quem quer que seja e foi utilizada em flagrante violação ao conceito de prova.

A dedução é de que o STF – se não reconheceu a Globo como integrante da “quadrilha” – ultrapassou os limites da prova judiciária para enxergar desvio de recursos públicos onde houve pagamento à empresa de televisão e, em decorrência, a correspondente remuneração do percentual contratado à DNA.

Não nos esqueçamos que o mesmo STF dispensou compreender que qualquer empresa de propaganda fatura a partir dos serviços que veicula. Desta forma, o dinheiro veiculado em inserções na Globo voltaram em percentual para a DNA como faturamento e não como desvio.

Não ocorrendo desvio inexiste o crime que somente o STF “enxergou”.

Quebrando a cara
O vazamento de dados pessoais do ex-presidente Lula, atribuídos a um destes hackers que pululam por aí, ouriçou setores conservadores que querem ver “o cara” longe da política brasileira, incomodados com as últimas inconveniências do retirante nordestino. (Afinal, o cara deu de erigir “postes” e tem se dado bem na empreitada).

Matéria do Financial Times, assinada por Joe Leahy, nesta sexta 11, a partir da “informação”, vê os imóveis de Lula como “mal pintados”, além de “localizados em subúrbios perigosos”, revelando, no fundo, que o que possui o ex-presidente não tem nada demais para quem convive há trinta anos com a vida pública.

Cabe-nos aguardar o próximo capítulo assinado pela turma!

Itabuna de fora
A Secretaria de Turismo do Estado da Bahia analisa a possibilidade de um novo roteiro turístico para a denominada Costa do Cacau. Destaca tudo que nele possa estar inserido, inclusive as locações da novela Renascer. Não lemos uma só nota sobre a inclusão de Itabuna no roteiro.

O prefeito Claudevane Leite precisa colocar os órgãos da administração (competentes para a demanda) na trilha para lembrar ao secretário de Turismo, Domingos Leonelli, que o cacau tem uma história também interiorana e divulgada mundialmente o foi através da ficção de Jorge Amado.

Como produto, a obra amadiana, muito tem de palco o universo itabunense. Não só em decorrência de ser a terra onde nasceu, e viveu parte da infância, o próprio escritor (o que nunca negou), a bicentenária Ferradas, como pelo palco das lutas das terras-do-sem-fim, centradas entre Mutuns, Pirangi (Itajuípe) e a própria Ferradas.

Curingas
Em texto publicado em nosso Rastilhos da Razão Comentada no http://adylsonmachado.blogspot.com (Melodia e concerto – Por tema a incerta herança) levantamos hipótese, a partir de considerações traduzidas por prócer petista local, de não confiabilidade do atual arco de alianças que sustenta o governo estadual com vistas a 2014.

Aventamos que a origem de parcela de integrantes do bloco de apoio à governabilidade estadual está representada em raposas até pouco tempo carlistas que, apesar de se dizerem unidas em torno do projeto de Wagner, mantém acesos os nomes em oferta à cabeça de chapa da majoritária.

Não fora isso, acrescentamos para aprofundar o raciocínio, encontram-se neste arco de alianças siglas que Vladimir Safatle denomina de “partidos-curinga”, como o PDS e o PSB (“Os impasses do lulismo”, em Carta Capital 730), que “podem estar em qualquer jogo, fazer qualquer tipo imaginável de alianças, até porque não representam, de maneira estruturada, setor algum da sociedade civil” – a não ser os próprios interesses individuais de suas lideranças, deduzimos.

No particular do PSB o governador Jacques Wagner não tem como se preocupar em nível de comando, uma vez que a atual direção estadual está sob controle progressista, o que não ocorre, no entanto, com a base em muitos municípios, hoje ocupadas por também egressos do carlismo.

No caso do PSD a situação é de incerteza, assim a vemos. Para compreender o leitor a dimensão de nossa avaliação basta percorrer quem hoje o integra e confirmar a origem dos políticos que comandam os municípios “conquistados” nas eleições de 2012.

Diferenças
Divulgada a morte de Jorge Selarón, no último dia 10, artista chileno conhecido mundialmente especialmente por seu trabalho na escadaria da Lapa, no Rio de Janeiro.

Justifica a presença do trabalho de Selarón neste DE RODAPÉS E DE ACHADOS para compararmos com o que acontece nesta sofrida Itabuna: enquanto espaços históricos são reconhecidos e ampliados em sua dimensão estética em outras plagas, por aqui derruba-se o histórico e enterra-se a memória para atender à especulação imobiliária.

EMASA em foco
Oportuna a iniciativa da administração municipal em convocar a imprensa para apresentar problemas e soluções envolvendo a EMASA, o que anuncia para a próxima terça 15, às 10 horas, no próprio gabinete do prefeito. Há coisas na empresa muito mal explicadas e que não são tratadas por escalões inferiores na forma que exige, carece e merece o consumidor.

O absurdo que vem alcançando o valor das contas a partir de outubro tem sido transferido para o consumidor sem as explicações devidas. Que se virem para provar que o problema não é deles – dizem, gentilmente, alguns de seus prepostos aos desesperados consumidores que se veem achacados de um instante para outro, como se todas as residências tivessem a consciência da iniciativa de aumentar abruptamente o consumo.

A qualidade que a população exige passa não só pela qualificação do atendimento ao consumidor, atualmente mais para integrar manual de deselegância, como pela transparência nas relações entre a empresa e aqueles que são sua razão de existir.

Recados e ações
O governador Jacques Wagner, ao discursar na visita que fez a Itabuna para assinatura da ordem de serviço da barragem do Colônia, conclamou os correligionários na vitória a abraçarem a humildade e dispensarem a arrogância ao passo que aos derrotados cabe a grandeza da luta para melhorar. Recado dirigido mais particularmente a Geraldo Simões, todos entenderam. Ou assim interpretaram.

Repercutiu na disputa interna, quando da reunião do PT para discutir apoio ou não à atual administração itabunense.

Entre mortos e feridos salvaram-se todos: os que pensaram apoiar encontraram o álibi de que não houve convite; aos que imaginaram partir para o ataque com todo o gás, o conselho do governador acomodou as ações no seio do bom senso.

Para nós, mais uma derrota de Geraldo. Que deu de entrar descalço em terreno minado.


DE RODAPÉS E DE ACHADOS é uma coluna do autor publicada semanalmente em www.otrombone.com.br